Olhando-se para trás, deve-se reconhecer que no governo de Dilma Rousseff as coisas estavam piorando e continuariam a piorar. Pararam de piorar
Em
outubro de 2014 sabia-se que a economia estava parada desde o primeiro
trimestre. Mesmo assim a charanga da coligação PT-PMDB reelegeu Dilma Rousseff
e Michel Temer. Cumpriu-se
uma velha escrita segundo a qual a percepção da crise demora para prevalecer. O mesmo
ocorre no sentido contrário, a recessão reflui, mas não é percebida.
Discretamente
o Planalto está panfletando uma página com 16 itens ilustrativos do progresso
ocorrido durante o governo Temer. Alguns,
como os indicadores de emprego, são tênues. (A população ocupada passou de 89,8
milhões de pessoas para 91,3 milhões.)
Outras,
são bolas divididas, tamanha era a desgraça na base da comparação. (A produção
industrial passou de uma contração de 9,8% para uma expansão de 1,6%.)
Depois de
um ano com um PIB negativo — 5,4% no primeiro trimestre de 2016 em relação ao
mesmo período de 2015 — houve uma expansão de 0,3% no segundo trimestre de 2017
em relação ao mesmo período de 2016. Mixaria. Cinco
itens são indiscutivelmente positivos. A inflação de 9,28% caiu para 2,54% e a
taxa Selic de 14,25% está em 7,5%. A safra de grãos passou de 185,8 milhões de
toneladas para 242 milhões. O Risco Brasil, número astrológico que orienta o
mercado, era de 544 pontos e caiu para 239 pontos. O quinto
item é a joia da coroa: as empresas estatais passaram de um prejuízo de R$ 32
bilhões em 2015 para um lucro de R$ 4,6 bilhões em 2016, saltando para R$ 17,3
bilhões no primeiro semestre de 2017.
Olhando-se
para trás, deve-se reconhecer que no governo de Dilma Rousseff as coisas
estavam piorando e continuariam a piorar. Pararam de piorar, não estão
melhorando no ritmo propagado pela charanga publicitária do governo, mas, no
conjunto, indicam que é possível se desejar um 2018 melhorzinho.
Elio
Gaspari, O Globo
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