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segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Precisamos falar sobre os livros

Crise das livrarias pode virar um problema sistêmico e atingir um produto que tem um valor intangível

Há um problema rondando o Brasil, enquanto o país está totalmente dominado por suas muitas emergências e um novo governo está se formando: o risco de uma crise sistêmica na indústria do livro. As duas maiores livrarias estão em recuperação judicial e devem R$ 360 milhões às editoras. Juntas, são 40% do varejo do setor, e a crise estreitou o canal de venda. Restam as redes menores, mas hoje há 600 livrarias a menos do que antes da recessão. Esse setor tem impacto para além da economia e chega ao intangível da vida do país.  — Imagine o fechamento da loja do Conjunto Nacional da Paulista? Seria uma tragédia não apenas econômica —afirma Marcos da Veiga Pereira, do Sindicato Nacional das Editoras de Livros (SNEL), citando a megastore ícone da Livraria Cultura.

Como em todas as crises, não há uma razão só, nem soluções simples. A lista das causas que derrubam o setor é longa. Na Saraiva e na Cultura, houve erros de gestão. Livro tem um giro baixo, e o setor trabalha com pouco capital. O país viveu nos últimos quatro anos a pior recessão da sua história, as vendas despencaram e só agora começam a subir. A tecnologia e a mudança de hábitos impõem mudanças do modelo de negócios. A venda online é uma realidade e tende a crescer, mas os editores afirmam que descontos agressivos acabaram dando prejuízo a todos.  — A venda online não tem margem e parte do princípio da captura do cliente. Para Saraiva e Cultura, que têm participação grande nessas vendas, isso foi minando o negócio. A própria Submarino, que antes da Amazon entrar era a grande vilã dessa história, saiu do negócio da venda de livros — diz Marcos Pereira.

O SNEL fez a proposta de fixar um limite máximo para o desconto no preço do livro, por um tempo. Isso significa intervenção na era do mercado livre. Eles sabem que é polêmica, mas argumentam que descontos predatórios podem matar o negócio. O consumidor que se beneficiou da queda do preço quer livro ainda mais barato.  O número de livrarias caiu porque o Brasil inteiro sentiu um impacto da recessão, acha Bernardo Gurbanov, presidente da Associação Nacional de Livrarias, mas o mercado se renova.
Houve uma queda forte do número de lojas, mas, ao mesmo tempo que algumas fecharam, temos novas livrarias abrindo, a maioria delas por profissionais que começam com proposta nova, às vezes com uma loja única, mas que trazem fôlego renovado — diz Gurbanov.

Ele também define como “absurda” a guerra de preços que levou alguns livreiros a comprar por internet, evitando a editora. “Guerra fratricida”. Ele diz que a livraria é mais do que uma loja:
— Tem que ser um centro cultural, de curadoria, de livros expostos, eventos que podem ser desde lançamentos de livros a debates. Uma volta às origens.
Gurbanov informa que há redes crescendo de forma cuidadosa e cita a mineira Leitura. Contudo, na proximidade do Natal, as duas redes que são 40% do mercado e têm as maiores lojas estão desabastecidas.
Fábio Astrauskas, sócio e diretor da Siegen, especialista em recuperação judicial, diz que isso não é o fim da linha para as duas redes.
— Recuperação judicial tem o objetivo contrário, é para evitar a quebra da empresa, é para recuperar — diz ele.

Os caminhos são poucos. Astrauskas acha que, ao fim, Cultura e Saraiva terão novo dono. Só não sabe se um ou dois.  No filme sul-americano Severina, do diretor brasileiro Felipe Hirsch, a história se passa na Montevidéu dos tempos atuais, mas o clima é atemporal e a conjuntura política é apenas insinuada. Numa livraria reúnem-se apaixonados por livros para debates e leituras conjuntas. O filme fala da força imaterial do livro. Até que ponto é irreal e romântico imaginar isso num mundo que se torna digital de forma avassaladora? A venda online e os novos hábitos reduzem o número de lojas no mundo. Tudo está em mudança, mas o livro ainda é predominantemente físico. Em qualquer formato, é mais do que mercadoria.
Luiz Schwartz, da Companhia das Letras, lançou dias atrás a sua “Carta de Amor aos Livros” com uma sugestão simples, que não resolve a crise, mas pode ser uma alegria: dar livro como presente neste fim de ano. Enquanto o setor encontra suas saídas, é bom pensar nos livros e seu valor intangível. Sem eles, fechados em bolhas digitais alimentadas por algorítimos, somos presas frágeis no tempo distópico que vivemos.

Blog da Miriam Leitão -  O Globo



domingo, 18 de fevereiro de 2018

Submarino argentino - 20 mil léguas submarinas

Há três meses desapareceu o submarino argentino Ara San Juan 

Nessa quinta-feira cumpriram-se três meses do desaparecimento do submarino argentino Ara San Juan. Com 44 vidas a bordo, o submarino zarpou dos confins do mundo para o porto da cidade Mar del Plata. Nesse trajeto, “caiu da terra” (ou do mar) como se fosse plana, sem deixar sinal algum de seu paradeiro.
Submarino ARA San Juan (Argentina Navy/AP)

A Marinha argentina, sob o argumento de que seguia o protocolo, tardou 36 horas para dar como desaparecida a embarcação. Essas longas horas ajudariam a transformar o sumiço do submarino em um dos maiores mistérios da história contemporânea da região.

Durante duas semanas, a costa argentina se transformou em um enxame militar, com embarcações e aviões de todo o mundo chegando para ajudar nas buscas. Enquanto isso, no prédio da Marinha, no bairro de Retiro, em Buenos Aires, durante 14 extensos dias que a Marinha chamou de SAR (Operação de Search and Rescue, Busca e Salvamento), um homem pálido se apresentava diante das câmeras com o corpo retraído e acanhado, fala pausada e digna, sem nunca perder a calma ou subir de tom. Coube ao Capitão Balbi navegar um submarino invisível. Ao aparecer no 14º dia com os olhos miúdos, soterrados sob pele fina, demonstrava, no abismo da retina, a notícia terrível que a torcida humana hesitava em dar: estão todos mortos.

A 400 quilômetros dali, na base militar de Mar del Plata, a cena era outra. Desesperados com o destino terrível que pesava sobre seus amados, os familiares e amigos dos tripulantes se aferravam ora à esperança, ora ao desespero. Dentro dessa bolha submersa, estavam os tripulantes e 44 milhões de argentinos circunscritos a uma tragédia inimaginável, percorrendo juntos o que parecia ser 20 mil léguas submarinas. A cúpula do governo se debatia dentro de si, enfrentando o dilema de dar por perdidos seus homens e a mulher, no mar.

Durante esses meses, como a tripulação do Nautilus da novela de Julio Verne, comandada por Nemo, que em latim significa ninguém, uma alusão a rumo ao esmo, os argentinos enfrentaram suas fobias, a falência de suas instituições e o pensamento de um soterramento nas águas, como no mundo sub aquático e fantástico do livro 20 mil léguas submarinas. Confrontados com a fragilidade da vida no mar, a inoperância das máquinas, os segredos institucionais que dificultavam saber o que verdadeiramente aconteceu com o submarino, os argentinos, assim como os tripulantes, foram deixados à deriva rumo ao desconhecido, um destino tão misterioso que muitos não ousam nem imaginar.

Talvez jamais saibamos o que aconteceu com o Ara San Juan. Talvez seja melhor assim.
Gabriela G. Antunes é jornalista. Morou nos EUA e Espanha antes de se apaixonar por Buenos Aires. Na cidade, trabalhou no jornal Buenos Aires Herald e hoje é uma das editoras da versão em português do jornal Clarín. Escreve aqui todos os sábados 

Blog do Noblat - VEJA


sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

As vidas perdidas a bordo do submarino ARA San Juan



A primeira submarinista da América do Sul, um cabo que se casaria em duas semanas e um pai que deixou três filhos adolescentes estão entre os 44 tripulantes desaparecidos a bordo do submarino “ARA San Juan” no Atlântico.

– A submarinista –
Eliana Krawczyk sonhava em ser engenheira industrial, mas uma tragédia familiar mudou o rumo de sua vida para torná-la a primeira submarinista sul-americana. Natural de Oberá, na província argentina de Misiones, Eliana se inscreveu na Escola Naval após a morte do irmão, em um acidente, e da mãe, vítima de um infarto.  Em 2012, Eliana se tornou submarinista, a primeira da América do Sul, e aos 35 anos era chefe de máquinas do “ARA San Juan”.

– O comandante –
O capitão de fragata Pedro Martín Fernández, 45 anos, comandava o submarino. Nascido em Tucumán, no norte da Argentina, era casado e tinha três filhos adolescentes. Em 2 de março de 2015 se mudou para a cidade de Mar del Plata, 400 km ao sul de Buenos Aires, base do “ARA San Juan” e onde residia quase toda a tripulação.

– Os noivos –
O cabo Luis Niz, 25 anos, era aguardado em Mar del Plata pela cabo Alejandra Morales, onde os dois se casariam no dia 7 de dezembro.  Nascido em La Pampa, uma província sem litoral, Niz foi um dos melhores no curso de formação, o que lhe valeu a designação para o “ARA San Juan”.
O tenente Renzo Martin Silva, 32 anos, também iria se casar em breve. Entrou na Escola Naval com 18 anos e sonhava em ser submarinista desde criança, em sua cidade natal em San Juan, província encravada na Cordilheira dos Andes. Já vivia com María Eugenia Ulivarri Rodi, também militar, que seria sua futura esposa.

– Papai Fernando –
Fernando Santilli, 35, era submarinista desde 2010. Engenheiro, abandonou muito cedo sua província natal de Mendoza (oeste) para realizar o sonho de ser submarinista. Seu filho Stefano, com pouco mais de um ano, aprendeu a dizer “papai” quando Fernando já estava desaparecido em alto mar, contou sua esposa, Jessica Gopar.
“Foi meu grande amor, namoramos por sete anos, seis anos de casados e nosso filho, Stéfano, que demorou para que Deus nos enviasse”.

– A espera de um filho –
O oficial Mario Armando Toconás Oriundo, 36, entrou na Marinha aos 13 anos e havia abandonado sua Patagônia natal para se instalar em Mar del Plata, próximo à base do submarino. Era esperado por um filho de quatro anos e sua companheira, grávida de quatro meses.

AFP
 

terça-feira, 15 de agosto de 2017

O misterioso desaparecimento de jornalista após embarcar num submarino que afundou - sem ela

Uma trama misteriosa envolve o desaparecimento da jornalista sueca Kim Wall, de 30 anos, vista pela última vez na noite da quinta-feira em um submarino na Dinamarca. O inventor Peter Madsen, dono da embarcação, foi acusado de homicídio por negligência e está detido. A polícia acredita que ele, que é dinamarquês, deliberadamente afundou seu próprio submarino, mas há pouca informação sobre o sumiço da repórter.

Os investigadores acreditam que Kim possa estar morta. Mergulhadores das Forças Armadas e cães policiais participam das buscas. Uma jornalista independente respeitada, Wall apurava um artigo sobre Madsen, um inventou que construiu seu submarino privado de 40 toneladas, o UC3 Nautilus, com recursos de uma campanha de crowdfunding (vaquinha virtual) em 2008. 


Ela já publicou seu trabalho em publicações como The New York Times, Guardian, Vice e South China Morning Post.Madsen e Wall se encontraram por volta de 19h de quinta-feira em Refshaleoen, um porto de Copenhague. A repórter embarcou no Nautilus (como mostrado na imagem acima) e foi dada como desaparecida por seu namorado às 2h30 de sexta-feira. 

A última fotografia de Madsen e Wall na torre de comando do submarino foi tirada às 20h30 por um homem que estava em um cruzeiro, pouco antes do pôr do sol. O que aconteceu com ela em seguida ainda é desconhecido ou foi mantido em sigilo pelas autoridades dinamarquesas. Mas Madsen acabou acusado de homicídio por negligência após um interrogatório no sábado.

Sua advogada Betina Hald Engmark afirmou à BBC que ele não é culpado, mas que como o caso ainda está sendo analisado pela Justiça, ela não tem permissão para divulgar nenhuma informação. 

Mudança de versão
Peter Madsen disse inicialmente que deixou Wall por volta de 22h30 de quinta-feira no restaurante Halvandet, em Refshaleoen, próximo ao local onde eles se encontraram mais cedo. Segundo a polícia, Bo Petersen, dono do restaurante, entregou imagens de segurança - Madsen teria em seguida mudado sua versão do incidente, embora nenhuma informação tenha sido divulgada sobre o novo relato.

Na manhã de sexta-feira, um alarme de emergência soou, mas como o submarino não tem rastreador de satélite, o serviço de resgate demorou a encontrar a embarcação. Funcionários de um farol em Oresund foram os primeiros a avistá-lo por volta das 10h30. Meia hora depois, o submarino afundou na baía de Koge.
Peter Madsen estava nele, e foi resgatado. 

'Triste'
O inventor, bastante conhecido no país por suas atividades com seu submarino e seu foguete, foi entrevistado por repórteres dinamarqueses após o episódio. Até aquele momento, não se suspeitava do homicídio. Madsen afirmou aos repórteres que estava bem, mas triste pelo naufrágio. 

Após o início das investigações, a polícia de Copenhague confirmou que "o naufrágio do submarino foi supostamente consequência de um ato deliberado". A grande questão agora é: o que aconteceu com Kim Wall? A busca por seu corpo continua por terra e mar, e a polícia de Copenhague pediu às pessoas que já viajaram com Peter Madsen para ajudá-los a explicar o que acontece em suas viagens.


DNA
Embora o submarino tenha sido trazido à superfície no sábado, a água do mar pode ter removido provas de DNA a bordo.  A polícia informou que apreendeu uma "grande quantidade de eletrônicos", mas pediu ajuda para recompor a rota do submarino de 21h30 à meia-noite. Se há qualquer amostra de DNA no submarino, a polícia não mencionou o fato. 

E acrescentou que um navio mercante o avistou às escuras no noroeste da ponte de Oresund por volta da meia-noite. A corporação disse que ele cruzava o canal da Dinamarca em direção à Suécia, mas não deu mais detalhes.  A falta de informações sobre um caso como esse não é rara na Dinamarca. Nem a advogada de Peter Madsen pode divulgar a versão de seu cliente, apenas dizer que ele é inocente. 

Quando questionada pela BBC por que Madsen mudou sua versão inicial, ela explicou que não poderia informar, uma vez que o que é dito em interrogatório deve ser mantido em sigilo. A acusação de homicídio por negligência é vista como um primeiro passo para manter o réu sob custódia até o início de setembro. Isso significa que houve um acidente a bordo e que a acusação poderia mudar no futuro. 

Fonte: BBC Brasil