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quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Nova crise na mesa de Lula [o estaSdista maior]: Venezuela ameaça anexar a Guiana

Cleptocracia de Nicolás Maduro aumentou a instabilidade política na América do Sul: deslocou tropas e ameaça anexar área da Guiana com reservas de está diante de uma nova e grave crise diplomática: Nicolás Maduro, ditador da Venezuela, deslocou tropas para a fronteira com a Guiana e ameaça anexar dois terços do território desse país depois do domingo 3 de dezembro, quando pretende legitimar em referendo a criação de um “Estado da Guiana Esequiba”.

O governo da Guiana pediu na segunda-feira (30/10) a intervenção imediata da Corte Internacional de Justiça, conhecida como Corte de Haia, organismo das Nações Unidas com jurisdição sobre conflitos entre Estados.

O primeiro-ministro de Guiana, Mark Anthony Phillips, esteve em Washington nesta quarta-feira (1/2) e obteve garantia de apoio do governo Joe Biden. Em seguida foi à sede da Organização dos Estados Americanos onde apresentou evidências de que a Venezuela está concentrando tropas e construindo um aeroporto militar na fronteira.

Phillips ouviu do embaixador brasileiro na OEA, Benoni Belli, uma oferta de mediação lastreada na experiência secular do Itamaraty de solucionar conflitos pela via diplomática. A disputa territorial Venezuela-Guiana começou há 134 anos. Até agora, a Guiana venceu o caso em praticamente todas as instâncias internacionais de arbitragem.

O declínio político e econômico do regime ditatorial venezuelano levou Maduro a adotar uma postura de confronto aberto inspirado no “modelo” da Rússia de Vladimir Putin na tentativa de anexação da Ucrânia, por enquanto sem êxito.

Maduro marcou para 3 de dezembro um “referendo consultivo” que, na prática, levará a Venezuela a abandonar formalmente o processo de arbitragem em curso na Corte de Haia, abrindo caminho para ações unilaterais, eventualmente com invasão militar.

Entre as questões previstas no “referendo” estão a afirmação da soberania da Venezuela sobre a maior parte da bacia do rio Essequibo, ou seja, sobre quase dois terços do território da Guiana estabelecido em 1899 e, desde então, reconhecido em acordos.

A consulta de Maduro prevê, ainda, aprovação da criação do “Estado da Guayana Esequiba”, em território do país vizinho, com imediata emissão de carteiras de identidade venezuelana à população local.

Por trás da manobra está a ambição do regime da Venezuela na apropriação da maior parte de um território onde foram descobertas grandes reservas de petróleo. Os dados mais recentes indicam disponibilidade comercial reconhecida de nove bilhões de barris de petróleo, equivalente a 60% da reserva brasileira no pré-sal.

Foi no Natal de 2019 que os 782 mil habitantes da Guiana receberam a confirmação de um grande prêmio da loteria geológica: o petróleo começou a jorrar no campo de Liza-I, a 120 quilômetros da costa, em frente à capital Georgetown.

Mudou a sorte do país mais pobre da América do Sul, vizinho do Brasil em 1.605 quilômetros de fronteira com Roraima. O petróleo produzido renovou a perspectiva de futuro de uma sociedade construída por migrantes indianos e africanos nas colonizações holandesa e britânica até 1966.   
A ditadura venezuelana, provavelmente, não deve ir além das ameaças. Faltam-lhe apoio doméstico e externo e, sobretudo, dinheiro para uma aventura do gênero em área de interesse primordial dos Estados Unidos, a exploração das reservas de petróleo da Guiana. 
O estrago, no entanto, já está feito: Maduro conseguiu aumentar a instabilidade política na América do Sul.

José Casado - Coluna em VEJA


segunda-feira, 29 de maio de 2023

Encontro macabro - REUNIÃO COMUNISTA - Gilberto Simões Pires

        No encontro de presidentes de países da América do Sul, que está marcado para amanhã, 30, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, o anfitrião Lula da Silva já conta com as participações dos chefes de Estado da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela

Como a maioria dos convivas respira COMUNISMO por todos os poros, produzindo duras consequências para os povos de seus tristes países, já é possível imaginar o quanto de ruim e péssimo será proposto e/ou decidido neste encontro sinistro.

MADURO

Pois, sabendo que ganharia maior destaque na mídia, que de resto comunga -ipsis literis- com o ideário COMUNISTA, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, foi o primeiro a desembarcar em solo brasileiro. E, para marcar território, de imediato o ditador venezuelano manifestou, através das redes sociais, que estaremos desenvolvendo uma AGENDA DIPLOMÁTICA QUE REFORCE A NECESSÁRIA UNIÃO DOS POVOS DO NOSSO CONTINENTE. Que tal?

ESTRATÉGIA

Por questões de estratégia SOCIALISTA/COMUNISTA, a agenda do encontro não foi revelada, mas até as pombas espalhadas por todas as praças do nosso imenso Brasil sabem, perfeitamente, quais os reais interesses e objetivos que cercam o evento preparado, cuidadosamente, com tudo que de melhor e mais dispendioso existe para agradar os convivas.   

FARRA

Na real, a considerar a situação -gravíssima- da Argentina e Venezuela, cujos povos estão sendo literalmente massacrados pelo REGIME DA MISÉRIA, tudo leva a crer que Lula vai oferecer fartos financiamentos a quem estiver disposto a seguir ou intensificar o que propõe a CARTILHA DO FORO DE SÃO PAULO.  
Ou seja, o encontro vai ser uma nova edição da legítima FARRA patrocinada pelo povo brasileiro.  
 
Ponto Crítico, Gilberto Simões   Pires

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

NUCLEAR – A perigosa amizade do Brasil com o regime iraniano

O Irã anunciou que dois de seus navios de guerra atracariam no Porto do Rio de Janeiro. Mas os navios nunca chegaram. A visita, que não aconteceu, causou barulho
O regime dos aiatolás aproveitou o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder para usar o Brasil como trampolim para uma jornada, que oficialmente, é de provocação aos Estados Unidos. O que pode ter acontecido no caminho?
 
O jornal Folha de S.Paulo publicou uma parte da história. O Irã, que havia pedido autorização para seus navios de guerra atracarem no Brasil entre os dias 23 e 30 de janeiro, teria mudado de ideia e propositalmente postergado o desembarque para que coincidisse com a visita do presidente Lula aos Estados Unidos.  
O Brasil, segundo a mesma notícia, não aceitou ser sócio na provocação. Uma nova data prevista é de 26 de fevereiro a 3 de março – mais de um mês de atraso em relação ao cronograma original. A história parece esclarecida. Mas só que não.

O que fez o Irã mudar de planos? Ou quais seriam os planos do Irã? Seria mesmo apenas provocação?

Os navios que o Irã mantém neste momento, em algum lugar do Atlântico Sul, próximo às águas territoriais de Argentina, Uruguai e Brasil, são a fragata e um ex-petroleiro adaptado como um porta-helicópteros e que vem a ser a maior embarcação da marinha iraniana. Este segundo é um autêntico posto de combustível flutuante.

Capaz de transportar em seus tanques milhões de litros de combustível (originalmente 11 milhões), o navio tem autonomia para navegar meses (os iranianos juram que por dois anos) sem a necessidade de recorrer a fonte externa de abastecimento. Além de autossuficiência, seus tanques são a fonte de combustível para outras embarcações. Assim, os dois navios estão dando a primeira volta ao mundo e incluindo o Brasil no mapa da confusão.

O regime iraniano é especialista em dissimulações. Mas a constante busca por desestabilização por meio do jogo que une propaganda, ameaças e segundas intenções pode não explicar completamente o esforço dos aiatolás e sobretudo o atraso no plano de provocar o Grande Satã.

A resposta pode estar em um par de voos realizados pela Força Aérea dos Estados Unidos apenas uma semana antes da previsão original de chegada dos navios ao Brasil. No dia 16 de janeiro, os americanos enviaram para América do Sul um avião cuja capacidade é identificar na atmosfera atividade nuclear.

O avião WC-135R Constant Phoenix 64-14836,
também apelidado de “farejador nuclear”, partiu de Porto Rico, passando pela borda das águas territoriais da Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e parte do Brasil, mais precisamente até as proximidades do Estado do Espírito Santo. Por sinal, o mesmíssimo caminho que as embarcações iranianas planejam fazer para alcançar o canal do Panamá. (ver matéria – BR-US –  Aeronave de inteligência USAF WC-135, especializado em pesquisas atmosféricas realizou voo ao longo da costa brasileira)

O mesmo avião contornou a América do Sul no sentido oposto ao anterior. Coletou dados do Mar do Caribe, da porção norte da costa da Venezuela e das águas da Colômbia, Equador e Peru. Nessa rota, sobrevoou o canal do Panamá, o “ponto alto” da viagem da flotilha iraniana.

O registro da baseline da radiação na América do Sul pode ter se transformado em um problema para os aiatolás. Não é de hoje que eles perseguem o poder de ter uma bomba atômica. Também não é de hoje que o regime chavista e seus xerimbabos regionais dão suporte para os planos nucleares de Teerã.

As medições prévias dos níveis de radiação da Venezuela e da rota sul-americana dos navios iranianos não podem ser tratadas como se fossem um capricho imperialista americano. Assim como não se deve ignorar que o esforço do Irã para ser capaz de colocar seus navios “em qualquer oceano” não deve ser ignorado como parte de suas trapaças visando uma bomba atômica.

O registro dos níveis naturais de radiação de parte da América do Sul pode ser a razão de os iranianos terem mudado o calendário e secretamente ajustado os seus planos. Caso os seus navios estivessem transportando material radioativo ou armas para testes offshore (possivelmente na Venezuela), os Estados Unidos poderiam identificar as anomalias na atmosfera em comparação com o padrão medido na região de forma preventiva.

Nem tudo que o regime iraniano faz é, de fato, o que parece ser. A confusão é uma de suas armas mais eficientes. Mas, nesse caso, potencialmente nuclear, eles estariam diante de um dilema. Se depois de anos de movimentos nas trevas eles conseguiram desenvolver um aparato nuclear que está pronto para os testes, com o uso da Venezuela (ou qualquer outro lugar na América do Sul e no Caribe) como base offshore para uma explosão nuclear, os vestígios da bomba poderão ser “farejados”.

O falecido Hugo Chávez moveu mundos e fundos para desorganizar o mundo. Ajudar o Irã a se tornar uma potência nuclear era um de seus objetivos. Chávez morreu em 2013 e deixou o caminho pavimentado para muitos de seus projetos em curso. Seu sucessor, Nicolás Maduro, apesar de menos capaz que seu criador já falecido, tem se saído muito bem no trabalho de dar sequência ao plano.

É, evidentemente, muito fácil tratar tudo isso como teoria da conspiração, pelo aspecto absurdo e quase fantástico que envolve as ações dos bolivarianos e seus patronos extrarregionais. Mas é justamente isso que eles querem que as pessoas pensem sobre os seus planos. Foi assim que Chávez, por exemplo, chegou aonde chegou e fez o que fez. Visto como excêntrico e palhaço, ele marchou adiante e com ele muita gente que está no poder. Seja na Venezuela, seja fora dela.

A política externa petista nutre amizade e um perigoso nível de cumplicidade “Sul-Sul” com regimes e governos que, sob o pretexto da multipolaridade, não medem muitos os esforços para tocar fogo em algumas partes do mundo. Portanto, a tolerância do Brasil ou o apoio, embora aparentemente o governo Lula tenha pedido ao Irã para ter um pouquinho de compostura – à militarização da região por parte de potências que estão do outro lado do mundo não tem como ter um resultado positivo nem para o Brasil, nem para o seu entorno.

A tal altivez da “diplomacia Sul-Sul” na busca cega pela alternativa aos Estados Unidos pode fazer com que o Brasil se torne um comparsa de ações ilegais, clandestinas e potencialmente explosivas.

DefesaNet - Leonardo Coutinho (@lcoutinho) Nuclear - Notícias

 

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA E O LEGADO QUE RECEBEMOS - Gazeta do Povo

Alexandre Garcia

 Hasteamento da Bandeira Nacional no Palácio do Alvorada.-  Foto: Marcos Correa/Presidência da República

Olhem para a América do Sul e vejam a diferença entre as colônias espanholas e a colônia portuguesa. A colônia portuguesa ficou íntegra, sólida, até os últimos rincões da Amazônia, do Chuí ao Oiapoque, enquanto as colônias espanholas se fragmentaram. E hoje temos muitos problemas nessas ex-colônias – o último deles é o da população que se insurgiu contra uma Constituição da qual ela não participou porque não quis, mas que ao menos teve como vetar.

Gostaria muito que pudéssemos festejar como festejamos o centenário da Independência, em 1922, quando o presidente era Epitácio Pessoa. Passamos 11 meses festejando, a exposição do centenário no Rio de Janeiro foi grandiosa, grandes hotéis foram construídos para as festas, como o Hotel Glória, o Copacabana Palace e o Hotel 7 de Setembro. O Morro do Castelo foi demolido para arejar melhor o Centro do Rio. Muitos pavilhões e palácios construídos para a ocasião existem até hoje. Tropas do mundo inteiro vieram para cá para desfilar, bem como as marinhas. Foi uma grande festa.

Desta vez a festa não é tão grande, embora Brasília esteja cheia de gente de camisa amarela. Pessoas interessadíssimas na política. 
É um grande progresso para um país quando as pessoas conhecem o nome dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal e já não discutem tanto sobre os 11 do seu time de futebol ou da seleção. 
Isso ajuda o cidadão a participar mais, a cobrar, a entender que ele sustenta os governos municipal, estadual e federal com seus impostos, e nomeia os chefes desses governos com o seu voto, assim como nomeia os legisladores estaduais, federais e municipais.

Isso me lembra a lei maior, aquela que nos garante direitos: garante que a polícia não entrará na nossa casa à noite, que possamos ir ao culto ou à missa, que possamos dizer o que quisermos, que tenhamos liberdade de pensamento. Isso não pode ser mexido. Essa é a grande lei, a Constituição. 

E, num dia como este, recordo a Constituição e, como eu escrevi em 18 jornais que estão publicando hoje, lembro também que Júlio César queria se tornar ditador para mudar a Constituição da República romana. Foi chamado ao Senado e assassinado. 

Aqui, no Brasil, nosso Senado é muito omisso e muito amigo dos “Césares” que estão mudando a Constituição na nossa cara e ante o silêncio vergonhoso de uma grande parte da mídia brasileira. 

Infelizmente, no dia do nosso aniversário temos de lembrar essas coisas.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


segunda-feira, 5 de setembro de 2022

A bizarra profecia de Nostradamus que já abalou o Rock in Rio

Quando o evento surgiu, em 1985, circulavam boatos de que uma grande reunião de jovens na América do Sul acabaria em tragédia

Em 1985, a ideia de reunir 200 000 pessoas por dia para assistir às maiores bandas do mundo em solo brasileiro era um projeto que parecia megalomaníaco. 
Com uma aura quase mística, a primeira edição do Rock in Rio chegou cercada de altas expectativas. A maioria delas era positiva, mas uma exceção ameaçava atrapalhar a festa.
 Às vésperas do festival, circularam boatos sobre uma suposta profecia de Nostradamus prevendo que “um grande encontro de jovens na América do Sul perto do final do século terminaria com uma tragédia que causaria a morte de milhares de pessoas” – o público, é claro, juntou as peças e elegeu o Rock in Rio como local da catástrofe anunciada.

Para a sorte dos organizadores, o medo não impediu que os fãs do rock comparecessem em peso a Jacarepaguá para assistir aos shows do Queen, Iron Maiden, AC/DC e outros astros da época. Mas havia, sim, uma clima de tensão no ar – e até a Igreja católica se meteu na história. Pouco antes do início do festival, o cardeal arcebispo D. Eugênio Sales divulgou uma nota condenando o evento e dizendo que o rock seria um estilo que agiria contra a moral, já que o gênero costumava ser ligado ao diabo.

Houve, no entanto, quem resolvesse desafiar o universo e brincar com a situação. O cantor Eduardo Dusek aproveitou o furor da falsa profecia para fazer piada e promover uma de suas músicas, batizada com o nome do profeta. “Nostradamus gostava muito de rock’nroll”, disse no palco. A alemã Nina Hagen entrou no clima e disse em uma coletiva que um grande desastre seria positivo. “Trinta e cinco milhões de naves alienígenas estarão a postos para salvar a gente. Só os muito ruins não serão resgatados”, debochou ela.

Para a sorte dos presentes, nenhuma tragédia se concretizou naquele ano. Na edição seguinte, em 1991, um novo boato voltou a ganhar força. Agora, a previsão dava conta de que o Maracanã iria desmoronar. A organização chegou até a fazer obras extras no estádio só para acalmar a população. De novo, nada aconteceu, e o festival segue firme e forte até hoje, sempre rendendo boas histórias.

[sobre a tragédia vale registrar que,  segundo vários autores,  Nostradamus previu que o fim do mundo seria na virada do milênio = alguns autores até exploraram um suposto acerto do profeta sobre o atentado contra o Papa João Paulo II   diziam que em uma profecia  de Nostradamus consta um trecho com o texto: "... quando a rosa vermelha florescer na França, o Papa com dois nomes, que sucedeu ao de breve pontificado, sofrerá grave atentado atentado... ". 

Simples, foi fácil associar a vitória do partido socialista na França - símbolo uma rosa vermelha - ao  Papa João Paulo II, sucessor do Papa Albino Luciano, 33 dias de pontificado, e teríamos um acerto do vidente ao fim do mundo. Nada ocorreu na virada do milênio - sobre fim do mundo, o evento mais recente foi a instauração pelo STF do "inquérito do fim do mundo".

Por tudo, preferimos as palavras de Jesus Cristo em Mc 13.32-37; Lc 21.34-36; 17.26-27, 34-35; 12.39-46, Mt 24.36-51; Lc 21.34-36.]

O Som e a Fúria - Revista VEJA


quinta-feira, 21 de julho de 2022

Igreja Presbiteriana do Brasil tenta barrar esquerda e abre púlpitos para Bolsonaro - veja vídeo- O Estado de S. Paulo

A Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), uma das instituições evangélicas mais tradicionais do País, abriu os púlpitos para a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Disposta a impedir adesão de seus seguidores a candidatos alinhados à esquerda, a igreja quer criar uma comissão interna para definir regras gerais a serem repassadas aos seus pastores. A ideia é que os fiéis sejam orientados a se afastar do “comunismo” e daquilo que os líderes classificam como “nefasta influência do pensamento de esquerda”.

A proposta, compartilhada por evangélicos nas redes sociais, será tratada no Supremo Concílio da igreja, órgão máximo de deliberação da denominação, entre os dias 24 e 31 de julho, em Cuiabá. A cúpula da Igreja Presbiteriana do Brasil é majoritariamente conservadora e alinhada ao governo federal. Já não é mais segredo nos círculos presbiterianos que o comando da instituição está diretamente alinhado com o atual presidente e apoiará Bolsonaro na tentativa de reeleição, em outubro. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, indicado por Bolsonaro, também é da mesma organização.

Na proposta do Supremo Concílio, os líderes da igreja sugerem a criação de uma comissão formada por altos dirigentes “que apresente a contradição entre Marxismo e suas variantes com o Cristianismo Bíblico” e “que essas pastorais orientem os declarados ‘cristãos de esquerda ou progressistas’ de suas inconsistências.”

© Fornecido por Estadão Trecho de documento da Igreja Presbiteriana pregando contra pensamentos de esquerda Foto: Reprodução

O documento precisa ser aprovado na reunião em Cuiabá para se tornar um posicionamento oficial da instituição. Nos bastidores, a proposta é apontada como uma pressão contra fiéis críticos de Bolsonaro e eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não seriam mais bem-vindos no reduto presbiteriano.

O relator da proposta é o reverendo Osni Ferreira, da Igreja Presbiteriana Central de Londrina (PR). No último dia 3, ele usou o púlpito da igreja para pedir apoio à reeleição de Bolsonaro, ignorando regras impostas pela própria instituição, que orienta os pastores a não pedirem votos, mas, na prática, faz vista grossa às manifestações de apoio ao atual governo. ”Nós temos que reeleger Bolsonaro. Irmãos, não tem outro caminho para o Brasil. Olha a América do Sul inteira...”, disse Ferreira no culto. O deputado Filipe Barros (PL-PR), aliado de Bolsonaro e membro da igreja, estava presente e também foi “ungido” pelo reverendo para sua campanha à reeleição na Câmara.

Foi nessa mesma igreja em Londrina que, em janeiro de 2020, o pastor Emerson Patriota, genro de Ferreira, desafiou os fiéis a assinarem uma ficha de apoio à criação do Aliança pelo Brasil, partido idealizado por Bolsonaro, conforme o Estadão publicou. A legenda não saiu do papel e Bolsonaro acabou se filiando ao PL para ser candidato em 2022. Agora, Emerson Patriota também assina a proposta relatada pelo sogro contra as manifestações de esquerda.

A comissão “anti-esquerda deve ter como relator o reverendo Alfredo Ferreira de Souza, da Primeira Igreja Presbiteriana de Roraima, autor de estudos sobre “as raízes satânicas do comunismo”. O grupo também deve ser formado por líderes que têm ligação com Bolsonaro, entre eles o presidente do Supremo Concílio, Roberto Brasileiro Silva. Ele esteve ao lado de Bolsonaro quando aliados do governo comemoraram a aprovação dada indicação de André Mendonça ao STF, em dezembro do ano passado. Na ocasião, ele elogiou o presidente.

Hernandes Dias Lopes e Augustus Nicodemus Lopes, conhecidos como dois pastores “pop” por terem milhões de seguidores nas redes sociais e influenciarem o pensamento presbiteriano no Brasil, também foram indicados para compor a comissão. Bolsonaro aposta no apoio de evangélicos para a campanha de reeleição. Pesquisas de intenção de voto têm indicado que o eleitor com esse perfil religioso é mais propenso a votar no presidente do que no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. [o descondenado petista é ateu e um enviado de 'satã' - e para vencê-lo vale o esforço.]

Nos últimos meses, Bolsonaro esteve ao lado de líderes religiosos, participou de cultos e subiu em trios elétricos da Marcha para Jesus em capitais como São Paulo, Curitiba e Fortaleza. “Todo dia eu dobro os joelhos, me concentro, rezo um Pai Nosso e peço a Deus que vocês não experimentem as dores do comunismo”, disse Bolsonaro no último sábado, 16, no evento organizado por evangélicos em Fortaleza. Procurada, a igreja ainda não se manifestou.

Política - Daniel Weterman - O Estado de S. Paulo 


sábado, 4 de junho de 2022

Bolsonaro faz crítica velada a ministros do STF e fala em "ir à guerra"

Presidente diz ser necessário lutar contra o que chamou de "ladrões que querem roubar nossa liberdade". Segundo o chefe do Executivo, cabe às Forças Armadas e à população defender o país

Em mais um capítulo da crise entre Executivo e Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar indiretamente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ontem, em Umuarama (PR), o chefe do Executivo chamou apoiadores “à guerra” contra o que chamou de “ladrões que querem roubar nossa liberdade”. A declaração ocorreu durante visita a trecho da Estrada Boiadeira (BR-487).

"Como se não bastassem os problemas no país, nós todos aqui temos problemas internos no Brasil. Hoje, temos não mais os ladrões de dinheiro do passado. Surgiu uma nova classe de ladrão, que são aqueles que querem roubar a nossa liberdade”, disparou. “Eu peço que vocês, cada vez mais, se interessem por esse assunto. Se precisar, iremos à guerra. Mas eu quero um povo ao meu lado consciente do que está fazendo e de por quem está lutando.”

Segundo Bolsonaro, cabe às Forças Armadas e à população defender o país. “Nós todos aqui não podemos chegar lá na frente, 2023, 24, 25, ver a situação que se encontra o Brasil e falar: ‘O que nós não fizemos em 2022 para que nossa pátria chegasse à situação que se encontra?’”, ressaltou. “Todos nós temos um compromisso com o nosso Brasil, não apenas os militares que fizeram o juramento de defender a pátria com sacrifício da própria vida. Todos nós temos de nos informar e nos preparar. Não podemos deixar que o Brasil siga o caminho de alguns outros países aqui na América do Sul”, acrescentou, citando a Venezuela e a Argentina.

Bolsonaro afirmou que os presentes ao evento sabiam do que ele estava falando. “É a verdade. Até pouco tempo, o povo brasileiro não estava acostumado a ouvir a verdade. Eu não digo o que vocês querem ouvir, eu digo o que vocês devem ouvir”, continuou, sob aplausos.

O chefe do Executivo defendeu, mais uma vez, o que chamou de direito à liberdade de expressão e lembrou o indulto concedido ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ataques às instituições democráticas; e a anulação da cassação do deputado Fernando Francischini por disseminação de fake news nas eleições de 2018. “Nós defendemos, além do direito de expressão, o direito de ir e vir. Não posso admitir a prisão de um parlamentar por causa de algo que eu não gostaria de ouvir. A liberdade de expressão, ou nós temos, ou não temos”, frisou.

Pautas como aborto, ideologia de gênero e armamento também fizeram parte do discurso. Ele também criticou a campanha de desarmamento no Canadá. “Vocês sabem que a arma de fogo é garantia para sobrevivência de suas famílias e questão de segurança nacional. Povo armado jamais será escravizado”, destacou. “Poucos na Praça dos Três Poderes podem muito, mas nenhum deles pode tudo. A nossa liberdade não tem preço, e parece que alguns não querem entender. A liberdade é mais importante do que a própria vida”, repetiu.

Paraguai
No fim da tarde de ontem, Bolsonaro desembarcou em Foz do Iguaçu (PR), onde se reuniu com o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez. Eles visitaram as obras da ponte de integração entre os países. Momentos antes, fizeram um trecho do percurso em cima da carroceria de uma caminhonete, de onde acenaram a apoiadores.Presidente, acompanhei o senhor em uma caminhonete e vi o carinho que o povo tem. Vi o carinho espontâneo do seu povo. Estou muito orgulhoso, meu querido presidente, desse carinho que senti desse povo que vai seguir te apoiando no futuro”, declarou Benítez, emendando que compartilha de valores com Bolsonaro. “Nossos povos, e especificamente estes presidentes, cultivam os valores da família, do trabalho, da dignidade, do respeito à propriedade privada e da construção de modelos produtivos”, ressaltou.

Por sua vez, Bolsonaro comentou que a construção da ponte integrará os países e sustentou que a política ambiental brasileira é um exemplo para o mundo no quesito preservação. “Tudo o que fazemos aqui consultamos, conversamos e buscamos cordialmente o acordo. Afinal de contas, uma sugestão a mais sempre é muito bem-vinda. Itaipu Binacional é um exemplo para o mundo de geração de energia de fonte renovável. O Brasil é exemplo para o mundo na preservação ambiental. Dois terços do nosso território são preservados e temos a segunda maior matriz energética proporcional”, disse.

Também estiveram presentes ao encontro os ministros de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e da Infraestrutura, Marcelo Sampaio; o deputado Filipe Barros (PL-PR) e o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).Na semana que vem, o presidente brasileiro participará da Cúpula das Américas, nos Estados Unidos, onde o tema meio ambiente deverá ser um dos principais assuntos a serem debatidos.

Política - Correio Braziliense 

 

sábado, 28 de maio de 2022

ONU cobra investigação sobre a morte de Genivaldo Santos durante ação da PRF em Sergipe - G1

O escritório de Direitos Humanos da ONU para a América do Sul emitiu um comunicado em seu site cobrando das autoridades brasileiras uma investigação "célere e completa", sobre a morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal, no município de Umbaúba em Sergipe.“A morte de Genivaldo, em si chocante, mais uma vez coloca em questão o respeito aos direitos humanos na atuação das polícias no Brasil”, disse o chefe do escritório, Jan Jarab. [muito provavelmente o senhor Jarab quer justificar um polpudo salário que recebe - provavelmente estabelecido em dólar. Convenhamos que foi uma nota inútil, por apresentar uma exigência desnecessária.]

Segundo ele, é fundamental que as investigações cumpram com as normas internacionais de direitos humanos e que os agentes responsáveis sejam levados à Justiça, garantindo reparação aos familiares da vítima.“A violência policial desproporcionada não vai parar até as autoridades tomarem ações definitivas para combatê-la, como a perseguição e punição efetiva de qualquer violação de direitos humanos cometida por agentes estatais, para evitar a impunidade", disse.

Jarab também defendeu a necessidade de mais formação em direitos humanos para as polícias no Brasil, inclusive no combate dos estereótipos negativos contra as pessoas afrodescendentes, bem como na abordagem humana de pessoas com problemas de saúde mental. Policiais admitiram que usaram spray de pimenta e gás lacrimogêneo dentro de viatura. Os agentes envolvidos da ação policial foram afastados das funções. [os policiais brasileiros, de qualquer corporação, precisam é de mais treinamento para neutralizar criminosos, melhor armamento = a eficiência da polícia, qualquer corporação, será um fator dissuasório para os criminosos.
Óbvio que um portador de doença mental, está em uma categoria que merece um cuidado especial na abordagem e estando, comprovadamente,  desarmado não pode ser contido por arma letal e até mesmo o uso de armamento não letal deve ser realizado com cuidado - reiteramos nossa posição que a abordagem do Genivaldo, que assumiu postura de rendição, não recomendava o uso da força física e que qualquer suspeito após algemado não deve, após imobilizado e contido no interior da viatura, ser alvo de violência. Os agentes da PRF erraram, o erro resultou em morte, e eles devem ser punidos com rigor. 
A Polícia Rodoviária Federal, não pode ser estigmatizada por trabalhar, exercer sua missão constitucional e apresentar resultados; Cabe lembrar que o artigo 144, caput,  da Constituição Federal alinha a PRF ao lado da PF, das policias civis e militares, das PFF, dos corpos de bombeiros militares, das polícias penais federal, estaduais e distrital, como um dos órgãos executores da segurança pública. 
A ação da Vila Cruzeiro, a exemplo de outroa, tornou necessário o trabalho conjunto da PRF com outras forças policiais por envolver o combate ao roubo de cargas em rodovias federais, por quadrilhas baseadas naquela favela.]
É o que pensamos.]
Continue lendo em Brasil, O Globo

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

“Bolsonazismo” e a banalização do mal - Revista Oeste

Jornalista Ruy Castro | Foto: Montagem Revista Oeste/Agência Estado
Jornalista Ruy Castro | Foto: Montagem Revista Oeste/Agência Estado 
 
No laboratório da tragédia humana que foi o século 20, o nazismo garantiu para si o protagonismo como a mais abjeta ideologia da história, aglutinando elementos fascistas e racistas que mergulharam o mundo em guerra e genocídio. Em 1962, a filósofa alemã de ascendência judaica Hannah Arendt foi designada pela revista The New Yorker para acompanhar o julgamento de Adolf Eichmann, nazista de alto escalão capturado pela Inteligência israelense na América do Sul. Acusado de crimes contra a humanidade por seu papel no Holocausto, Eichmann foi condenado por todas as acusações e enforcado.

As observações de Arendt sobre esse julgamento constam da obra Eichmann em Jerusalém, cujo subtítulo é “Um relato sobre a banalidade do mal”. Contrariando expectativas, a filósofa descreve que o criminoso de guerra não se portava como um monstro, mas como um burocrata mediano, diligente em seguir ordens, avesso a juízos pessoais sobre a correção de suas ações e alheio às implicações éticas dos atos que executava um autômato moral resignado à mediocridade da não escolha, por vezes voluntária e por vezes compulsória. Era assim que, segundo Arendt, o mal se banalizava na sociedade: não pela maldade inerente às pessoas, mas a partir da ausência de reflexão do indivíduo ao imitar, reproduzir, ecoar ou não se opor a comportamentos nocivos.

Sem entrar no mérito das suas manifestações, há evidências abundantes de que nenhum deles defende ideias supremacistas

Saindo um pouco da filosofia e da sociologia, do ponto de vista semântico, banalizar o mal é torná-lo frequente, normalizá-lo, fazer da sua presença algo comum e trivial. Exemplos não faltam: diante da exposição constante à violência, a opinião pública já não se impressiona com cenas de crimes; o mesmo vale para a retórica hostil e a agressividade verbal, falada ou escrita, que pouco se destaca, tamanha a concorrência pelo mau gosto. É nesse contexto que o uso de nazista como ofensa pessoal se insere no debate público: uma expressão imprópria, que banaliza seu significado, ignora a história e desrespeita a memória de milhões. Salvo raríssimas exceções, chamar alguém de nazista é um insulto tanto ao ofendido quanto às vítimas da Segunda Grande Guerra e, principalmente, do Holocausto.

Recentemente, um podcaster, um parlamentar e um comentarista político se envolveram em polêmicas relacionadas ao nazismo. Sem entrar no mérito das suas manifestações (absurdas, infelizes, ingênuas…), há evidências abundantes de que nenhum deles defende ideias supremacistas. Ainda assim, foram chamados de nazistas por muitos — e tratados de acordo, como se de fato pregassem, em plena democracia liberal, a doutrina totalitária diretamente responsável por dezenas de milhões de mortes. Não são nazistas, assim como não é nazista o presidente da República, alvo preferencial desse tipo de campanha de difamação. Seguem alguns exemplos, literalmente, ilustrativos:

Tuíte de Ricardo Noblat, ex-Globo, ex-Veja e ex-jornalista, reproduzindo uma suástica com a legenda “Crime continuado”, em 14 de junho de 2020:

Capa da revista IstoÉ (15 de outubro de 2021) que chamou Bolsonaro de “mercador da morte” e “genocida”, manipulando sua imagem à semelhança de Adolf Hitler. A publicação alegou que “Bolsonaro patrocinou experiências desumanas inspiradas no horror nazista durante a pandemia” e “reproduziu na medicina métodos comparáveis aos do Terceiro Reich, que levaram a milhares de mortes por meio de ações cruéis”.

Exemplos de analogias com o nazismo e ofensas ao presidente da República não faltam, incluindo artigos de colunistas da comunidade judaica, como Ricardo Kertzman (Ao equiparar Bolsonaro a Hitler, revista chama as coisas pelo nome que têm) e Hélio Schwartsman (Bolsonaro e os judeus). Espanta que o engajamento político desses articulistas prevaleça sobre sua ética profissional e sua responsabilidade moral de não permitir que o Holocausto seja relativizado por comparações absolutamente infundadas.

A essa banalização do nazismo no debate público estabelecida por falsas equivalências repetidas à exaustão pela imprensa militante —, soma-se outra falácia: o reductio ad hitlerum, a desqualificação do adversário pela simples comparação com Hitler e os nazistas, algo que causa repulsa imediata no público e desvia o foco da discussão. Esse tipo de expediente foi levado ao estado da arte na recente generalização de Ruy Castro para a Folha de S.Paulo, que insulta não apenas o presidente da República, mas todos os seus eventuais milhões de eleitores: Como não há mais possibilidade de um apoiador de Bolsonaro ser um democrata, as eleições dirão exatamente quantos brasileiros ergueram o braço dentro da urna— uma  referência ao gesto nazista do Sieg Heil.

Realmente, vivemos tempos de banalização do mal; e também de banalização do mau… do mau jornalismo. 

Leia também “Ódio do bem: uma constatação póstuma”

Caio Coppolla é comentarista político e apresentador do Boletim Coppolla, na Jovem Pan


sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Os imoderados no poder - Revista Oeste

Ministros do STF entrando no plenário para início da sessão | Foto: Nelson Jr./SCO/STF
Ministros do STF entrando no plenário para início da sessão | Foto: Nelson Jr./SCO/STF

É verdade que não estamos sós no subcontinente sempre em desvario. Há muito tempo os que não demitiram a sensatez desconfiam que basta mudar as inscrições nas placas para que toda a América do Sul se transforme, sem mudar rigorosamente nada e sem que o resto do mundo estranhe, no que Dilma Rousseff qualificaria de maior hospício da galáxia. 

Nenhuma tribo escapa. Ao sul, a saga argentina compõe o mais extenso, dramático e enlouquecido dos tangos. Num trecho da letra escrita em pouco mais de dois séculos, os hermanos canonizam a primeira-dama que fazia bonito num cabaré antes de brilhar na Casa Rosada, transformam em moeda de troca o cadáver de Evita, mantêm insepulta por anos a fio primeira mulher de Juan Perón, devolvem o poder ao viúvo já casado com a futura sucessora também recrutada num cabaré e assim tornam inevitável a reedição piorada do golpe militar dos anos 1950. Em outro trecho do tango, o general que proclamara a ditadura 18 meses antes exagera no uísque e decide recuperar a tiros de canhão ilhas pertencentes ao império britânico. Perdeu a guerra e o emprego.

Ao norte, há o país mais pobre da América Latina onde houve no fim do século 20 a Venezuela Saudita, assim batizada por assentar-se num oceano de petróleo comparável ao que continua garantindo a gastança da família que domina o reino árabe. O que foi o latifúndio de Hugo Chávez e agora é o fazendão de Nicolás Maduro precisou de apenas 22 anos para, neste fim de 2021, superar o Haiti no ranking dos miseráveis que sobrevivem no centro e na parte meridional do continente americano. 

Enquanto percorria em alta velocidade a trilha da falência, Chávez bancou o abastecimento de Cuba, vendeu barris a preços de pai para filho aos parceiros bolivarianos, arrendou a alta oficialidade do Exército e exumou a ossada de Simón Bolívar para conferir a suspeita: o Herói da Independência morreu envenenado ou não? Decepcionado com a resposta negativa, Chávez renunciou ao papel de Bolívar reencarnado. Morto em 2013, o exterminador do futuro tem visitado Maduro em forma de passarinho, talvez para ampliar o fiasco da ditadura bolivariana com os conselhos que pia nos ouvidos do herdeiro.

Toffoli acaba de informar durante um passeio em Lisboa que o regime estabelecido pela Constituição foi substituído pelo semipresidencialismo

A vizinhança, como se vê, vive tentando provar que o Brasil não é tão diferente assim. Mas a realidade do País do Carnaval anda superando com perturbadora constância as páginas mais delirantes do realismo mágico. O coronel Aureliano Buendia combateu em 32 revoluções, e montou numa delas um sistema de segurança tão rigoroso que, ao visitar Macondo, nem a mãe foi autorizada a aproximar-se e abraçá-lo. Mas em nenhum livro do admirável autor colombiano aparece algum país governado por uma junta de juízes que, sem golpes, fraudes nem quarteladas, se promove a Poder Moderador, revoga o regime presidencialista, proclama em segredo a República Parlamentarista Judiciária e, favorecida pela omissão popular e pela covardia do Poder Legislativo, trata a socos e pontapés a Constituição que lhe cumpre defender. É o que fez nos últimos anos, continua fazendo e não pretende parar de fazer o grupo formado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Examinados individualmente, nenhum dos três parteiros da conspiração parecia perigoso. Gilmar Mendes, chefe da Advocacia-Geral da União no governo Fernando Henrique Cardoso, gastava tanto tempo no esforço para tornar lucrativa a instituição de ensino que explora que sobravam poucos minutos para lidar com processos
Lewandowski, que chegou ao Supremo porque Marisa Letícia morava ao lado da família com sobrenome estrangeiro e contou ao marido presidente que ouvira da mãe rasgados elogios ao filho sabido, sempre se limitou a provar que no Brasil qualquer bacharel em Direito pode virar ministro. [com a devida vênia, atualizamos: sequer precisa ser bacharel em Direito.]
Tal constatação era diariamente ratificada por Toffoli, o único juiz da história do tribunal que ganhou uma toga depois de reprovado duas vezes no concurso que autoriza o ingresso na magistratura paulista.
 
Depois que a bancada que lideram se tornou amplamente majoritária, os três parceiros subiram na vida. Proibido de lidar em primeira instância com briga de bêbado em Marília, onde nasceu, Toffoli acaba de informar durante um passeio em Lisboa que o regime estabelecido pela Constituição foi substituído pelo semipresidencialismo, que estamos a caminho do parlamentarismo e que, desde o começo da pandemia de coronavírus, o STF acumula as funções de Poder Moderador. 
Gilmar se gaba de ter atraído para o grupo a outrora voluntariosa Cármen Lúcia, a mesma que reagiu a pancadas na liberdade de expressão com uma velha e boa frase-síntese: “Cala a boca já morreu”. Morreu nada, está cansada de saber. Só que agora quem tortura o Estado Democrático de Direito é a turma com a qual convive. Enquanto o pai viveu, a filha ligava todo dia para conversas de bom tamanho. Órfã, a ministra se fez adotar por Celso de Mello e, depois da aposentadoria do Pavão de Tatuí, por Gilmar Mendes. Além do pai, Cármen Lúcia perdeu o rumo.

O STF se tornou bem mais impetuoso com a entrada em campo do centroavante rompedor Alexandre de Moraes, artilheiro do Timão da Toga. E as divergências sumiram com a rendição de antigos desafetos de Gilmar. Edson Fachin trabalha de cócoras desde que implodiu a Lava Jato com a anulação, por motivos geopolíticos, dos processos que instalaram Lula na gaiola. Luís Roberto Barroso, que via no Maritaca de Diamantino uma figura horrível, agora parece achar que, dependendo do cenário e do ângulo de visão, o Juiz dos Juízes pode exibir até uma faceta sedutora. Nesta semana, chegou a vez do presidente Luiz Fux, único integrante do Supremo que foi juiz de carreira.

No discurso de posse, entre outras promessas, Fux garantiu que decisões importantes seriam decididas no plenário, pelos votos dos 11 ministros. A medida reduziria os poderes das duas turmas e, sobretudo, erradicaria a praga do voto monocrático, que confere a uma única toga o direito de remover as fronteiras que separam os três Poderes, legislar em territórios alheios ou espancar impunemente a Constituição. 

No último dia de novembro, Fux valeu-se do voto monocrático para revogar a decisão do Tribunal de Justiça do Rio que anulou um decreto do prefeito Eduardo Paes sobre a obrigatoriedade do passaporte sanitário. Deve ter achado pouco. No texto em que tenta justificar a arbitrariedade, o presidente do Supremo comunicou aos juízes da primeira e segunda instâncias do Poder Judiciário que estão todos proibidos de contrariar o prefeito. Fux revogou antecipadamente decisões que ainda não existem. Talvez queira matar de inveja Alexandre de Moraes.

Leia também “O Circo Brasil Vermelho”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste  

 

sábado, 6 de novembro de 2021

O mundo precisa aprender com o Brasil - Revista Oeste - Editorial

Vista superior do Rio Amazonas, Brasil | Foto: Gustavo Frazão/Shutterstock
Vista superior do Rio Amazonas, Brasil -  Foto: Gustavo Frazão/Shutterstock

Aos fatos:

No ranking dos países mais poluentes, o Brasil ocupa o 7º lugar. Mas o número de emissões de gases do efeito estufa (dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, entre outros) não chega a 3% do total. Na frente estão China (cerca de 26%), Estados Unidos (12%), União Europeia (7,5%), Índia (7%), Rússia (5%) e Japão (2,5%). “Destes menos de 3%, um terço vem da agricultura e pecuária, um terço da indústria e o restante das florestas e terras não produtivas”, esclarece Roberto Castelo Branco, ex-secretário de Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente. “Ao mesmo tempo, alimentamos 20% da população do planeta.”

Em 2020, 84% da energia elétrica produzida no Brasil veio de fontes renováveis. Seguem-se o Canadá (65%) e a Suíça (60%). A chave do sucesso está na matriz hidrelétrica, modelo responsável por quase 65% de toda a geração de eletricidade no Brasil. Uma reportagem de Oeste publicada em outubro do ano passado mostrou que, embora não seja livre de impactos ambientais (para a construção das usinas, grandes áreas são alagadas), eles são imediatos. Além disso, os resíduos são muito menos nocivos que os modelos fósseis e nucleares.

As 614 áreas indígenas existentes no Brasil ocupam 14% do território nacional. Caso formassem um país, elas somariam quase 1,2 milhão de quilômetros quadrados. Segundo uma reportagem publicada na edição 76 de Oeste, se fosse um Estado, seria o terceiro maior da Federação, atrás apenas de Amazonas e Pará.  
O total dessas terras é maior que a França e a Alemanha juntas.  
Os dois países somam quase 150 milhões de habitantes, o que corresponde a 120 pessoas por quilômetro quadrado. 
“Por aqui, de acordo com o portal Terras Indígenas no Brasil, menos de 680 mil índios vivem hoje em aldeias legalmente reconhecidas”, escreveram Cristyan Costa e Paula Leal. “É como se cada indígena tivesse direito a 2 quilômetros quadrados só para si — área equivalente a 242 campos de futebol.” O Estado de Roraima, por exemplo, tem 46% do seu território reservado a tribos indígenas.[é muita terra para pouco índio e além do mais lhes falta disposição para produzir alguma coisa de útil nas tais terras indígenas - grande parte sequer mora nelas.]

— As áreas preservadas no interior dos imóveis rurais ocupam um terço (33,2%) do mapa nacional. “Nem o Estado Brasileiro preserva mais vegetação nativa do que os produtores rurais”, registra Evaristo de Miranda, chefe da Embrapa Territorial e colunista de Oeste. Ao todo, elas superam a superfície de 186 dos 195 países existentes.

“Há 8 mil anos, o Brasil possuía 9,8% das florestas mundiais. Hoje, detém 28,3%”

Em média, os produtores rurais preservam 50% da propriedade — a porcentagem determinada por lei varia de acordo com o Estado: em São Paulo, por exemplo, são 20%; na Amazônia, 80%. “É como se você tivesse um carro, mas só pudesse usar os bancos da frente”, compara Michel Muniz, assessor do projeto Farmun, que estimula pesquisas científicas ligadas ao agronegócio em escolas de Mato Grosso. “Ou como uma casa de quatro cômodos, em que só dois podem ser ocupados. Os outros devem ser arrumados e mantidos em ordem, mas ninguém pode usá-los.”

Um estudo da Embrapa Territorial calculou o preço do patrimônio fundiário imobilizado pelos produtores em cada município. O valor total ultrapassou R$ 2 trilhões. Para preservar essas terras — e também para evitar roubo de madeira, prevenir incêndios, construir cercas e pagar vigias —, estima-se que os agricultores desembolsem cerca de R$ 15 bilhões por ano.

“Outro fato a considerar é a dinâmica da recuperação das florestas e outros tipos de vegetação no mundo rural”, lembra Evaristo. “O balanço entre desmatamento e regeneração florestal na Amazônia pelo Projeto Terraclass mostra que quase 30% das áreas mapeadas como desmatadas nos últimos 30 anos hoje estão ocupadas de novo por vegetação nativa (Terraclass Embrapa/Inpe).

Conjugadas, as áreas protegidas e preservadas do Brasil ocupam mais de 5,6 milhões de quilômetros quadradosou 66,3% do território nacional. “Há 8 mil anos, o Brasil possuía 9,8% das florestas mundiais. Hoje, detém 28,3%”, informa Evaristo. “Dos 64 milhões de quilômetros quadrados de florestas existentes antes da expansão demográfica e tecnológica dos humanos, restam menos de 15,5 milhões, cerca de 24%. 
A Europa, sem a Rússia, detinha mais de 7% das florestas do planeta; hoje, tem apenas 0,1%. 
A África possuía quase 11%, e agora tem 3,4%. 
A Ásia já deteve mais de 23%; agora, possui 5,5% e segue desmatando.” No sentido inverso, a América do Sul saltou de pouco mais de 18% das florestas para cerca de 40%.

Um levantamento realizado em 2019 pela Embrapa Territorial constatou que os restantes 33,7% do território tem a seguinte distribuição: pastagens (21,2%) e lavouras (9%). As áreas urbanas ocupam cerca de 3,5%.

De junho a setembro deste ano, a redução de incêndios e queimadas foi de 13%. Na Amazônia, ficou em 26% a menos, contrastando com o aumento de 2020. “Agricultores não queimam por malvadeza”, explica Evaristo. “São sobretudo os produtores desprovidos de tecnologia suficiente, descapitalizados e marginalizados do mercado que empregam o fogo, ocasionalmente, para renovar pastagens, combater carrapatos ou eliminar resíduos vegetais acumulados. Eles representam menos de 2%.”

A era das fake news
Embora ainda estigmatizado como um pária ambiental, o Brasil surpreendeu a turma do contra já nos primeiros dias da COP26. Como detalha Roberto Castelo Branco em seu artigo publicado nesta edição de Oeste, o país não se limitou a comprometer-se com a contenção em 1,5º Celsius do aumento global da temperatura até 2060. Também antecipou a meta de reduzir a zero o desmatamento ilegal na Amazônia de 2030 para 2028, aumentou de 43% para 50% a redução das emissões de todos os setores da nossa economia em 2030. Confirmou a redução de emissões em 37% para 2025 e formalizou a antecipação, em dez anos, do comprometimento com uma economia neutra para 2050.

Ainda não está claro se tantas concessões serão recompensadas. Em 2015, o Acordo de Paris (consumado durante a COP21) determinou que, a partir de 2020, o Brasil e outros países em desenvolvimento começariam a receber US$ 100 bilhões por ano dos países ricos para ações de proteção ambiental. Até agora, não vimos a cor do dinheiro.

“É preciso não apenas que se cumpram as promessas do Acordo de Paris como que se regulamente no âmbito internacional o mercado de carbono”, observa Rodrigo Justus, conselheiro titular da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). “Não estamos vendo nada acontecer de concreto desde 2007. Naquele ano, foi proposta uma redução de 25% a 40% nas emissões de gases do efeito estufa até 2020. O ano-base era 1990.

Sem exigir contrapartidas, o Brasil também prometeu reduzir em 30% as emissões de metano até 2030, o que pode afetar negativamente a pecuária nacional. Uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrou que o setor foi responsável por quase 72% das emissões brasileiras de metano em 2020. Apesar disso, uma nota conjunta divulgada neste 3 de novembro pelos ministérios do Meio Ambiente e da Agropecuária afirmou que, ao aderir a esse compromisso global, o país demonstra que já possui projetos que tratam do tema. Entre eles, foram citados o Programa Nacional Lixão Zero, que extinguiu cerca de 20% dos lixões, e a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Apesar da postura claramente favorável às bandeiras dos ambientalistas, o país ainda não se livrou da desconfiança internacional. “O Brasil quer mais investimento em sua economia, mas, no futuro, não vai ser possível atrair os fundos maiores sem uma política ambiental clara nos níveis federal e estaduais”, diz Peter Wilson, embaixador britânico no Brasil. “Os fundos públicos de outros governos, incluindo os do Reino Unido, vão ser usados onde são mais efetivos.”

Há 30 anos, eu voava até a Europa para falar das mesmas coisas que a gente hoje repete: as queimadas, o desmatamento, etc.”, conta Antônio Cabrera, ministro da Agricultura no governo Fernando Collor. O que mudou é que o Brasil está assumindo uma posição de liderança no agronegócio internacional. E essa liderança incomoda cada vez mais.” Outra transformação, segundo Cabrera, é que hoje o país produz mais utilizando menos recursos naturais.

“Estamos na era das fake news”, lamenta Cabrera. “As maiores notícias falsas, hoje, envolvem a área ambiental, principalmente em relação à Amazônia. O presidente da França, Emmanuel Macron, chegou a publicar uma foto antiga das queimadas na Amazônia como se fosse de hoje. E outras celebridades opinam sobre um assunto que desconhecem, como Cristiano Ronaldo, Lewis Hamilton, Gisele Bündchen ou Leonardo DiCaprio. Temos de começar a combater essas fake news com fatos, com informação. Nenhum outro país, entre as grandes potências agrícolas, tem o ativo ambiental do Brasil.”

Ainda existem, claro, inúmeros problemas a resolver no universo ambiental. O desmatamento ilegal cresce desde 2012, principalmente em decorrência da falta de regularização fundiária e de fiscalização. Se o governo não consegue garantir a segurança nem de uma favela no Rio de Janeiro, por que iria fazer diferente na Amazônia?”, perguntou J.R. Guzzo, colunista de Oeste, num artigo publicado na Gazeta do Povo. Mas os fatos mostram que o país está muito melhor que seus concorrentes. O meio ambiente é tão importante para os seres humanos quanto a agricultura. Nessa matéria, o restante do mundo tem muito a aprender com o Brasil.

Leia também “As elites estão rindo na nossa cara”

Branca Nunes, editorial - Revista Oeste