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terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Economia estagnada, com investimento e poupança em queda, aponta futuro desanimador - Estadão

O Estado de S. Paulo

No terceiro trimestre, taxa de investimentos na economia voltou a cair e ficou em 16,6%, número considerado muito baixo

Os dados do PIB brasileiro no terceiro trimestre, divulgados nesta terça-feira, 5, pelo IBGE, mostram uma economia estagnada
O crescimento de 0,1% até veio melhor que o esperado pelo mercado (-0,2%), mas é um crescimento praticamente estatístico.  
Serve para livrar o País de uma recessão técnica (quando há dois trimestres seguidos de queda) que se avizinhava, já que as projeções para o quarto trimestre não são das melhores. 
Mas não é um quadro dos mais animadores.
 
O resultado do período de julho a setembro foi muito influenciado pelo agronegócio, que caiu 3,3% em relação ao segundo trimestre
A indústria cresceu 0,6%, mesma alta registrada pelos serviços. 
O consumo do governo subiu 0,5%, enquanto o consumo das famílias teve o melhor desempenho dentro da atividade econômica, com alta de 1,1%.
Mas dois dados importantes chamam a atenção negativamente. A taxa de investimentos da economia, que o IBGE chama de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) voltou a cair. Estava em 17,2% do PIB no segundo trimestre, um número já considerado bastante baixo, e ficou em 16,6% no terceiro trimestre
Para muitos analistas, uma taxa considerada razoável, dadas as nossas características de país emergente, seria de 25%.  
A taxa de poupança também caiu. 
Era de 16,9% no segundo trimestre, e agora ficou em 15,7%.
 
Esses são números importantes porque dão indícios de para onde caminha a economia. 
Representam, por exemplo, o vigor das empresas, a vontade de investir em máquinas, em processos que elevem a sua produtividade. 
Em última instância, mostram a confiança que as pessoas e empresas têm no futuro do País. E, levando-se em conta esses dados, essa confiança vem caindo.
 
As projeções para o crescimento do PIB brasileiro este ano estão por volta de 3% - no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, estavam em 2,8%. Para 2024, a projeção está em 1,5%, e para 2025, em 1,9%. Não são números animadores.

E, com a economia global se tornando cada vez mais complexa, com novas tecnologias sendo adotadas mundo afora, uso intensivo de inteligência artificial, nosso desafio de tornar o Brasil um competidor forte é cada vez maior. 

Os dados divulgados também nesta terça-feira do Pisa (o Programa Internacional de Avaliação de Alunos) mostram o tamanho do nosso buraco.

Entre 81 países avaliados, o Brasil ficou em 52.º em Leitura, 61.º em Ciências e em 65.º em Matemática.  
Quer dizer, temos um problema de formação dos jovens que se reflete diretamente na qualidade da mão de obra que chega ao mercado de trabalho. 
Com profissionais pouco qualificados, será difícil elevar a produtividade. 
E o País dificilmente vai romper esse ciclo de crescimento medíocre da economia. 
Nunca vai dar o salto de um país de renda média, como o que somos hoje, para se tornar um país desenvolvido.
 
O diagnóstico está dado há tempos
É preciso investir em educação, em reformas estruturais (como a tributária, finalmente a caminho), em reduzir a burocracia, a corrupção. Mas, ano após ano, é sempre difícil acreditar que estamos no caminho certo.

Alexandre Calais, colunista - O Estado de S. Paulo


domingo, 20 de fevereiro de 2022

COLABORAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA - Edésio Reichert

Pela divulgação do livro PROFESSOR NÃO É EDUCADOR iniciada em fins de 2011, com a observação de fatos ocorridos no ambiente que nos cerca e por leituras diversas, torna-se notório que muita gente está preocupada com os seguintes problemas: quais são as responsabilidades da Família e da Escola na Educação e na Instrução dos alunos? Até que ponto podem a Escola e a Família colaborar na instrução e na educação dos alunos?

De um lado, há professores reclamando porque os pais estão terceirizando a educação dos filhos, exigindo que professores e diretores gastem muito tempo “educando” alunos. De outro, há professores exagerando na cobrança dos pais, para que estes participem mais do processo de ensino – ensinar a ler, acompanhar o fazer das tarefas de casa, etc. E o resultado é bem conhecido: analfabetos funcionais - pessoa que lê e não entende o que leu - e pessoas mal-educadas, por todos os lados.

Façamos, a seguir, uma distribuição de responsabilidades entre escola e família.
1 – Educação, isto é, valores morais (honestidade, respeito, cooperação, religiosidade, etc) é responsabilidade da família. Nesta área os professores podem colaborar com a família, fazendo com que alguns destes valores sejam reforçados pelo ambiente escolar. Ao exigirem respeito e disciplina, por exemplo, estarão colaborando na fixação destes valores – até porque, sem isto, não pode uma escola funcionar bem.

2 – Instrução – promoção de conhecimentos e de habilidades – é responsabilidade da escola. Os pais podem colaborar para que os filhos, após participarem da aula, estudem as matérias do dia (conforme recomenda o Professor Pier). Pais que leem em casa, incentivam os filhos a adquirir o hábito da leitura.

Tratando de responsabilidade, é possível analisar e cobrar com mais clareza, para que cada uma das duas partes cumpra essa obrigação. Já quanto à colaboração, a questão deve ser tratada com muita prudência, pois não seria justo – nem possível – exigir de todos igualmente.

A clara compreensão destes conceitos especialmente pelos profissionais do ensino – permite-lhes agir com tranquilidade e segurança, quando é preciso tratar, com pais e alunos, questões ligadas à disciplina. Assunto nunca fácil de tratar, posto que nem toda a comunidade escolar entende que a disciplina deve ser exigida pelos professores, mas imposta pelos diretores.

Influenciar os alunos para que estudem melhor e adquiram o hábito da leitura é responsabilidade da escola, mas deve ser feito todo o esforço possível na conquista dos pais para colaborar nesta difícil tarefa. Levar um aluno a se tornar estudante (como diz, o Prof. Pier), isto é, a se tornar autodidata, é tarefa em que todos se devem envolver, uns como responsáveis, outros como colaboradores.

Edésio Reichert - Transcrito site Percival Puggina

 

sábado, 29 de janeiro de 2022

O negócio são os negócios - Alon Feuerwerker

Análise Política

Dias atrás o Departamento de Estado divulgou sua versão de uma conversa entre o chefe americano das Relações Exteriores e o homólogo brasileiro. O tema era a tensão entre Rússia e Ucrânia. Na versão de Washington, o relato da troca de informações foi manifestamente anti-russo. Já o lado brasileiro procurou ser comedido ao relatar e buscou certo equilíbrio.

Sendo otimista, talvez estejamos retomando um caminho virtuoso episodicamente perseguido pela política externa brasileira: não nos meter de graça nas brigas dos outros. [especialmente quando a briga é estúpida, tanto por ser resultado de uma baidada do democrata que preside os Estados Unidos (Nota da Redação do Blog Prontidão Total: o neologismo "baidada" acaba de ser criada pelo nosso departamento de pesquisa de definição de comportamentos estranhos, sendo a denominação de uma decisão meio 'mancada' tomada após uma 'cochilada' de quem decidiu.) quanto pelo fato, constatado no milênio passado de que o arsenal nuclear dos EUA possui capacidade para destruir o nosso planeta algumas vezes e o da Rússia outro tanto = considerando que a Terra só pode ser destruída uma vez é uma briga entre possuidores de armamento que só pode ser usado em conflitos localizados.
O uso de armas nucleares em um desentendimento entre EUA x Rússia é uma possibilidade tão absurda quanto a prática adotada por algumas autoridade de dar ordens cujo cumprimento não pode obrigar.] Nem sempre é possível, mas deveria ser buscado como doutrina. E implica não somente deixar de apoiar projeções de poder militar de aliados, mas rever outro tipo de ambição: a obsessão pelo nosso suposto soft power. Uma certa leitura, nas relações internacionais, da teoria do brasileiro cordial, movido pelas relações pessoais e pela emoção.

Uma rápida observação do cenário global já seria suficiente para definir o melhor caminho para um país continental e de grande população, mas ainda aprisionado pelo déficit de desenvolvimento e pelo desequilíbrio entre agricultura e indústria, e ameaçado de ficar novamente inferiorizado na divisão técnica internacional do trabalho.

Política externa não é, ou não deveria ser, no nosso caso, voltada para conferir prestígio ao detentor do poder ou para promover ideologias mundo afora. Deveríamos apropriar-nos de um lema do qual os nossos amigos americanos estão abrindo mão, por medo de ficarem para trás na globalização (que ironia!): “o negócio dos Estados Unidos são os negócios”.

O Brasil é um país que pode se dar ao luxo de concentrar-se nos negócios, com quem quer que seja, sem querer dizer como o vizinho, próximo ou distante, vai organizar sua casa. Não temos armas de destruição em massa nem pendências fronteiriças, nem participamos de blocos políticos que se definam pela oposição a alguém.

Um primeiro passo seria retomar o conceito de soberania. Se não queremos que se metam na nossa vida, comecemos por não nos meter na vida alheia. Se a pessoa gosta de comentar criticamente relações entre terceiros na política internacional, ou a política interna de outros países, deveria procurar trabalho em veículos da imprensa. Presidente brasileiro tem de cuidar dos interesses do Brasil.

E os assuntos da esfera multilateral? Tratemos nas instâncias multilaterais, sempre tomando o cuidado da razoabilidade. Temos instrumentos para isso. Basta tirar a poeira de velhos conceitos como “autodeterminação das nações” e “solução pacífica das diferenças”. E combater a tentação de achar que vamos ser sócios do intervencionismo alheio.

Enquanto isso, concentremo-nos em buscar espaços econômicos. Qual é nosso principal gargalo na economia? A taxa de investimento? O déficit de infraestrutura? A desindustrialização? Então vamos atrás de parcerias que possam nos trazer soluções. Podem ser americanos, chineses, russos, indianos, europeus, tanto faz.

Num mundo crescentemente fraturado, será um privilégio de poucos. Aproveitemos.

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Publicado na revista Veja de 19 de janeiro de 2022, edição nº 2.774

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

 

terça-feira, 23 de novembro de 2021

EDUCAÇÃO? A GENTE VÊ DEPOIS - Percival Puggina

São assustadores os primeiros relatos sobre a situação dos estudantes brasileiros após o período em que as escolas estiveram fechadas por determinações sanitárias. 
Fique em casa que a Educação a gente vê depois. 
Agora, também em sala de aula, o depois chegou. 
Os professores falam em regressão das habilidades e conhecimentos. 
Os alunos não só ficaram sem adicionar formação, mas perderam parte do anteriormente adquirido.

Famílias empobreceram, porque a economia a gente vê depois. Muitas se enlutaram, ambientes familiares se danificaram, crianças e adolescentes perderam o rumo, ficaram dois anos sem convívio, sem ocupação e tudo se agravou pela interrupção da rotina escolar. Professores alegam temer o retorno e se sentem inseguros. Outros se habituaram ao contracheque sem trabalho, pois até que não era tão ruim o velho normal do fique em casa.

Infelizmente, isso não aconteceu num país em que as coisas iam bem, mas num gigante populacional ainda mais empobrecido. No Censo Escolar de 2020, o Inep contou 47,3 milhões de matrículas no nível básico (ensino fundamental e médio). Essa população escolar é superior à população total da Argentina, da Espanha, e de outros 168 países.

Vou poupar o leitor das avaliações qualitativas da  nossa Educação. Sim, a má avaliação não é dos estudantes; é do ensino proporcionado à nossa juventude.  Lembrarei apenas que, segundo a OCDE e dados do Pisa 2018, um nível considerado básico de proficiência em leitura já não era alcançado por 50% dos alunos, em Ciências, por 55% e em Matemática, por 68%!

As questões que se colocam são as seguintes: 
a) por que tem tão má qualidade a educação em nosso país? 
b) para que futuro aponta a continuidade dessa situação? 
c) que nação será o Brasil quando essa geração de estudantes responder pela geração da renda nacional?

Não hesito em afirmar que a estatização de 82% do ensino básico, a “democratização” e a eleição das direções das escolas, a sindicalização dos servidores públicos, o excesso de liberdade e autonomia concedida aos professores, o descaso de pais em relação à vida escolar dos filhos, a dificuldade que os pais participativos enfrentam para atuar nas escolas e a repulsa ao mérito recompensado têm culpa nesse cartório.

Alguém perguntará? E a ideologização do ensino, a “história crítica” e o desamor à pátria, a visão freireana da educação como atividade política, nada têm a ver com cenário descrito?

Bem, aí entramos no terreno da esquizofrenia e do “suicídio” coletivos, como costuma acontecer nas radicalizações políticas e nas ações revolucionárias. Centenas de milhares de professores brasileiros, militantes de causas ideológicas, deveriam interrogar-se: “Quem vai pagar minha aposentadoria?”. Talvez passassem a olhar para seus alunos e para sua própria profissão com outros olhos.

Ou talvez pensem: “Bem, isso a gente vê depois”...

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Ideologia de gênero, aborto, STF e educação: o que pensa o bolsonarista Filipe Barros - Gazeta do Povo

O deputado federal Filipe Barros, eleito por defender pautas pró-vida e ser contra a ideologia de gênero, falou sobre essas questões, criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e defendeu o ministro da Educação, Abraham Weintraub, em entrevista à Gazeta do Povo. 
Confira:

O senhor é o autor do projeto de lei que proibiu a adoção ou divulgação de questões relacionadas à ideologia de gênero nas escolas municipais de Londrina. O projeto, porém, foi suspenso pelo STF. O que o deputado pensa sobre a decisão do ministro Barroso?
Filipe Barros

Essa discussão no STF e essa decisão do ministro Barroso já eram esperadas. Em primeiro lugar, porque o ministro Barroso atua como verdadeiro advogado das causas LGBT, tanto é que, antes de ser ministro, era advogado desses movimentos. Pela minha visão, ele deveria se declarar, inclusive, suspeito e não julgar.

E também é uma aberração jurídica [a suspensão do projeto pelo STF], ao meu ver, o fato de um ministro, em uma decisão liminar, poder suspender os efeitos de uma lei discutida, votada e aprovada por representantes da população [os vereadores de Londrina]. Eu tenho um projeto inclusive, uma PEC, que ainda não consegui coletar as assinaturas, mas estou tentando, para uma reforma do Judiciário.

O STF não pode ter tanto poder assim. A tripartição dos poderes exige que haja os freios e os contrapesos. Hoje, o STF faz o que quer, na hora que quer, os ministros do STF são quase semideuses.
Então, na minha visão, já era esperada a postura do ministro Barroso, infelizmente. E já estamos acompanhando o processo e, no momento adequado, vou pedir para fazer a minha sustentação oral na defesa da constitucionalidade da lei. E não só da minha lei, como de outras leis semelhantes que também foram suspensas pelo ministro Barroso.

Na decisão, o ministro menciona que a lei incentivaria a homofobia. O que o senhor diz sobre essa questão?

Filipe Barros

Primeiro, o ministro precisa saber - ou se sabe ele finge não saber - o que é a teoria queer ou a ideologia de gênero. Porque uma das falácias mais comuns é que a teoria de gênero serviria para combater a homofobia.
Não há nada mais falaciosos do que isso,
porque a teoria diz que ninguém nasce homem, ninguém nasce mulher. (Diz) que as crianças ou que os indivíduos podem escolher livremente o gênero do qual eles querem pertencer. Se não existe homem e também não existe mulher, também não existe homossexual. [pergunta de um leigo:

- fosse verdadeiro a TEORIA que ninguém nasce homem, ninguém nasce mulher, cabe a pergunta:
- e os 'assexuados'que nascerem com as 'ferramentas' antes atribuídas aos homens e querem ser mulheres. O que fazem? 
arrancam o superfluo,  retiram 'omiolo' do antigo pênis, e improvisam uma cavidade com uma fenda?
e os assexuados que nascerem mulheres mas querem ser macho. Costuram a cavidade antigamente chamado de vagina, deixam um orificio para  introduzir um pedaço cilindrico de madeira e vão procurar as fêmeas.
Como fica a prociração? 
DEUS mantém seu decreto que a mulher - não a assumida, e sim o modelo original - é quem procria.
Assim ainda que inventem útero artifical,  ovários e outros acessórios,não vai funcionar. Ou se estabelece uma cota - nos moldes das cotas raciais - de que determinado número de assexuados precisam permancer com o instrumental inerente ao com qual nasceram,ou em breve a humanidade estará extinta.]

O conceito de homossexual é um ser humano de um sexo, não de um gênero,
que gosta, tem relações, se apaixona, enfim, por um indivíduo do mesmo sexo. A teoria de gênero tira o sexo e coloca o gênero. Se não existe homem, se não existe mulher, também não existe homossexual. [sendo a homofobia uma consequência, sua extnção ocorre de forma automática a partir do instante em que deixa de haver homem e mulher.

Não se pode temer o que não existe.]
 
Então não há nada mais falacioso. E para combatermos o preconceito não é necessário ensinarmos para as crianças que não existe homem nem mulher. Você tem que ensinar para as crianças o respeito, que todos são iguais, que todos merecem ser respeitados. Então, o meio para combater o preconceito não é a ideologia de gênero.

O senhor tiraria a educação sexual das escolas? Como calibrar isso: o que é ideologia de gênero e o que é educação sexual?
Filipe Barros: 

Convém lembrar que a minha lei de Londrina se refere apenas e tão somente à educação básica. (Segundo a lei, “ficam vedadas em todas as dependências das intuições da Rede Municipal de Ensino a adoção, divulgação, realização ou organização de políticas de ensino, currículo escolar, disciplina obrigatória, complementar ou facultativa, ou ainda atividades culturais que tendem a aplicar a ideologia e/ou o conceito de gênero estipulado pelos Princípios de Yogyakarta”.)

Ou seja, estamos falando de creches e crianças [a partir de] 5 ou 6 anos de idade. Nessa idade, eu sou veemente contra a educação sexual. Uma criança de 5 ou 6 anos não sabe e não precisa saber o que é sexo, o que é gênero, e etc.  A educação sexual, aliás, na minha visão, como um todo, inclusive no ensino fundamental e médio, deve se limitar ao aparelho sexual masculino e feminino, sistemas reprodutores e a meios de transmissão de DSTs.  Não precisa entrar no mérito de gênero, de sexualidade.

Afinal de contas, isso é uma questão interna de cada pessoa e, se nós formos analisar a lei, o pacto de São José da Costa Rica, Tratado Internacional aprovado, disciplina que isso é uma competência do núcleo familiar e não da escola.

O senhor foi eleito com discurso forte pró-vida, mas essas pautas não avançaram na Câmara neste ano. Por quê?
Filipe Barros: 

Esse ano, basicamente, foi marcado pela pauta econômica. Em primeiro lugar, nós precisávamos tirar de fato o Brasil do fundo do poço. Em segundo lugar, porque quem define a pauta da Câmara é o presidente da Casa, Rodrigo Maia, e desde o começo do ano ele já disse que não iria pautar projetos relacionados aos costumes, ao comportamento. Queria focar na pauta econômica.

Eu tenho um projeto inclusive - em conjunto com a deputada Chris Tonietto - que tira do Código Penal as hipóteses previstas do chamado aborto legal. Nós retiramos do Código Penal essas hipóteses porque, na minha visão, se o direito à vida é um valor fundamental, um direito fundamental e, aliás, do direito à vida decorrem todos os outros, nós temos que, de fato, valorizar e dar o respaldo jurídico do direito à vida.

Mas, infelizmente, o projeto não andou. Porque o presidente da Câmara simplesmente não quer que ele ande. Então nós estamos trabalhando na Câmara dentro das comissões temáticas, criamos, por exemplo, a Frente Parlamentar Contra o Aborto e em Favor da Vida – eu sou o vice-presidente da Frente e coordenador aqui no Paraná. A nossa ideia é, a partir do ano que vem, voltar com as palestras no Brasil inteiro sobre aborto, sobre ideologia de gênero e sobre as causas pró-vida.

O senhor fez um vídeo com o ministro da Educação Abraham Weintraub. Qual é a sua avaliação sobre o trabalho dele?
Filipe Barros: 

Eu acho o ministro Abraham [Weintraub] o melhor ministro da Educação dos últimos anos. Pegou um ministério completamente destruído, uma educação completamente destroçada - basta vermos os números do Pisa, o Brasil figurando nas últimas posições mundiais no quesito de leitura, no quesito de matemática, no quesito de ciências, em todos os quesitos o Brasil em último lugar. Ou seja, tudo aquilo que foi produzido desde a redemocratização no quesito educacional não serviu de absolutamente nada.

Então, o ministro Abraham Weintraub pegou o ministério dentro desse cenário, tem tentado fazer diferente e tem conseguido através de estatísticas, de números, de dados. É claro que sempre é possível fazer mais rápido do que a gente quer, mas a burocracia estatal é algo que emperra todo mundo. E mesmo com todas essas dificuldades, com toda a burocracia, ele tem feito diferente no ministério. E vocês podem escrever o que estou falando: ao final dos quatro ou oito anos do governo Bolsonaro [em caso de reeleição], ele vai fazer a educação brasileira ter uma diferença considerável.


Vida e Cidadania - Felipe Barros, deputado federal - Gazeta do Povo

 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Uma notícia boa - Nas entrelinhas


"Bons resultados econômicos são um fator de estabilidade política, ao lado do comportamento responsável do Congresso, apesar do ambiente de radicalização ideológica”


Ultrapassando as expectativas, o PIB brasileiro cresceu 0,6% no 3º trimestre. Na comparação com o mesmo período de 2018, o salto foi de 1,2%. Com isso, chegou a R$ 1,842 trilhão. Segundo o IBGE, agropecuária (+1,3%), indústria ( 0,8%), principalmente, a construção civil, e serviços (0,4%) lideraram a expansão da economia. O consumo das famílias cresceu 0,8% e o investimento, 2%. A queda de 0,4% das despesas de consumo do governo completam o cenário, o que levou a uma reavaliação da projeção do PIB para 2019. No acumulado do ano até setembro, o PIB cresceu 1%. Com isso, já se projeta um PIB de 1,2% neste ano.

O presidente Jair Bolsonaro comemorou o resultado, e os analistas do mercado financeiro reiteraram a avaliação corrente de que a economia vai no rumo correto, apesar dos problemas. O PIB ainda está 3,6% abaixo do pico da série, atingido no primeiro trimestre de 2014. O resultado mantém a economia brasileira em patamar semelhante ao que se encontrava no 3º trimestre de 2012. Mesmo assim, fortaleceu a equipe econômica e possibilita a Bolsonaro construir uma narrativa de retomada do crescimento no primeiro ano de seu governo, cujo desempenho ainda deixa a desejar em termos de resultados econômicos.

O aumento do consumo das famílias talvez seja o indicador mais importante, porque estancou a queda de popularidade de Bolsonaro, apesar do desgaste político causado pela radicalização ideológica que vem impondo ao cenário político nacional. Esse consumo está numa linha ascendente: acelerou para uma alta de 0,8%, após um avanço de 0,6% no 1º trimestre e de 0,2% no 2º trimestre, representando o principal destaque positivo do PIB no período. A política monetária e ações específicas do governo com objetivo de ampliar a circulação da moeda foram determinantes:  
queda da taxa básica de juros (Selic), inflação baixa, expansão do crédito e saques do FGTS (vão injetar até o final do ano cerca de R$ 30 bilhões na economia). Outra variável decisiva foi a recuperação do mercado de trabalho, liderada pela informalidade. As mudanças na legislação trabalhista, apesar da “precarizaçao” do trabalho, aumentaram a massa salarial e o número de ocupados com alguma renda.

No final do ano, esses bons resultados econômicos são um fator de estabilidade política, ao lado do comportamento responsável do Congresso, apesar do ambiente de radicalização ideológica patrocinada pelo próprio presidente Bolsonaro, que aposta no confronto com o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para coesionar sua base eleitoral. Entretanto, a discussão das reformas no Congresso ficaram em segundo plano, o que representa um desperdício de oportunidade neste final de ano. Esse atraso na aprovação das reformas gera insegurança jurídica e atrapalha os investimentos.

Resultado medíocre
Uma outra informação importante divulgada, ontem, foi o relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com os resultados da versão de 2018 do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês). O exame abrange provas de leitura, matemática e ciências — ocorre a cada três anos — e testou cerca de 600 mil estudantes de 15 anos em 79 países. Portugal e China foram os destaques mais positivos; o Brasil apresentou, estatisticamente, uma melhora ridícula. [uma melhora ridícula é mais favorável do que uma piora constante - caso do exame anterior, nos tempos do desgoverno petista.
O Pisa em questão é o 2018, portanto, o presidente Bolsonaro não pode ser responsabilizado e alguma melhora havida, em relação ao exame anterior ocorreu no governo Temer.]
 
Na prova de leitura, os brasileiros tiveram, em média, 413 pontos. O resultado coloca o Brasil em 57º lugar dentre 78 economias avaliadas, à frente da Colômbia (412), da Argentina (402) e do Peru (401), mas muito atrás dos 487 pontos de média da OCDE. Em ciências, a média brasileira foi de 404 pontos, o 66º lugar no ranking da disciplina. Já em matemática, a média dos alunos brasileiros foi de 384 pontos, enquanto a média dos países desenvolvidos é de 489 pontos. Essa foi a pior nota brasileira, que coloca o Brasil em 70º lugar no ranking de matemática, dentre 78 países, atrás dos vizinhos Chile (417), Peru (400) e Colômbia (391).

Numa escala de seis níveis para classificar o desempenho dos estudantes de 15 e 16 anos nas provas de leitura, matemática e ciências, o nível 1 é considerado insuficiente, e o nível 2 é o mínimo de proficiência. No Pisa 2018, 50% dos brasileiros não atingiram o nível 2 em leitura, ou seja, são incapazes de identificar a ideia geral de um texto, encontrar informações explícitas ou analisar a finalidade daquele material. De acordo com o estudo, 43% dos jovens do Brasil não atingiram o nível mínimo em leitura, nem em matemática nem em ciências.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense
 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Precisamos falar sobre os livros

Crise das livrarias pode virar um problema sistêmico e atingir um produto que tem um valor intangível

Há um problema rondando o Brasil, enquanto o país está totalmente dominado por suas muitas emergências e um novo governo está se formando: o risco de uma crise sistêmica na indústria do livro. As duas maiores livrarias estão em recuperação judicial e devem R$ 360 milhões às editoras. Juntas, são 40% do varejo do setor, e a crise estreitou o canal de venda. Restam as redes menores, mas hoje há 600 livrarias a menos do que antes da recessão. Esse setor tem impacto para além da economia e chega ao intangível da vida do país.  — Imagine o fechamento da loja do Conjunto Nacional da Paulista? Seria uma tragédia não apenas econômica —afirma Marcos da Veiga Pereira, do Sindicato Nacional das Editoras de Livros (SNEL), citando a megastore ícone da Livraria Cultura.

Como em todas as crises, não há uma razão só, nem soluções simples. A lista das causas que derrubam o setor é longa. Na Saraiva e na Cultura, houve erros de gestão. Livro tem um giro baixo, e o setor trabalha com pouco capital. O país viveu nos últimos quatro anos a pior recessão da sua história, as vendas despencaram e só agora começam a subir. A tecnologia e a mudança de hábitos impõem mudanças do modelo de negócios. A venda online é uma realidade e tende a crescer, mas os editores afirmam que descontos agressivos acabaram dando prejuízo a todos.  — A venda online não tem margem e parte do princípio da captura do cliente. Para Saraiva e Cultura, que têm participação grande nessas vendas, isso foi minando o negócio. A própria Submarino, que antes da Amazon entrar era a grande vilã dessa história, saiu do negócio da venda de livros — diz Marcos Pereira.

O SNEL fez a proposta de fixar um limite máximo para o desconto no preço do livro, por um tempo. Isso significa intervenção na era do mercado livre. Eles sabem que é polêmica, mas argumentam que descontos predatórios podem matar o negócio. O consumidor que se beneficiou da queda do preço quer livro ainda mais barato.  O número de livrarias caiu porque o Brasil inteiro sentiu um impacto da recessão, acha Bernardo Gurbanov, presidente da Associação Nacional de Livrarias, mas o mercado se renova.
Houve uma queda forte do número de lojas, mas, ao mesmo tempo que algumas fecharam, temos novas livrarias abrindo, a maioria delas por profissionais que começam com proposta nova, às vezes com uma loja única, mas que trazem fôlego renovado — diz Gurbanov.

Ele também define como “absurda” a guerra de preços que levou alguns livreiros a comprar por internet, evitando a editora. “Guerra fratricida”. Ele diz que a livraria é mais do que uma loja:
— Tem que ser um centro cultural, de curadoria, de livros expostos, eventos que podem ser desde lançamentos de livros a debates. Uma volta às origens.
Gurbanov informa que há redes crescendo de forma cuidadosa e cita a mineira Leitura. Contudo, na proximidade do Natal, as duas redes que são 40% do mercado e têm as maiores lojas estão desabastecidas.
Fábio Astrauskas, sócio e diretor da Siegen, especialista em recuperação judicial, diz que isso não é o fim da linha para as duas redes.
— Recuperação judicial tem o objetivo contrário, é para evitar a quebra da empresa, é para recuperar — diz ele.

Os caminhos são poucos. Astrauskas acha que, ao fim, Cultura e Saraiva terão novo dono. Só não sabe se um ou dois.  No filme sul-americano Severina, do diretor brasileiro Felipe Hirsch, a história se passa na Montevidéu dos tempos atuais, mas o clima é atemporal e a conjuntura política é apenas insinuada. Numa livraria reúnem-se apaixonados por livros para debates e leituras conjuntas. O filme fala da força imaterial do livro. Até que ponto é irreal e romântico imaginar isso num mundo que se torna digital de forma avassaladora? A venda online e os novos hábitos reduzem o número de lojas no mundo. Tudo está em mudança, mas o livro ainda é predominantemente físico. Em qualquer formato, é mais do que mercadoria.
Luiz Schwartz, da Companhia das Letras, lançou dias atrás a sua “Carta de Amor aos Livros” com uma sugestão simples, que não resolve a crise, mas pode ser uma alegria: dar livro como presente neste fim de ano. Enquanto o setor encontra suas saídas, é bom pensar nos livros e seu valor intangível. Sem eles, fechados em bolhas digitais alimentadas por algorítimos, somos presas frágeis no tempo distópico que vivemos.

Blog da Miriam Leitão -  O Globo



domingo, 11 de novembro de 2018

O desprestígio dos professores

Como afirmam os especialistas em ensino, os baixos salários são causa e consequência da perda de prestígio social

Divulgada pela Varkey Foundation, que atua na área educacional, o Índice Global de Status de Professores um levantamento comparativo sobre a percepção que a sociedade tem do prestígio desses profissionais em 35 países revela que, nesse campo, o Brasil continua andando na contramão. Enquanto no mundo inteiro os professores são cada vez mais respeitados pelos alunos, pelos pais de alunos e pela sociedade em geral, entre nós tem ocorrido justamente o inverso.

Em 2013, quando foi publicada a primeira edição desse estudo comparativo, o Brasil ficou na penúltima colocação do Índice Global de Status de Professores. Na edição de 2018, a queda foi determinada, entre outros fatores, pelos salários aviltantes pagos à categoria, especialmente na rede pública de ensino, pela carga excessiva de trabalho, que os impede de estudar e reciclar, e pela crescente falta de respeito dos alunos nas salas de aula. Como afirmam os especialistas em ensino, os baixos salários são causa e consequência da perda de prestígio social, uma vez que as pessoas desvalorizam os professores porque ganham pouco e eles recebem pouco porque não são valorizados pelas políticas públicas.

Também influiu na queda do Brasil no Índice Global de Status de Professores a falta de estímulos para atrair as novas gerações a ingressar na carreira docente. “Os jovens com melhor desempenho vão para as profissões mais valorizadas, que pagam melhores salários. Os cursos de Licenciatura e Pedagogia são vistos como restolhos. Cada vez menos há fatores de recompensa. Nunca se desenvolveu a ideia de que é preciso melhorar a questão salarial, a evolução na carreira, as condições de trabalho e o apoio que o professor deve receber da equipe escolar e das famílias. A médio prazo isso é um desastre para a educação do Brasil”, afirma Sílvia Gasparian Colello, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

Além da Varkey Foundation, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) detectou o risco desse desastre. Há cerca de quatro meses, a instituição lançou um livro que explica por que o prestígio da profissão docente está em queda na América Latina e aponta as medidas necessárias para reverter esse cenário.

Segundo esses estudos, não é por acaso que os países mais bem classificados nos rankings comparativos de prestígio dos professores são justamente aqueles cujos alunos têm recebido as melhores notas nas provas do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Na última edição dessa avaliação, entre 70 países, o Brasil ficou no 63.º lugar em Ciências, 65.° em Matemática e 59.º em Leitura. “Mais respeito aos professores significa que estudantes com melhor desempenho serão atraídos para a profissão e que melhores docentes irão permanecer na carreira, o que aumenta os resultados educacionais dos países”, diz o presidente da Varkey Foundation, o indiano Vikas Pota.

Para elaborar o ranking comparativo, a Varkey Foundation entrevistou mil pessoas, na faixa etária entre 16 e 64 anos, em cada um dos 35 países avaliados, e cerca de 5,5 mil docentes. Segundo o levantamento, apenas 9% dos entrevistados brasileiros responderam que os alunos respeitam os professores. Na China, o índice é de 81%. No Brasil, só 20% dos pais responderam afirmativamente se encorajariam seus filhos a ingressar no magistério ante 55% dos pais chineses. Na mesma linha da publicação do BID, o estudo da Varkey Foundation também deixa claro que não há soluções miraculosas para recuperar o prestígio da carreira docente medida absolutamente necessária, ainda que não suficiente, para que o Brasil possa promover a tão aguardada revolução educacional. Enquanto o poder público não tiver uma política salarial realista para o professorado, não melhorar as condições de trabalho e não adotar o sistema de pagamento de bônus de desempenho, para premiar os melhores docentes, o Brasil continuará, infelizmente, perdendo a corrida educacional.

O Estado de S. Paulo - Opinião

 

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Wyllys está bravo? Recomendo Lexotan, Rivotril e leitura — qualquer leitura



O PSOL deveria ter vergonha de abrigar nas suas fileiras um mero esbirro do PT, mais enfático na defesa do petismo e do governo do que os próprios petistas.
Fiquei sabendo que o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) ficou bravinho com o post que publiquei aqui nesta madrugada. É mesmo? Estou cantando e andando pra ele. Que aprenda a ser tolerante com os que não comungam de sua cartilha,  seja ela qual for.

A propósito: alguém já viu este senhor participar de debates na Câmara? Passa boa parte do tempo, com todo o respeito, futricando com jornalistas e fazendo fofoca nas redes sociais.

Num dos seus vídeos, ele enche a boca para atacar o “baixo clero”. Por quê? Wyllys agora é “alto clero”? Ora…

A verdade é que ele ainda se acha membro do BBB. Seu negócio é criar ondas de opinião, dizer-se vítima de preconceito para poder atacar.  Não! Ele não é irrelevante, não! Incentiva a luta de todos contra todos e torna o debate impossível. Jean Wyllys é do tipo que precisa que o mundo seja homofóbico para que ele possa exercer a sua intolerância em nome das vítimas.

E como, por baixo daquela basta cabeleira, não reside um cérebro privilegiado, ele confessa o que quer. Num de seus vídeos, ele deixou claro que convocou representantes do Movimento Brasil Livre para a CPI dos Crimes Cibernéticos — fora do escopo da comissão, diga-se — para “enquadrá-los”.

Quem é ele para enquadrar alguém por crime de opinião?  Wyllys tem uma desculpa para atacar a discriminar: combater o que ele chama de “oposição de direita ao governo Dilma”. Ainda que houvesse… E daí? Se o PSOL pretende ser oposição de esquerda, por que não poderia haver uma de direita? A verdade é que este senhor usa a razoável visibilidade que o cargo lhe dá para discriminar aqueles de quem não gosta e para lhes pespegar pechas.

E pode ser virulento e preconceituoso. Ao me atacar certa feita no Twitter, me chamou de “bichona”. É claro que ele não queria me elogiar. Vale dizer: para desqualificar um adversário de debate, Wyllys o chama de “bicha”. Ou por outra: ele chama alguém de “bicha” como ofensa. Se a tal lei fascistoide anti-homofobia estivesse em vigor, ele poderia ser processado. Ou será que a dita-cuja tornará os gays imunes ao crime de homofobia?

Para atacar um outro que o questionou, não teve dúvida: chamou-o de “negro e gordo” também em tom pejorativo. Pior até: sugeriu que o outro estava obrigado a pensar como ele próprio porque “negro e gordo”.

Esse cara é patético. Enquanto ele se limitar à sua pantomima submidiática, deixo-o quieto. Se ele quiser usar a Câmara para perseguir pessoas e grupos dos quais discorda, aí não. De resto, estou pouco me lixando se Wyllys faz sexo com homem, mulher ou abacaxis. Para mim, ele é um deputado. E ponto. Só me incomodarei nesse particular se ele defender sexo forçado e com crianças.  Vai, Wyllys, corra lá para a sua Conexão Havana, em homenagem a Cuba, o país que mete na cadeia gays como você. O PSOL deveria ter vergonha de abrigar nas suas fileiras um mero esbirro do PT, que já foi reconhecido pela direção companheira como mais enfático na defesa do petismo e do governo Dilma do que os próprios petistas.

Wyllys está bravo? Recomendo Lexotan, Rivotril e leitura. Ler o quê? Qualquer coisa, no seu caso, já será um ganho.

Fonte: Revista VEJA – Blog do Reinaldo Azevedo