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sábado, 5 de fevereiro de 2022

A disputa pelo passado - Alon Feuerwerker

Análise Política

Volta e meia retorna o debate sobre a derrubada do governo Dilma Rousseff, com a natural disputa de narrativas. Consolidar uma narrativa ou um discurso, plasmá-los no senso comum, confere uma vantagem moral importante na guerra psicológica que inevitavelmente acompanha as disputas sociais e políticas. Então que siga o jogo.

Mas a queda de Dilma, a exemplo do que ocorrera antes com o presidente Fernando Collor, talvez seja um campo de observação útil em termos prospectivos. Em outubro deveremos eleger um presidente, ou reeleger o atual. E sempre vale a pena especular um pouco sobre os fatores que estabilizam ou desestabilizam um primeiro mandatário.

Afinal, antes de Jair Bolsonaro a “taxa de mortalidade política” dos eleitos desde a volta das diretas era de estonteantes 50%. Não parece muito normal.  Por que presidentes brasileiros caem ou precisam passar o mandato às voltas com campanhas pelo impeachment? Dizer “por falta de apoio político” mais parece uma tautologia. Pois a pergunta poderia ser refeita, mantendo sentido idêntico, para “por que os presidentes brasileiros perdem tão facilmente apoio político?”.

Consolidou-se um certo senso comum de que o governo Dilma Rousseff era politicamente estreito, e portanto o antídoto para a desestabilização é a frente ampla. Essa conclusão parece hegemônica hoje no PT. Não discuto a conclusão, mas a premissa está errada.  O governo Dilma tinha ampla participação formal de aliados. E que viraram adversários sem nem ter de sair do governo. Quem teve de sair foi a presidente. E debitar essa virada ao “temperamento” de Dilma também parece algo subjetivo.

A política organiza-se em torno de interesses materiais e da correlação de forças. Claro que com lutas, fricções e flutuações. Mas a base objetiva costuma ter peso decisivo. Políticos são animais selvagens lutando pela sobrevivência na selva.

Não são animaizinhos fofos atrás de um afago.

Dilma Rousseff caiu porque em certo momento não aceitou abrir mão de poder quando a correlação de forças se tornou extremamente desfavorável a ela, devido às escolhas econômicas e ao brutal contraste entre o discurso na campanha de 2014 e a vida real na sequência.

Não aceitou apoiar Eduardo Cunha para a Presidência da Câmara dos Deputados, perdeu a eleição para ele e depois não aceitou trocar o papel “decorativo” com o vice Michel Temer. E bloqueou um acordo de sobrevivência mútua com Cunha. E não detinha comando sobre os aparelhos estatais de coerção, que eventualmente poderiam fazer os adversários recuar.

Tampouco reunia massa crítica nos instrumentos de condução da opinião pública.  Repetindo. O governo Dilma não era “estreito”. Ela enfraqueceu-se e foi derrubada praticamente de dentro da composição governamental. As escolhas somaram-se às condições objetivas, com o resultado conhecido.

Se em outubro os adversários do PT vencerem e consolidarem um período de hegemonia de direita o governo Dilma continuará a ser visto como o momento em que a esquerda errou e abriu caminho aos opositores. Se Lula ganhar abre-se a estrada para Dilma ser repaginada como a mulher positivamente inflexível que não aceitou negociar os princípios.

Em 2022 o passado também está em disputa.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Aduladores de Maia fazem de conta que ele preside também o Senado. É de um ridículo ímpar!



Ao contrário do que se lê em todo canto, o deputado perdeu relevância. Sim, Temer tentará voltar às boas com o rapaz porque, afinal, é do seu temperamento

Chega a ser divertido, diga-se, a dedicação com que a assessoria e a marquetagem de Rodrigo Maia consegue convencer os jornalistas de que o presidente Michel Temer saiu dessa votação ainda mais dependente do deputado. Ele seria, ora vejam, até mesmo dono da agenda de modernização do país. É mesmo? Qual foi, além de nenhum, o seu grande esforço em favor da reforma política, por exemplo? Acovardou-se ainda mais do que os outros. A reforma da Previdência é uma pauta que ele acabou comprando nem faz tanto tempo, até porque chegou ao cargo com o apoio das esquerdas, que veem nele um aliado circunstancial ao menos.
 Napoleão Bonaparte! Eis a imagem que Rodrigo Maia deve enxergar no espelho. Em comum com o imperador, só mesmo o ar entediado

O ridículo chega a tal ponto que os seus propagandistas na imprensa se esquecem de que o Parlamento brasileiro é bicameral. Tem-se a impressão de que o valente Maia é também presidente do Senado. Assim, a reforma da Previdência que ele conseguisse emplacar na Câmara, por exemplo, não encontraria resistência nenhuma na outra Casa. É estupefaciente.

Ao contrário do que se lê em todo canto, o deputado perdeu relevância. Sim, Temer tentará voltar às boas com o rapaz porque, afinal, é do seu temperamento. E, se Maia decidir sabotar os projetos do governo, tem-se uma dificuldade a mais. Mas nada além disso. Até porque o valente parlamentar estará sendo visto com olhos bem distintos agora.

Antes, os incautos enxergavam nele uma alternativa de poder. Mesmo quando se comportava como um sabotador, isso não ficava muito claro. Daqui para a frente, este senhor vai ter de prestar contas a seu eleitorado, bastante minguado em 2014: pouco mais de 53 mil votos. Simpatia das esquerdas, só mesmo das parlamentares. O eleitorado conservador, que é o seu, vai cobrar dele que colabore com as reformas que precisam ser feitas, não o contrário.

Ao não ter mais a cadeira de Temer como opção, Rodrigo Maia volta à sua real estatura política. Bem menor do que o seu ego inflado sugere e compatível com o seu permanente ar de infelicidade, der tédio, como se quisesse sempre estar em outro lugar.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo