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segunda-feira, 17 de abril de 2023

FAB recebeu pedidos de ministros do STF para voos solo em jatinhos: quase um “Uber aéreo” - Lúcio Vaz

Vozes - Gazeta do Povo

O blog que fiscaliza o gasto público e vigia o poder em Brasília

 
O presidente Lulal e o presidente do TSE, Alexandre de Moraes trocando segredos no tribunal.| Foto: André Borges/EFE

Nos registros de voos dos jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB) constam pedidos de voos solos para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) 2 com previsão para 2 passageiros e 13 com previsão para apenas 1 passageiro. É como se fossem “Uber aéreos”, mas pagos pelo contribuinte. 
Os voos foram realizados. Entre os passageiros estavam os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Em maio de 2020, o ministro Dias Toffoli, então presidente, já havia realizado três voos solos de ida e volta ao Rio no período de uma semana.
 
Como revelou reportagem do blog, em 9 de março deste ano, esses voos secretos de ida e volta para São Paulo aparecem camuflados nas planilhas de voos da Aeronáutica. Aparecem como deslocamentos “à disposição do Ministério da Defesa”
Na época, eram apenas seis voos, mas agora já viraram rotina, num total de 15 voos em dois meses. 
Os ministros do STF alegam questões de segurança porque estariam sendo hostilizados nos aeroportos após os atos de 8 de janeiro, quando houve a invasão e depredação dos prédios do Supremo, do Congresso e do Palácio do Planalto. 
Os manifestantes foram identificados e presos preventivamente.[se estão presos, como hostilizam os supremos ministros? nos parece mais excesso de falta de popularidade dos ministros do STF.]

A inclusão dos ministros do Supremo entre as autoridades federais que podem utilizar os jatinhos foi sugerida ao Ministério da Defesa pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, após pedido dos ministros do STF. Foi aproveitada uma brecha no Decreto 10.267/2020, que regulamenta a utilização dessas aeronaves. O art. 2º cita expressamente as autoridades que podem requerer transporte aéreo em aeronaves da Aeronáutica: o vice-presidente da República, os presidentes do Senado, da Câmara e do STF, os ministros de Estado e os comandantes das Forças Armadas.

Mas o parágrafo 2º diz que o ministro da Defesa “poderá autorizar o transporte aéreo de outras autoridades, nacionais ou estrangeiras”
Não está claro, porém, se esses voos seriam eventuais ou permanentes. Além disso, a solução encontrada não tem transparência. 
Os voos de ministros do Supremo não são identificados, como acontece com todos os demais beneficiários da mordomia. A solução definitiva seria a alteração do decreto presidencial.

O Ministério da Defesa afirmou ao blog que “está finalizando estudos para detalhar o uso de aeronaves da Força Aérea por autoridades do governo federal e do Poder Judiciário”. Uma proposta preparada pela Consultoria Jurídica da Defesa já foi encaminhada à Casa Civil da Presidência da República.

Os voos dos ministros do STF de Brasília para São Paulo ocorrem geralmente às quintas-feiras, por volta das 19h. O retorno acontece às segundas ou terças pela manhã. 
Na agenda dos ministros do Supremo em fevereiro e março não há registro de compromissos oficiais ou eventos em São Paulo nas sextas ou nos finais de semana. Eles viajaram para casa. Mas essa é uma mordomia para poucos.

O Decreto 10.267 estabelece que os jatinhos oficiais podem ser usados pelas autoridades dos três poderes por motivo de emergência médica, viagem a serviço ou segurança. No caso do vice-presidente da República e dos presidentes dos três poderes, presume-se motivo de segurança na utilização de aeronave da Aeronáutica o deslocamento ao local de residência permanente.

Um dos voos secretos dos ministros de São Paulo para Brasília ocorreu no dia 23 de fevereiro, às 7h15, um dia após a quarta-feira de cinzas. Na sexta-feira, houve outra viagem de Brasília para São Paulo.

O blog questionou o STF se não seriam ilegais os voos dos ministros da casa, uma vez que, pela legislação, apenas o presidente do tribunal tem esse direito. Perguntou ainda se os demais ministros teriam utilizado os jatinhos da FAB em missões oficiais. Não houve resposta até a publicação da reportagem.

À Casa Civil, o blog perguntou se haverá alguma alteração no decreto presidencial para permitir que os ministros do STF utilizem os jatinhos da FAB, como esses voos serão identificados e se os demais ministros do tribunal (além do presidente) poderão utilizar os jatinhos para se deslocar ao local de suas residências nos estados, sem agenda oficial. Não houve resposta até a publicação da reportagem.

Lúcio Vaz, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 10 de março de 2023

Os voos secretos de ministros do STF na FAB

 Ministério da Defesa estaria coordenando uso de aeronaves 

Na legislação, há uma brecha que permite estender aos demais ministros do STF o direito de usar jatos da FAB.

 Na legislação, há uma brecha que permite estender aos demais ministros do STF o direito de usar jatos da FAB. | Foto: STF/Divulgação

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) fizeram voos secretos em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), informou o jornal Gazeta do Povo, nesta sexta-feira, 10.

Na planilha de voos da Aeronáutica, constam seis viagens de ida e volta a São Paulo, identificadas como “à disposição do Ministério da Defesa”, que na verdade seriam utilizadas pelos ministros do STF, entre eles, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Os magistrados teriam alegado “questões de segurança” para usarem as aeronaves oficiais.

Na legislação, há uma brecha que permite estender aos demais ministros do STF o direito de usar jatos da FAB. De acordo com o Decreto 10.267/2000, viagens em jatinhos da FAB são autorizadas aos presidentes do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do Supremo, além de ministros de Estado e comandantes militares.

O decreto autoriza também que o ministro da Defesa pode “autorizar o transporte aéreo de outras autoridades” — brecha que estaria sendo utilizada para deslocamento dos membros do STF.

A inclusão dos ministros do STF entre as autoridades que podem utilizar os jatinhos foi sugerida pelo ministro da Justiça, Flávio Dino. Ele teria atendido a pedidos dos próprios magistrados para utilizarem os aviões da FAB.

Segundo a reportagem da Gazeta, os ministros do STF estariam sofrendo “constrangimentos e ameaças” em aeroportos nos últimos meses, principalmente depois dos protestos em 8 de janeiro. [se procedentes as alegações dos tais constrangimentos e ameaças - com os quais não concordamos - certamente procedem de elementos da própria esquerda - buscando criminalizar a direita =  estilo seguido pelos infiltrados do 12 de dezembro e 8 de janeiro.]

As viagens dos ministros são consideradas secretas porque, ao contrário do que ocorre com as autoridades citadas no decreto, atualmente, não há como identificar qual ministro do Supremo fez determinada viagem. O decreto em vigor também não deixa claro se a autorização do ministro da Defesa para o transporte de autoridades seria permanente ou se trata de casos extraordinários.

Redação - Revista Oeste


segunda-feira, 25 de julho de 2022

O que escondem os voos secretos dos ministros do STF - Lúcio Vaz

Gazeta do Povo

Presidente do STF, Dias Toffoli, se rendeu à tese do ministro Alexandre de Moraes sobre o compartilhamento de dados financeiros para fins de investigação.

Os ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes trocam segredos no STF| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) retomaram o ritmo de viagens do período anterior à pandemia da Covid-19, mas com uma diferença: não é mais possível saber para onde vão, o que fazem nem quanto gastam. 
Esse sigilo foi adotado por questões de segurança, mas também esconde os gastos com passagens aéreas em viagens nacionais e internacionais – na contramão do que fazem os poderes o Executivo e Legislativo. 
Em 2018, teve viagem que custou R$ 240 mil.
 
A página de transparência do STF permite apurar apenas as despesas com os seguranças e assessores que acompanham os ministros nas suas viagens. Na verdade, são gastos indiretos dos ministros. 
Essas despesas somaram R$ 194 mil em março e R$ 188 mil em abril – apenas com passagens aéreas. 
As diárias pagas às equipes de segurança chegaram a R$ 500 mil neste ano
As passagens de todos os servidores do STF já chegam a R$ 500 mil
Os voos para segurança e assessoria ao ministro Alexandre de Moraes somaram R$ 48 mil. 
No caso de Luís Toffoli, foram R$ 55 mil. Para Luís Roberto Barroso, R$ 43 mil.
 
O STF alega questões de segurança para restringir a divulgação dos detalhes das viagens dos ministros, como data, horário e trecho de voo, o que impossibilita identificar o motivo da viagem. 
 Essa restrição começou em janeiro de 2019, ainda no início da gestão do presidente Luís Toffoli. O ministro promoveu as viagens mais caras da história recente do tribunal.
 
Até 2020, o Supremo divulgava também o custo dos voos de “representação institucional”, mas informava apenas a despesa total de cada ministro por mês. Esses voos não podem ser utilizados para a “realização exclusiva de atividade remunerada”. 
Nesses deslocamentos, os ministros também não podem receber diárias. Em anos anteriores, alguns ministros viajavam para seus estados de origem ou onde tinham residência. 
Desde janeiro de 2021, esses voos não são mais divulgados.
 
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Viagens retomadas
Pressionados pelo presidente Jair Bolsonaro, que levanta dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas, os ministros do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) têm viajado ao exterior em busca de apoio e para propagar o risco de uma ruptura institucional do país. Mas ninguém sabe e nunca vai saber quanto custaram essas viagens. Lembrando que a conta é paga pelo contribuinte. [COMENTANDO/PERGUNTANDO: que apoio buscam? apoio tipo discurso = estilo Zelensky? ou envio de tropas para o Brasil? Afinal, o Brasil é uma NAÇÃO SOBERANA e não cabe interferência estrangeira em seus assuntos internos.]

No dia 25 de junho, em palestra na Universidade de Oxford, na Inglaterra, o ministro Luís Roberto Barroso classificou como “abominável retrocesso” a volta do voto impresso [sic]  defendido por Bolsonaro. Barroso afirmou que, na Presidência do TSE, teve de “oferecer resistências aos ataques contra a democracia”. Uma mulher gritou: “Isso é mentira”.

No dia 9 deste mês, o ministro do STF e presidente do TSE, Edson Fachin, afirmou em palestra nos Estados Unidos que o Brasil pode passar por um ataque às instituições ainda mais grave do que o ocorrido na invasão ao Capitólio, sede do Congresso norte-americano. "Nós poderemos ter um episódio ainda mais agravado do 6 de janeiro daqui, do Capitólio", afirmou em evento organizado pelo instituto Wilson Center.

Ameaças a ministros e seus familiares levaram o Supremo a aumentar as medidas de segurança, como mostrou reportagem do blog. Em 13 de junho de 2020, a crise de segurança aumentou quando grupos de extrema-direita apoiadores do presidente Jair Bolsonaro lançaram fogos de artifício sobre o prédio tribunal. No 7 de setembro de 2021, uma nova crise, quando o presidente afirmou, na Avenida Paulista, diante de mais de 100 mil apoiadores, que não cumpriria mais decisões do ministro Alexandre de Moraes.

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A viagem mais cara
desde que esses dados começaram a ser divulgados, em setembro de 2016, foi feita pelo ministro Dias Toffoli. Em maio de 2018, ele viajou para a Rússia, para representar o STF no VII Fórum Jurídico Internacional de São Petesburgo. Sua passagem custou R$ 63 mil (em valores atualizados pela inflação). As diárias, mais R$ 34 mil. Um total de R$ 98 mil. As passagens e diárias para dois assessores que acompanharam o ministro custaram mais R$ 140 mil, totalizando em R$ 230 mil as despesas da comitiva.

Em outubro do mesmo ano, já na presidência do tribunal, Toffoli foi participar da 116ª Sessão Plenária da Comissão de Veneza. A passagem custou R$ 53 mil. As passagens do presidente e mais dois assessores custaram R$ 112 mil, as diárias, mais R$ 42 mil. No total, a viagem ficou por R$ 154 mil. Em junho de 2019, a ministra Cármen Lúcia esteve na Comissão de Veneza. A passagem custou R$ 29 mil. Não há registro do pagamento de diárias.

Em setembro de 2019, Toffoli foi a Cartagena, na Colômbia, para o XXV Encontro de Presidentes dos Tribunais Constitucionais da América-Latina. A passagem saiu por R$ 39 mil. Contando com as despesas de mais dois assessores, o total fechou em R$ 133 mil.

No mês seguinte, Toffoli integrou a comitiva presidencial emEvento Institucional na Cidade do Vaticano”. Na verdade, foi acompanhar a canonização da Irmã Dulce, que atraiu representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário, num evento que misturou política e turismo religioso. A passagem custou R$ 44 mil. Somando com as despesas do chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais, Joel Sampaio, a viagem custou R$ 100 mil. Pelo menos, Toffoli não usou o “seu” jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB).

Em 2017, as despesas do STF com passagens aéreas custaram R$ 760 mil. No ano seguinte, as despesas chegaram a R$ 1,4 milhão. Em 2019, todo sob a presidência de Toffoli, os gastos totalizaram R$ 2,5 milhões. Todos os valores foram atualizados.

Lúcio Vaz, colunista - Gazeta do Povo - VOZES