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sexta-feira, 14 de julho de 2023

De Rosa para Barroso… Transição no comando do STF já começou

Atual vice-presidente da Corte, o ministro Roberto Barroso vai assumir o comando do tribunal entre o fim de setembro e o começo de outubro

No STF, os ministros evitam falar do fim da gestão de Rosa Weber, nos próximos meses, porque a ministra, segundo eles, deseja manter o pé no acelerador até o último dia, pautando julgamentos importantes no plenário e espantando o clima de café frio.

A transição para Luis Roberto Barroso, no entanto, já começou com a definição de equipe — muitos nomes da gestão de Rosa seguirão com Barroso — e outros procedimentos.

Ao adotar medidas para a posse de Cristiano Zanin, em agosto, o STF já encomendou até as vestes do próximo magistrado ou magistrada que ocupará a cadeira de Rosa.  
Lula inclusive já tratou de nomes com ministros do STF que desejam indicar postulantes.

As disputas políticas pela vaga já começaram, apesar da indelicadeza com a chefe do Supremo, ainda no cargo.

Radar - Coluna em VEJA


quarta-feira, 3 de maio de 2023

Exemplo claro de invasão de competências - O Estado de S. Paulo

Opinião do Estadão

Supremo agora pretende decidir qual índice deve corrigir o FGTS, numa clara intromissão em seara do Congresso. Corte parece perdida na compreensão de seu papel constitucional

Opinião - O Estado de S. Paulo


quarta-feira, 19 de abril de 2023

Crime de opinião já foi criado há três anos pelo Supremo - Alexandre Garcia

O engodo desmoralizado pelo Banco Mundial foi usado na campanha eleitoral. Mas ninguém entrou no TSE reclamando da fake news. Aliás, se entrasse, dependeria do juízo do tribunal, que tem o dom divino de separar a mentira da verdade numa campanha eleitoral

Antes das eleições, o Brasil tinha 33 milhões de famintos. Uma semana depois, a maioria ficou alimentada. 
Restaram 1,9 milhão abaixo da linha de pobreza. O candidato e a mídia vinham repetindo, como fazia Goebbels, que o Brasil tem 33 milhões de famintos.  
Claro que quem tem olhos para ver não via isso, ou as ruas estariam cheias de pedintes do tamanho de três Portugais. Mas o candidato e sua mídia repetiam: 33 milhões de brasileiros famintos.
Agora aparece o Banco Mundial para estragar a narrativa: há bem menos brasileiros em extrema pobreza.  
Despencou de 25 milhões em 1990 para 1,9 milhão em 2020. 
Para os padrões econômicos internacionais, extrema pobreza é de quem ganha menos de 2,15 dólares por dia. O Auxílio Brasil corresponde ao dobro desse valor.
 
Só Paraguai conseguiu semelhante proeza na América Latina. Outros estão dobrando a pobreza. Mas a mitomania tupiniquim, gostou dos 33 milhões e ficou a repetir. Certa vez Lula explicou a Jayme Lerner que bastava citar um número que ninguém tinha como checar. Referia-se a 25 milhões de crianças de rua sem ter onde morar, conforme relato do próprio Lula, sobre uma palestra que ele fizera em Paris. Lula contou  que o arquiteto Jayme Lerner observara que com essa multidão de meninos, não conseguiríamos sair às ruas e Lula confessou, rindo, que inventava os números.  
Agora impressionou brasileiros desinformados e que não acreditam naquilo que seus próprios olhos veem nas ruas. Mas apareceu  agora um jovem economista da FGV tentar amenizar o tamanho da mentira ao dizer que de 2020 para 2021 a miséria subiu. 
 
O engodo desmoralizado pelo Banco Mundial foi usado na campanha eleitoral. Mas ninguém entrou no TSE reclamando da fake news. 
Aliás, se entrasse, dependeria do juízo do Tribunal, que tem o dom divino de separar a mentira da verdade numa campanha eleitoral.  
Até aqui nenhuma novidade, já que é do conhecimento público o desequilíbrio da balança da Têmis tupiniquim. 
Imaginem que agora, depois das anomalias mostradas pelo argentino, apenas pelo fato de Marcos Cintra ter cobrado uma explicação do TSE, o ex-Secretário da Receita foi bloqueado nas redes sociais e tratado como bandido, com prazo de 48 horas para a Polícia Federal colher depoimento dele. O ex-presidente do TSE, ministro Marco Aurélio, não viu crime em expressar opinião, e também expressou a dele: "É difícil conceber seções com dezenas de votos apenas para um determinado candidato." Palavras de quem já presidiu eleições.

Derrogam-se os artigos 5º IV e 220 da Constituição, que tratam da livre manifestação do pensamento sem anonimato e da liberdade de expressão e vedação da censura. O crime de opinião já foi criado há três anos pelo Supremo. Resta-nos a vergonha de estarmos exportando para ditaduras o estímulo para censurar liberdades.

A Nicarágua acaba de imitar o Brasil. Aprovou a Lei Especial de Delitos Cibernéticos, com até 10 anos de prisão para quem postar o que, para a ditadura Ortega, seja fake news. A verdade pode ser julgada mentira. E vice-versa. Mentir sobre 33 milhões de famintos vira verdade quando a mentira é publicada muitas vezes. 
 
Alexandre Garcia, jornalista - Correio Braziliense
 

sexta-feira, 7 de abril de 2023

Massacre - Nossas leis e tribunais também são responsáveis pela tragédia em Blumenau - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

Creche foi alvo de ataque na manhã de 5 de abril, em Blumenau. -  Foto: Cristóvão Vieira/O Município Blumenau

É terrível saber que esse sujeito que atacou as crianças na creche em Blumenau, matando quatro e ferindo cinco, aos 25 anos de idade, já tinha ficha corrida. 
 Segundo o delegado-geral de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, ele foi preso em flagrante por quatro homicídios triplamente qualificados e quatro tentativas de homicídio triplamente qualificadas por causa do ataque à creche, mas antes disso ele já tinha esfaqueado o padrasto e um cachorro, tinha passagem por porte de droga, e mesmo assim estava em liberdade, em cima de uma moto, fazendo entregas para uma empresa, entrando nas casas e empresas dos outros, e em creches.
 
Ou seja, quem matou não foi apenas ele, foi a estrutura jurídico-legal brasileira. Foram os nossos representantes, senadores e deputados, que fizeram as leis que permitem que alguém assim estivesse solto. São esses os responsáveis. A lei é responsável. O sistema é responsável. Sempre com essa história de proteger o crime. “Ah, se o sujeito não oferece perigo, vai ser solto.”  
A menos que vá para o acampamento em frente ao QG do Exército, aí é crime político e não tem perdão.  
Já o crime de sangue tem perdão aqui no Brasil.

Temos de chorar pelo nosso país. Chorar pelo Brasil. O Brasil que produziu isso, que é responsável por isso. É isso, ou empurramos os nossos empregados que estão lá na Câmara e no Senado para fazer leis que deem segurança para todos nós e para crianças que brincam no parquinho de uma creche.

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    Não adianta nada tirar armas sem combater a cultura da violência


O presidente Lula não entendeu nada no café da manhã com os jornalistas na quinta-feira. 
Ele disse que é preciso uma movimentação nacional para mobilizar as guardas municipais e polícias estaduais para proteger as escolas e creches. Ele não entendeu que essa não é a causa.  
A origem disso é outra, está muito claro: é essa facilidade para o crime. 
O próprio Lula mandou retirar um projeto de lei que dava garantias aos militares que fossem executar ações de Garantia da Lei e da Ordem, garantias pessoais de não serem processados, por exemplo por terem matado um bandido que atirou neles, mas Lula mandou retirar o projeto de lei. 
 Afinal, tem de dar força para o bandido... Deus do céu, o que é isso? Parece que invertemos tudo, o bem dizemos que é mal, é como eu falei outro dia, parece que são donos da árvore da ciência do bem e do mal, decidindo o que é bom e o que é ruim.
 
A cada fala de Lula, um susto na economia
Aliás, nesse café da manhã o presidente deu muitos sustos na economia brasileira. Ele disse que, se a meta de inflação não for alcançada, basta mudar a meta. A meta é 3,25%; se a inflação chegar a 7%, então duplicamos a meta, vamos botar 6,5%.  
É mais ou menos isso que essa ideologia faz nas escolas: se as crianças não aprendem Português, Matemática, Ciências, o que eles fazem? 
Não lhes pedem que estudem mais para poder passar de ano; apenas baixam o critério. “Agora passa com nota 3”, e as crianças passam, só que aumenta a quantidade de pessoas sem informação, sem conhecimento. 
 
Vão ser o quê na vida?
Outra informação de Lula que deixou assustadíssima a economia, e mais assustados ainda os milhares de acionistas da Petrobras, no país e no estrangeiro: o governo vai mudar o critério de preços da empresa. Esse é um assunto técnico da Petrobras, mas Lula disse isso. Cada vez mais estamos levando sustos.
 
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Um tribunal para os crimes de guerra da Rússia – mas como?

Na Ucrânia estão sendo cometidas atrocidades que exigiriam a instauração de tribunal de crimes de guerra. Mas justiça requer paciência. Leia aqui nosso boletim informativo sobre a guerra na Ucrânia.

 Explicando: crimes internacionais e a guerra da Ucrânia

Ben Ferencz nunca pensou que voltaria a ver uma guerra na Europa. O jurista americano de 102 anos de idade é o último procurador dos julgamentos de Nuremberg ainda em vida, que reuniu provas dos crimes de guerra nazistas após o fim do conflito. Ferencz nos explica como vê a guerra na Ucrânia. “É difícil dizer quem é o criminoso”, respondeu Ferencz, “mas invadir outro país é certamente um crime de guerra”. Vladimir Putin deve ser julgado? “Qualquer pessoa que inicia uma guerra ilegal, por megalomania ou qualquer outra razão, merece ser tratada como um criminoso.”

A brutalidade da guerra contra a Ucrânia é difícil de suportar. Tais crimes podem ficar impunes? Os perpetradores poderão ser punidos algum dia? E pode haver paz sem justiça? A jornalista Elena Servettaz, da swissinfo.ch, questionou personalidades internacionais.  A ex-procuradora internacional Carla Del Ponte atuou no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII) e de Ruanda. Ela confirma o que diz Ferencz. “Seu maior crime é a invasão. Ele é um criminoso de guerra, sim, com certeza”, diz. Mas a jurista suíça vê grandes desafios em levar o presidente russo à Justiça. Afinal, um tribunal especial da ONU dificilmente seria realizável frente ao poder de veto da Rússia no Conselho de Segurança da ONU.

Beth Van Schaack aponta para outro desafio. Ela é a embaixadora dos EUA para a Justiça Internacional e diz: “Os responsáveis por essa campanha de atrocidades estão na Rússia. Eles só podem ser pegos quando deixarem o país.”

Algo que levará muito tempo. E esta é a percepção de especialistas: a justiça requer paciência para ser executada. Pois a base de toda acusação é a evidência. Como diz o advogado Philippe Currat: “Crimes contra a humanidade, crimes de guerra e genocídio são delitos extremamente complexos. São o resultado de um grande número de atos cometidos por muitas pessoas.”

A Suíça coleta testemunhas de refugiados ucranianos desde junho de 2022 a fim de estar preparada para qualquer processo criminal ou pedido de assistência. A Procuradoria Geral da Suíça também criou um grupo de trabalho relacionado à Ucrânia e Rússia, com foco no direito penal internacional. “Claro que chegará a hora da lei, mas quando e perante qual tribunal?” se questiona François Zimeray. Esse advogado no Tribunal Penal Internacional de Haia já lidou com vários crimes de guerra. 
No momento também vê poucas chances de punir a Rússia em um julgamento internacional. 
A Ucrânia, por outro lado, está legitimada e predestinada a assumir essa tarefa.

Irwin Cotler, ex-advogado de Nelson Mandela, então promotor federal do Canadá, trabalha atualmente com uma rede da ONU parar criar um tribunal para julgar os crimes cometidos na Ucrânia. Ele espera que a Suíça desempenhe um papel nesse sentido. “A comunidade internacional não interveio quando a Rússia invadiu a Chechênia e a Geórgia. Também não tomou posição com a anexação da Crimeia e os bombardeamentos na Síria”, acusa Cotler, considerando que essa passividade possa ter encorajado Putin a invadir a Ucrânia.

Cotler é o único dos especialistas entrevistados que vê a agressão russa como um possível crime humanitário, dentre outros, devido ao apelo direto e público de genocídio.”

Mas afinal o que é genocídio? 
E qual é um crime de agressão segundo o direito internacional? 
Sua classificação é difícil devido à complexidade da questão. Nossa jornalista explica as diferenças.

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Explicando: crimes internacionais e a guerra da Ucrânia

 

Geopolítica - DefesaNet

 

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Ministros do STF farão reunião no tribunal para decidir sobre Bolsonaro

Presidente convidou integrantes do Supremo para uma conversa no Alvorada, mas alguns ministros são contra o encontro

O convite de Jair Bolsonaro para uma reunião com ministros do STF, como mostrou o Radar mais cedo, dividiu a Corte. Para definir se o tribunal atenderá ou não o convite do presidente — que ainda não reconheceu a derrota nas urnas [não existe lei que o obrigue a reconhecer - eventual reconhecimento é mais um ato político, sem nenhum tipo de influência.] –, os magistrados vão fazer uma reunião nesta tarde. Uma das dúvidas entre os magistrados é se Rosa Weber, a chefe da Corte, deve atender ao convite. [o que  nos deixa em dúvida e preocupados é a possibilidade dos ministros fixarem um prazo para o presidente Bolsonaro falar, sob pena de permanecendo em silêncio ser multado pesadamente por cada minuto de silêncio. 
Com todo respeito, sugerimos que o presidente não aceite que a conversa seja realizada fora das dependências do Alvorada.]

A conversa terá a presença de alguns ministros, dado que não são todos os integrantes da Corte que estão em Brasília nesta terça.  Um ministro do STF disse ao Radar que o presidente pediu a conversa para fazer “um gesto republicano” ao país. A conversa não teria um tema específico.

Como o Radar mostrou, alguns ministros, como Alexandre de Moraes, por exemplo, são contra o encontro ocorrer sem que Bolsonaro tenha reconhecido a derrota nas urnas. 

Radar - Revista VEJA


segunda-feira, 15 de agosto de 2022

O plano do STF para garantir a segurança dos ministros no 7 de Setembro

Manifestações convocadas por Jair Bolsonaro animaram radicais a defender nas redes uma invasão ao tribunal

 STF trabalha com diferentes cenários de segurança para o 7 de Setembro. No de maior gravidade deles, a previsão é de que todos os ministros da Corte escolham locais seguros fora de Brasília para passar o feriado. [só marola, tentando comprometer a imagem do presidente Bolsonaro - até o mais estúpido dos inimigos do Brasil, sabe que não há risco de invasão e pelo motivo mais simples: não se faz invasão marcando dia e hora.]

Segundo um ministro do STF, há a previsão de as forças de segurança definirem rotas de evacuação para os ministros que ficarem em Brasília, em caso de ameaça. Coisa de cinema, com barcos, helicópteros e batedores a postos. [ou circense.]

Como o Radar tem mostrado, a Corte leva a sério as ameaças de radicais bolsonaristas contra os magistrados. Um deles, Ivan Rejane, segue investigado por ter defendido uma invasão ao tribunal e o uso de armas contra os ministros e seus familiares.

Robson Bonin, colunista - Radar - VEJA

 

segunda-feira, 25 de julho de 2022

O que escondem os voos secretos dos ministros do STF - Lúcio Vaz

Gazeta do Povo

Presidente do STF, Dias Toffoli, se rendeu à tese do ministro Alexandre de Moraes sobre o compartilhamento de dados financeiros para fins de investigação.

Os ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes trocam segredos no STF| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) retomaram o ritmo de viagens do período anterior à pandemia da Covid-19, mas com uma diferença: não é mais possível saber para onde vão, o que fazem nem quanto gastam. 
Esse sigilo foi adotado por questões de segurança, mas também esconde os gastos com passagens aéreas em viagens nacionais e internacionais – na contramão do que fazem os poderes o Executivo e Legislativo. 
Em 2018, teve viagem que custou R$ 240 mil.
 
A página de transparência do STF permite apurar apenas as despesas com os seguranças e assessores que acompanham os ministros nas suas viagens. Na verdade, são gastos indiretos dos ministros. 
Essas despesas somaram R$ 194 mil em março e R$ 188 mil em abril – apenas com passagens aéreas. 
As diárias pagas às equipes de segurança chegaram a R$ 500 mil neste ano
As passagens de todos os servidores do STF já chegam a R$ 500 mil
Os voos para segurança e assessoria ao ministro Alexandre de Moraes somaram R$ 48 mil. 
No caso de Luís Toffoli, foram R$ 55 mil. Para Luís Roberto Barroso, R$ 43 mil.
 
O STF alega questões de segurança para restringir a divulgação dos detalhes das viagens dos ministros, como data, horário e trecho de voo, o que impossibilita identificar o motivo da viagem. 
 Essa restrição começou em janeiro de 2019, ainda no início da gestão do presidente Luís Toffoli. O ministro promoveu as viagens mais caras da história recente do tribunal.
 
Até 2020, o Supremo divulgava também o custo dos voos de “representação institucional”, mas informava apenas a despesa total de cada ministro por mês. Esses voos não podem ser utilizados para a “realização exclusiva de atividade remunerada”. 
Nesses deslocamentos, os ministros também não podem receber diárias. Em anos anteriores, alguns ministros viajavam para seus estados de origem ou onde tinham residência. 
Desde janeiro de 2021, esses voos não são mais divulgados.
 
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Renda de embaixador chega a R$ 260 mil no mês do 13º salário

Viagens retomadas
Pressionados pelo presidente Jair Bolsonaro, que levanta dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas, os ministros do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) têm viajado ao exterior em busca de apoio e para propagar o risco de uma ruptura institucional do país. Mas ninguém sabe e nunca vai saber quanto custaram essas viagens. Lembrando que a conta é paga pelo contribuinte. [COMENTANDO/PERGUNTANDO: que apoio buscam? apoio tipo discurso = estilo Zelensky? ou envio de tropas para o Brasil? Afinal, o Brasil é uma NAÇÃO SOBERANA e não cabe interferência estrangeira em seus assuntos internos.]

No dia 25 de junho, em palestra na Universidade de Oxford, na Inglaterra, o ministro Luís Roberto Barroso classificou como “abominável retrocesso” a volta do voto impresso [sic]  defendido por Bolsonaro. Barroso afirmou que, na Presidência do TSE, teve de “oferecer resistências aos ataques contra a democracia”. Uma mulher gritou: “Isso é mentira”.

No dia 9 deste mês, o ministro do STF e presidente do TSE, Edson Fachin, afirmou em palestra nos Estados Unidos que o Brasil pode passar por um ataque às instituições ainda mais grave do que o ocorrido na invasão ao Capitólio, sede do Congresso norte-americano. "Nós poderemos ter um episódio ainda mais agravado do 6 de janeiro daqui, do Capitólio", afirmou em evento organizado pelo instituto Wilson Center.

Ameaças a ministros e seus familiares levaram o Supremo a aumentar as medidas de segurança, como mostrou reportagem do blog. Em 13 de junho de 2020, a crise de segurança aumentou quando grupos de extrema-direita apoiadores do presidente Jair Bolsonaro lançaram fogos de artifício sobre o prédio tribunal. No 7 de setembro de 2021, uma nova crise, quando o presidente afirmou, na Avenida Paulista, diante de mais de 100 mil apoiadores, que não cumpriria mais decisões do ministro Alexandre de Moraes.

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Críticas a Lula e STF, aceno às mulheres: o que Bolsonaro disse no 1.º discurso como candidato

A viagem mais cara
desde que esses dados começaram a ser divulgados, em setembro de 2016, foi feita pelo ministro Dias Toffoli. Em maio de 2018, ele viajou para a Rússia, para representar o STF no VII Fórum Jurídico Internacional de São Petesburgo. Sua passagem custou R$ 63 mil (em valores atualizados pela inflação). As diárias, mais R$ 34 mil. Um total de R$ 98 mil. As passagens e diárias para dois assessores que acompanharam o ministro custaram mais R$ 140 mil, totalizando em R$ 230 mil as despesas da comitiva.

Em outubro do mesmo ano, já na presidência do tribunal, Toffoli foi participar da 116ª Sessão Plenária da Comissão de Veneza. A passagem custou R$ 53 mil. As passagens do presidente e mais dois assessores custaram R$ 112 mil, as diárias, mais R$ 42 mil. No total, a viagem ficou por R$ 154 mil. Em junho de 2019, a ministra Cármen Lúcia esteve na Comissão de Veneza. A passagem custou R$ 29 mil. Não há registro do pagamento de diárias.

Em setembro de 2019, Toffoli foi a Cartagena, na Colômbia, para o XXV Encontro de Presidentes dos Tribunais Constitucionais da América-Latina. A passagem saiu por R$ 39 mil. Contando com as despesas de mais dois assessores, o total fechou em R$ 133 mil.

No mês seguinte, Toffoli integrou a comitiva presidencial emEvento Institucional na Cidade do Vaticano”. Na verdade, foi acompanhar a canonização da Irmã Dulce, que atraiu representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário, num evento que misturou política e turismo religioso. A passagem custou R$ 44 mil. Somando com as despesas do chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais, Joel Sampaio, a viagem custou R$ 100 mil. Pelo menos, Toffoli não usou o “seu” jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB).

Em 2017, as despesas do STF com passagens aéreas custaram R$ 760 mil. No ano seguinte, as despesas chegaram a R$ 1,4 milhão. Em 2019, todo sob a presidência de Toffoli, os gastos totalizaram R$ 2,5 milhões. Todos os valores foram atualizados.

Lúcio Vaz, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Julgamento de homem de 100 anos acusado de crimes nazistas começa na Alemanha

O julgamento acontece em Brandenburg an der Havel, no leste da Alemanha, com a presença do acusado, que utiliza um andador e está em liberdade

Um ex-guarda de um campo de concentração de 100 anos começou a ser julgado nesta quinta-feira (7), na Alemanha, e se tornou a pessoa de mais idade a ter de responder em um tribunal por supostos crimes nazistas.
Josef S., ex-cabo da divisão "Totenkopf" das SS, é acusado de "cumplicidade na morte" de 3.518 prisioneiros no campo de concentração de Sachsenhausen, perto de Berlim, entre 1942 e 1945.

O julgamento acontece em Brandenburg an der Havel, no leste da Alemanha, com a presença do acusado, que utiliza um andador e está em liberdade.  O advogado Stefan Waterkamp anunciou que o cliente não vai falar sobre as acusações. "O acusado não falará. Apenas dará informações sobre sua situação pessoal", disse.

Josef S. tinha 21 anos quando começaram os atos, pelos quais é julgado. Ele é suspeito de fuzilar prisioneiros soviéticos e "de ajuda e cumplicidade em mortes por gás".  De sua abertura, em 1936, até a libertação, por parte dos soviéticos, em 22 de abril de 1945, o campo Sachsenhausen recebeu quase 200.000 prisioneiros. A maioria era composta de opositores políticos, judeus e homossexuais. Dezenas de milhares morreram de exaustão, devido aos trabalhos forçados e às cruéis condições de detenção.

[qual o sentido de submeter a julgamento um homem de 100 anos  pela suposta prática de crimes ocorridos, no mínimo, há mais de 75 anos?
Além do mais que na época da suposta prática dos crimes o acusado era cabo das SS, graduação que não lhe permitir influir em nada - ainda que integrante de uma divisão da SS, era apenas um cabo obrigado a cumprir ordens.
Caso condenado a pena será em torno de 2 a 3 anos com cumprimento em liberdade.]

Severidade tardia
Christoffel Heijer, de 84 anos, está presente no julgamento. Seu pai integrou a resistência holandesa e foi detido em 1941 pela Gestapo. Em maio de 1942, ele foi fuzilado no campo. "Minha mãe recebeu uma carta dele de 3 de maio de 1942. Quando soube, dias depois, que ele estava morto, chorou muito, e todo seu cabelo ficou grisalhos de repente", lembra. O julgamento acontece uma semana depois da audiência frustrada de Irmgard Furchner, de 96 anos, uma ex-secretária de outro campo de concentração nazista. A primeira audiência do julgamento de Furchner foi adiada para 19 de outubro, depois que a idosa tentou fugir e passou algumas horas foragida, no dia do início do processo.

Nos últimos dez anos, a Alemanha julgou e condenou quatro ex-membros das SS, ao ampliar para os guardas dos campos e para outros executores das ordens nazistas a acusação de cumplicidade por assassinato. O objetivo com isso é demonstrar a severidade da justiça, considerada, no entanto, tardia pelas vítimas.   Josef S. "não é acusado de atirar contra alguém em particular, e sim de ter contribuído para estes atos por seu trabalho como guarda e por ter conhecimento de que os assassinatos aconteciam nos campos", explicou a porta-voz do Ministério Público de Neuruppin, Iris le Claire. 

Memória
O acusado pode ser condenado ao mínimo de três anos de prisão, mas a sentença seria simbólica por sua idade avançada.  Em agosto, um médico declarou o réu apto para comparecer ao julgamento, com a condição de limitar as 22 audiências previstas até janeiro ao máximo de duas horas.  "Ele está bem e não mostra nenhum sinal de demência incipiente. Pode-se afirmar que ele está mental e espiritualmente muito saudável", disse à AFP Thomas Walther, advogado de 11 das 16 partes civis neste processo, incluindo sete sobreviventes.

Para Stephanie Bohra, pesquisadora do museu berlinense Topografia do Terror, dedicado aos crimes nazistas, "estes processos são particularmente importantes para os sobreviventes e seus descendentes. Eles desejam justiça e que os crimes sejam solucionados". Outros historiadores e analistas ressaltam que são julgamentos em que o essencial é resgatar a memória. "Trata-se de confirmar que a Alemanha unificada está decidida a chegar ao fundo do passado nazista, em um contexto em que, desde o início dos anos 2000, a recordação do genocídio dos judeus passou para o centro da identidade nacional", disse.

Em julho de 2020, um tribunal condenou a dois anos de prisão com suspensão condicional da pena um ex-guarda do campo de Stutthof, Bruno Dey, de 93 anos. Outros oito casos de ex-membros das SS são examinados por diferentes tribunais do país.

Mundo - Correio Braziliense


sexta-feira, 28 de maio de 2021

Acreditar em sexo biológico se tornou um crime? Joana Williams, da Spiked

Foto: Shutterstock 
 

Essa é a única explicação possível para o que aconteceu com Lisa Keogh, estudante de direito na Universidade Abertay, em Dundee, na Escócia. No momento, Keogh está enfrentando um processo disciplinar e possível expulsão do curso. Seu crime? Ela cometeu uma transgressão. Ousou questionar um ponto central da ideologia progressista — que o sexo não passa de um rótulo arbitrariamente atribuído no nascimento e que a autodeclaração de gênero é o mais importante.

Keogh está sendo investigada por afirmar, durante um seminário sobre estudos de gênero, feminismo e direito, que as mulheres têm vagina e não são fisicamente tão fortes quanto os homens. Ela disse ao The Times: “Eu não pretendia ofender ninguém. Estava participando de um debate e apresentei minhas opiniões sinceras. Fui agredida e xingada por outros estudantes, que me disseram que eu era uma ‘típica garota branca e cis’”. Por causa dessa blasfêmia, a ambição de Keogh de se tornar advogada pode estar arruinada.

Submeter uma aluna a processo disciplinar por comentários como esse faz pouco sentido do ponto de vista educacional. Ela disse algo falso? Supostamente, a universidade pode chamar os professores de biologia para arbitrar e, no processo, ensinar um pouco de ciência aos estudantes. Ou foi o fato de que ela disse algo não aceito pela doutrina progressista corrente? Muitas feministas radicais também acreditam que mulheres têm vagina e que as diferenças entre os sexos são reais. Então toda uma linha de pensamento feminista foi banida pelo que se entende hoje por estudos de gênero e feminismo? O governo lançou diversas investigações sobre a legislação relacionada ao reconhecimento de gênero. Então os estudantes de direito agora estão impedidos de discutir essas importantes questões legais?

Qualquer professor digno do cargo teria usado os comentários de Keogh como oportunidade para ensinar. Ela levantou pontos importantes para uma discussão que permitiria que a sala toda aprendesse mais sobre ciência, teoria feminista e direito. Em vez disso, a aluna está sendo investigada por seus comentários “ofensivos e preconceituosos”, e também por discordar de colegas de classe sobre o uso de “generalizações redutoras”, como “todos os homens são estupradores”. De novo, que ótima oportunidade para demonstrar a importância da clareza linguística ao discutir a lei.

As faculdades policiam o que pode e o que não pode ser dito em palestras e seminários

Estudantes de direito que se encolhem diante de argumentos discordantes levarão um susto enorme quando confrontados com a realidade de um tribunal adverso. Se eles consideram algumas palavras ofensivas demais para ser utilizadas, não vão conseguir lidar com os crimes reais que as pessoas que aparecem nos tribunais são acusadas de cometer. 
Se os estudantes não conseguem discutir a possibilidade de os homens serem mais fortes do que as mulheres na segurança de um seminário acadêmico, como vão lidar com os detalhes gráficos de um assassinato ou um estupro num tribunal?

O debate deveria estar no centro do ensino superior. Keogh sabe disso melhor que seus professores. “Você precisa ser capaz de expressar opiniões divergentes; caso contrário, não é um debate”, diz ela. Mas na universidade descolada a discordância é proibida. Espera-se que os estudantes entrem na linha ou fiquem quietos. Durante um seminário, que foi realizado por Zoom, o palestrante responsável supostamente cortou o microfone de Keogh e a impediu de participar. Quando é tão fácil silenciar os estudantes, não constitui surpresa que tão poucos professores estejam exigindo um retorno às aulas presenciais.

As universidades estão menos preocupadas com o ensino superior e mais com a doutrinação dos alunos na ideologia progressista. Os estudantes são submetidos a aulas de consentimento, treinamentos sobre diversidade e códigos disciplinares que policiam o que pode e o que não pode ser dito em palestras e seminários. Os alunos podem sair da universidade tendo lido pouco, discutido menos ainda e incapazes de formular um pensamento crítico. Mas serão fluentes no vocabulário descolado que muda o tempo todo e saberão exatamente que expressões usar para cancelar os blasfemadores.

Talvez essa fosse a lição. A definição da Universidade Abertay de conduta imprópria inclui “uso de linguagem ofensiva” e “discriminação de questões de identidade de gênero”.  
Essa linguagem repete boa parte da legislação nacional sobre a Lei de Igualdade, o registro dos incidentes de ódio que não são crimes e a Lei de Comunicações Maliciosas. 
A definição generalizante de “ofensivo” também se reflete em locais de trabalho pelo país. Ao silenciar e investigar Lisa Keogh, tragicamente, a Universidade Abertay está fazendo exatamente o que instituições de ensino superior em toda parte parecem considerar seu papel principal: preparar jovens adultos para um local de trabalho em que relacionamentos pessoais e profissionais sejam estabelecidos com base nos códigos progressistas. No processo, os estudantes sob seus cuidados estão se tornando não liberais, intolerantes e ignorantes.

Para o bem de todos, precisamos que as universidades acordem para a importância da liberdade acadêmica, para que elas não doutrinem outra geração para a visão de mundo descolada.

Leia também “Universidades sob o comando de tolos militantes”


Joanna Williams é colunista da Spiked e diretora da Cieo, onde publicou recentemente How Woke Conquered the World.

Transcrito da Revista Oeste

 

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

In Fux we don’t trust - O Globo

Carlos Andreazza

O presidente do Supremo é um mestre em jogar para a galera -  Ele lançou sobre um servidor o peso de decisão que só o presidente do Supremo poderia tomar

Luiz Fux para se lavar de um aval que obviamente dera arranjou-se cuspindo ao mar um colaborador de terceiro escalão. Aquele exercício covarde de onipotência típico dos que se sabem inalcançáveis. O presidente do Supremo Tribunal Federal é um poder inteiro e, no caso do atual, um mestre em jogar para a galera. (Não tardará, aliás, até que abra enquetes em rede social para que seus seguidores determinem como deve votar.) Outra coisa, porém, será cultivar a imagem de homem justo e combatente de regalias afogando um subordinado em injustiça; um desmando autoritário reativo para não assumir o desmando patrimonialista original.

Sim. Refiro-me ao caso — um escândalo em que Fux, pressionado pela imprensa que o adula, decidiu, fingindo-se de chocado, exonerar o secretário de saúde do STF
(Sendo também o caso de perguntar por que o tribunal precisaria de uma tal secretaria.)
O doutor Marco Polo Dias Freitas levou a culpa. Pagou pelo ato por meio do qual a Corte constitucional brasileira — vergonhosamente demandara à Fiocruz uma reserva de 7 mil doses de vacina contra a peste para seus togados e funcionários. Pego em flagrante, Fux em gesto de rara desonra — lançou sobre um servidor o peso de decisão que só o presidente do Supremo poderia tomar. Um conjunto de arbitrariedades a não ser esquecido. (E que só será surpresa para quem admite o modo como o ministro maneja a Constituição.)

Freitas foi elegante, impessoal, ao sair, talvez com a intenção de preservar a instituição a que se dedicava havia década; mas deixou claríssimo o que se passara: “Respeito rigorosamente a hierarquia administrativa do Supremo Tribunal Federal. Nesses onze anos no STF, nunca realizei nenhum ato administrativo sem a ciência e a anuência dos meus superiores hierárquicos”.

Elegante. Eu também serei. (Quem sabe, assim, este artigo escape da censura no clipping do tribunal?) E serei igualmente claro. O ofício de requisição da reserva de doses foi assinado, em 30 de novembro, pelo diretor-geral do Supremo, Edmundo Veras dos Santos Filho; que, no entanto, manteve o cargo. Fux justificou a demissão do mais fraco afirmando que o pedido fora feito sem o seu consentimento. Não é verdade. 
O presidente do Supremo faltou com a verdade; o que se prova facilmente, sendo o próprio Fux a se desmentir. [não podemos esquecer que o oficio foi assinado pelo diretor-geral do Supremo, Edmundo Veras, superior hierárquico do doutor Marco Polo - e os mais elementares fundamentos hierárquicos, rudimentares princípios da hierarquia, estabelecem  que ao ter seu pedido acatado pelo superior hierárquico, o subalterno está respeitando a hierarquia. 
Se alguém descumpriu a hierarquia foi o diretor-geral do Supremo = se impondo sua exoneração - exceto se, o ministro Fux tinha conhecimento do oficio (o mais provável, devido as implicações políticas do pedido desaconselharem o senhor Veras de até pensar no assunto,  sem o aval do presidente do STF.]

Freitas foi exonerado em 27 de dezembro. No dia seguinte, o presidente do STF pôs em campo uma blitz para, em suma, apregoar que não sabia e que não admitia; versão que rui diante da entrevista veiculada cinco dias antes, em 23 de dezembro, pela TV Justiça, em que se demonstra não apenas informado sobre o pedido, mas favorável à demanda. Fala Fux: Nós, por exemplo, fizemos um pedido, de toda forma delicada, ética, um pedido, dentro das possibilidades, que, quando todas as prioridades forem cumpridas, de que também os tribunais superiores — que precisam trabalhar em prol da Covid — tenham meios para trabalhar. E, para isso, precisa vacinar. Não adianta vacinar os ministros e não vacinar os servidores. A difusão da doença seria exatamente a mesma. [um aspecto não destacado: os servidores se tornaram beneficiários do pedido para não contagiarem os supremos ministros. Fosse a covid-19 apenas letal, não contagiosa, os ministros seriam vacinados e os servidores aguardariam.]

Que tal? Que tal essa ética? Mesmo o português truncado de Fux — que decerto gostaria de trabalhar contra a Covid, e não em prol do vírus não é capaz de deixar dúvidas. Nós é nós. Né? Nós somos. O “nós fizemos um pedido” o inclui. Nós pedimos. Certo? Nós só são os outros — quando o bicho pega, e o bafo da sociedade esquenta o cangote — na ética fuxiana do bode expiatório. E não deixa de ser requisição de tratamento prioritário, uma que se queira postar à fila logo após as prioridades já consagradas. Fim da fila de prioridades ainda prioridade será. Não há delicadeza nisso.

Fux não apenas tinha ciência do pedido como — sob visão estratégico-corporativa — avalizou-o. E diga-se que, fosse verdadeiro que a demanda tivesse sido feita sem sua chancela, teríamos apenas mais uma exibição de incompetência; e ele precisaria demitir o diretor-geral. Mas não foi incompetência. Não desta vez. Foi um movimento natural, consciente, relaxado, de quem se sabe mesmo privilegiado; de alguém cuja trajetória educou para o hábito do privilégio. Foi desde esse lugar que o presidente do STF ceifou o doutor Freitas.

Fux, contudo, ao explicar a demissão covarde do subordinado, disse: “Sempre fui contra privilégios”. De novo, não é verdade. Temos memória. Ou não terá sido ele agora todo enérgico contra decisões monocráticas o ministro que ficou, atenção, quatro anos sentado sobre liminar, canetada classista de próprio punho, que garantiria auxílio-moradia a juízes e procuradores, uma conta bilionária? [vale a pena conferir a íntegra da matéria, da qual destacamos:
A lentidão na análise da liminar foi motivada,-  dizem as más, ou bem informadas línguas - pelo fato da desembargadora Mariana Fux,  filha do ministro Fux, trabalhando no Rio, receber auxilio moradia, mesmo sendo proprietária de dois apartamento no Leblon.]

O privilegiado Luiz Fux é o privilégio. Pode tudo. É também um — mais um ministro da corte constitucional brasileira em quem não se deve confiar.

Carlos Andreazza, jornalista - Opinião - O Globo


sábado, 2 de janeiro de 2021

Aberrações legais protegem o crime e facilitam impunidade - J. R. Guzzo

O Estado de S.Paulo

Após dois anos de governo Bolsonaro, há uma situação em que o poder público incentiva ainda mais a atividade criminosa no Brasil

Um dos maiores projetos do governo do presidente Jair Bolsonaro, exposto em volume máximo durante toda a sua campanha eleitoral, era o combate ao crime um dos piores inimigos da população brasileira nas últimas décadas, em razão da impunidade dos criminosos, da baixa eficiência do aparelho policial e judiciário e da aberta submissão da lei aos interesses dos escritórios de advocacia penal mais prósperos deste país. Passam dois anos e o que se tem hoje? Uma situação em que o poder público incentiva ainda mais a atividade criminosa no Brasil.

Não apenas não foi feito o prometido. Inventaram-se, com a cumplicidade objetiva do governo federal, novas aberrações legais para proteger o crime e deixar sem punição os criminosos. Uma das mais perversas foi a criação dojuiz de garantias”, pela qual todo processo penal no Brasil passa a ter dois juízes – isso mesmo, dois juízes diferentes – um para cuidar da papelada e outro para encontrar motivos que possam ser utilizados para soltar bandidos presos em flagrante.

Com a desculpa de que esse tipo de juiz existe “em outros países”, e como se o Brasil fosse um exemplo mundial em matéria de criminalidade baixa, deputados e advogados espertos enfiaram num “pacote anti-crime” apresentado pelo governo – justo aí – o contrabando desse segundo juiz. O presidente da República poderia vetar o texto de lei, aprovado no final de 2019. Não vetou. Também poderia vetar, e não vetou, outro presentaço para os criminosos e seus advogados: a soltura de réus que estejam presos há mais de 90 dias sem terem “condenação definitiva”. Em nenhum governo anterior o crime conquistou duas vitórias como essas.

Sabe-se muito bem o uso que já se fez dessa história dos 90 dias: o ministro Marco Aurélio mandou soltar um traficante de drogas milionário que teve como advogado um ex-assessor dele mesmo, Marco Aurélio. O homem estava condenado, em duas sentenças, a 25 anos de cadeia, e obviamente desapareceu assim que saiu do xadrez. Agora, um grupo de advogados que costumam cobrar honorários de milhões entrou com um habeas corpus coletivo contra a liminar do presidente do STF, Luiz Fux, que suspendeu em janeiro último a existência do “juiz de garantias”. É o “pacote pró-crime” do governo de novo em ação. 

É abusivo e ilegal: não cabe a apresentação de habeas corpus contra decisão do presidente do STF. E daí? A ala do tribunal que está o tempo todo ao lado da impunidade quer dar um troco no presidente Fux, que já há tempo se tornou um dos seus desafetos – e vai jogar tudo para recuperar os benefícios que o crime espera obter com o “juiz de garantias”. Fica aberto, tecnicamente, o caminho para que sejam soltos todos os criminosos que não passaram pelo segundo juiz 24 horas depois da sua prisão.

O “processo civilizatório” do Brasil é isso aí.

J.R. Guzzo, jornalista - Coluna em O Estado de S. Paulo

 

 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

STF acerta ao impor vacina obrigatória – O Globo

Opinião

Julgamento no tribunal contrasta com irracionalidade anticientífica que emana do Palácio do Planalto

Acertou o Supremo Tribunal Federal (STF) em garantir a estados e municípios o direito a impor a vacinação obrigatória contra a Covid-19. É o que determina a lei da pandemia, aprovada pelo Congresso em fevereiro. É o que combina com o espírito da leis de imunização em vigor desde 1975. E, mais que isso, é o que preconizam a ciência, a razão e o bom senso. A vacina obrigatória é uma conquista civilizatória de que a humanidade já não poderia abrir mão numa situação de normalidade. Que dizer de uma pandemia que já matou de modo inclemente quase 185 mil brasileiros? [Os mortos pela covid-19 não podem, nem devem, ser esquecidos - a doença mata, com a agravante de ser transmitida pelo ar, o que torna mais difícil o seu controle (o uso de máscara é indispensável para impedir o contágio) mas sugerimos ler  sobre outras doenças que matam mais no Brasil, do que a covid-19, leia aqui.]

A decisão do Supremo contrasta com a irracionalidade que emana do Palácio do Planalto em relação não apenas às vacinas, mas a todo conhecimento científico. Mais uma vez, em desafio aos protocolos sanitários, o presidente Jair Bolsonaro imprecou esta semana contra a vacina em São Paulo diante de uma aglomeração de centenas de pessoas, a maioria sem máscara.

As campanhas antivacinação e a resistência do bolsonarismo às vacinas — em particular à CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac — têm contribuído para instilar na população brasileira uma resistência antes impensável a uma prática essencial para a saúde pública. [a resistência à vacina chinesa alegada, e erroneamente atribuída só aos bolsonaristas, tem fundamento no fato de:
- foi o primeiro imunizante a ser comentado (por quem não se sabe) e até hoje não passou de uma rumorosa divulgação; 
- ainda está na fase três dos testes e diariamente muda a previsão da data em que pedirá registro,  e nenhum país aprovou o seu uso emergencial ou definitivo - só é louvado na China e pelo 'bolsodoria'.
As ações da Sinovac foram excluídas da Bolsa de Nova York devido ações de corrupção.]  Em poucos meses, a parcela de brasileiros afirmando que tomará a vacina contra a Covid-19 caiu de 89% para 73%, de acordo com o Datafolha.
Vacinação obrigatória, como afirmou com propriedade o relator de uma das ações, ministro Ricardo Lewandowski, é diferente de vacinação forçada. A obrigatoriedade confere ao Estado não o poder de enfiar agulhas nos braços de quem não quer se vacinar, como faz crer a campanha de desinformação das hostes bolsonaristas. Mas sim de impor sanções, como restrições no acesso a serviços ou benefícios. [apesar da ausência total do notório saber jurídico, expressamos nossa opinião que a decisão do STF é de dificil cumprimento - talvez caia no rol das leis que não pegam.... ops....não é lei, a Constituição Federal proíbe o Supremo de legislar.
VEJAMOS:
- só se tornará aplicável quando a vacina aparecer - depois de tantos prazos furados do governador paulista, talvez caiba um SE;  
- nos parece que sendo o Brasil uma República Federativa, não pode ser adotado o que ocorre nos Estados Unidos - cada estado penaliza de acordo com seu entendimento, o que é crime em um estado pode não ser em outro, variando também as penas.
O Supremo determinou que os governadores e prefeitos podem punir eventuais cidadãos que não queiram se vacinar. Pelo nosso inculto entendimento o Doria pode proibir o cidadão do estado que governa de estudar, o comunista do Maranhão pode impedir que tenha acesso a passaporte e por aí vai;
Além da abundância de penas que poderão surgir dos diversos entendimentos, perguntamos: o governador de um estado decreta punição, já o prefeito de um dos seus municípios vizinhos não estabelece a obrigatoriedade.
Além das falhas apresentadas em post anterior, estas também precisam de supremas respostas.]

A justificativa para impor tal obrigação é a mesma que rege o serviço militar obrigatório ou os impostos obrigatórios: a defesa do bem comum. A vacina oferece não apenas proteção ao indivíduo que a toma, mas também a toda a comunidade. Quanto mais imunes houver, mais difícil o contágio. A partir de certo ponto, o vírus some por não ter mais quem infectar. Quem não toma vacina se beneficia disso sem arcar com ônus nenhum. Mais que isso: se porventura pegar a doença, pode provocar dano coletivo ao transmiti-la, criando novo surto.

Acertou também a Corte no julgamento da outra ação, relatada pelo ministro Luís Roberto Barroso, ao determinar que crenças ideológicas, filosóficas ou religiosas dos pais não podem impedir seus filhos de ser vacinados. O argumento é o mesmo: o Estado tem o dever de proteger a saúde de todos.

O ataque à vacina obrigatória é um retrocesso. Traz ecos da Revolta da Vacina, de 1904, quando multidões se recusavam a cumprir com a obrigação de se vacinar contra a varíola. Não deu outra: quando a varíola voltou a atacar, em 1908, houve um morticínio, e a população correu para se vacinar. É o que sem dúvida deverá ocorrer assim que estiverem aprovadas e disponíveis as vacinas contra a Covid-19.

Opinião - O Globo


terça-feira, 1 de dezembro de 2020

O golpe de Alcolumbre - Carlos Andreazza

O Globo

Não tem vírgula para controvérsia de reeleição de presidentes da Câmara e do Senado. Não pode

Está marcado para a próxima sexta, dia 4 de dezembro, o início do julgamento — no plenário virtual do Supremo — de uma ação por meio da qual o PTB questiona a constitucionalidade da reeleição (qualquer uma, mesmo aquela prevista na Constituição) de presidentes da Câmara e do Senado.

Não é banal que a coisa se dê no plenário virtual, em que os ministros somente depositam os votos. Sem enfrentamento de mérito. Sem debate. É o paraíso a arena dos sonhos para que se consolide o golpe, golpe contra a Constituição Federal, urdido, sem muita cerimônia, por Davi Alcolumbre.

Golpe que o sujeito costura desde meados de 2019, agora finalmente à custa de um Parlamento paralisado; que — sequestrado por disputas de poder antecipadas para muito além de qualquer padrão de irresponsabilidade da política brasileira — nem sequer consegue cuidar do Orçamento de 2021.

Para que fique claro: o Brasil não está parado, com uma pandemia a corroê-lo, em decorrência das eleições municipais. Isso é desculpa. E é mentira. O país está travado porque tem um governo incompetente, [em defesa do Governo se registre que além da pandemia, da crise econômica herdada, do desespero para eleger prefeitos (um adiamento por dois seria além de necessário, legal, natural e propiciaria economia = esse calendário de eleições a cada dois anos deixa a impressão que cada presidência do TSE tem que apresentar um feito: realizou eleições = ou as gerais ou as municipais (estas, ganham status de gerais por ser as que elegem  ocupantes para apenas dois cargos)tem que se sujeitar a pedir liberação ao STF para nomear o Chefe da Polícia Federal = subordinado imediato do ministro da Justiça que é subordinado imediato do Presidente da República.] incapaz de propor agendas e formular políticas públicas; e porque o Congresso, até anteontem a engrenagem que fazia algo andar, foi contaminado pela endemia sucessória, agravada pelo vírus da incerteza. Terá ou não sucesso o golpe de Alcolumbre, de resto a mexer num xadrez de expectativas de poder ainda a ecoar longamente no Parlamento?

Obra do golpe de Alcolumbre. Golpe pelo direito de se reeleger à presidência do Senado numa mesma legislatura; contra o quê, sem margem para interpretação rebolativa, é expressa a Carta que se tenta violar. Está lá, no parágrafo 4º do artigo 57. Não pode. Não tem vírgula para controvérsia. Golpe.

Daí por que seja tão importante para o êxito golpista escapar da discussão de mérito. Porque isso equivaleria a escapar do que versa a Constituição. Porque bastaria que um ministro a abrisse, passando-lhe os olhos, para que tivéssemos um destaque e o caso, deixando a imobilidade muda do plenário virtual, fosse para a deliberação do colegiado. Ou seja: para que a tara de Alcolumbre fosse contida.

Mas não. O STF integra o jogo político; e isso significa atalhar a Lei Maior. Nesse caso, para fugir da apreciação do mérito. Não poderia ser diferente num tribunal cheio de agentes políticos. Que fazem cálculos típicos de um operador político. Logo, se os togados avaliam que o arranjo com Alcolumbre e Maia (que surfaria a onda para ser também beneficiado) serve bem ao equilíbrio da República, ambos se concertando segundo consideram os supremos — para frear os ímpetos autocráticos de Jair Bolsonaro, por que não encontrar uma solução casuística, por que não erguer um puxadinho oportunista e fulanizado, que lhes permita continuar à frente das casas legislativas? [um pensamento que teima em ser expresso: estão na gaveta do presidente do Senado vários pedidos de 'impeachment' contra supremos ministros = que para serem apreciados, julgados e produzirem sentença, basta apenas o Alcolumbre querer e decidir dar andamento aos pedidos. 

O que faz surgir a lembrança de que decidindo o STF considerar um golpe a pretensão do Alcolumbre e impedindo sua reeleição e, por tabela, a do Maia,o Alcolumbre ainda será o presidente do Senado até as eleições de fevereiro/2021.]

Contra o temor de um hipotético grande golpe bolsonarista, um golpe de verdade, um golpinho virtuoso, impingido via Senado e chancelado pela corte constitucional. Que tal? E como não projetar que o STF, deixando-se penetrar pelo que supõe jeitinho pontual e por boa causa, estará forjando as condições para o arrombamento de reeleições infinitas no Parlamento? A estratégia golpista é engenhosa; e terá como fundamentotudo assim indica — o Supremo liberando ao Congresso, como se matéria interna corporis, o condão de decidir sobre as eleições de suas mesas diretoras.

O STF lava as mãos, pautado pelos interesses da política. Adotará ministros já vazaram a tática a postura cínica, covarde, de alegar que a ação do PTB consistiria numa espécie de consulta prévia; a respeito, pois, de algo ainda não ocorrido, um caso hipotético, sendo impossível, por falta de concretude, tratar do mérito. Balela! Mas também puro adiamento; sendo questão de tempo até que se tenha de deparar com uma chuva de reclamações, quando o golpe já estiver aplicado, e o tribunal for obrigado a se lembrar da Constituição.

O STF lavará as mãos. Se entender — já entendeu, todos entendidos — que o assunto é de alçada do Parlamento, dirá que o desejo de Alcolumbre poderá prosperar driblando a única maneira republicana de postular o direito à reeleição numa mesma legislatura: uma emenda constitucional — para a qual seriam necessários três quintos do Congresso. Se decidir, portanto, que Alcolumbre pode chegar lá sem uma PEC, por meio de um golpe mesmo, dirá que lhe bastaria providenciar uma revisão do regimento interno do Senado; para o que precisaria de maioria simples entre os pares.

Ah, os pares... Alcolumbre os trata como bocós. Os senadores, contudo, não protestam. Talvez até gostem do balé desse golpe sui generis; dado que endossam a agenda personalista de um presidente do Senado que, para conseguir a prerrogativa de se reeleger, sumiu do Congresso, tirando o pé de qualquer bola dividida e abandonando a Casa ao apagão
Um presidente do Senado que, para não desagradar ao Supremo de que tanto depende, escondeu-se de ser presidente do Senado. Um presidente do Senado que abandonou a presidência que formalmente exerce para lutar, ao custo do Parlamento de hoje, por uma presidência futura.
 
Carlos Andreazza, jornalista - O Globo