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sexta-feira, 11 de maio de 2018

CNE retira gênero e orientação sexual da Base Curricular e dedica mais atenção a LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais




Órgão acatou alterações propostas pelo MEC sobre o tema, mas alterou abordagem da questão em ensino religioso


O Conselho Nacional de Educação (CNE) modificou diversos pontos da revisão feita pelo Ministério da Educação (MEC) na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e alterou, principalmente, o conteúdo relacionado ao ensino religioso. O novo documento com alterações feitas pelos conselheiros, divulgado ontem pelo CNE e pelo MEC, retirou temas relacionados a gênero e orientação sexual das habilidades a serem trabalhadas pela religião no 9º ano do ensino fundamental. Mas, por outro lado, o órgão também se dobrou às últimas modificações do MEC e retirou totalmente os termos sobre o tema do restante texto. A BNCC norteará os currículos escolares das escolas de todo o país na educação infantil e no ensino fundamental e deve ser votada na sexta-feira. 

No fim de novembro, o MEC encaminhou ao CNE uma revisão da terceira versão da Base, que foi divulgada em abril, na qual estabelecia como um dos objetos de conhecimento “corpo, gênero e sexualidade nas tradições religiosas” e definia que, nesse eixo, as escolas deveriam “discutir as distintas concepções de gênero e sexualidade segundo diferentes tradições religiosas e filosofias de vida.” Com as alterações feitas pelos conselheiros durante rodadas de discussão na semana passada,a temática não compõe os objetos de conhecimento. Foi incluído, por outro lado, o eixo “princípios e valores éticos” que estabelece como umas das habilidades “reconhecer a coexistência como uma atitude ética de respeito à vida e à dignidade humana”. Há ainda outras alterações que permeiam o conteúdo de ensino religioso, modificando algumas estruturas e redações de determinados objetos e habilidades.

A minuta de resolução do texto, também divulgada ontem, determina que, por meio de uma comissão específica do CNE, o órgão vai deliberar se o ensino religioso terá tratamento como área do conhecimento ou como componente curricular da área de Ciências Humanas, no Ensino Fundamental. Na resolução o CNE também afirma, como mencionado na semana passada, que emitirá orientações específicas sobre orientação sexual e identidade de gênero. No parecer, a justificativa é que a temática ‘gênero’ foi objeto de muitas controvérsias durante os debates públicos da BNCC. Neste sentido, entende-se que o CNE deve, em resposta às demandas sociais, aprofundar os debates sobre esta temática, podendo emitir, posteriormente, orientações para o tratamento da questão, considerando as diretrizes curriculares nacionais vigentes”. 

Esse projeto de resolução, que orienta a implantação da BNCC, e o próprio texto da Base ainda podem sofrer alterações e devem ser votados pelo CNE na próxima sexta-feira. Posteriormente, eles seguem para apreciação do ministro da Educação, Mendonça Filho, que pode homologá-los, caso concorde. O MEC tem pressa. Na última semana, os conselheiros começaram a debater, no pleno do CNE, os documentos. Mas não chegaram a uma decisão e houve um pedido de vista. Uma cisão dentro do conselho ocorreu depois que o MEC retirou os termos ligados à questão de gênero e sexualidade da BNCC.  — O pedido de vista deu um tempo importante para que os conselheiros possam continuar analisando o material. Mas existe por parte da sociedade a expectativa de concluir o processo o quanto antes, é um documento importante para nortear o trabalho na educação — afirmou o presidente do CNE, Eduardo Deschamps.

MAIOR ATENÇÃO PARA LIBRAS
Tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017, que aconteceu no início de novembro, a educação dos surdos ganhou destaque. Na terceira versão havia apenas uma menção à Língua Brasileira de Sinais (Libras). No documento revisado pelo MEC em novembro houve três menções à Libras. Já no texto modificado pelo CNE, a temática foi abordada quatro vezes e trouxe um detalhamento maior na parte de Língua Portuguesa quando citada a importância da diversidade linguística do país, incluindo também variações culturais. O novo documento afirma que “mais de 250 línguas são faladas no país” e destaca que a lei que oficializou a Libras em 2002 tornou possível “realizar discussões relacionadas à necessidade do respeito às particularidades linguísticas da comunidade surda e do uso dessa língua nos ambientes escolares.” 

O Conselho estabelece a BNCC deve estar implantada nos currículos das redes estaduais e municipais até no máximo o início do ano letivo de 2020. Cinco anos após esse prazo, o documento deve passar por uma revisão. Já as avaliações e exames em larga escala, como Enem, terão um ano para se alinhar à BNCC.

 

PARABÉNS !!! MEC tira combate à homofobia e transfobia dos critérios para avaliação de livros




Pasta diz que mudança é baseada em determinação do Conselho Nacional de Educação

 

O último edital do Programa Nacional de Livros e Materiais Didáticos (PNLD), publicado em março, deixou de conter referência explícita ao combate à homofobia e à transfobia na relação de critérios que deverão ser considerados na seleção das obras. De acordo com o novo texto, basta que a produção esteja "livre de estereótipos ou preconceitos" no que diz respeito a alguns temas — entre eles, orientação sexual e gênero.

Os editais do PNLD são publicados periodicamente pelo Ministério da Educação, com o objetivo de selecionar os livros que chegarão às escolas públicas e demais instituições conveniadas de ensino infantil, fundamental e médio. Trata-se de um dos principais programas da pasta e que consome em média pouco mais de R$ 1 bilhão por ano.  Em geral, as convocatórias do programa são publicadas com dois anos de antecedência. Assim, os materiais didáticos selecionados pelo edital deste ano deverão chegar às salas de aula em 2020. As três últimas edições do PNLD traziam o combate à homofobia e à transfobia no rol de critérios que deveriam balizar a avaliação dos livros.

Segundo o MEC, o respeito à diversidade e à pluralidade de grupos sociais continua contemplado pela nova redação do edital. “Apesar da modificação textual, por se tratar de um programa que foi reformulado, manteve-se a exigência clara de que a obra esteja livre de estereótipos ou preconceitos [...] de gênero, de orientação sexual”, informou a pasta. Já no edital de 2019, o termo "combate" some do texto. O documento se limita a pedir tratamento igualitário, mas não requer mais que os livros incentivem a luta contra a homo e a transfobia. Isso também se percebe no edital já preparado de 202.

O Ministério destaca que a supressão dos termos foi baseada em determinação do Conselho Nacional de Educação (CNE). Em abril do ano passado, o órgão retirou as expressões “identidade de gênero” e “orientação sexual” da Base Nacional Comum Curricular. “Assim, o MEC aguarda a publicação das normatizações do CNE sobre orientações sexual e identidade de gênero para poder complementar os critérios eliminatórios comuns disposto no edital 1/2018 (PNLD 2020), a fim de deixar mais claro todo e qualquer tipo de estereótipo e preconceito”, conclui a pasta.

REPERCUSSÃO
A secretária de Educação da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Adriana Sales, defende que, ao alterar a redação do edital, o Ministério da Educação patrocina a invisibilidade desses grupos:  Os conceitos de homo e transfobia entraram nos editais depois de muita discussão nos Grupos de Trabalho. É um retrocesso que reflete a atual conjuntura do MEC. [Brasil e os brasileiros precisam esquecer a existência desses grupos esquisitos e que tanta questão fazem de aparecer.
Que existam, sejam discretos e não tentem impor seus costumes e práticas bizarras aos outros - especialmente a crianças e adolescentes.]

A nova redação do edital do PNLD foi apenas uma das mudanças no programa, que foi sofreu reformulações por meio de um decreto presidencial publicado em julho do ano passado. A principal modificação foi a retirada das universidades públicas da dinâmica de avaliação dos livros didáticos, que passou a ser feita por comissões técnicas.  Para aumentar o controle sobre o processo, a escolha da composição dos grupos de avaliadores cabe agora ao ministro da Educação e é feita a partir de nomes indicados por organizações ligadas à área.

O Globo