Eduardo
Cunha anunciou que instalação será nesta quinta-feira às 19h
A Câmara
dos Deputados elegeu, por 433 votos sim e apenas um contrário, a comissão especial do
impeachment da presidente Dilma Rousseff. A comissão é
composta por 65 titulares e 65 suplentes de 24 partidos da Casa. O
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou nesta quinta-feira que
a comissão será instalada hoje às 19h. Antes, haverá uma reunião de líderes
aliados, e a intenção de Cunha é garantir, ainda hoje, a eleição do presidente
e do relator da comissão especial. O voto contra foi do deputado José Airton
Cirilo (PT-CE)
O
primeiro secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), irá levar
pessoalmente à Presidência a notificação da eleição da comissão. Se a
notificação ocorrer ainda hoje, começa a contar a partir de amanhã o prazo de
dez sessões para a entrega da defesa escrita de Dilma. A Secretaria Geral da
mesa está juntando os documentos, como a composição da comissão, para entregar
junto com a notificação.
A sessão foi aberta pouco depois das 13h e, no início,
líderes da base aliada e da oposição pediram a palavra e pregaram serenidade
nas decisões. Entretanto, a sessão começou a ficar mais tensa com
discursos de lado a lado feitos na tribuna e nos microfones.
Deputados
da oposição usavam pequenas fitas verde amarelo no pescoço ou amarradas na
cabeça e apresentaram cartões vermelho com a
inscrição impeachment. A todo momento, levantam os cartões pedindo
renúncia. Deputados do PT e do PCdoB, reagiam gritando "golpe,
golpe".
Houve
discursos inflamados de oposicionistas, defendendo a saída de Dilma e de petistas classificando o processo como golpe, com referências ao de 1964. Logo depois do anúncio da
eleição, deputados cantaram o hino nacional.
O
deputado Roberto Freire (PPS-SP) — que foi do antigo PCB — disse que os
comunistas foram cassados por outros motivos, não o mesmo pelo qual a
presidente Dilma é alvo hoje. Houve reação forte de deputados do PCdoB no
plenário. — O senhor não é mais comunista e não tem autoridade de falar em
nome dos comunistas — reagiu a deputada Alice Portugal (BA).
A
voz da deputada Moema Gramacho (PT-BA) se destacava no plenário quando havia
manifestação dos deputados defensores do impeachment:
—
Golpistas, golpistas. Não vai ter golpe!
Durante a sessão, deputados de
partidos alinhados ao governo cobraram, nos microfones, o desembarque da base
aliada. O deputado Júlio Lopes (PP-RJ) anunciou a coleta assinaturas da
bancada para o desembarque do PP. A deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ), por
sua vez, disse que já tinha passado da hora de o PR entregar os cargos que
possui no governo Dilma. Em plenário, o líder do PR, Maurício Quintella Lessa
(AL), afirmou que todos os deputados da sua bancada terão liberdade para tomar
a decisão relativa ao processo. Segundo ele, o PR continua na base.
— Na minha
base não tem ninguém com ideia fixa. Os deputados passarão a ser juízes e terão
liberdade para tomar a decisão — disse Lessa, que criticou a decisão do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de assumir a Casa Civil.
PMDB UNIDO
O PMDB
definiu os nomes dos integrantes, abrindo espaço para três deputados declaradamente
pró-impeachment entre os oito titulares. Mas, segundo o líder, não foi
discutido na reunião de bancada desta manhã o posicionamento a ser adotado na
votação. — O mérito em relação ao processo não foi discutido na reunião. A
bancada está unida, apresentou seus nomes unidos, e o voto é o desfecho do
processo. Partimos unidos na largada, no espírito de buscar serenidade para o
desfecho do processo — justificou Picciani.
Os
parlamentares incluíram também na chapa os nomes dos deputados do PP que não tinham sido indicados a
tempo e seriam submetidos a uma eleição suplementar.
LÍDER
DO PSD COTADO PARA A PRESIDÊNCIA
Os
partidos de oposição e da base aliada se articulam, agora, para tentar emplacar a eleição do deputado que vai presidir e o que vai
relatar o processo. Eduardo Cunha tenta garantir com a oposição a
eleição de nomes. Os mais fortes, até agora, segundo deputados, são o líder
do PSD, Rogério Rosso (DF), para presidência, e o do líder do PTB, Jovair
Arantes (GO), para a relatoria. A oposição quer emplacar Rodrigo Maia
(DEM-RJ) na relatoria, mas, em número menor, teme perder a eleição no plenário
da comissão.
Uma das tentativas do grupo de Cunha e da oposição é inviabilizar
a participação de deputados do PT e do PCdoB não só na presidência ou
relatoria, mas também nas vice-presidências da comissão.
O
deputado José Priante, que desistiu de ocupar uma vaga na comissão do
impeachment, afirmou
que o fez porque foi convidado para ser o presidente da comissão, mas o PMDB
teria, segundo ele, aberto mão de indicar o relator ou o presidente do órgão. —
Fui convidado para presidir a comissão, mas como meu partido declinou da
relatoria e da presidência (da comissão), eu pedi para sair — disse o
peemedebista.
A escolha
dos nomes do PMDB foi dividida pelo líder, Leonardo Picciani, de forma a contemplar três
deputados declaradamente favoráveis ao impeachment de Dilma. Segundo
peemedebistas que integram a chapa, no entanto, a crise política que convulsiona
o país fez com que mesmo entre esses cinco de perfil mais governista ainda não
haja posição conjunta contra o impedimento de Dilma. — As coisas estão
mudando muito rápido, não sabemos o que vai acontecer na próxima hora. A crise
é tanta que tem muita gente ainda em cima do muro — disse ao GLOBO um dos deputados indicados pelo
PMDB.
Quando
da formação da primeira comissão do impeachment, Picciani, Priante e Reis
já faziam parte da lista, e se declaravam contrários à possibilidade de afastar
Dilma. O líder do PMDB, da ala governista da legenda, teve ajuda do Palácio do
Planalto para ser reconduzido ao posto de líder, no mês passado.
DIVISÃO
NO PP
Com
dificuldades de fechar os nomes, o PP atrasou a indicação. Pelo acordo fechado na bancada
para que os deputados que se posicionam claramente a favor do impeachment
tenham duas vagas de titular e três de suplentes. Os deputados Júlio Lopes (RJ)
e Gerônimo Goergen (RS) serão os dois titulares da ala oposicionista do governo.
Lopes colhe assinaturas, entre os deputados da bancada, para que o PP saia da
base aliada.
Irritado
com as indicações feitas pelo PSD, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), anunciou sua
desfiliação da legenda nesta quinta-feira, aproveitando a janela do troca-troca
partidário que termina nesta sexta-feira.
Segundo
Sóstenes, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), garantiu apenas uma vaga para
deputado pró-impeachment, como suplente, nas indicações da comissão especial do
impeachment da presidente Dilma Rousseff. O deputado estava negociando a saída
do partido para se filiar ao PSDB, mas sua saída estava sendo contida pela
legenda. — Me desfiliei do PSD. O Rogerio Rosso e Gilberto Kassab estão de
cócoras para esses desgoverno do PT. A composição dos membros do PSD no
impeachment só indicou da chapa avulsa o Evandro Roman como suplente, não
respeitou a chapa avulsa como fez por exemplo o PMDB, PP e outros partidos da
base — disse Sóstenes.
Confira os nomes dos titulares e suplentes da
comissão do impeachment:
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