Advogada diz que C.B, de 16 anos, foi coagida durante depoimento. Para Alessandro Thiers, polícia 'não pode ser leviana de comprar a ideia de estupro coletivo, se isso não está esclarecido ainda'
A defesa da adolescente C.B., de 16 anos, anunciou neste sábado que vai
pedir o afastamento do delegado responsável pelo caso do estupro
coletivo ocorrido no Morro da Barão, em Jacarepaguá, no último dia 20.
Depois de tomar o depoimento da jovem e de outros três suspeitos de
envolvimento no crime, Alessandro Thiers colocou em xeque a versão
apresentada pela menina, de que teria sido abusada sexualmente por 33
bandidos.
O delegado não quis dizer textualmente que duvidava da versão da vítima. Já o advogado de um dos suspeitos, Cláudio Lucio, afirmou categoricamente que a versão é fantasiosa. Segundo ele, seu cliente, Raí de Souza, de 18 anos, e a adolescente foram para uma casa na favela com outro casal, e lá praticaram sexo após um baile funk. "Se foi estuprada, por que não veio pra delegacia no dia seguinte?", questionou o advogado.
Além de Raí, o jogador do Boavista (clube da primeira divisão do futebol carioca) Lucas Perdomo, de 20 anos, a quem a menina apontava como seu namorado, também compareceu para depor. Ele admitiu já ter tido relacionamento com a jovem, mas que naquela noite dormiu com outra mulher, na mesma casa. O delegado afirmou que as versões apresentadas pelos investigados não são conflitantes: "As versões deles vão ao encontro da nossa apuração. Estamos investigando o suposto crime e se houve o consentimento dela. Vamos em busca da verdade", completou Thiers.
A expectativa é de que, na próxima semana, novas testemunhas sejam ouvidas. E que haja o resultado do exame de corpo delito. No depoimento prestado à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), C. B. confirmou ter dormido numa casa e acordado em outra, rodeada por traficantes. Quando foi perguntada sobre quem eram os homens armados, a advogada Eloísa Samy decidiu que ela parasse de falar. "Perguntamos sobre ameaças, se conhecia os traficantes locais, e a advogada achou por bem ela não falar mais", disse Thiers.
Sobre o crime da filmagem e divulgação da imagem nas redes sociais (artigo 241 A do Estatuto da Criança e do Adolescente), a polícia informou que "só vai pedir prisão se houver necessidade". Thiers disse que Raí admitiu que a gravação foi feita de seu telefone celular, mas por um traficante da favela conhecido apenas pelo nome de Jeferson. Raí teria deixado a casa e, quando voltou, Jeferson teria feito a cena em que a jovem aparece deitada, desacordada, momento em que homens aparecem zombando dela nua e mexendo em sua genitália, que estaria sangrando.
Neste ponto, houve contradição nas versões da polícia e dos advogados. "Jeferson? Não conheço Jeferson. Meu cliente admitiu que fez a filmagem e repassou, sim", afirmou Claudio Lúcio.
Enquanto isso, na manhã de hoje a Polícia Militar segue fazendo uma grande operação nos morros da Praça Seca. O objetivo, segundo a corporação, é "tentar capturar os criminosos que praticaram o estupro coletivo da jovem". Um suspeito foi detido e levado para a delegacia. Na noite desta sexta, homens do 9oBPM (Rocha Miranda) já haviam encontrado a casa onde teria ocorrido o crime. No Morro da Barão, o local é conhecido como "abatedouro".
Fonte: Veja
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