Os salários pagos pela TV Brasil ajudam a explicar o petismo feroz de alguns jornalistas contratados
A TV Brasil
na forma em que existe é uma das invenções mais caras da era petista. Dá
traço de audiência, mas paga salário de gente grande. Não é por acaso
que custa R$ 1 bilhão por ano. Num país quebrado. Aderbal
Freire Filho, que acha que o impeachment é golpe, tem um programa sobre
teatro chamado “A Arte do Artista”. Para dar pinta lá uma vez por
semana, recebe R$ 68 mil mensais. Tem contrato até o fim do ano.
Aderbal é
casado com Marieta Severo, aquela que cantou as glórias do PT no
“Domingão do Faustão”, ex-mulher de Chico Buarque, que exalta os feitos
da legenda em toda parte. Outro que
não passa apertado é Luis Nassif, com um programa também semanal chamado
“Brasilianas.org”. Embora ninguém veja a defesa que ele faz do governo —
não na TV ao menos —, tem um contrato anual de R$ 761 mil — mais de R$
63 mil por mês. Ou R$ 15.750 por programa! Nassif até
tenta fingir diversidade com alguns temas de interesse geral. Quando
envereda para a política e para a economia, é mero porta-voz do governo
petista (veja aqui). Lúcia Mendonça, diretora do seu programa, tem um contrato de R$ 289 mil/ano.
Paulo Markun
também fez um bom acordo para um programa semanal: R$ 585 mil anuais.
Em favor de Markun — e não tenho nenhum problema em dizer isto —,
observo que mantém ao menos uma pauta plural em “Palavras Cruzadas” (está aqui).
Não é o caso
de Paulo Moreira Leite, também com uma, por assim dizer, atração por
semana chamada “Espaço Público”. Tem um contrato anual de R$ 279 mil. Só
entrevista esquerdistas e governistas — na maioria das vezes, petistas.
Vejam.
E Emir
Sader, o grande intelectual de um país chamado “Emirados Sáderes”, que
desenvolveu até uma gramática própria? Para fazer alguns pequenos
comentários — em que fala bem do PT e das esquerdas do Brasil e do mundo
e mal de todos os seus adversários, recebe R$ 227 mil por ano. Tereza
Cruvinel, que hoje só dá alguns pitacos políticos, mantém um contrato
anual de 182 mil. Exceção feita a Aderbal — não entendi ainda por quê —, todos os outros contratos estão suspensos para ser renegociados.
A questão particular
Não sei exatamente o que o novo comando da
TV Brasil entende por “renegociação”. Não entro no mérito das
convicções políticas de um Paulo Markun, por exemplo, porque não sou
policial de consciências. Havendo uma TV Pública, ele tem trajetória,
estofo e biografia para fazer um programa plural. Se o novo valor que
lhe vai ser proposto é ou não aceitável, isso é com ele.
Nunca vi o
seu programa, mas ele é um entrevistador competente. A pauta de
“Palavras Cruzadas” evidencia não se tratar de mero prosélito do
petismo. Nos outros
casos, lamento, basta uma pesquisa rápida para a gente perceber que não
se trata de jornalismo, mas de militância política. E feita com o nosso
dinheiro. O “jornalismo” que essas pessoas fazem, inclusive fora da TV
Brasil, não as habilita a estar numa TV Pública — a menos que esta sirva
de cabide de emprego e de remuneração por serviços prestados fora dali.
Elas têm simplesmente de ser demitidas a bem do serviço público. O nome disso é aparelhamento do estado.
A questão geral
Eu não seria eu se não dissesse o que
penso, certo? Sou contra a existência de uma TV que consome R$ 1 bilhão
por ano para ninguém ver. Deveria ser simplesmente fechada. Mas sou
realista: acho difícil que aconteça.
Que Laerte
Rimoli, novo presidente da EBC, à qual se subordina a TV Brasil, chame
especialistas da área para estudar e implementar um modelo de TV pública
que não assalte os cofres e não sirva de cabide emprego — de petistas
ou pessoas de quaisquer outras legendas.
Reitero: eu
não acho que a TV Brasil deva deixar de ser a emissora do PT para ser a
emissora do PMDB. Como ente público, tem de ser a emissora que respeite
os valores da Constituição. E o bom mesmo é não haver uma TV Brasil. Se
ninguém vê, pra quê?
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