Empresa que recebeu quase R$ 500 mil da campanha do candidato a prefeito do Rio deu notas fiscais suspeitas, não tem sede e seu sócio é procurado pela Justiça
Desde junho, o empresário Bruno Cavalcanti, de 37 anos, é um homem de paradeiro “incerto e desconhecido” para a Justiça do Rio de Janeiro. Oficiais de justiça tentam localizá-lo, em vão, para entregar uma intimação sobre a ação de cobrança movida por uma operadora de turismo, que cobra R$ 8.500 em hospedagens e passagens aéreas da Multi Ideias, empresa de Cavalcanti do ramo gráfico e publicitário.
A firma deve também ao governo – R$ 89 mil em impostos federais. Como pessoa física, Cavalcanti também está enrolado. A Justiça determinou a quebra de seu sigilo fiscal, mas não encontrou bens para penhorar e bancar uma dívida de R$ 159 mil de um empréstimo tomado no banco Bradesco. E ainda há o condomínio. Pois é, Cavalcanti deve, segundo o síndico de um prédio na Zona Norte, R$ 16.600 em taxas atrasadas de um apartamento no qual não reside.
Mas não deve ser tão difícil assim encontrar Cavalcanti. Afinal, ele é prestador de serviços da campanha do senador Marcelo Crivella, do PRB, a prefeito do Rio de Janeiro. Sua empresa, a endividada Multi Ideias, recebeu R$ 479 mil por serviços prestados à campanha de Crivella, de acordo com registros na Justiça Eleitoral – dinheiro, aliás, suficiente para pagar as dívidas.
Segundo a assessoria de Crivella, a Multi Ideias produziu “bandeiras, adesivos microperfurados para carros e adesivo autocolante, chamado pragão”. De acordo com a prestação de contas da campanha, o pagamento a Cavalcanti veio do fundo partidário, o dinheiro público dado aos partidos políticos, praticamente a única fonte de renda nesta eleição.
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