J.R Guzzo
Defesa do meio ambiente é o
tema campeão no bonde de Hollywood: é um dos mais fáceis, mais baratos e
com retorno mais garantido em termos de cartaz disponível hoje em dia
na praça
Olha eles aí outra vez — sempre os
mesmos, e sempre com o mesmo assunto. Eles são os artistas e as atrizes
do cinema norte-americano, e continuam indignados com o Brasil, o governo brasileiro e os incêndios na Amazônia. Estão lançando, naturalmente, mais um manifesto em favor da rain forest: pedem, agora, que o presidente Joe Biden não assine o tratado que Brasil e Estados Unidos estão negociando, já há algum tempo, para reforçar medidas de prevenção contra queimadas na região amazônica. Dessa
vez, os artistas vêm com exigências extras. Além de acabar com os
incêndios na mata, o Brasil tem de se comprometer também com o respeito
aos “direitos humanos” — sem maiores informações sobre onde e como esses
direitos estariam sendo concretamente desrespeitados no presente
momento, e sem revelar quais as providências objetivas que o governo
deveria tomar a propósito. Exigem também, para que Biden assine o
acordo, uma maior participação da “sociedade civil” na questão amazônica
— nada menos que a sociedade civil, em pessoa. Não fica claro, na
prática, quem é essa “sociedade civil”, ou o que ela teria a ver com o
assunto.
Querem, enfim, que “os índios”
recebam mais proteção e ajuda do poder público. De novo, não se diz o
que teria de ser feito, e não se leva em conta que as terras reservadas
aos índios no Brasil já somam hoje quase 1.200.000 quilômetros
quadrados, ou cerca de 14% de todo o território nacional — isso para uma
população de 800.000 pessoas, no máximo, dos quais mais de 300.000
vivem em áreas urbanas. [curioso é que dizem terras indígenas,o que já deixa claro que os indígenas devem, ou deveriam morar lá;
se lá morassem (tem reserva de 50.000 hectares para meia dúzia de indígenas) não seria necessário que o Governo Federal investisse milhões para vacinar indígenas contra a covid-19 - afinal, viver em aldeias é uma saudável e eficiente forma de isolamento social e dispensaria qualquer medida complementar para preservar nossos silvícolas.] Mais de 400 das 700 reservas estão justamente na
Amazônia, onde ocupam acima de 20% do território total. Nenhum país do
mundo tem tanta terra assim para as chamadas populações indígenas. Fazer
mais que isso? Os artistas aí estão no caminho da alucinação. Quais países, entre os 200 que formam o planeta, poderiam se comprometer com o tipo de coisa que eles estão exigindo?
Está certo que tratem o Brasil como uma republiqueta, até porque não
sabem direito o que é o Brasil — mas há coisas que nem a republiqueta
mais ordinária consegue topar. Dizer o quê? É assim mesmo que uma atriz
ou um ator norte-americano funciona, em condições normais de temperatura
e pressão, quando quer se meter com política. Como suas almas
gêmeas das empresas-gigante de tecnologia, que querem ir morar na Lua e
salvar a humanidade de tudo o que desaprovam, tratam-se de milionários à
procura do que fazer em benefício do bem universal.
Estão sempre assinando as mesmas
petições, sobre as mesmas coisas: racismo, transgêneros, homofobia,
eliminação do masculino e feminino na linguagem, veganismo, os crimes de
Cristóvão Colombo, liberdade para as crianças escolherem o seu próprio
sexo, direito dos avestruzes, denúncia da “cultura clássica”, denúncia
da “direita”, denúncia do “lucro” (salvo o próprio), defesa da “mulher”,
defesa das “minorias”, defesa do meio ambiente
em outros países, sobretudo no Brasil. [temos certeza que o gringo esquerdista desistiu da sua live ridícula e que outra situação vergonhosa e constrangedora não ocorrerá - é mais provável que tentem levar uma bomba nuclear para a nossa Amazônia e chamem especialistas (especialmente os ongueiros brasileiros, especialistas em nada e que vomitam asneiras contra o Brasil a troco da remuneração dos traidores = 30 moedas) para falar dos malefícios; de qualquer forma já foi ajustado que se houver outro convescote, será adotado para controle de presença o método seguido por um conhecido programa de TV,que recebe fotos dos participantes.
O que também facilita mascarar eventual e deselegante indisposição do atual presidente dos Estado Unidos.]
Esse último tema é campeão no
bonde de Hollywood e arredores: é um dos mais fáceis, mais baratos e com
retorno mais garantido em termos de cartaz que está disponível hoje em
dia na praça. Que risco você corre falando mal do Brasil, da “destruição
da floresta” e do governo “genocida”? Nenhum; é só lucro, aplauso e
dever cumprido, sem qualquer sacrifício, perante a própria consciência.
O que destrói a Amazônia é a metástase do favelamento em volta das cidades
Uma das maiores vantagens desse tipo de atitude é que os artistas não precisam pensar em nada para assinarem
qualquer folha de papel que acham rentável para a sua imagem. Não
precisam e não gostam de pensar: jamais deram cinco minutos do seu tempo
para entender um mínimo a respeito dos assuntos sobre os quais têm
posições tão extremadas. No caso do Brasil, não saberiam dizer
se Manaus é a capital de Buenos Aires, ou se Curitiba é um afluente que
desemboca na margem esquerda do Rio Amazonas; tudo o que sabem sobre as
realidades brasileiras é o que lhes dizem o Greenpeace, a menina Greta e
Giselle Bündchen. [desta vez a carga negativa da letra G ficou intransportável.]
Se
fizessem um esforço mínimo para entender um pouco do que estão falando,
saberiam o que qualquer pessoa séria sabe há muito tempo: que o grande
inimigo da natureza, do meio ambiente e do equilíbrio ecológico na
floresta amazônica é a miséria.
O que destrói a Amazônia é a metástase
do favelamento em volta das cidades. É a falta de saneamento, de água
tratada e de energia elétrica.
É a ausência de renda para os seus 20
milhões de moradores, que obriga muitos deles a qualquer coisa para
sobreviver. É o crime, a desigualdade e a negação de justiça.
Saberiam,
também, que é impossível evitar queimadas naturais numa área com mais de
4 milhões de quilômetros quadrados, ou dez vezes o tamanho da
Califórnia. Mas é assim que trabalha a cabeça dos artistas.
Na Califórnia pode ter incêndio toda hora.
Na Amazônia não pode, nunca.
Supõe-se que o governo
norte-americano, que não nasceu ontem, ouça o que têm a dizer os seus
diplomatas para tomar decisões sobre o tratado, e não se impressione
mais do que o necessário com a espetacular ignorância das suas estrelas —
um terceiro-secretário da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, no
fim das contas, sabe mais sobre as realidades da Amazônia do que todos
os artistas da Netflix somados. É difícil, de qualquer forma, imaginar
uma crise de verdade por causa de um manifesto, ou mesmo por causa da
floresta inteira. Os Estados Unidos foram o primeiro país a estabelecer
relações diplomáticas com o Brasil, em 1808 — ainda no tempo de Dom João
VI. Foram os primeiros a reconhecer a independência brasileira, em
1822. Foram os primeiros, enfim, a abrirem uma embaixada em Brasília, em
1960, e ali vêm dando expediente diário nos últimos 61 anos.
Na prática, e na vida real, essa
história toda acaba dando num grande “e daí?”. Não querem acordo? Então
não vai ter acordo. Os Estados Unidos e a Amazônia continuarão a ser
exatamente o que são. A alternativa é jogar uma bomba de hidrogênio em
São Gabriel da Cachoeira — ou de preferência em Brasília, caprichando na
pontaria para a coisa cair bem em cima do Palácio do Planalto. É
provavelmente o sonho dos intelectuais brasileiros que se aliaram ao
manifesto dos norte-americanos contra o seu próprio país. Pensando um
pouco, qual a novidade nisso também? Agredir o Brasil e os brasileiros é
o que eles fazem o tempo todo, a menos que Lula esteja na Presidência da República — mas aí também não vai haver manifesto nenhum.
J. R. Guzzo, colunista - Jovem Pan
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