Ana Paula Henkel
Não entrarei no mérito desses números oficiais sobre as mortes de brancos, negros e latinos com o envolvimento de policiais, dado que foi tema de um artigo anterior. - O ataque injusto à polícia norte-americana - Demonizar as corporações policiais, compostas em sua maioria de gente qualificada e de bem, é ser cúmplice de atos terroristas e covardes
Apenas repito que os fatos não corroboram a narrativa empurrada pela imprensa militante. A apreensão sentida nos Estados Unidos deveu-se ao julgamento do ex-policial de Minneapolis Derek Chauvin. Visto no famoso e absurdo vídeo que registrou George Floyd no chão antes da morte, Chauvin foi considerado culpado de todas as acusações. O júri, de 12 membros, deliberou por apenas dez horas após um julgamento de três semanas. Chauvin pode pegar até 40 anos de prisão por homicídio não intencional em segundo grau, até 25 anos por homicídio em terceiro grau e até 10 anos por homicídio culposo em segundo grau. A sentença deve ocorrer em oito semanas, de acordo com o juiz Peter Cahill.
Em uma sociedade como a atual, que urge correr para as redes sociais para “debater” absolutamente qualquer assunto sem as devidas análises e ponderações, é necessário que tentemos olhar por uma lente de visão macro. O que podemos concluir desse caso, além das platitudes e falácias repetidas para orientação da manada e ganho político, depois de um julgamento com evidências controversas e pressão de políticos, inclusive o presidente Joe Biden?
Os membros do júri afirmam ter concluído que acreditam, unanimemente, e além de qualquer dúvida razoável, que Chauvin causou a morte de Floyd. Dadas as circunstâncias do julgamento, no entanto, é extremamente difícil acreditar que o júri estava preocupado apenas com a verdade ou a justiça. É extremamente difícil, se não impossível, para qualquer pessoa pensante e que não se orienta por paixões não ter uma dúvida razoável sobre o resultado.
O juiz do caso se recusou a isolar os jurados da cobertura da mídia e de influências externas durante o julgamento, e a pressão transmitida a eles foi mais que intensa. Ficou perfeitamente claro para os jurados que a nação seria novamente tomada pelas chamas se eles expressassem que, de fato, tinham uma dúvida razoável sobre a real causa da morte de Floyd.
A deputada democrata da Califórnia Maxine Waters inflamou as tensões no fim de semana antes de o júri deliberar, exigindo que os manifestantes nas ruas intensificassem seu confronto militante caso a sentença fosse favorável ao réu. Em frente a dezenas de câmeras, Waters disse: “Estamos aguardando um veredicto de culpado. Não foi homicídio culposo. Não, não e não. Ele é culpado por assassinato. Precisamos nos certificar de que eles saibam que falamos sério”. A deputada ainda exigiu que os manifestantes se preparassem para assumir uma postura “mais confrontadora”. Na tarde da terça-feira, o presidente Joe Biden ignorou o apelo do juiz para que os políticos se abstivessem de dar opiniões sobre o caso e avaliou o julgamento antes que o júri tivesse encerrado a deliberação. Biden chamou as evidências contra o ex-policial de “esmagadoras”.
Os jurados sabiam que a mídia que cobria o julgamento exibiu o rosto deles todos os dias durante três semanas. Todos vimos quem eram eles. O jornal Minneapolis Star Tribune publicou a descrição dos membros do júri: idade, raça, bairro, profissão e até mesmo informações sobre lazer. O propósito foi expor os jurados à pressão das turbas na hipótese de decisão em favor do réu.
Você acha que os jurados estariam dispostos a permitir que eles próprios e sua família fossem para o sistema de proteção de testemunhas para arriscar “uma dúvida razoável” sobre o papel real de Chauvin na morte de Floyd? Acha que eles estariam dispostos a trocar a vida e a violência que tomaria conta do país pela vida de um estranho? A natureza humana é cheia de armadilhas e imperfeições.
Suspeita: teria sido overdose a real causa da morte de George Floyd?
O gabinete do procurador do Condado de Hennepin também observou “o nível fatal de Fentanil” e concluiu que a autópsia feita pelo dr. Baker “não revelou nenhuma evidência física sugerindo que o sr. Floyd morreu de asfixia”. O vídeo completo do encontro dos policiais com Floyd no fatídico dia mostra que ele disse repetidas vezes, dentro e fora do carro, antes de ser colocado no chão, a frase que marcou os protestos em 2020: “Não consigo respirar”. Em certo momento da filmagem, visivelmente perturbado, Floyd avisa aos policiais que tinha ingerido “drogas demais”.
John Adams, um dos Pais Fundadores dos EUA, patriota anti-Inglaterra, disse durante o julgamento dos soldados britânicos envolvidos no chamado Massacre de Boston: “Fatos são coisas teimosas; e, quaisquer que sejam nossos desejos, nossas inclinações ou os ditames de nossas paixões, eles não podem alterar o estado dos fatos e as evidências”. Para surpresa de muitos, Adams, acreditando numa terra de leis e não de paixões, defendeu os soldados.
[precisamos ter sempre presente que pelo mais elementar principio de Justiça, do Bom Direito, devido processo legal, não podemos olvidar que a quase totalidade dos bandidos (incluímos desde aqueles que acabaram de roubar alguns centavos de dólar aos sequestradores e outros vermes do tipo), quando saem para o 'trabalho' saem pronto para matar.
A eles não interessa se a vítíma é um idoso, um deficiente ou mesmo uma criança - ou pegam o que querem ou matam o opositor.
Quando se trata do caso de George Floyd, os fatos não são tão claros como alguns partidários gostam de presumir. Todos temos nossas opiniões sobre casos controversos. Mas o que diz a lei? A lei exige um veredicto “acima de qualquer dúvida”. A todos é assegurado o devido processo legal, e o veredicto deve ser orientado exclusivamente pelos “fatos teimosos”. Essa postura devemos não apenas a homens como George Floyd e Derek Chauvin. Devemos, certamente, a nós mesmos, à nossa sociedade e, especialmente, às minorias. Estas às quais foi negada justiça por suposições, narrativas e preconceitos. Convém garantir que a presunção de inocência permaneça intacta e inviolada. Mesmo se ela for de encontro aos “ditames de nossas paixões”.
Leia também o artigo “Portland: o parquinho dos radicais mimados”
Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste
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