Os totalitarismos se alimentam dos próprios fantasmas. Corra a lista dos
tiranos e vai encontrar o medo desses espectros comandando a violência
do Estado totalitário.
Num circuito fechado e crescente, o medo do
tirano gera violência e a consciência disso aumenta-lhe o medo e ele
intensifica a violência.
Não é preciso que algo ocorra para que os
tiranos instalem snipers nas coberturas, tenham calafrios ante
uma espingarda de pressão, controlem o pensamento e sua exposição ao
convívio social, liberem suas matilhas e riam sardonicamente do próprio
poder.
Mais de cem
milhões de cadáveres contam os períodos mais brutais dessa história
comum. E se você acha muito, lembre-se que se eleva a bilhões o número
de vidas humanas que, por esses mesmos motivos, foram vividas sem o
usufruto do maravilhoso dom da liberdade. Ah, os males que a covardia
dos tiranos provoca!
Totalitarismos
armam o Estado e desarmam os cidadãos. Tiranos cercam-se de
guarda-costas robustos, fortemente armados e treinados em artes
marciais. São lobos! E querem viver entre ovelhas...
Exigem que os
cidadãos sitiados por centenas de milhares de criminosos soltos em
nossas ruas e estradas deponham ante o Estado as armas necessárias ao
exercício do direito de defender a si mesmos e do dever de defender suas
famílias.
Sim, no
primeiro caso é um direito; no segundo, é um dever. Eu me defendo se
quiser, mas proteger minha família é um dever ao qual não posso
renunciar. E convenhamos, nada mais cretino do que imaginar o Estado
cumprindo essa tarefa na hora da necessidade, no lugar dos fatos. Se lhe
pedirem para provar a necessidade de possuir uma arma de defesa
pessoal, mostre sua identidade e diga: “Sou brasileiro, delegado!”.
Independentemente
de quem hoje andar com a faixa no peito, a esquerda conseguiu, ao
correr dos anos, produzir uma legislação protetiva da criminalidade e a
transformou num fenômeno de proporções demográficas. Este é um
severíssimo divisor de águas!
Principalmente quando, incluído nas
primeiras medidas de um governo, revela suas prioridades.
A direita,
conservadora ou liberal, jamais defenderá qualquer brandura que amplie o
número de criminosos em liberdade; jamais favorecerá ações de Estado
que tornem altamente rentável e de baixo risco a vida criminosa, jamais
subscreverá qualquer discurso que busque razões sociológicas para
justificar a expansão da criminalidade.
Essas razões são as
proporcionadas pelas políticas sociais e econômicas, bem como pelas
estratégias psicossociais com que a esquerda trabalha politicamente
nesses círculos.
O leitor
destas linhas sabe muito bem quem vitimiza o bandido, criminaliza a
vítima e não quer nem ouvir falar em cumprimento de pena após condenação
em segunda instância. E o leitor sabe por quê.
Percival
Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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