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quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Os novos ludistas e o intervencionismo estatal - Alex Pipkin, PhD

         Por natureza, associo-me mais aos céticos do que aos otimistas. Nestes “novos tempos modernos”, otimismo exacerbado é característica marcante de sinalizadores de virtude e, imagino, porta aberta para triviais retóricas, platitudes e decepções.

No entanto, sou adepto daqueles que comungam de uma visão positiva quanto ao progresso, por meio da destruição criativa e da respectiva engenhosidade e liberdade das pessoas para conceberem novas ideias e soluções inovadoras.

Acredito na capacidade inventiva dos indivíduos, ao contrário dos profetas do pessimismo e adoradores de capatazes.

Ao longo da história, mensageiros do apocalipse - que lucram com suas profecias -, opuseram-se aos avanços tecnológicos, em nome da preservação de empregos, do desastre ambiental, do combate à fome, entre outras tragédias anunciadas.

Nesse mundo de puros desejos, dos direitos ilimitados descolados de deveres, os ludistas contemporâneos são pródigos.

No século XIX, com a Revolução Industrial, trabalhadores destruíam máquinas que iriam, supostamente, substituir a mão de obra humana, gerando desemprego e miséria. Ficaram conhecidos como “ludistas”. Numa análise retrospectiva racional, porém, é singelo constatar o avanço das inovações e do correspondente progresso das condições de vida das pessoas.

Não existe nada que seja perfeito. Sempre haverá questões complexas e dilemas a superar.

Não obstante, o avanço das tecnologias da informação, da IA, enfim, gerenciadas por humanos do bem - evidente que a maldade está entre nós -, agregará muito mais valor a vida dos cidadãos, em nível quanti e qualitativo, de soluções melhores e mais baratas, de liberdades e, similarmente, do tão propalado tema do emprego - para alguns, desemprego.

Muitos que se autoproclamam especialistas, afirmam que o avanço tecnológico impulsionou as desigualdades sociais. Sim, dependendo do tipo de emprego/atividade, contudo, diminuiu, enormemente, o mais importante, a pobreza.

Esses especialistas alertam para o quase sempre inimigo mortal, o vilão mercado, referenciando a importância - meu juízo, maléfica - do intervencionismo do grande pai soberano Estado.

Os supremos agentes estatais, ao estilo pavloviano, salivam entre os dentes afiados, a cada oportunidade de ingerirem e comandarem a vida das pessoas.  A história se repete, assim e mais uma vez, emerge uma visão míope, desconsiderando os fatos, de que são os indivíduos, livres para pensar, para criar novas soluções, para inovar e para estabelecer relacionamentos colaborativos espontâneos e voluntários, tentando e aperfeiçoamento tais inovações e suas arestas, os genuínos responsáveis pela construção do futuro e da prosperidade para todos.

Novamente, a história factual comprova que o intervencionismo do “pai salvador”, é quase sempre o problema, não a solução.  A narrativa estatal para interferir e controlar, vincula-se ao grande poder do oligopólio das grandes corporações tecnológicas.

No meu sentir, as gigantes tecnológicas atuaram na direção da descentralização da informação e do poder, e não o contrário, como muitos pressupõem.

Sou ainda um sujeito, digamos, analógico. Semanas atrás participei de um treinamento sobre novas ferramentas de IA, completamente “democráticas”, de código aberto, que geram oportunidades reais para todos, pessoas e empresas. 
Não, mais uma vez, não estamos falando de um jogo de soma zero!

Um trivial questionamento: a “verdade” não se encontrava monopolizada?
Eles, de verdade, acobertam e/ou desconhecem que o surgimento de um oligopólio ocorre por meio de um processo natural, ou seja, essas empresas inovaram e lograram satisfazer - melhor - os desejos e as necessidades de clientes/consumidores. Simples assim.

Ludistas “progressistas” não enxergam o óbvio: tecnologias inovadoras impactaram no desaparecimento de negócios ultrapassados, entretanto, criaram novos setores e empregos, inclusive, melhor remunerados.

Criadores de riqueza investiram, inovaram, empregaram, treinaram seus funcionários e criaram soluções para as pessoas e, portanto, para a sociedade. Eu chamo isso de progresso compartilhado. É assim que se faz.

Evidente que a destruição criativa, como o próprio nome do processo diz, destrói o antigo, já não tão produtivo, e gera novos setores e soluções mais produtivas. A soberania do consumidor sabe julgar o efetivo “incremento de produtividade”. Considerando-se todos os eventuais ônus do processo, a vida da pessoas ficou mais produtiva, fácil, legal, mais barata, mais conveniente…

Rejeitando-se à corrupção da verdade, as tecnologias inovadoras, comprovadamente, agiram pragmaticamente na geração de novos e diferentes tipos de empregos e empregabilidade, no desenvolvimento de novas fontes de energia, sobretudo, verdes, renováveis, e num aumento brutal da produção de alimentos para saciar a fome global.

Desacredite dos pessimistas profetas do apocalipse. E eles são muitos.
Nos mercados livres, indivíduos dotados de liberdades individuais, para pensar, inovar e criar novas e melhores soluções para as pessoas, são aqueles que, de fato, materializam o verdadeiro progresso para todos.

São pessoas e empresas que investem, criam coisas novas, empregam e geram renda, riqueza e mais prosperidade.

Os ludistas “progressistas” estão propositalmente tapados. Mais regulação é a receita infalível para o fracasso - de todos. [não podemos olvidar que o Brasil atualmente está sob a presidência de um individuo adepto do atraso e que tem um séquito de lacaios que pensa da mesma forma.
Por tal infelicidade é que o Brasil já iniciou seu processo de queda livre em todos os sentidos.]

As novas tecnologias não redundarão no “fim do mundo”, em mais desemprego e na catástrofe ambiental.

Nada disso. Produzirão mais liberdades, descentralização do poder, novos e distintos empregos e, de maneira derradeira, elas irão auxiliar na melhoria do mundo. Sinteticamente, maior prosperidade.

Alex Pipkin, PHD


segunda-feira, 10 de julho de 2023

A prisão tribal - Alex Pipkin, PhD

        Encontros com a fantasia humana e com o negacionismo dos fatos têm sido tão frequentes para mim, que realmente tenho desacreditado num futuro mais promissor para o nosso país.

Muitos jovens se encontram acometidos da “ideológica gonorréia juvenil”, embora mesmo os mais experientes não consigam se divorciar deste ilusionismo.

Meu curto vocabulário já não dispõe de mais adjetivos a fim de qualificar esse tenebroso momento nacional, de absurda doença psicossocial.
Negação, inversão, enganação e corrupção da verdade, são os protagonistas dessa tragédia.

Existe uma enormidade de síndromes e de efeitos “à la carte” para serem escolhidos por aqui, tais como a Síndrome de Estocolmo e o Efeito IKEA.

É chover no molhado afirmar que o ego é, muitas vezes, o nosso principal inimigo. A nossa parte consciente se desenvolve a partir da nossa interação com a realidade, porém, muitas vezes, os desejos individuais fazem com que a realidade seja transfigurada.

Todos desejam, e muito, terem  suas identidades sociais valorizadas. As redes sociais alavancaram as necessidades e as possibilidades. O Efeito IKEA anda cada vez mais forte e solto. As pessoas querem criar elas próprias, e ser reconhecidas pelas suas competências.

Há também o viés cognitivo do senso de propriedade sobre aquilo que é produzido individualmente e/ou por uma filiação tribal. Nesta direção, mesmo que o resultado final dessa produção seja deletério, os sujeitos a defenderão com unhas e dentes afiados.

Essa é a ordem do dia!

Desnecessário ser um PhD para compreender essa questão. Não se quer frustrar os desejos avassaladores de nossa personalidade, de nosso eu interior, desse modo, os indivíduos se suportam nessas “experiências de competência”, a fim de melhorar a visão que possuem de si mesmos. Além disso, não querem de maneira alguma chamuscar o senso de pertencimento tribal aos seus pares, seja por quais afinidades forem.

Adam Smith - sempre ele - já havia enaltecido o importante papel da reputação na vida social. Muitas vezes, quando uma pessoa afirma algo, ela procura ser coerente quanto aquilo que disse, assumindo um firme compromisso com determinada coisa. Assim, dificilmente a bigorna da realidade alcançará os olhos, as mentes e os corações daqueles que foram atraiçoados por desejos irrealizáveis e falácias.

Dentre os vários sonhos da turma ideológica vermelha, que capturou os movimentos identitários, de grupos raciais e de gênero, por exemplo, é evidente que o tratamento preferencial das minorias raciais não conduzirá a um bem social. Não há nada humanitário quando esses favorecimentos são decretados por agentes estatais, motivados por interesses político-ideológicos. Na verdade, ao cabo, isso atua como uma poderosa alavanca por mais discriminação.

Fico me questionando, até porque tenho a resposta de alguns amigos negros e gays - se esses grupos se sentem confortáveis com favores e padrões duplos, ou se genuinamente desejam apenas justiça e liberdade para criarem as oportunidades de acordo com seus próprios esforços, objetivos e planos de vida?

Acho que muitos querem mesmo escapar dessa ideológica tirania grupal. Penso que estamos em um estágio civilizacional de retrocesso. Não é o fim, é mesmo um triste estágio da nossa história civilizacional.
Por que há, presentemente, a orgia mental da negação, da inversão, da enganação e da corrupção da verdade? 
Por que soberbam egos avantajados e comportamentos tribais inflexíveis e refratários a concessões? 
Por que não há a busca de confiança e coesão social, que encaminharia ao verdadeiro bem comum?

Uma das respostas é trivial. Quanto aos jovens, a narrativa e ação devastadora é o motor - furado - da promoção da autodescoberta, não da construção de caráter. Eles não largam a tal opressão…

Já no que se refere aos adultos e aos velhos, muitos marxistas de carteirinha, esses não conseguem evoluir. Dedicaram suas vidas inteiras a ideologia do fracasso, comprometeram-se com o engodo, por isso não abdicam do sonho irrealizável, mesmo que saibam que o seu resultado - conforme o pragmatismo da realidade - seja devastador para todos.

 Alex Pipkin - PhD

 


quinta-feira, 22 de junho de 2023

A propaganda petista - Alex Pipkin, PhD

 Ontem à noite, num exercício de zapeação de canais, deparei-me com uma propaganda do PT.

Fazia referência à mulher. O que me chamou a atenção, de forma extremamente agressiva, embora sem nenhum grau de novidade, foram os motes. Dizia que o PT defende o Brasil, “defende você”, a mulher.

Por óbvio que faz parte da estratégia gramsciana manipular mentes e dividir, jogando uns cidadãos contra os outros.

Embora o governo atual afirme que deseja a união, qualquer sujeito com um mínimo de esclarecimento já percebeu que o plano - uma vez que não há plano algum - é atacar o governo anterior e buscar, até a última gota, a vingança e o revanchismo.

Fato é que o presidente Luiz Inácio da Silva, ontem, mimetizando o Capitão, em seu programa semanal muito bem produzido, não fazia outra coisa senão criticar o ex-presidente e o atual presidente do BC.

Desde que o mundo é mundo sempre existiram distintas crenças e visões de mundo, o que no meu sentir, é positivo.

No entanto, nesse mundo da pós-verdade e da hiperpolarização política, das bolhas e dos sentimentos e das ações tribais, há uma total incapacidade de tratar e de discutir temas fundamentais para a sociedade brasileira, sem que se procure destruir supostos “inimigos”, e se corrompa a verdade e os fatos, em prol de uma ideologia que factualmente despreza o genuíno bem comum.

É amplamente conhecido que foi justamente esse partido “dos trabalhadores” que aprofundou, de maneira nefasta, a destruidora mentalidade de “nós” versus “eles”.

A propaganda petista, aparenta-me mais uma vez, uma peça que tem como objetivo central dividir a sociedade. Sempre que diferenças identitárias são enfatizadas, o convite ao conflito de uma “outra parte” é inevitável.

Unir de verdade o país, significaria sair do palanque e governar, buscando planejar e alcançar objetivos efetivamente de interesse geral e popular, tais como o aumento da atividade econômica, liderada pelo setor privado, a redução de impostos e a criação de mais empregos e de maior renda.

Objetivamente, a meta presente é o aumento do obeso Estado, e mais da devastadora coletivização.

Uma vez que o foco míope do governo está justamente em temas secundários, nas agendas das políticas identitárias e ambiental, não no indispensável crescimento econômico e social, as divisões e os conflitos tendem a crescer.

O PT supostamente deseja agradar grupos sociais específicos, ao invés de unir os brasileiros para o alcance de uma propósito maior. 
Sem a cola da coesão social não se irá avançar, muito menos de maneira sustentável.

Não há como apostar um vintém no verdadeiro sucesso econômico e social desse “projeto” para o povo brasileiro. Aliás, penso que muitos daqueles que fizeram o “L” em razão da antipatia à figura do Capitão, arrependeram-se.

A lógica é lógica: alguns depositaram esperanças na união nacional.

A realidade é de efetiva desunião e da grotesca vingança.

A propaganda petista faz parte da marca PT, em que o nível de diferenciação dessa é justamente a desunião.

Não se pode esperar que essa marca, de fato, se concentre em ativos distintivos que salientem projetos pujantes e sadios para todos.

Alex Pipkin - PhD

 

 

sábado, 4 de junho de 2022

Enlouqueceram, ou é pior do que isso? - Percival Puggina

No ano de 2001, aconteceu em Porto Alegre, a primeira edição do Fórum Social Mundial (FSM). Fui observador atento daqueles eventos. A capital gaúcha era, então, laranja de amostra para o esquerdismo mundial. O PT administrava a cidade desde 1989 e, pela primeira vez na historia do partido, governava o Rio Grande do Sul. A esquerda dava as cartas, jogava de mão e a conta da tragédia está até hoje pendurada no prego dos juros e da correção monetária.

Era natural que o FSM viesse para cá. Em nenhuma outra parte do mundo, em tempos de democracia, a esquerda raiz era tão bem sucedida eleitoralmente. Em nenhum outro lugar, tampouco, os organizadores disporiam de tanto acesso a facilidades e recursos públicos para organizar os eventos que se reproduziram na cidade ainda nos dois anos seguintes.

O FSM nasceu por contraposição ao World Economic Forum, conhecido como Fórum de Davos, que já havia 30 anos reunia lideranças políticas, especialistas em questões mundiais, grandes empresários e investidores para debater sobre os problemas do mundo.

Um dos momentos mais entusiasmados do primeiro FSM – lembro-me bem porque escrevi sobre ele – foi o debate travado ao vivo entre os dois fóruns que transcorriam simultaneamente. A argentina Hebe de Bonafini (falando pelas mães da Plaza de Mayo) levou seu auditório ao delírio enquanto acusava o grupo de Davos de ser responsável por todas as mortes de crianças ocorridas no mundo. Em suas palavras, os personagens de Davos eram hipócritas, arrogantes, monstros com cabeça, barriga e sem coração.

Por isso, conhecendo a História, impactaram-me de modo muito especial as palavras do amigo economista Alex Pipkin publicadas no grupo Pensar +, do qual ambos fazemos parte. Referindo-se a Klaus Schwab, no livro A Quarta Revolução Industrial, observa Alex:  

Esse senhor, criador do Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, deixou transparente sua face e suas - medonhas - ideias.

Ele parece ser mais um intelectual interessado, regurgitando “boas intenções” na direção de salvar o mundo, numa transa sinistra entre governos e empresas, e em que empresas têm obrigações para com a sociedade, para muito além de ofertar produtos e serviços que resolvam melhor as necessidades dos consumidores e, portanto, os satisfaçam.

Claro que ele aspira, juntamente com burocratas estatais e líderes corporativistas, um Estado inchado e intervencionista, que consequentemente ceifa liberdades e direitos individuais dos cidadãos. Talvez por isso, aparenta que a relevância e o impacto do Fórum Econômico Mundial cresçam como rabo de cavalo. Aliás, é o palco adequado para celebridades e artistas que, mais uma vez, frequentam Davos.

Onde foram parar as ideias de liberdade econômica, de produtividade, de inovações, de interconectividade global, de espírito empreendedor, de desburocratizações…, enfim? Parece que a discussão desses tópicos da realidade empresarial de sempre, tornaram-se secundários para os “temas momentosos” que agradam a agenda política de burocratas e intelectuais. Não surpreende que o foco na cidade de neve, esteja nos quentíssimos ESG, diversidade e inclusão, e mudanças climáticas.

Vendo esse “mundo novo”, acho que li os livros errados, em que a grande maioria de estudiosos recomendava, para ser sucinto, que o Estado deveria sair do caminho e atrapalhar o menos possível as pessoas e as empresas.

Posto de outra forma, o intervencionismo governamental é a receita para a catástrofe econômica e social. Isso mesmo, social.

Agora, que viram o filme, me digam: o fato de a turma de Davos e a esquerda mundial puxarem para o mesmo lado dá ideia de que o mundo está ficando louco? Pois saibam que não. É algo muito pior do que isso. É  o esquema de poder da Nova Ordem Mundial, em pleno curso.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


segunda-feira, 10 de maio de 2021

QUEM ESTÁ DO OUTRO LADO DA MESA? - Percival Puggina

Em política, como na guerra, é importante conhecer o adversário. Principalmente se ele é multiforme, ataca desde várias posições, é poderoso, mais experiente e usa de meios que não nos estão acessíveis.

Essa afirmação tem muito a ver com o quadro sucessório nacional. Salvo imprevistos, a cena eleitoral está posta. De um lado, o atual presidente e, de outro, a atual oposição, talvez dividida, que chegará ao segundo turno unificada em torno do PT.  A tentativa de restaurar a estratégia da tesoura, com um candidato de esquerda representando a direita fica tão parecida com o produto oferecido ao Brasil durante os anos da roubalheira que não vejo como possa prosperar (eleitoralmente, claro).

O perfil desse futuro adversário é bem conhecido. É muito capaz; capaz de fazer coisas que sequer imaginamos, como confessou Lula em 2014. No entanto, quero expor aqui duas características extremamente graves que não costumam ser devidamente analisadas e explicitadas.

A primeira é o desamor ao Brasil. Para melhor entendimento, estou usando aqui a palavra “esquerda” sabendo de todas as suas limitações para fins conceituais. A esquerda é histórica e internacionalmente apátrida. É universalista, coletivista, se diz humanista, mas de um curioso humanismo onde o indivíduo não conta. Já na segunda página, então, o coitado desaparece como sujeito de qualquer ação livre.  

Por isso, a rejeição e os maus adjetivos a quem canta o hino nacional, exibe a bandeira verde e amarela e ama o Brasil. Por isso, as bandeiras vermelhas proporcionam a cor característica de suas manifestações mundo afora. Por isso, viajam ao exterior, à nossa custa, falando mal do país, promovem eventos internacionais para dirigir ao governo daqui ataques que causam mal à nação. Temos um governo de perfil conservador que ousou se opor ao falso progressismo, ao globalismo e ao anticristianismo que assolam o Ocidente. O mercado político internacional tornou-se, então, comprador de toda ideia de boicote, internacionalização da Amazônia ou mentira que nos desqualifique. Tal situação agravou-se após a derrota de Trump nos EUA.

A segunda é a dissimulação. Com raras e nobres exceções individuais, seu diálogo não é franco. Seu antifascismo é fascista. É fascista na violência e agressividade dos movimentos sociais, das ações rueiras, dos gestos e palavras de ordem. O fascismo é comum aos três fantasmas que horrorizaram o século XX: o comunismo, o nazismo e o fascismo propriamente dito. Nós não estamos associados a qualquer dessas famílias ideológicas.

Seu pluralismo é excludente até a última gota da divergência. Seu jornalismo exclui os fatos a ele inconvenientes; sua universidade sepulta autores e esconde obras; suas aulas suprimem verdades eternas; sua cultura, música, teatro, manifestos são de pensamento único. Como escreveu recentemente o Dr Alex Pipkin, que é judeu e sabe do que fala, o antirracismo da esquerda é profundamente racista, provoca divisões e acirra animosidades.

Seu apreço à democracia só se manifesta onde ela bem ou mal já existe, porque onde estão no poder, some na primeira página. E calam com descontraídos sorrisos de bem-aventurança em Cuba, na Venezuela, na Nicarágua, na Coreia do Norte.  Penso que estes exemplos pinçados do cotidiano mostre como, dissimuladamente, se valem de sentimentos que são de seu generoso apreço, leitor, para cooptá-lo e lhe proporcionar o contrário disso em modo pleno.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.