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domingo, 20 de fevereiro de 2022

Magistrados deixam a toga e atuam em casos bilionários de recuperação judicial - O Estado de S. Paulo

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instaurou procedimentos nos últimos anos para investigar a conduta de magistrados que conduzem ou conduziram casos de falências e recuperações judiciais. Em um deles, um juiz foi aposentado compulsoriamente em razão de uma suposta atuação irregular ao lado de um administrador judicial. Em outra, um magistrado teve de prestar esclarecimentos sobre sua relação com uma parte no processo.

Nos últimos quatro meses, o Estadão apurou episódios em que juízes pediram demissão para integrar bancas e consultorias que atendem empresas em dificuldades financeiras, cujos processos, pouco antes, tramitavam sob a responsabilidade dos magistrados. Os casos se referem a algumas das maiores recuperações judiciais do País. Segundo a Constituição, juízes estão impedidos por três anos de migrar para a advocacia nas comarcas em que atuaram.

Na pandemia de covid-19, 1,3 mil companhias recorreram à legislação falimentar do Brasil para enfrentar débitos classificados como impagáveis. A crise sanitária, na prática, aqueceu ainda mais esse segmento, marcado por disputas e denúncias de irregularidades. Há, de fato, muito dinheiro envolvido. As maiores dívidas, porém, são de anos anteriores à chegada da covid-19. Envolvem empresas investigadas pela Operação Lava Jato, como Odebrecht, OAS, Sete Brasil e Oi. Juntas, chegaram a ter R$ 190 bilhões pendentes com credores.

A remuneração dos advogados é calculada sobre porcentuais dessa grandeza. São pagamentos legais, que atraem renomados escritórios de advocacia. Nas varas de recuperações, contudo, acusações de fraude e de má conduta de juízes e administradores indicados pela Justiça atraem a atenção de órgãos de controle e autoridades.

Ex-juiz de recuperações judiciais e falências de São Paulo, Tiago Henriques Papaterra Limongi deixou o Judiciário em maio de 2021. Foi integrar os quadros da Laspro Consultoria, do advogado Oreste Laspro, uma das maiores administradoras judiciais do Estado. O escritório cuida de casos de empresas, com dívidas bilionárias.

MAKSOUD
No mês seguinte à exoneração, Limongi compareceu, como representante do Laspro, à reunião relativa ao Hotel Maksoud Plaza, na capital paulista. O icônico hotel entrou em processo de recuperação judicial e foi vendido por R$ 70 milhões no ano passado. O processo tramita na 1.ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, na qual o ex-juiz atuou.

Quando juiz, Limongi escolheu a Laspro para ser administradora judicial em pelo menos três processos que conduziu. Um deles, em 2020, refere-se ao Grupo Ricardo Eletro, que tinha R$ 4 bilhões em dívidas com credores. O escritório também é responsável pela administração judicial da Coesa, grupo que adquiriu o passivo da OAS – cuja recuperação judicial teve Limongi como juiz.

Ex-juiz da 2.ª Vara de Falências e Recuperações de São Paulo, Marcelo Sacramone deixou o Judiciário em junho de 2021 para se associar ao advogado Gabriel Orleans e Bragança. A banca defende clientes em processos da mesma 2.ª Vara. O Estadão obteve uma procuração dada a Sacramone em novembro do ano passado para atuar na defesa do Banco Pan, na condição de credor do Banco Cruzeiro do Sul. Como juiz, Sacramone conduziu o processo de falência do Cruzeiro do Sul. Procurado pela reportagem, ele disse que deixou o processo.

ODEBRECHT
A maior recuperação judicial da história, referente aos R$ 98 bilhões em dívidas da Odebrecht, é conduzida pelo juiz João de Oliveira Rodrigues Filho. O magistrado é alvo de cinco ações do Banco do Brasil em razão de uma dívida de R$ 1,1 milhão. A instituição financeira também é credora de R$ 7,8 bilhões da Odebrecht, e, por consequência, parte na recuperação judicial. Segundo a lei, o juiz deve se dar por suspeito caso seja “credor ou devedor de qualquer das partes”.

Em outro processo de recuperação de uma empreiteira da qual o Banco do Brasil é credor, um advogado mencionou a dívida do juiz, que suscitaria, em tese, sua suspeição. O caso foi parar no CNJ. Segundo o conselho, juízes estão impedidos de julgar processos em que tenham dívidas com as partes. Ao órgão, o juiz disse que se afastou do processo para defender sua honra, o que encerrou o procedimento. Na Justiça, ele pede que os processos do banco sejam colocados em sigilo. Rodrigues Filho foi alvo de outras seis representações no CNJ.

APOSENTADO
Nos últimos meses, a empresa aérea Ita, da Itapemirim, interrompeu suas operações, em razão de dívidas com credores. Desde 2012, o grupo – que chegou a operar a maior frota de ônibus do País – está em recuperação judicial. Atualmente, o processo está na Justiça paulista. Começou, no entanto, no Espírito Santo, sob condução do juiz José Paulino Lourenço, que foi aposentado compulsoriamente pelo Tribunal de Justiça capixaba. Segundo as apurações da Corregedoria do TJ-ES, o filho de Lourenço teria uma espécie de “sociedade informal” com um administrador judicial que teria proximidade com juiz.

Em Goiás, uma suspeita de fraude de recuperação judicial foi parar na esfera criminal. Segundo o Ministério Público Estadual, uma recuperação judicial de R$ 250 milhões do Grupo Borges Landeiro, gigante do ramo imobiliário, não passou de uma “ficção” para enganar credores e sumir com o dinheiro que serviria para construir empreendimentos. Conforme a denúncia, o grupo induziu a Justiça a erro para esconder seu patrimônio de credores.

Até o momento, o MP denunciou 15 pessoas por fraude, e foram autorizados bloqueios de até R$ 500 milhões. Um advogado da equipe jurídica do grupo delatou todo o esquema, e entregou áudios e documentos ao Ministério Público.

TCU
Suspeita de conflito de interesses envolvendo ex-magistrados pautaram recentemente até o debate eleitoral. Em 2020, sete meses após deixar o Ministério da Justiça, o ex- juiz Sérgio Moro – pré-candidato do Podemos à Presidência – foi contratado pela Alvarez & Marsal. Entre as empresas cujos processos têm o escritório como administrador, estão a Odebrecht e a OAS, dois dos maiores alvos da Operação Lava Jato, cujos executivos foram julgados por Moro. O TCU passou a apurar o contrato de Moro com a consultoria. O presidenciável nega ter prestado serviço para empresas alvo da Lava Jato. Até agora nenhuma acusação formal foi apresentada contra o ex-juiz.

Ex-juízes afirmam que atuaram dentro dos limites legais
Os juízes e ex-magistrados defendem sua atuação e sustentam que atuaram dentro da lei. Tiago Limongi afirmou não ver conflito de interesses em sua relação com o escritório Laspro. “Quando das nomeações, a minha ida à Laspro não era sequer uma hipótese.” Ele declarou que, em agosto de 2020, deixou a Vara de Recuperações para atuar na Fazenda Pública. “Já estudava me exonerar.” A Laspro afirmou que já atuava em recuperações “em inúmeras comarcas do interior antes dele atuar como juiz auxiliar”. “A entrada de Tiago no escritório em nada altera nossa linha de atuação.”

O ex-juiz Marcelo Sacramone disse que está impedido de advogar na vara onde foi juiz. “Descoberto o equívoco da juntada de substabelecimento padrão do escritório com a inclusão do meu nome em processo da 2.ª Vara, mesmo que eu não tenha tido qualquer tipo de atuação, houve a minha imediata renúncia.” O juiz João Oliveira disse não haver impedimento para julgar casos que envolvam o Banco do Brasil. O advogado Cássio Rebouças afirma que o juiz aposentado José Paulino Lourenço é inocente e foi julgado “com base em presunções”. Segundo o advogado, Lourenço recorreu ao CNJ. O Grupo Borges Landeiro não se manifestou. Sérgio Moro afirmou que não prestou “trabalho para empresas envolvida na Lava Jato”. “Os argumentos de que atuei em situações de conflito de interesse não passam de fantasia sem base."

Luiz Vassallo - O Estado de S.Paulo


quarta-feira, 19 de abril de 2017

PF investiga possível fraude na compra do Banco Panamericano pela Caixapar

 Operação Conclave cumpre 46 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira uma operação para investigar a aquisição de ações do Banco Panamericano, hoje chamado de Banco PAN, pela Caixa no ano de 2009. O banco foi posteriormente vendido ao BTG Pactual. O negócio gerou prejuízo ao banco público e os investigadores apuram se houve crime de gestão fraudulenta.

A operação foi batizada de "Conclave" e cumpre 46 mandados de busca e apreensão expedidos pela 10ª Vara da Justiça Federal. São cumpridos 30 mandados em São Paulo, seis no Rio, seis em Brasília, dois em Londrina, um em Recife e outro em Belo Horizonte. A Justiça determinou ainda o bloqueio de R$ 1,5 bilhão em contas bancárias dos investigados. Um dos alvos da operação é o irmão de Silvio Santos, fundador do Panamericano, Henrique Abravanel.

Segundo a PF, a compra das ações pode ter causado "expressivos prejuízos ao erário federal". A investigação identificou três núcleos criminosos: o de agentes públicos, responsáveis pelas assinaturas de pareceres e contratos, o de consultorias, contratadas para dar legitimidade aos negócios, e o de empresários, que conheciam a real situação das empresas.

TRANSAÇÃO NEGOCIADA NO PLANALTO
A venda do Panamericano para a Caixa, através da Caixapar, foi articulada em negociações no Palácio do Planalto na época, com a participação do ex-presidente Lula e de Sílvio Santos, fundador do PAN. Na época, a presidência do banco público estava a cargo de Maria Fernanda Ramos Coelho.

[RELEMBRANDO:
O Fundo Garantidor de Crédito cuja função é garantir as contas de pequenos depositantes de bancos quebrados ─ colocou uns sete bilhões no Panamericano. E Esteves, que investiu uns 500 milhões, ficou com o banco, tendo a Caixa como minoritária. [entendam, caso consigam,  não conseguimos: o Fundo Garantidor de Crédito, sob responsabilidade do 'governo' , investiu SETE BILHÕES, catorze vezes mais que o Esteves cujo aporte foi de QUINHENTOS MILHÕES, e a Caixa, a representante do 'governo' na operação ficou como acionista MINORITÁRIA.
 
A propósito: a operação foi feita no governo Lula e, coincidentemente, na mesma época o SBT apresentou um folhetim contendo uma versão absurda do combate aos porcos terroristas durante o Governo militar  - um amontoado de mentiras, versões descabidas e cujo único resultado foi apresentar o primeiro beijo gay, feminino, na TV.]

 A Caixa Econômica Federal comprou 49% do capital votante e 20,7% das ações preferenciais do Banco PanAmericano, por R$ 739,3 milhões, em dezembro de 2009. O controle do banco, no entanto, está nas mãos do BTG Pactual. Um ano após a operação, o banco controlado pelo governo federal descobriu que tinha comprado um banco quebrado e cheio de fraudes, conforme identificou o Banco Central.

Durante a intervenção no Panamericano, o BC descobriu que a direção do banco fraudava os registros de sua carteira de crédito, processo contábil que inflava em cerca de R$ 2 bilhões seu patrimônio. Investigações posteriores descobriram que as perdas causadas ao anco pelas operações fraudulentas chegavam a R$ 3,8 bilhões. Nesse rombo havia mais de R$ 1,4 bilhão em crédito que o banco havia vendido a outras instituições que foram mantidos em seus balanços.

Com a descoberta de uma fraude contábil em plena campanha eleitoral de 2010, o banco foi socorrido pelo Fundo Garantidor de crédito (FGC), que é mantido pelos bancos. Numa operação pouco usual, o FGC injetou R$ 2,5 bilhões no banco que ainda era controlado pelo empresário Silvio Santos. O socorro foi comemorado pelo BC, que de outra forma teria de liquidar o banco, ação que evidenciaria o péssimo negócio feito pela Caixa. E pelo governo Lula, que alardeou "a solução de mercado" dada ao caso.

Num arranjo pouco transparente, em seguida, o BTG se acertou com o FGC em 2011 e, por R$ 450 milhões, adquiriu o PanAmericano, que acumula prejuízos seguidos. André Esteves, fundador do BTG Pactual, preso na Operação Lava-Jato em 2015, participou da negociação. A fraude obrigou os sócios a fazerem novos aportes para salvar a instituição e a expectativa era que o Pan voltasse a ter lucro nos dois anos seguintes, o que não aconteceu.

O Ministério Público Federal denunciou o caso à Justiça em agosto de 2012, indiciando 17 réus. Entre eles, estavam o ex-presidente do banco, Rafael Palladino, e o ex-presidente do conselho de administração do banco, Luiz Sebastião Sandoval. O Banco Central chegou a condenar os administradores do Panamericano, e os impediu de seguir atuando no mercado financeiro.

De acordo com a denúncia, os ex-funcionários do banco teriam desviado milhões da instituição através da distribuição de bônus fraudulentos. A investigação do MPF identificou outras irregularidades. Por exemplo, lançamentos feitos à mão na contabilidade do Panamericano permitiram fraude de R$ 1,6 bilhão nas carteiras de crédito cedidas a outros bancos, e de R$ 1,7 bilhão na liquidação antecipada de contratos.


Saiba mais lendo O NOME DA CRISE

Fonte: O Globo