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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O desperdício nosso de cada dia



A astronomia desconhece unidades de medidas cotidianas, como metro e quilômetro. Tudo é, no mínimo, bilhão. São 5,9 bilhões de quilômetros da Terra a Plutão, e 263 bilhões da Terra ao centro da Via Láctea. Assimilá-las não é trivial. Acontece o mesmo com as despesas do Estado, listadas em bilhão, dezenas de bilhão, centenas de bilhão de reais, tudo astronômico e desafiador como as distâncias cósmicas. Em 2015, as pastas da Educação e da Saúde receberam dotação de mais de R$ 100 bilhões cada uma

Ainda assim, faltou dinheiro. O gasto com o pagamento dos servidores federais superou os R$ 280 bilhões. A Previdência custou mais de meio trilhão. O Orçamento Geral da União foi de R$ 2,68 trilhões de reais. Números siderais, com tantos zeros, são alcançados pelas calculadoras. Mas deixam as pessoas um pouco confusas. Uma forma de trazer o debate a um patamar mais terreno é realizar os cálculos com apoio do calendário (a boa e velha folhinha) e do cronômetro. Pode parecer estranho, mas faz sentido.  

Acompanhe.
A folhinha nos oferece o custo médio do Estado brasileiro por mês (R$ 223 bilhões ), e por dia (R$ 7,3 bilhões). O cronômetro, por hora (R$ 306 milhões) e por minuto (R$ 5 milhões). Com estes novos fatiamentos, podemos executar cálculos mais palpáveis. Para melhorar o saneamento, por exemplo, um dos grandes flagelos nacionais, o Estado reserva, por ano, apenas nove horas das despesas globais. O Congresso Nacional custa, anualmente, um dia e seis horas de orçamento. O Bolsa Família, três dias e 19 horas. O Ministério da Defesa, 11 dias, Saúde e a Educação, cerca de 15 dias cada.

Além de dimensionar as despesas no tempo, o método revela que certas economias apresentadas pelas autoridades como fruto de um admirável esforço fiscal são mais modestas do que parecem. Em setembro do ano passado, o Ministério do Planejamento divulgou um pacote de cortes que incluía extinção de ministérios, eliminação de cargos de confiança e reduções variadas de gastos administrativos. Total da economia do pacote: R$ 2 bilhões no ano. Pelo cronômetro, o Estado comprometeu-se a enxugar seis horas e 34 minutos do bolo anual. Pouco, já que o ano tem 8.760 horas. No caso de 2016, bissexto, 24 horas a mais.

O Orçamento de 2015, que deveria apresentar superávit, fechou com déficit de R$ 118,6 bilhões. Zerá-lo significaria um esforço fiscal semelhante a 16 dias da despesa anual. Equivaleria a cortar, em cada mês, um dia e oito horas de custos. Mas as autoridades não conseguiram, e isso nos rendeu a perda do grau de investimento. A folhinha e o cronômetro escancaram o tipo de país que estamos construindo. 

Em 2015, o Estado reservou aos investimentos, base para o futuro, apenas dez dias de recursos — e executou cinco. Investimento é infraestrutura. São obras necessárias para tornar o país socialmente mais justo e economicamente mais competitivo. Já as despesas referentes aos compromissos assumidos no passado consomem quase cinco meses do Orçamento. São dois meses e sete dias do ano para os serviços da dívida pública e outros dois meses e 12 dias para o pagamento da Previdência.

Como o Brasil vai progredir destinando cinco dias do ano ao futuro e quase cinco meses ao passado? Parar de pagar a dívida não é opção, mas conter seu avanço vertiginoso, uma obrigação. O mesmo vale para a Previdência, um sistema que só para em pé se guiado pela lógica atuarial, não por conceitos subjetivos e discutíveis de justiça. Se o método do cronômetro e da folhinha não ajudar os governantes a compreender o tamanho do desafio, restará o método da moedinha. Cara, o Brasil vira um país insignificante; coroa, ele quebra
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Fonte: Coluna do Augusto Nunes - Publicado no Globo - Eduardo Oinegue


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O mandato da presidente está ameaçado não por Eduardo Cunha, mas pelos crimes que Dilma cometeu



Por desconhecerem qualquer tipo de limite, o PT e seus asseclas não param de expandir as fronteiras do absurdo. É compreensível que tentem institucionalizar a teoria de que um crime deixa de existir se a denúncia contra o delinquente for chancelada por uma autoridade com culpa no cartório.

Sejamos claros. Quem cometeu crime de responsabilidade chama-se Dilma Roussef. É ela a presidente da República. É ela quem deve ser castigada com o impeachment. O caso de Eduardo Cunha é de outra categoria. Trata-se de um corrupto — mais um — que terá o mandato cassado. Ponto.

Os militontos repetem que o pedido de impeachment não tem validade porque foi aceito por Eduardo Cunha. Foi aceito não por uma pessoa física, mas pelo presidente da Câmara, eleito por vontade de seus pares. Ou os defensores do impeachment deveriam entregar a petição ao porteiro do Congresso?

Dilma está com o emprego ameaçado pelos delitos que cometeu. A candidata “fez o diabo” para reeleger-se. Merece pagar por isso, seja quem for o presidente da Câmara. A pergunta é simples: se Cunha for cassado antes do impedimento da Dilma, o processo de impeachment será interrompido?

Óbvio que não. Então, diz a lógica, não existe dependência de um ato em relação a outro. As bandidagens dele nada têm a ver com os crimes dela. Queremos a cassação de Cunha (e de Renan, além de todos os envolvidos em falcatruas). E exigimos o impeachment de Dilma pelas delinquências em que se meteu. Já confessou uma delas com o pagamento das pedaladas ainda em 2015. Ao tentar fugir do que fez, delatou-se.
Se nada houve de errado, por que Dilma resolveu aumentar o rombo de orçamentos e contas em frangalhos? O truque que acaba de consumar equivale a vender a arma do crime para destruir a prova em pleno julgamento.

Usar Eduardo Cunha para escapar do impeachment só serve para comprovar o desespero dos que se sabem prestes a perder o poder. Além do mais, Cunha é coisa do PMDB, parceiro do PT. Almoçou com Dilma no Alvorada quando o abraço de afogados parecia uma boa ideia. A presidente só atacou Cunha depois do fiasco do acordo entre os fora da lei.

Qual é o nosso papel nesse enredo? Simples: queremos o impeachment e queremos a punição de todos os bandidos, pouco importa o partido a que pertençam. Não perdoo o ladrão que entrou em minha casa para roubar. Mesmo que outro integrante do bando tenha me roubado também.

Fonte: Coluna do Augusto Nunes - REYNALDO ROCHA