Eles disseram não para Dilma
Conheça o Ministério que a presidente
quis montar, mas não conseguiu devido às negativas dos escolhidos, e
entenda por que ser ministro do governo do PT não é mais tão atrativo
quanto antes
O loteamento de cargos de ministros carrega a imagem de uma disputada
guerra entre partidos e autoridades interessadas nos mais altos cargos
da República. Essa impressão decorre do prestígio proporcionado por
esses postos, das benesses inerentes às funções e da possibilidade de se
dar um salto na carreira política com o uso da máquina pública.
RECUSAS - Aloizio Mercadante sondou Blairo Maggi para os Transportes, mas ele também declinou. O mais trágico para o Brasil é que Dilma tem pretensões que Mercadante seja em 2018 o seu "poste", a sua "criatura"
Observando-se a distância, parece impossível resistir aos encantos do
poder proporcionados aos ministros de Estado. Entretanto, as
dificuldades enfrentadas pela presidente Dilma Rousseff na montagem de
um Ministério ao seu gosto e as negativas recebidas nas sondagens e nos
convites mostram que as coisas não são bem assim. As vantagens de
tornar-se ministro hoje são minimizadas pelos riscos de desgaste pessoal
e profissional dos escolhidos e pela má fama do estilo de gestão
centralizadora da presidente, que vem tornando esses cargos cada vez
menos autônomos e atraentes.
A EQUIPE QUE A PRESIDENTE QUERIA ESCALAR e que, por inteligência, dispensaram a gentil armação da presidente
Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, Josué Gomes,
da Coteminas, Abilio Diniz, presidente do conselho de administração da
BRF, senador Blairo Maggi e Luiz Trabuco, presidente do conselho do Bradesco
Não por acaso, o Ministério montado por ela para o segundo mandato é uma
colcha de retalhos que enfrenta desgaste já na largada do novo governo.
No Planalto, não é segredo que nem mesmo Dilma Rousseff está satisfeita
com a equipe formada. O desenho da distribuição dos cargos ficou bem
diferente do que ela imaginara inicialmente para seu segundo mandato. A
presidente insistiu na fórmula de ceder ministérios a aliados seguindo o
velho critério do fisiologismo e da distribuição de poder em nome da
governabilidade. Ao mesmo tempo, precisou digerir o fato de que alguns
dos nomes que realmente pretendia atrair para sua equipe declinaram dos
convites sem-cerimônias.
O mais recente caso de negativa recebida pela
presidente foi do seu piloto oficial, brigadeiro Joseli Camelo, que
acumula 12 anos de serviços aos presidentes da República. Ele recebeu
pessoalmente o convite de Dilma para se tornar ministro-chefe do
gabinete de segurança institucional. Substituiria José Elito Siqueira,
cujas relações com a presidente são protocolares e marcadas por muitas
reclamações sobre sua atuação. Na função, Joseli seria o responsável
pela segurança presidencial, ganharia um gabinete ao lado de Dilma e
teria o comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o serviço
secreto do Brasil. A conversa aconteceu no dia 8 de janeiro, durante o
voo de retorno a Brasília, depois de um breve recesso da presidente com
sua família na Base Naval de Aratu, na Bahia.
RECUSAS - O brigadeiro Joseli Camelo recebeu o convite
de Dilma para se tornar ministro-chefe do GSI.
Mas os problemas enfrentados por José Elito o desencorajaram.
O brigadeiro declinou do
convite e lembrou a presidente que seu maior projeto profissional era
tornar-se ministro do Superior Tribunal Militar. Sobre a negativa,
Camelo pouco comentou. “Estou sendo indicado para o STM e serei
sabatinado pelo Senado. Se os senadores aprovarem meu nome, serei um
juiz”, afirmou. Nos bastidores, entretanto, sua resistência a integrar o
primeiro escalão do governo foi creditada aos problemas enfrentados por
José Elito e às pressões que o ministro do GSI recebe diariamente, seja
por falhas na segurança, seja por falta de recursos destinados a
projetos e treinamentos dos funcionários do gabinete. Joseli Camelo é
conhecido por sua discrição e pela preferência em manter-se distante de
problemas e polêmicas, comuns entre quem vive muito próximo ao poder.
Ler mais, clique aqui