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sábado, 17 de janeiro de 2015

Os capazes, os competentes disseram não para Dilma - só restou, o resto

Eles disseram não para Dilma

Conheça o Ministério que a presidente quis montar, mas não conseguiu devido às negativas dos escolhidos, e entenda por que ser ministro do governo do PT não é mais tão atrativo quanto antes 

O loteamento de cargos de ministros carrega a imagem de uma disputada guerra entre partidos e autoridades interessadas nos mais altos cargos da República. Essa impressão decorre do prestígio proporcionado por esses postos, das benesses inerentes às funções e da possibilidade de se dar um salto na carreira política com o uso da máquina pública. 
RECUSAS - Aloizio Mercadante sondou Blairo Maggi para os Transportes, mas ele também declinou. O mais trágico para o Brasil é que Dilma tem pretensões que Mercadante seja em 2018 o seu "poste", a sua "criatura"

Observando-se a distância, parece impossível resistir aos encantos do poder proporcionados aos ministros de Estado. Entretanto, as dificuldades enfrentadas pela presidente Dilma Rousseff na montagem de um Ministério ao seu gosto e as negativas recebidas nas sondagens e nos convites mostram que as coisas não são bem assim. As vantagens de tornar-se ministro hoje são minimizadas pelos riscos de desgaste pessoal e profissional dos escolhidos e pela má fama do estilo de gestão centralizadora da presidente, que vem tornando esses cargos cada vez menos autônomos e atraentes.
A EQUIPE QUE A PRESIDENTE QUERIA ESCALAR e que, por inteligência, dispensaram a gentil armação da presidente
Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, Josué Gomes,
da Coteminas, Abilio Diniz, presidente do conselho de administração da
BRF, senador Blairo Maggi e Luiz Trabuco, presidente do conselho do Bradesco

Não por acaso, o Ministério montado por ela para o segundo mandato é uma colcha de retalhos que enfrenta desgaste já na largada do novo governo. No Planalto, não é segredo que nem mesmo Dilma Rousseff está satisfeita com a equipe formada. O desenho da distribuição dos cargos ficou bem diferente do que ela imaginara inicialmente para seu segundo mandato. A presidente insistiu na fórmula de ceder ministérios a aliados seguindo o velho critério do fisiologismo e da distribuição de poder em nome da governabilidade. Ao mesmo tempo, precisou digerir o fato de que alguns dos nomes que realmente pretendia atrair para sua equipe declinaram dos convites sem-cerimônias. 

O mais recente caso de negativa recebida pela presidente foi do seu piloto oficial, brigadeiro Joseli Camelo, que acumula 12 anos de serviços aos presidentes da República. Ele recebeu pessoalmente o convite de Dilma para se tornar ministro-chefe do gabinete de segurança institucional. Substituiria José Elito Siqueira, cujas relações com a presidente são protocolares e marcadas por muitas reclamações sobre sua atuação. Na função, Joseli seria o responsável pela segurança presidencial, ganharia um gabinete ao lado de Dilma e teria o comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o serviço secreto do Brasil. A conversa aconteceu no dia 8 de janeiro, durante o voo de retorno a Brasília, depois de um breve recesso da presidente com sua família na Base Naval de Aratu, na Bahia. 
RECUSAS -  O brigadeiro Joseli Camelo recebeu o convite
de Dilma para se tornar ministro-chefe do GSI. 
Mas os problemas enfrentados por José Elito o desencorajaram. 
 
O brigadeiro declinou do convite e lembrou a presidente que seu maior projeto profissional era tornar-se ministro do Superior Tribunal Militar. Sobre a negativa, Camelo pouco comentou. “Estou sendo indicado para o STM e serei sabatinado pelo Senado. Se os senadores aprovarem meu nome, serei um juiz”, afirmou. Nos bastidores, entretanto, sua resistência a integrar o primeiro escalão do governo foi creditada aos problemas enfrentados por José Elito e às pressões que o ministro do GSI recebe diariamente, seja por falhas na segurança, seja por falta de recursos destinados a projetos e treinamentos dos funcionários do gabinete. Joseli Camelo é conhecido por sua discrição e pela preferência em manter-se distante de problemas e polêmicas, comuns entre quem vive muito próximo ao poder.


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