[ter como vice alguém 'abençoado' por Lula, pode ser a maldição de Alckmin.
No currículo de Josué, duas anotações:
- ser empresário = excelente para quem é ou pretende ser ou continuar empresário;
- ser herdeiro de José Alencar - o que nada acrescenta para fins políticos ou de competência administrativa; muitas vezes os herdeiros conseguem destruir o que herdaram.
um filho do Eike Batista decidisse ser candidato teria as mesmas anotações - alguém votaria nele? e, se eleito, quem votou nele repetiria o feito? ]
Filho do vice-presidente de Lula se filiou ao PR com a benção do petista e é apontado como possível vice de Alckmin
Josué Gomes, de herdeiro de
José Alencar a vice cobiçado
Filho de José
Alencar (1931-2011), vice-presidente de Luiz Inácio Lula da
Silva, o empresário Josué Gomes é dado como nome certo para vice
de Geraldo Alckmin (PSDB). Sempre teve, no entanto, uma estreita
relação com um adversário histórico dos tucanos: o PT. A própria filiação ao
PR, em abril deste ano, foi sacramentada após articulação de Lula. Antes de ser
preso, o ex-presidente sonhava reeditar a chapa que o elegeu em 2002, desta vez
trocando José por Josué.
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Sucessor
do pai na presidência da Coteminas, até o início de 2018 Josué estava no MDB.
Como uma aliança com o partido de Michel Temer seria impossível para Lula,
trocou de legenda — mas o plano não seguiu como esperado. Após a prisão do
petista, Valdemar Costa Neto, dono do PR, ponderou que seria loucura escorar-se
num candidato que seria impedido pela justiça de disputar o pleito. Para
Valdemar, acima de tudo, vale o pragmatismo.
Na última
segunda-feira, em conversa entre Josué e Valdemar, o empresário colocou-se à
disposição para ser vice de quem o centrão (DEM, PP, PR, PRB e SD) indicasse.
Quinta-feira, com o desfecho da novela, coube a Josué dizer, em nota, que
recebia “com responsabilidade" a indicação para ser vice de Alckmin. Essa não
será sua estreia na arena política. Em 2014, foi derrotado por Antonio
Anastasia (PSDB) em eleição para o Senado em Minas Gerais. Mas não fez feio:
teve 3,6 milhões de eleitores, equivalente a 20% dos votos válidos. Mineiro,
Josué vive em São Paulo, onde gerencia um império da indústria têxtil, com
fábricas no Brasil, Argentina, Estados Unidos e Canadá.
PESQUISA
DESENCORAJOU CANDIDATURA
A
experiência de quatro anos atrás fez com que o PR pensasse até mesmo em
lançá-lo como cabeça de chapa. Após sugestão do presidente do Democratas, ACM
Neto, o PR contratou uma pesquisa qualitativa para testar a viabilidade
eleitoral de Josué como candidato ao Planalto. O levantamento foi feito em São
Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador.
O resultado, ao qual O GLOBO teve acesso, foi decepcionante. Como não se trata de
um levantamento quantitativo, o estudo é focado na análise de pontos positivos
e negativos, segundo a visão de eleitores entrevistados. Com os dados
coletados, chegou-se à conclusão de que “não foi possível avaliar a imagem do
pré-candidato”, dado “o total desconhecimento, tanto do nome quanto da
fisionomia” de Josué.
Após a
apresentação, pelo pesquisador, de biografia e vídeo, foram retiradas apenas
algumas conclusões. Como pontos positivos, o “apelo por ser novo” e “o
potencial de focar na pauta de geração de empregos e renda”. Pelo lado negativo,
em Belo Horizonte e em São Paulo, houve rejeição pela aproximação de Josué com
o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
No meio
político, entretanto, é difícil alguém criticar Josué pela proximidade com o
PT. Mesmo o dono da Riachuelo, Flávio Rocha, ex-presidenciável do PRB que foi
apoiado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), elogia o colega:
— É meu
amigo. Um grande comunicador, bastante falante, mineiro em não revelar tudo o
que diz. Mas fluente em verbalizar tudo, embora não revele o essencial. É o
jeito dele.
De fato,
Josué comporta-se “mineiramente” para transitar entre as mais variadas
correntes políticas. Em maio, quando foi à Câmara conhecer a bancada de seu
novo partido, foi perseguido por repórteres que tentaram arrancar-lhe algum
indicativo de que fosse candidato. Não descartou nenhuma candidatura, mas
terminou dizendo: “Vocês são muito insistentes e eu sou muito mineiro.”
Após essa
visita, o nome de Josué começou a circular como um possível candidato. Ele
passou a ser recebido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e a
dialogar com parlamentares. Também começou a fazer rodadas de conversas com
empresários em São Paulo. Apesar da
identificação com suas origens, enquanto o quadro ainda estava desorganizado
para o centrão — o PR quase declarou apoio a Jair Bolsonaro (PSL) —, Josué
rejeitou candidatar-se ao governo de Minas. O motivo foi o seu recente processo
de “paulistização”.
Em
reunião com dirigentes do PR, segundo um dos presentes, Josué declarou:
— Rapaz,
as pessoas lá (em Minas Gerais) são muito bairristas e eu já estou
morando em São Paulo há muito tempo. Não vai dar.
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