Bandidos uniformizados invadiram o local;
Sindicarga diz que PM foi acionada para recuperar aparelhos mas alegou falta de
recursos
O diretor
de Segurança do Sindicato de Empresas de Transporte Rodoviário e Logística do
Rio de Janeiro (Sindicarga), coronel Venâncio Moura, denunciou, nesta
quarta-feira, um roubo milionário ocorrido no último domingo, no terminal de
carga de Aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio.
Segundo ele, bandidos levaram do local uma carga de celulares avaliada em US$ 1
milhão — cerca de R$ 3,4 milhões.
São
aparelhos que ainda nem chegaram às lojas do estado: Samsung do modelo S9, que
custam aproximadamente R$ 3,8 mil cada. De acordo com Moura, os celulares
tinham rastreadores que apontaram que eles foram levados para a Favela Nova
Holanda, no Complexo da Maré, também na Zona Norte. O 22º BPM (Maré),
responsável pelo policiamento na comunidade, foi acionado, de acordo com o
coronel, mas não foi ao local. — A PM
alegou que não tinha recursos para ir à favela. A DRFC (Delegacia de Roubos e
Furtos e Cargas, unidade da Polícia Civil responsável por investigar roubos de
cargas) também está sem condições, sem blindados — afirmou Venâncio Moura.
Ele disse
ainda que o transportador dos telefones celulares afirmou que não trará mais cargas
para o Rio: — Ele
contou que foi o quarto roubo em um ano. Fez tudo certo, cercou-se de todos os
cuidado. Fez transporte aéreo, pagou três impostos para transportar o material
do Espírito Santo para o Rio e ia pegar no terminal num caminhão blindado. Aí
acontece uma coisa dessas.
O diretor
do Sindicarga afirmou que esse foi o segundo roubo do tipo ocorrido no Rio em
menos de uma semana. De acordo com ele, na semana passada bandidos roubaram uma
carga da Apple avaliada em R$ 2 milhões que havia acabado de deixar o terminal
de carga do Galeão. — Foram
R$ 5 milhões de prejuízo em uma semana. Está terrível o Rio de Janeiro. A única
carga que circula aqui sem problema, que se salva, é a de caixão. Porque
ninguém quer comprar caixão, não é mesmo? — disse o coronel.
‘A única
carga que circula aqui sem problema, que se salva, é a de caixão’
COMO FOI
A AÇÃO NO GALEÃO
Por volta
das 21h30 de domingo, três bandidos num caminhão invadiram o terminal de carga
e entraram num galpão da Gol. Eles usavam uniformes semelhantes aos dos
funcionários. Segundo
depoimento dos empregados rendidos, os bandidos mostraram as armas e fizeram
uma série de ameaças. Eles pegaram os celulares, levaram para o caminhão que
usavam e fugiram.
A ação
foi filmada por pelo circuito interno de câmeras e mostra a movimentação dos
ladrões. Todos usavam bonés que escondem seus rostos parcialmente. Eles
integrariam um bando chamado Bonde do Gordão, do Complexo da Maré. O
consórcio RIOGaleão informou que está à disposição para apoiar as investigações
sobre o crime: "O RIOgaleão está à disposição para apoiar as investigações
dos órgãos responsáveis sobre o assalto ocorrido no último domingo, às 21h40,
no terminal de cargas destinado às companhias aéreas nacionais". A Gol
também ressaltou que "está colaborando com as investigações junto aos
órgãos responsáveis".
Já a
Polícia Civil informou que o roubo foi registrado na Delegacia de Atendimento
Policial do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Dairj), "mas o
procedimento foi encaminhado para Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas
(DRFC), que prosseguirá com as investigações".
PM DIZ
QUE ATENDIMENTO NÃO ERA UMA EMERGÊNCIA
A Polícia
Militar informou que só foi comunicada a respeito do roubo dos celulares na
segunda-feira e que, por isso, avaliou que a chamada não era uma emergência.
Além disso, destacou que ações noturnas demandam "planejamento prévio que
considere a segurança de moradores e policiais militares e os protocolos
estabelecidos em decisão da 6ª Vara de Fazenda Pública de Comarca da
Capital":
"A
Assessoria de Imprensa da Polícia Militar informa que o 22ºBPM (Maré) foi
informado sobre a possível localização da carga roubada na noite de
segunda-feira (16/04). O acionamento não foi feito pela Central 190. Foi
avaliado que não se tratava de uma emergência, já que a carga foi roubada no
dia anterior, e este tipo de ação noturna demanda planejamento prévio que
considere a segurança de moradores e policiais militares e os protocolos
estabelecidos em decisão da 6ª Vara de Fazenda Pública de Comarca da
Capital".
O Globo