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domingo, 11 de agosto de 2019

Avó de Michelle Bolsonaro fica três dias em corredor do HRC [Hospital Regional da Ceilândia - Brasília - DF]

Ela sofreu uma queda e quebrou a perna direita. Neste sábado, foi transferida ao Hospital de Base e passa por exames

Após ficar três dias nos corredores do Hospital Regional de Ceilândia (HRC), a avó da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foi transferida para o Hospital de Base neste sábado (10/8). Maria Aparecida Firmo Ferreira, 78 anos, sofreu uma fratura na perna depois de cair dentro de casa, no Sol Nascente. 
Maria Aparecida Firmo Ferreira, 78 anos, sofreu uma fratura na perna depois de cair dentro de casa (foto: Reprodução/TV Brasília)
 
[a SAÚDE PÚBLICA no DF está um caso perdido, desesperador e precisa urgente de uma intervenção federal ou de um recall, alguma coisa que afaste o Ibaneis.
O Atual governo recebeu Brasília um CAOS na Saúde Pública, Educação, Transportes, Segurança e agora, por incompetência, está transformando o CAOS em CAOS CAÓTICO;
A única medida que o governado sabe adotar é pintar meio-fio e demitir diretor de órgão que não funciona - não funcionamento causado por falta de profissionais e material.
A semana que passou ele demitiu a comandante da PMDF e o chefe do Gabinete Militar, devido o Hospital da PMDF estar atendendo - POR FALTA DE PROFISSIONAIS - com apenas 40% de sua capacidade.
Se o descaso, o desprezo, o maltratar os doentes, ocorrer com a AVÓ da PRIMEIRA-DAMA, imagine o que ocorre com os que não tem parentes importantes.]
Ela deu entrada no HRC na quinta-feira (7/8) e, após ser realocada, passou por exames para avaliar se será ou não necessário submetê-la a um procedimento cirúrgico. Maria Aparecida sofre de osteoporose e precisa de muletas para se locomover. Há cinco anos ela aguarda uma cirurgia na perna direita, a mesma lesionada durante a recente queda. 
 
De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), Maria Aparecida estava sendo atendida e medicada pela equipe de ortopedistas do HRC, composta por 31 profissionais. [se você for hoje,  hospital em hospital, não vai encontrar em todos os  hospitais do DF 31 ortopedistas.]
 
Sem contato com a neta, Maria Aparecida acompanha de longe a vida de Michelle Bolsonaro. Com carinho, ela guarda fotos do casamento de Michelle e Bolsonaro, em 2013, no Rio, enviadas por meio eletrônico e impressas em uma folha de sulfite. "Fiquei muito feliz. Ela nem pensa como eu fiquei feliz por ela, de eu saber que ela era quem ela era, tadinha, e hoje ela é daquele jeito porque ela teve atitude, procurou, correu atrás. Toda a vida ela trabalhou", contou Maria em entrevista exclusiva, realizada em novembro do ano passado. A avó não esteve presente no casamento. 
 
 
 

 

sábado, 13 de abril de 2019

“Um dia quero ir lá”

A vida dura da avó da primeira-dama Michelle Bolsonaro numa favela que fica a apenas 40 quilômetros do Palácio da Alvorada



Maria Aparecida Firmo Ferreira tem 79 anos, é cardíaca, sofre de Parkinson, locomove-se com dificuldade e mora num casebre que fica na parte mais miserável de Brasília — a favela Sol Nascente, conhecida pela violência, dominada pelo tráfico de drogas e conflagrada por facções que usam métodos similares aos das milícias cariocas. Sem se preocupar com tudo isso, dona Aparecida, como é conhecida, enfrenta uma odisseia diária. Aposentada, ela divide seu tempo entre cuidar de um filho deficiente auditivo, ir ao posto de saúde buscar remédios e bater papo com os vizinhos. Na segunda-feira 8, chovia muito, mas ela manteve a rotina. Para se proteger, pôs um gorro na cabeça, vestiu dois casacos sobre uma blusa e uma saia sobre uma calça de moletom. De muletas, driblando a lama e os buracos da rua e sem conseguir esconder a expressão de dor, caminhou mais ou menos 1 quilômetro até a casa de uma amiga. Nesses encontros diários, há apenas um assunto proibido.

Ninguém, ou quase ninguém da vizinhança, sabe que ela é avó da primeira-­dama Michelle Bolsonaro.  A neta agora famosa, o presidente da República e a pobreza são assuntos que parecem despertar sentimentos conflitantes em dona Aparecida. Faz mais de seis anos que ela não vê a neta que ajudou a criar. A avó não foi convidada para a posse, nem ela nem sua filha, mãe de Michelle, Maria das Graças. Passados três meses de governo, ela não recebeu convite para uma visita ao Palácio da Alvorada, a residência oficial, que fica a apenas 40 quilômetros da favela. Por quê? Ela diz que não sabe responder. O pastor Messias Rezende, da Assembleia de Deus, é um dos poucos confidentes que sabem do parentesco. Ele já se dispôs a tentar intermediar um encontro com o presidente Bolsonaro, mas dona Aparecida rejeitou. “Aprendi que só vamos a pessoas importantes quando somos convidados. É minha neta, cresceu lá em casa, mas agora ela é a primeira-dama.” Por trás da recusa, ela revela um temor: “Além disso, se eu chegar assim (diz apontando para as próprias roupas), posso ser destratada, e isso vai me magoar. Eu não tenho roupa, sapato, nada disso, para frequentar esses lugares”.

Por causa dessa falta de convivência com a neta, dona Aparecida também perdeu o contato com as bisnetas há seis anos. A mais nova, Laura, filha de Michelle com Bolsonaro, ela viu pela última vez quando a menina tinha apenas 2 anos. O presidente ainda era deputado federal e, embora já planejasse disputar a Presidência da República, tudo não passava de uma ideia que poucos levavam a sério. A bisneta mais nova, agora, tem 8 anos. A mais velha está com 16. A avó acompanha, com a ajuda do filho, o crescimento das meninas pelo grupo de WhatsApp da família, no qual ela mesma não está incluída porque não sabe ler. “Eu gosto muito do Jair. Gostei desde a primeira vez. Ele sempre me abraçava, me beijava, me chamava de vó. Vou abraçar e beijar o meu presidente, agora. Ele é uma pessoa muito humilde. Tenho certeza de que, se eu chegar lá, ele vai me receber com muito carinho. Eu ainda quero vê-lo. Quando Jair sofreu o atentado, fiquei muito emocionada e passei a jejuar para que ele melhorasse”, diz. Ela só tem elogios ao presidente: “Tenho certeza de que o meu presidente vai ajudar os aposentados, vai melhorar a saúde, vai dar emprego para todo mundo, vai acertar os bandidos e vai baixar o preço das coisas”, lista. “Então, vai ficar bom para mim também.”

SEM CONTATO – A primeira-dama Michelle: notícias só pelo WhatsApp (Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo)

Dona Aparecida sente o peso da idade, da falta de estrutura do local onde mora e de receber um salário mínimo de aposentadoria, conseguida graças aos anos em que trabalhou nos serviços gerais em uma das sedes do Banco do Brasil. Além de problemas cardíacos e do Parkinson, ela tem colesterol alto e osteoporose — a doença responsável pelo uso de muletas. Mas diz que “Deus dá força”. Quando um dos filhos não pode levá-­la às consultas médicas, ela própria caminha até o ponto de ônibus mais próximo, a cerca de 1 quilômetro. Os remédios são da farmácia popular. E a alimentação é incrementada por uma cesta básica fornecida pelo governo do Distrito Federal. “Gosto de algumas pessoas, mas, se eu pudesse escolher, sairia daqui”, diz.

A vida é dura no Sol Nascente. Falta rede de coleta de esgoto, falta asfalto nas ruas, falta coleta de lixo em grande parte das residências e faltam informações oficiais atualizadas. VEJA pediu ao governo do Distrito Federal dados sobre segurança pública na região, considerada uma das mais violentas, mas a Pasta responsável pela área informou não os ter, embora a favela tenha alcançado 79 912 moradores, uma das maiores do país. [não é apenas uma das maiores favelas, é a SEGUNDA MAIOR FAVELA do Brasil, perdendo apenas para a favela da Rocinha no Rio.
E a INsegurança Pública é total - estilo matam um hoje deixam dois amarrados para matar amanhã.] Por cinco dias, a reportagem da revista esteve no Sol Nascente. Encontrou pichações alusivas a grupos de bandidos locais, ao PCC e à carioca Amigos dos Amigos (ADA). No entanto, segundo o delegado da 19ª DP, Jonatas José, que atende a favela, os grupos locais foram desmantelados em 2016. “O que há são criminosos isolados, mas não há facção organizada, que controle território, nada disso”, diz.

Numa ocasião, a reportagem de VEJA foi abordada por três homens armados. Após apresentarem seus distintivos, solicitaram a identificação dos jornalistas. Eram policiais civis à paisana. “Só abram o olho, porque isso aqui é perigoso”, disse um deles. VEJA estava a poucos metros da casa de dona Aparecida. Motoristas de aplicativos também se recusam a entrar em algumas áreas da favela. Apesar de topar conversar com a reportagem, dona Aparecida disse que não quer dar entrevista. Ou melhor: “Lá em cima eles não querem que eu fale”. Perguntada a quem se referia, respondeu: “Michelle”. “Meu filho mais velho disse que se me sequestrarem a ordem é não pagar o resgate e, aí, vão me matar”, assusta-se ela. Dona Aparecida diz que só abriria uma exceção ao apresentador Ratinho. “Se eu falar com o Ratinho, ele vai me levar lá no Planalto… Porque, se você me levar lá, eles vão botar a gente para correr. Mas o Ratinho, não. Eu vi na TV que ele é amigo do Jair. E um dia eu quero ir lá.”

Publicado em VEJA de 17 de abril de 2019, edição nº 2630