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sábado, 11 de maio de 2019

A nova geração de bons militares - enquanto o governo trabalha desarticulado no Congresso, a caserna trabalha sem alarde

Enquanto o governo patina no desenvolvimento de projetos e segue desarticulado no Congresso para a aceleração das reformas, a caserna trabalha sem alarde e faz a diferença

Os modos lhanos do hoje ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, encantava a todos em seu entorno, desde o período de transição do governo. Dono de um rosto afável, um sorriso amigável e um semblante sereno, não deixava de cumprimentar um a um ao desembarcar no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo provisório em Brasília. A imagem contrastava com aquela tradicionalmente exibida por milicos de altíssimo coturno dos tempos da ditadura, não raro sisuda, casmurra e irascível. A ponto de seguranças e servidores do local questionarem: “Ele é mesmo um general?”. Heleno é um dos símbolos da nova safra de generais que ascendeu ao poder a partir da eleição de Jair Bolsonaro. Não só devido ao jeitão despojado, aparentemente informal, pela educação quase suíça ou pela gentileza dispensada a quem o rodeia.

 ADNILTON FARIAS
O general – atualmente um dos principais conselheiros de Bolsonaro, papel que no passado foi exercido por Golbery do Couto e Silva, influente mentor dos presidentes militares durante décadas – vem de uma linhagem de integrantes das Forças Armadas democráticos por excelência para os quais os projetos destinados a desenvolver o País devem pairar muito acima de ideologias de ocasião. Augusto Heleno não constitui um caso isolado – muito pelo contrário. Outros militares nomeados para cargos estratégicos do governo Bolsonaro se destacam como vozes eloqüentes de sensatez, equilíbrio e serenidade, quando tudo parece degenerar em caos. Hoje, estima-se que aproximadamente 120 membros da caserna integrem o governo no primeiro, segundo e terceiros escalões. Enquanto, em diversas ocasiões, a gestão se perde em discussões estéreis, enfileirando crises e mais crises sem necessidade, os militares trabalham.

“Palavra” tem sido o principal trunfo de outro general, o vice-presidente Hamilton Mourão – hoje imbuído de um papel moderador. O seu trabalho de mediar crises no governo tem se destacado tanto que ele chegou a desconfiar que o presidente monitorava seus passos, instalando escutas no gabinete no Planalto. Não à toa. Afinal, Mourão tem feito uma coisa que Bolsonaro não faz: dialogar com os políticos de todas as correntes, procurando adeptos aos projetos do governo, sobretudo para a aprovação da reforma da Previdência. A desenvoltura no trabalho do vice-presidente é fruto da experiência que ele adquiriu em 47 anos de Exército, o que, para ele, tem feito a diferença na atual gestão. “Todos nós (generais) somos administradores. Desde o primeiro momento em que a gente entra na carreira”, disse Mourão à ISTOÉ. “Além disso, a gente trabalha com organização. Por exemplo, os generais já comandaram um batalhão, uma brigada ou uma divisão, com muita gente sob seu comando. Então, obviamente, isso dá uma bagagem grande quando chegamos à administração pública”, complementou.

Fim dos ruídos
Um dos maiores problemas do governo Bolsonaro tem sido exatamente o da falta de comunicação ou ruídos na interlocução tanto com a sociedade civil, como com a classe política. Pois bem. O cenário está mudando graças ao general Otávio Rêgo Barros, porta-voz da Presidência. Depois dos tropeços no começo do governo, Bolsonaro chamou Rêgo Barros para resolver o fosso existente entre ele e a mídia, principalmente. E a comunicação do governo realmente melhorou de forma clara e indiscutível nos últimos meses. O porta-voz é o homem responsável pelos discursos mais moderados do presidente e por corrigir vários embaraços causados pelo próprio mandatário. Mais recentemente, Barros passou a organizar cafés da manhã com jornalistas, o que tem aproximado o presidente da imprensa. Sempre gentil e disposto a colaborar com os jornalistas, o ex-coordenador de Comunicação do Exército tem tentado mostrar à cúpula do governo que é importante saber conviver com as críticas da mídia – parte integrante do jogo democrático.

A melhoria na articulação do governo advém também da figura do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo. Hoje, vários parlamentares admitem que preferem conversar diretamente com Santos Cruz do que dialogar com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, justamente pelo fato de que o general é considerado mais acessível e maleável. Tem sido de responsabilidade de Cruz também a organização da comunicação institucional do governo Bolsonaro, o que tem lhe provocado alguns dissabores. Até porque, tem contrariado alguns interesses. O general, por exemplo, resolveu auditar todos os contratos de propaganda assinados durante o governo do PT, que vigoraram até o governo Michel Temer (MDB). Ele acredita que possam estar eivados de vícios e vantagens indevidas. Ele quer promover a revisão de contratos antes de efetivar novas contratações. Tudo, segundo ele, “para evitar o desperdício de dinheiro público”. Filosofias como essas têm contribuído para mudar paulatinamente o olhar da sociedade sobre os militares: de ditadores brutais para gestores racionais e, acima de tudo, competentes.

No início do governo, o vice-presidente e general Hamilton Mourão pediu ao presidente Jair Bolsonaro que ele tivesse uma função preponderante no governo, para que não ficasse como mera figura decorativa. Ele queria ser uma espécie de supervisor das ações de todos os ministros na Esplanada, mas acabou se sentindo escanteado. Por isso, criou uma agenda própria. Passou a dialogar tanto com políticos da direita, quanto da esquerda, abrindo uma janela de diálogo mais ampla que a do próprio presidente. Assim, Mourão se transformou no contraponto pragmático do governo, ajudando a estreitar relações com parceiros comerciais históricos como os países árabes e a China, regiões com as quais Bolsonaro criou atrito por conta, sobretudo, da tentativa de transferir a embaixada brasileira de Israel para Jerusalém.

O CONSELHEIRO
General Augusto Heleno: ministro do Gabinete de Segurança Institucional

É tido como o principal conselheiro do presidente. Com um estilo calmo e conciliador, vem atuando como bombeiro em várias crises provocadas por integrantes do próprio governo, principalmente a decorrente do episódio das investidas públicas do ideólogo Olavo de Carvalho e dos filhos do presidente contra militares. Lhano no trato, ele é visto por todos como a voz mais ponderada do Palácio do Planalto.


O EMPREITEIRO

O capitão Tarcísio Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura, por exemplo, é o responsável pelas melhores notícias do governo Bolsonaro até o momento. Ex-chefe do setor técnico da Companhia de Engenharia do Brasil na Missão de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, entre 2005 e 2006, Tarcísio comandou o processo de concessão de 12 aeroportos, que gerou R$ 2,3 bilhões para os cofres públicos. A expectativa é que no ano que vem outros 22 venham a ser privatizados, com o ingresso de mais recursos para o caixa do governo. 

O processo de concessão de aeroportos resultou em um ágio de aproximadamente 1.000% e a expectativa é que os aeroportos do Recife, João Pessoa, Vitória e Cuiabá comecem a melhorar já nos próximos meses. Além disso, foi ele quem desenvolveu o projeto de concessão da ferrovia Norte-Sul, travado desde os tempos do governo Sarney. Com ela, o governo federal obteve R$ 2,7 bilhões, com um ágio de 100%. Virou o ministro que destrava projetos, mas não só. Foi ele quem, por meio do plano de recuperações de rodovias, prevendo investimentos da ordem de R$ 2 bilhões, motivou o arrefecimento do movimento grevista dos caminhoneiros previsto para o início deste mês. Confiando na palavra do ministro, eles recuaram.



O empreiteiro - Alberto Ruy
Considerado um dos ministros mais competentes do governo Bolsonaro, o capitão Tarcísio de Freitas tem como principal característica a efetividade do trabalho. A infraestrutura é a pasta de onde estão vindo as principais notícias positivas do governo, com a concessão de 12 aeroportos e a recuperação e reestruturação de rodovias importantes como a BR-163 até Miritituba e a BR-135 (no Maranhão), parada desde o governo Dilma. O ministro destravou também outros leilões de privatizações, como a venda de seis áreas portuárias no Pará, assinou oito contratos de adesão de Terminais de Uso Privado (TUPs) para ampliar a movimentação de cargas em portos, e agilizou outros dois leilões de arrendamento dos Portos de Santos (SP) e Itaqui (MA), tudo para facilitar a concessão da ferrovia Norte-Sul.

O ARTICULADOR
General Santos Cruz: ministro da Secretaria de Governo
 Metódico e direto, o ministro Carlos Alberto Santos Cruz, da Secretaria de Governo, é o grande personagem da articulação política do governo Bolsonaro, avocando para si funções do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Para a tramitação da Reforma da Previdência, por exemplo, Santos Cruz montou um núcleo de acompanhamento político e organizou uma lista de 25 deputados federais que o tem auxiliado na função. Foi ele quem ajudou o PSL a indicar nomes para fazer parte da tropa de choque em defesa do Planalto na Comissão Especial na Câmara. Nos bastidores, é visto como um dos ministros que mais trabalham. Em geral, é o primeiro que chega e último que deixa o Palácio do Planalto. Também tem comandado com pulso firme a comunicação, desautorizando o repasse de verbas publicitárias a blogs, alguns deles alinhados, inclusive, ao bolsonarismo, o que irritou o filho do presidente, o vereador Carlos

O COMUNICADOR
General Rêgo Barros: porta-voz da presidência
Se dependesse exclusivamente do general Otávio Rêgo Barros, porta-voz da presidência, o governo não teria entrado nem em 10% das enrascadas provocadas por erros de comunicação. Graças a ele, houve melhorias no diálogo do presidente com a imprensa a partir do final de janeiro. E é ele o responsável por amenizar confusões provocadas pelo governo. Militar formado na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), tem como especialidade o gerenciamento de crises. Indicado pelo general Augusto Heleno, é considerado dentro do núcleo militar como um dos melhores quadros da caserna. Também é respeitado pela ala ideológica do governo, justamente por não emitir opiniões sem antes combiná-las com o presidente Bolsonaro. Prestigiado, passou a integrar o primeiro-time de conselheiros palacianos. Ultimamente, é ele quem dá a tônica moderada das notas oficiais lidas em nome do presidente da República.

RevistaÉ




 

segunda-feira, 19 de março de 2018

Segurança nas mãos certas - Militares ganham cada vez mais protagonismo em meio a crise da segurança

Missão de Paz no Haiti, iniciada em 2004, é o ponto de inflexão para o Exército, que se tornou mais operacional. O protagonismo foi retomado na gestão Temer, que, ao recriar o GSI, garantiu espaço para os generais 

A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro foi o ápice de um movimento que já se evidenciava na gestão Michel Temer: a retomada do protagonismo dos militares na vida política nacional. A partir de um gabinete no quarto andar do Palácio do Planalto, com uma vista privilegiada do Congresso Nacional, o gremista Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), é figura central nesse tabuleiro. Esmera-se, no entanto, para afastar os holofotes, afirmando que não vai competir politicamente com ministros palacianos atuantes. Mas não se engane: o militar mais próximo de Temer é o mais forte comandante do GSI dos últimos 16 anos.

Há quem se recorde do general Alberto Cardoso, que ocupou o mesmo cargo nas gestões de Fernando Henrique Cardoso. Mas o tucano criou, em 1999, o Ministério da Defesa, um órgão civil para comandar as três forças. Hoje, segundo especialistas, a pasta está cada vez mais militarizada na hierarquia. Até mesmo o cargo de ministro é ocupado por um oficial militar, o general Joaquim Silva e Luna. Duas semanas atrás, em entrevista exclusiva ao Correio, Silva e Luna justificou a maioria fardada na pasta. “Eu já encaminhei para o Ministério do Planejamento um estudo feito, uma carreira de analista de defesa com todos os níveis. Faz o concurso, ingressa, começa como analista e galga todas as posições, mesma coisa que a carreira civil, com remuneração e tudo definido. Por que o Ministério da Defesa tem tantos militares aqui dentro? Porque senão não funciona. Todo mundo que está aqui dentro é cedido, civil e militar”, disse Luna. 

Etchegoyen mantém o mesmo tom diplomático quando fala de si e do amplo espectro de atribuições que exerce. Garante que tudo o que faz está previsto no organograma do GSI, Temer apenas foi demandando, paulatinamente, ações efetivas em episódios específicos. “O que existe hoje é a atenção ao papel institucional que cabe ao GSI. Ou seja, se antes isso não era feito, não sei por que não era. Não sou o assessor mais importante de defesa, nem o mais importante de segurança, mas sou o imediato”, afirma Etchegoyen, citando os despachos constantes pela manhã quando Temer chega ao Planalto.

O superministro militar tem a fala calma, mas é capaz de se transformar ao defender os próprios pontos de vista. Foi assim quando viu o nome de seu pai, o general Leo Etchegoyen, ser incluído, post mortem, na lista dos militares citados pela Comissão da Verdade como responsáveis por atos de tortura durante a ditadura. Protestou, abriu um processo e não engoliu o fato, alegando que o pai não tivera direito à defesa. A reação foi ajudada pelo fato de Dilma ter uma relação conflituosa com os militares, que culminou com a extinção do GSI.
 
Ideologia
“Creio que Etchegoyen é refém do passado por causa do pai. Há outros oficiais assim. É difícil para eles. O mais comum é uma atitude defensiva e um ódio exacerbado aos grupos de esquerda, amplificado pela Comissão da Verdade. Mas a oposição é mais que ideológica, é pela honra da família”, afirmou um funcionário do Ministério da Defesa.

Durante a gestão da petista, Etchegoyen foi assessor de Planejamento do Ministério da Defesa, um dos três nomes que despachavam diretamente com o ministro Nelson Jobim. Ganhou pontos preciosos ao contribuir na elaboração da Estratégia Nacional de Defesa. Acabou aproximando-se de Temer após o impeachment e assumiu o GSI. “Ele sempre passou a imagem de um homem duro. Surpreendentemente, após o início do governo, começou a movimentar-se com desenvoltura e habilidade política. Não há dúvidas que, hoje, Etchegoyen é um militar bem mais maleável”, resumiu uma liderança importante da hierarquia militar.

Nenhuma surpresa para aquele que é considerado o mais preparado intelectualmente de sua geração. Tanto que este foi um dos fatores que o fizeram levar vantagem na promoção ao grau máximo do oficialato do Exército. Ele disputava com o general Santos Cruz, comandante das forças da ONU no Congo. Santos Cruz tem no preparo operacional o seu forte, tanto que foi escolhido por um dos principais organismos internacionais para comandar tropas de paz em uma região tensa e conflagrada. “Etchegoyen venceu a batalha pela capacidade intelectual que possui”, resumiu um consultor da área.

O ministro do GSI também beneficia-se de um novo momento vivido pelo Exército. E, nesse pulo do gato, não foi ele o protagonista e sim, o polêmico general Heleno, crítico dos governos petistas e eleitor declarado de Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Militares importantes, da ativa e da reserva, lembram o perfil de Heleno, classificando-se como um “general combatente e não um gravatinha”. Comandou a Amazônia, serviu no gabinete do ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves, o que permitiu que acompanhasse de perto a transição política.
 
Mas a pedra de toque foi ter sido o primeiro comandante das tropas no Haiti. “O Haiti é um divisor de águas no Exército Brasileiro. Obrigou os militares a se profissionalizarem. Antes era um Exército pouco operacional, cujo maior evento no dia a dia da tropa era o desfile de 7 de setembro”, resume um oficial. A missão no Haiti foi iniciada em 2004 e durou 13 anos, até outubro de 2017.

Dilma
Em entrevista ao Correio, no início da tarde da última quinta-feira, Etchegoyen evitou comentar se Dilma relevou o papel dos generais ao extinguir o GSI: “Eu tenho levado a minha vida olhando para frente. No momento que o GSI foi recriado, passamos a ser demandados”. Para ele, não há protagonismo. As competências do GSI já existiam, mas eram subutilizadas. "O presidente resolveu usar toda a capacidade que o GSI tem”, completou.

Sobre o próprio protagonismo, mais uma vez, Etchegoyen o rejeita: “Eu não me vejo nesse protagonismo. O motivo é bem simples: nunca trabalhei para ter esse protagonismo e nunca fiz as coisas que dizem que eu fiz”. Ele refere-se, por exemplo, à indicação para a direção-geral da Polícia Federal. Na época da troca anunciada de Leandro Daiello, atribuía-se ao general a torcida pelo nome do delegado Rogério Galloro, o que apenas se confirmou com demissão de Fernando Segovia. “Não há um personagem da República que tenha ouvido eu comentar sobre preferências de nomes para a Polícia Federal. Não faz sentido”, disse Etchegoyen. “Meu projeto é terminar a minha tarefa aqui, ir embora para casa, cuidar dos meus netos, pescar, escrever, fazer o que eu gosto de fazer. Isso é a minha vida. Eu não tenho um projeto que esteja baseado em ter que produzir um fato político que me sustente para isso ou para aquilo”, afirmou.

Antes de se despedir, o general tenta reforçar um papel secundário nas últimas decisões da Esplanada: “Vocês conhecem o ministro Jungmann (Defesa), vocês acham que alguém tem capacidade de influenciar quem ele tem que escolher? Já me colocaram em tanto lugar dizendo coisas que eu não disse. Acho que as pessoas estão confundindo assessoramento que é dado ao presidente com o campo político que não é meu”. E conclui: “Seria outra leviandade sentar ao lado do presidente e discutir campo político, minha vida inteira foi defesa e segurança, planejamento estratégico, é o que estou fazendo aqui, isso tenho respondido. Eu vou dar mais um passo e entrar no assessoramento político ao presidente e disputar com Padilha, Moreira Franco, Maia? Não caibo nesse papel”.
 
Correio Braziliense