Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Mudanças Climáticas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mudanças Climáticas. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Supremo está extrapolando suas funções - Como lidar com o ativismo judicial do STF? - Gazeta do Povo

Vozes - Helio Beltrão

Ministros da corte estão extrapolando suas funções

Por Luan Sperandio

A Suprema Corte nos Estados Unidos reverteu ao longo de junho decisões antes consideradas ativistas. Isso foi possível a partir de uma maioria conservadora composta por 6 ministros contra 3 que são considerados progressistas.

O então direito ao aborto foi restringido,
passando a ser da competência de cada estado regulamentar ou não a prática. Os norte-americanos passaram ainda a ter novamente o direito de portar uma arma em público, além de se restringir os poderes de uma agência federal em relação ao combate às mudanças climáticas também em benefício aos estados.

Esse movimento contrasta com o Brasil, em que o Judiciário ganhou terreno nos últimos anos.

Pesquisas: Bolsonaro cresce entre mulheres, nordestinos e beneficiários do Auxílio Brasil

Quais ex-ministros de Bolsonaro vão disputar as eleições, e para qual cargos irão concorrer

Decisões judiciais inesperadas, revisões da jurisprudência, politização das cortes e ativismo judicial passaram a fazer parte do cotidiano no Brasil, desafiando a estabilidade jurídica, a harmonia entre os poderes e o respeito pela própria Constituição Federal.

A mudança de entendimento sobre a possibilidade de prisão em 2ª instância por três vezes em menos de uma década, a criação de um tipo penal a partir de uma interpretação jurídica, no caso da equiparação da homofobia ao crime de racismo e o inquérito das fake news são apenas alguns dos exemplos.

Enquanto a Suprema Corte parece sinalizar para um abandono para a velha prática ativista, no Brasil, o STF parece seguir um caminho que extrapola sua função. Afinal, como lidar com o ativismo judicial do STF?

O Linha de Fogo desta semana recebe Leonardo Corrêa, advogado, mestre em direito pela Universidade da Pensilvânia, sócio do 3C LAW Corrêa, Camps & Conforti Advogados e com vasta experiência no STF. Confira a entrevista de Luan Sperandio e o comentário de Helio Beltrão.

Siga Hélio Beltrão nas redes sociais: Twitter e Instagram

Siga Luan Sperandio nas redes sociais: Twitter e  Instagram


Como lidar com o ativismo judicial do STF?

Tem gente querendo fechar a Gazeta do Povo. 
Mostre que você nos apoia. 
Estamos com 50% de desconto nos primeiros seis meses. 
São apenas 10 reais por mês. 
Clique e assine: https://bit.ly/3NNLzuW 
 

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

QUANDO A GRETA ERA GARBO, NÃO THUNBERG - Adriano Marreiros

Linguagem neutra causa dano ambiental

Você comerá menos carne — Carne será um luxo ocasional, e não um item corriqueiro. É para o bem do ambiente. Vídeo assustador do Fórum Econômico Mundial 

Pedro, Márcio e Carelena estavam comigo no Barranco (recomendo muito!), comendo apressadamente uma bela carne antes que proíbam por causa da camada de ozônio, do aquecimento global, das mudanças climáticas ou porque a Greta mandou.  
Como somos de um tempo em que a Greta tinha Garbo, a falta dele nos faz desobedecer.

Hoje o Puggina fez a mesma pergunta que a tal guria –ironizando, claro.  Mas agora, dita com o garbo de um Percival arturiano, merece ser repetida a sério: “How dare you?!”  Como é que vocês – os lacradores que viajam de jatinho para acabar com nosso churrasco – ousam propor a linguagem neutra, tão prejudicial ao meio ambiente?

“Como assim?!”  Ué, você não entendeu?!  Será que vocês não conseguem ver as coisas que realmente causam problemas?  Quando você começa a multiplicar pronomes e variar regências e concordâncias, você escreve mais, você fala mais, você gasta mais tempo... Ao escrever mais, você vai precisar de mais folhas de papel para imprimir.  Mais árvores serão destruídas. 

Mesmo se não imprimir vai gastar mais tempo de computador consumindo mais eletricidade exigindo mais usinas termelétricas que poluem e aquecem, mais hidrelétricas que matam animais e ecossistemas inteiros. Mais tempo de computador também aquece mais o ambiente, diretamente.  E você se esforça mais tempo, gasta mais energia para o cérebro lembrar da lista de pronomes a usar, aumentando o consumo de oxigênio e a produção de CO2.

Se a linguagem neutra for usada oralmente, vai ter tudo isso e você vai ter que falar mais.  Então também mais CO2 emitido. Isso se não contar o esforço e o tempo – mais CO2 – que você vai gastar para entender e explicar o que você está falando – Cá entre nós, o troço não fica só chato: fica confuso... Nem todo mundo vai entender...  E a linguagem ser neutra não vai te ajudar a neutralizar todo o carbono que ela produz...

As pessoas ficam tentando explicar o absurdo da linguagem neutra alegando o bom vernáculo, as redundâncias, o patrimônio nacional que é a língua, os prejuízos para o estilo, a sonoridade esquisita e confusa, a guerra cultural: mas nada supera o dano ambiental resultante.  Nada!!!

Vamos aos fatos, ou melhor, aos flatos: nada que a vaca exale pode superar o dano ambiental que essa linguagem causaria...

Qual a Influência da menstruação da baleia azul
na coloração do mar vermelho?

Grande mistério dos debates escolares nos anos 80.

Crux Sacra Sit Mihi Lux / Non Draco Sit Mihi Dux 
Vade Retro Satana / Nunquam Suade Mihi Vana 
Sunt Mala Quae Libas / Ipse Venena Bibas

(Oração de São Bento cuja proteção eu suplico)

*         O autor declara que comeu carne hoje e neutralizou o carbono usando o bom vernáculo.

Tribuna Diária - Publicado originalmente


segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Aquecimento global e desinformação

Questionar a realidade é obscurantismo, como o foi negar que a Terra gira em torno do Sol


Informação é um elemento essencial para a nossa sobrevivência e a tomada de decisões. É por isso que ninguém se lança de um edifício de dez andares, em lugar de descer as escadas, para ganhar tempo: jamais houve uma violação das leis da gravidade.  O mesmo acontece com tomadas de decisão. Se uma pessoa deseja viajar de avião para Nova York, ela se informa da hora da partida antes de ir ao aeroporto. Caso contrário, corre o risco de perder o voo.

Acontece muitas vezes que a informação não é completa. Nesse caso, o que funciona é saber a probabilidade de ocorrência do evento. Prever quando vai chover é um exemplo. Desde a mais remota Antiguidade a previsão do tempo foi essencial para saber quando plantar e quando colher, e erros graves nestas previsões – que eram frequentes – tiveram sérias consequências.  Nos dias de hoje, com o avanço da tecnologia, as previsões de tempo melhoraram muito e os meteorologistas já são capazes de nos dizer qual a probabilidade de chover amanhã ou no fim de semana, e acertar, na maioria das vezes.

O bom senso comum, que nessas áreas é aceito por todos, não existe, contudo, no tocante a outro problema de grande importância, que é o aquecimento do nosso planeta, que está em curso. A temperatura média já subiu mais de um grau centígrado desde 1800 e provavelmente vai subir mais dois graus até o fim do século 21.  A probabilidade de que a principal causa deste aquecimento seja a emissão dos gases resultantes da queima dos combustíveis fósseis, do desmatamento e de atividades agrícolas é muito grande e essa avaliação decorre de inúmeros estudos científicos. As consequências do aquecimento da Terra são muito sérias e já se manifestam, por exemplo, nos desastres climáticos que se estão tornando cada vez mais frequentes.

Para enfrentar o problema a cooperação internacional é essencial, porque as emissões que causam o aquecimento não respeitam fronteiras. A temperatura na China (o país maior emissor mundial) está subindo por causa de suas próprias emissões, mas também das emissões dos Estados Unidos (o segundo emissor mundial) e vice-versa, bem como das emissões de todos os outros países. O Brasil é responsável por cerca de 3% das emissões mundiais.

Vários acordos foram tentados – desde a Conferência do Rio sobre Mudanças Climáticas, em 1992 – para dividir as responsabilidades entre as nações, como, por exemplo, atribuir aos países cotas para redução das suas emissões. Todos fracassaram porque impunham cortes nas emissões aos países industrializados e isentavam os países em desenvolvimento dessas reduções, o que foi considerado inaceitável para os dois grupos.

O último deles é o Acordo de Paris, adotado em 2015, em que cada um dos países apresentou voluntariamente as reduções que desejava soberanamente fazer. Os países onde o movimento ambientalista é mais atuante apresentaram compromissos mais ambiciosos. É o caso dos países da Europa e dos Estados Unidos (sob a presidência de Barack Obama). O Brasil, no governo de Dilma Rousseff também apresentou propostas ambiciosas, que foram objeto de amplo debate promovido pela então ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira. Essas propostas foram convertidas em lei pelo Congresso Nacional. Ninguém forçou o País a adotá-las.

Mais recentemente, o presidente Donald Trump decidiu mudar a posição do seu país, provavelmente para “desconstruir” o legado do presidente Obama, e deixar o Acordo de Paris, que não é mais que a soma dos compromissos voluntários apresentados por cada país. Para não cumprir os compromissos assumidos basta mudá-los unilateralmente, não é preciso “deixá-lo” ou “sair dele”, a não ser por motivos políticos.
É curiosa, portanto, a retórica inicial de alguns dos colaboradores do presidente Bolsonaro de seguir os passos do presidente Trump, que agora, ao que parece, está mudando. Ela nos parece simplesmente fruto de desinformação: não existe a menor dúvida de que a temperatura média do planeta está aumentando e a causa principal é a ação do homem. Quem nega isso são leigos que inventam teorias conspiratórias, setores ligados a interesses contrariados de produtores de carvão e petróleo ou simplesmente desinformados.

Existem outras causas para o aquecimento (e até o resfriamento) da Terra – além das emissões de carbono –, como já aconteceu no passado, como a variação da atividade solar, a inclinação do eixo da Terra, erupções vulcânicas, etc. Mas elas foram todas analisadas pelos cientistas: a ação do homem soma-se a esses eventos naturais e está ocorrendo numa velocidade sem precedentes na história geológica da Terra. Questionar a realidade do problema é uma posição obscurantista, como foi a da Igreja Católica no fim da Idade Média ao negar que a Terra gira em torno do Sol.
Os custos necessários para evitar o aquecimento global são elevados – e para muitos governos há tarefas mais urgentes a realizar –, mas esses custos aumentarão muito se nada for feito agora.

Existem, portanto, razões econômicas e sociais para não enfrentar de imediato esses problemas, caso da indústria do carvão nos Estados Unidos ou dos protestos contra a adoção de uma taxa sobre as emissões de carbono na França. O Brasil perdeu protagonismo e prestígio internacional nesta questão ao desistir de sediar a Conferência do Clima em 2019 porque ela se realizará no Chile e nossa capacidade de influir nos resultados vai diminuir com possíveis prejuízos para o nosso próprio país.

Mais ainda perder “status” internacional com o argumento de que a conferência teria gastos elevados não é convincente porque o mesmo argumento deveria ter valido para os Jogos Olímpicos que exigiram a construção de inúmeros estádios a alto custo que estão hoje praticamente ociosos.

José Golbemberg, m Professor emérito da USP, foi ministro do Meio Ambiente durante a Conferência do Clima no Rio de Janeiro (Rio-92)