Historicamente, os poderosos sempre deram o circo e o pão para a
massa (ignara ou pretensamente culta).
Futebol é considerado um dos ópios do povo – junto com a religião, a ideologia
e por aí vai... No caso esportivo, o culto à competição serve como válvula de
escape para compensar tragédias e ansiedades do cotidiano. Uns perdem, outros
têm a ilusão da glória, e o escravizante controle social segue adiante.
O fato concreto é que o Esporte Profissional, além de mexer com as
massas, movimenta somas impressionantes de dinheiro. O Clube de Regatas do
Flamengo se prepara para ganhar um “campeonato” inédito.
Depois de vencer,
sábado passado, a Copa Libertadores da América e, no domingo, sem entrar em
campo, o título do Campeonato Brasileiro com cinco rodadas de antecedência, o
Mengão está prestes a comemorar o primeiro título de faturamento acima de R$ 1
bilhão em um ano.
A equipe do site Bons Investimentos (https://bonsinvestimentos.com.br/) acaba de concluir um estudo que
acompanha essa conquista inédita do Flamengo – que até três anos atrás era um
clube com perigoso endividamento. Cálculos da Somoggi mostram que,
chegando à final do campeonato mundial interclubes, o Flamengo pode atingir um
patamar de receita próximo a US$ 250 milhões, cifra que se aproxima de R$ 1
bilhão (considerando a cotação atual do dólar acima de R$ 4,00).
Até o fim de setembro de 2019 (segundo balancete trimestral), o Flamengo
tem um excelente valor apurado de receita: Venda de atletas (Paquetá, Uribe,
Jean Lucas, Léo Duarte, Trauco e Cuéllar): R$ 295,0 milhões; TV: R$ 161,3
milhões; Bilheteria / Sócio-Torcedor: R$ 105,4 milhões; Publicidade: R$ 52,0
milhões; Social: R$ 29,0 milhões; Outras: R$ 12,7 milhões.
Os triunfos do Flamengo refletem no lado
financeiro. Títulos rendem muita grana: Taça Guanabara – R$ 1 milhão; Campeonato
Carioca – R$ 3,5 milhões; Libertadores – R$ 85 milhões; Copa do Brasil – R$ 2,4
milhões (até as quartas de final); Brasileiro – R$ 33 milhões; Mundial
Interclubes – R$ 20 milhões (se vencer).
O desempenho econômico do Flamengo é tímido se comparado ao de outros
grandes times europeus, tais como o principal rival no Mundial Interclubes,
Liverpool, que fatura cerca de US$ 600 milhões (aproximadamente R$ 2,5 bilhões).
O clube inglês tem elenco oito vezes mais caro que o “Mais Querido do Brasil”.
Mesmo assim, vale celebrar que o Flamengo tem receitas superiores a alguns
times da Premier League, como, por exemplo, o inglês West Ham, que fatura cerca
de US$ 200 milhões.
A Nação Rubro-Negra pergunta, apostando na resposta positiva: o Flamengo
continuará vencendo? Em entrevista à Fox Sports, Jorge Jesus se definiu como
“nem melhor nem pior, que outros treinadores brasileiros: “Sou diferenciado”.
Apenas isto. Jesus usou corretamente a estrutura para transformar o time em
uma máquina de vitórias, a partir de postulados táticos ofensivos, porém com
marcação no campo de ataque e velocidade na retomada de bola do adversário.
Jesus tem contrato com Flamengo até 31 de maio de 2020, mas tem uma
cláusula que permite, em dezembro, ou o Clube demiti-lo ou ele pedir para sair.
A janela de saída é improvável. Ainda mais se conquistar o Mundial de Clubes da
Fifa. O Mengão tem boas chances, mas é bom ressalvar que o futebol europeu tem
consistência tática para dobrar o jeito sulamericano de atuar em 4-4-2.
Os “jesuítas” não deixam de ter razão: Jesus revolucionou no jeito de
jogar do Flamengo? Muitos avaliam que sim. No entanto, os adversários do
Brasileirão não chegaram ao pé do Mengão. O próprio River Plate, que chegou a
promover um nó tático no jogo derradeiro da Libertadores, demonstrou fraqueza
defensiva no final da partida. Não soube segurar o resultado favorável,
psicologicamente.
O bom senso recomenda cautela sobre a força do time campeão do Flamengo.
Pragmaticamente, o elenco é vencedor. No entanto, em termos de efetiva
qualidade futebolística, o Flamengo tem algumas falhas perigosas. A defesa erra
além do normal, e costuma dar muito trabalho do goleiraço Diego. Falta mais
toque rasteiro de bola, com objetividade ofensiva, e não com passes inúteis
para o lado ou para trás.
Outra deficiência que incomoda (e vale para a quase totalidade do futebol
brasileiro): são poucos (muito raros) os chutes a gol à média e longa
distâncias. O time quase não gera chances para cobranças de falta perto e
diante da grande área. Há demasiado exagero nos toques, em detrimento do foco
em finalizações. Assim, os triunfos do Flamengo devem ser comemorados com toda
intensidade, mas a torcida “jesuíta” não pode se iludir: o time ainda tem muito
a melhorar tecnicamente para encarar outros grandes times do mundo. A sorte é
que o jeito massacrante de buscar o gol ainda pode surpreender muitos adversários...
No jogo da taça e das faixas contra o Ceará, foi assim... Faltando três rodadas
para o fim do Brasileirão, o Mengão acumula impressionantes 77 gols a favor e
31 contra...
Quase no fim, uma galhofinha divina: Deus só dá título ao Flamengo, por
milagre ou merecimento, porque Jesus é o treinador, e ainda tem João de Deus
como auxiliar técnico. Assim é demais para os infernais adversários ou inimigos
da Nação Rubro-Negra... Por fim, uma cobrança ética e moral. Por que, com um faturamento perto do
bilionário, o Flamengo não separa um dinheiro e paga uma indenização justa (se
é que isto é possível) às famílias dos 10 meninos mortos no incêndio do Ninho
do Urubu? [cobrança que endossamos e reforçamos;
agora um alerta sobre as aves agourentas, que torcem pelos times adversários ou são inimigos da Nação Rubro Negra, começam a agourar com insinuações que o MENGÃO não vai resistir ao assédio financeiro dos inimigos de outros continentes.
Grandes vitórias são possíveis, mas, DEUS só ajuda a quem se ajuda, títulos só são conquistados por times com grandes jogadores.]
Transcrito do ALERTA TOTAL - Jorge Serrão, jornalista