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quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Viagens de Lula já consumiram 25 milhões – pagos até o último centavo por você - J. R. Guzzo

Vozes - Gazeta do Povo

O presidente Lula acaba de gastar 2 milhões, só de hotel, para passar um fim de semana prolongado na Índia. 
A escolha do hotel, como em todas as viagens do seu programa de volta ao mundo com a mulher, é feita pelo preço. Qual é o mais caro de todos? 
Então vamos ficar nesse. Carrega com ele, a cada vez que põe o pé fora do Brasil, uma comitiva de sultão, paga até o último centavo por você.
 
Como é possível em três dias, descontando o tempo que eles passam no avião, arrumar trabalho para tanta gente? 
 É claro que ninguém faz trabalho nenhum – a maioria dos acompanhantes, para começo de conversa, não sabe falar inglês
 Os 2 milhões são só de hotel, uma despesa que não dá para esconder; o resto, e põe resto nisso, é tratado pelo governo democrático, popular e transparente de Lula como segredo de Estado.

    Lula conseguiu gastar 25 milhões de reais – no mínimo, e segundo dados do próprio governo, que não incluem os “trajetos aéreos”

Em oito meses na Presidência, Lula já fez treze viagens ao exterior, fora as escalas em ilhas do Oceano Atlântico e uma visita ao Vaticano para tirar foto com o papa, e esteve em vinte países. 
Não há registro de nada parecido com isso na história dos presidentes do Brasil, e talvez do mundo. É também uma queima inédita de dinheiro público.
 
Nesses oito meses, segundo um levantamento do site Poder 360, Lula conseguiu gastar 25 milhões de reais – no mínimo, e segundo dados do próprio governo, que não incluem os “trajetos aéreos”. 
 Dá, até agora, 3 milhões de reais por mês ou 100 mil reais por dia
É dinheiro que está sendo pago para o casal Lula ficar no exterior, sem fazer nada de útil para o interesse público
É verdade que ele também não faz nada quando está aqui – mas se tivesse feito só uma ou duas viagens nesse período, o que já estaria mais do que bom, a conta ficaria mais barata. 
Nada por nada, é menos ruim gastar menos.

    As viagens de Lula são, cada vez mais, um espetáculo apenas ridículo, onde a personagem que mais se exibe é a sua mulher.

A propaganda oficial do governo, talvez sentindo a necessidade de dizer alguma coisa a respeito, veio com uma peça de publicidade (que agora tem de ter obrigatoriamente o vermelho, junto com as cores nacionais) apesentando uma das fake news mais incompetentes que já foram produzidas neste país. Dizem ali que as viagens de Lula já renderam mais de 100 “bilhões de dólares” em “investimentos no Brasil”. É uma piada.

Investimento estrangeiro não sai nos comunicados do serviço de imprensa do governo – seu montante preciso e real está registrado no Banco Central, e ninguém no Banco Central, ou em qualquer outro lugar da administração, tem a menor ideia de que bilhões são esses.  
Dinheiro certo, mesmo, são os 2 milhões de reais que o primeiro casal gastou para ficar num hotel de dez estrelas da Índia – e os 800 reais que o governo federal diz que vai dar para as vítimas das últimas enchentes no Rio Grande do Sul.

As viagens de Lula são, cada vez mais, um espetáculo apenas ridículo, onde a personagem que mais se exibe é a sua mulher [o que estraga qualquer tentativa de mostrar que estão fazendo algo de útil.] e a função de Lula é aparecer estático, como uma figura de museu de cera, em fotos ao lado de altos presidentes, reis e primeiros-ministros – como se ele tivesse capacidade para conversar de qualquer assunto sério nesses encontros. Ao mesmo tempo, tendem a ficar ainda muito mais caras do que já são.

LEIA TAMBÉM: O STF podia fazer algo em favor do Brasil e proibir Lula de sair do país – e falar o que não deve

Lula e sua corte de Terceiro Mundo viajam, hoje, num Airbus A-319-ACJ privado, mas o presidente e Janja não estão satisfeitos. 
Querem coisa melhor, um Airbus A330-200 com quarto privativo e cama de casal, banheiro com chuveiro quente, sala de reuniões e outras exigências de conforto só feitas por bilionários das Arábias
O novo avião está orçado, por baixo, em 70 milhões de dólares. 
Deve ser, com certeza, um dos compromissos com “os pobres” para os quais o governo diz, todos dos dias, que precisa de mais imposto.

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

domingo, 7 de maio de 2023

Métodos medievais do MST

É inaceitável a violação de direitos de propriedade

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) viola descaradamente direitos de propriedade garantidos pela Constituição. 
 
mst
 MST (MST/Reprodução)


 
Ao invadir imóveis rurais, o que configura crime inequívoco, promove ação típica de reis medievais, os quais podiam privar indivíduos da posse de seus bens. 
O movimento se investe, além disso, de prerrogativas do Judiciário. 
Na ocupação de terras da Suzano, disse que as invadiu porque a fazenda não cumpria sua função social”. Como assim? Somente um juiz ou um tribunal poderiam (1) decidir que essa obrigação não era cumprida; (2) obrigar o MST a desocupar o imóvel.
 
Líderes do PT têm afirmado que o MST não invade terras produtivas (o que está longe da verdade).
Isso implica dizer que o movimento pode invadir imóveis improdutivos. 
O artigo 170 da Constituição, que garante o direito de propriedade, não faz tal distinção. Em países institucionalmente avançados, o proprietário pode usar o imóvel como bem lhe aprouver, não necessariamente para produzir. Ele pode utilizá-­lo para pescar, caçar, contemplar a natureza e assim por diante. A ideia da “função social” é discutível e pouco adotada em países bem-sucedidos.

O direito de propriedade é talvez a instituição mais estudada por economistas. Assim afirmam Mark Koyama e Jared Rubin no livro How the World Became Rich: the Historical Origins of Economic Growth. Indivíduos e empresas auferem renda de seus bens e aplicações financeiras sem risco de expropriação. Podem recorrer ao Judiciário para a reintegração da posse.

“O movimento promove ação típica de reis e se investe de prerrogativas do Judiciário”

O Banco Mundial criou um sistema de Indicadores de Governança (WGI, na sigla em inglês), muito utilizados para medir a segurança jurídica associada aos direitos de propriedade. Para tanto, avalia fatores relacionados ao Estado de Direito, à qualidade da gestão do governo e à regulação do país. A decisão atesta a relevância do direito de propriedade para o desenvolvimento.

A Inglaterra foi a primeira nação a criar as condições institucionais que contribuiriam para o crescimento econômico continuado, cuja principal consequência foi a Revolução Industrial. Instituição fundamental desse processo foi a criação de um fórum do Parlamento que podia, quando demandado, adjudicar direitos de propriedade a seus legítimos donos.

Ao consagrar e proteger direitos de propriedade, o direito consuetudinário inglês da Idade Média lançou as bases da futura prosperidade do país nos séculos seguintes. Ao mesmo tempo, os princípios do direito romano forjaram o sistema jurídico da Alemanha e da França, nele incluída a preservação daqueles mesmos direitos.

Como resultado dessa evolução, o sistema jurídico europeu preparou-se para assegurar direitos de propriedade, assim promovendo o desenvolvimento. Diante disso, ao violar tais direitos via invasão de imóveis, o MST se situa em tempos característicos da Idade Média. Custa crer que o líder dessas invasões tenha integrado a comitiva de Lula na viagem oficial à China e que o MST seja agora membro do Conselhão, ora restabelecido pelo governo. [mais complicado, dificil, é crer que o Brasil é presidido por um ex-presidiário e que todo o pensamento do atual governo é arcaico, vencido e antecede o medieval. O buraco no qual mergulharam o Brasil é uma prova do atraso, que tenta nos governar, e que mais visível se torna a cada dia.]

Publicado em VEJA, ou   edição nº 2840, de 10 de maio de 2023


domingo, 16 de outubro de 2022

A desordem do TSE - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

A questão, desde o começo, foi proibir a divulgação de notícias que Lula não quer que ninguém publique

O cidadão brasileiro precisaria ter passado os últimos tempos vivendo fora do sistema solar para não se ver soterrado, 24 horas por dia, 24 horas por dia, pela neurose em modo extremo do Supremo Tribunal Federal no seu combate de vida e morte contra as fake news.
 O fenômeno foi apresentado como o mais importante para a humanidade em geral desde a separação dos continentes – algo tão imenso que o STF abandonou o idioma oficial do Brasil em troca do inglês para falar do assunto, embora existam no português as palavras “notícia” e “falsa”, perfeitamente adequadas para descrever uma fake news
Desde o primeiro minuto, o conceito de que a autoridade pública estaria autorizada a definir quais são as notícias falsas, e quais são as verdadeiras, e a partir daí proibir ou permitir a sua publicação, tem funcionado como uma das aberrações mais malignas que já se inventaram contra a Constituição Federal e contra a liberdade
Agora ficou pior. Comprova-se que nunca houve a intenção honesta de limitar a circulação de informação falsa nenhuma. A questão, desde o começo, foi proibir a divulgação de notícias verdadeiras – ou, mais exatamente, as notícias que Lula e o PT não querem que ninguém publique.
 
É o que diz em despacho oficial o TSE, repartição pública que obedece ao Supremo, manda nas eleições e não existe em nenhuma democracia séria do mundo. O diário Gazeta do Povo, mais uma vez, e a produtora Brasil Paralelo, foram proibidos de divulgar notícias sobre o longo caso de amor político entre Lula e o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, ou os pontos de contato entre o ex-presidente e a corrupção. Por quê?  
O idílio de Lula com Ortega está provado em fotos, vídeos, declarações gravadas e até em notas oficiais do PT.  
E no caso da corrupção: quer dizer que não houve ligação pública entre Lula e a ladroagem? 
E a Lava Jato? E as confissões dos corruptos? E a devolução de dinheiro roubado? 
 E as suas condenações na Justiça brasileira pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro? 
Bem, tudo isso é verdade, diz o TSE. Mas não pode ser publicado porque é “desordem informacional”.
 
 
O ministro Alexandre de Moraes considera que o País enfrenta ‘segunda geração’ de fake news nas eleições deste ano.
O ministro Alexandre de Moraes considera que o País enfrenta ‘segunda geração’ de fake news nas eleições deste ano. Foto: Wilton Junior/Estadão

Que diabo seria isso – “desordem informacional”? É uma invenção que não existe, e nunca existiu, em nenhuma doutrina jurídica do mundo. Segundo o ministro Alexandre de Moraes, trata-se de mais uma ameaça mortal para a democracia “informações verdadeiras com conclusão falsa”, diz ele, e isso aí também precisa ser censurado

É uma barbaridade. Como o ministro e seus colegas dão a si próprios o direito de decretar que essa ou aquela conclusão é “falsa”?  
Que lei em vigor no Brasil lhes permite definir o que é a verdade? Desordem é isso. [esse pessoal do TSE, fosse responsável por abastecer uma tropa em combate, com certeza, com tamanha eficiência, daria a vitória para o inimigo.]

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

 


sexta-feira, 18 de março de 2022

Líder mais solitário do mundo: Zelensky terá que ceder para acabar guerra? - Blog Mundialista - VEJA

 Vilma Gryzinski

Fora a hipótese, impraticável, de uma queda de Putin, só resta a alternativa de concessões que arranquem nacos da Ucrânia - e talvez nem isso baste  

[esse cidadão está destruindo a Ucrânia e o povo que,ingenuamente, lhe confere apoio. 
Quanto mais tempo ele permanecer presidente,  mais sofrimento para os ucranianos. Ele está tentando transformar um conflito localizado em uma guerra mundial, com perdas irreversíveis para todo o planeta Terra.
Faz pedidos absurdos, que sabe não serão atendidos pelos seus 'aliados'.]

Por que Volodymyr Zelensky continua a pedir ao mundo ocidental uma zona de exclusão aérea, como apelou ontem, de novo, ao Congresso americano?  Ele sabe que isso não vai acontecer, como já foi explicitado várias vezes. Uma zona de exclusão implicaria em confrontos diretos entre aliados da Otan e russos, o caminho mais curto para a Terceira Guerra Mundial.

É possível que Zelensky ainda tenha esperança de que a barbárie russa crie alguma alternativa para o que ele pede, é possível que esteja simplesmente desesperado e também é possível que ele conheça muito bem as regras do jogo – e esteja colocando na mesa um pedido, para retirá-lo quando tiver que negociar para valer o fim da guerra.

E como essa guerra termina?  Duas versões opostas circulam atualmente. Uma é maximalista e foi resumida pelo primeiro-ministro Boris Johnson: “Putin tem que fracassar e parecer que fracassou”. Caso contrário, uma agressão inominável, que detona os princípios básicos das relações entre as nações, sairá recompensada.

 A outra proposta é pragmática: Putin tem que ter uma porta de saída. Em inglês, off ramp, ou uma alternativa que não o recompense, mas também não o deixe com a cara no chão, pois isto só desfecharia fúrias ainda mais destruidoras sobre a Ucrânia. Entre elas, o uso de armas biológicas ou até de bombas nucleares táticas que atingem o adversário no teatro de operações, caso conclua que “não apenas o seu poder, mas também sua fortuna e até sua vida estejam correndo risco”, segundo especulou Tom McTague na Atlantic.

A opção pragmática leva em conta que, militarmente, a Rússia tem um poderio várias vezes superior, capaz de se impor mesmo com todos os percalços vistos até agora e apesar da bravura e do engenho demonstrados pelas forças ucranianas. O que nos leva de volta à questão inicial: a guerra, desse ponto de vista, só termina se Zelensky fizer inevitáveis concessões – sem contar que também tem que ter condições de fazer isso. A popularidade propulsionada a 91% pode não sobreviver se o carismático herói da resistência fizer concessões que a população ou diferentes correntes das forças armadas rejeitem.

Sem que ninguém assuma isso abertamente, Zelensky será pressionado pelos aliados que agora ajudam a manter a Ucrânia de pé caso a “porta de saída” para Putin seja considerada viável.  
Um balão de ensaio já circulou na semana passada. 
Segundo uma fonte ucraniana disse a dois órgãos de comunicação israelenses, o primeiro-ministro Naftali Bennett, ao voltar de uma reunião com Putin em Moscou, havia pressionado Zelensky a aceitar uma proposta russa. 
 Se eu fosse você, pensaria na vida do meu povo e aceitaria a oferta”, 
foi uma frase atribuída a Bennett – e veementemente desmentida pelas duas partes.

A questão é particularmente complicada porque Zelensky é judeu e Israel tem uma grande afinação com a Rússia de Putin, tanto por motivos estratégicos quanto pelo 1,2 milhão de judeus “russos” que vivem no país. (Natan Sharansky, ucraniano que foi um dissidente encarcerado ainda na época da União Soviética, disse que Putin “é o primeiro líder russo em mil 
anos a ter uma visão positiva dos judeus”).

O  fato é que acordos de paz estão sendo rascunhados em várias instâncias. Um deles foi esboçado por um professor de Cambridge, Mark Weller, especialista em conflitos internacionais. Propõe ele:
- a região separatista de Donbass ganha autonomia, mas continua ucraniana no papel; 
- a Crimeia mantém o status quo (ou seja, continua russa na prática); 
- a Rússia ganha garantias de um regime de moratória para a entrada da Ucrânia na Otan,[pelas propostas em discussão a Ucrânia não entrará na Otan.] e possivelmente também a Georgia e a Moldova. 
Mais ainda: não haveria reparações para os horríveis crimes de guerra que a Rússia está cometendo, dos quais o último é o hediondo bombardeio de um teatro em Mariupol onde mais de mil pessoas procuravam refúgio.

São concessões duras para a Ucrânia, embora na realidade remetam à situação existente antes da invasão. “Só será possível um acordo quando a vitória for improvável ou quando as perdas impostas a cada lado por uma continuação do conflito pareçam verdadeiramente insuportáveis”, disse Weller.  

Propostas desse tipo já estão sendo discutidas ou acabarão entrando na mesa. Ontem, Zelensky disse mais uma vez que os ucranianos “estão aceitando” que nunca entrarão para a Otan. Como entrou no modo tirano total, Putin pode simplesmente dar risada das propostas de paz. Ele também pode ter um sentimento pessoal de vingança contra o presidente ucraniano, que satirizou sua “esposa secreta”, a ex-ginasta Alina Karbaeva, num programa humorístico, usando um agasalho rosa choque.

Zelensky, propulsionado ao estrelato mundial como símbolo de bravura e resistência, terá que considerar as propostas. Isto o deixa num lugar muito solitário, talvez o mais solitário do mundo, diante de duas opções horríveis: continuar a ter o país destruído ou fazer concessões ao homem  responsável por esta destruição? [em nossa opinião nenhum presidente, rei, monarca ou o que seja,  tem o direito de destruir seu país apenas para não fazer concessões a quem ele considera inimigo.] 

“A paz não é feita com amigos. É feita com inimigos intragáveis”, disse Yitzhak Rabin. O primeiro-ministro israelense foi morto em 1995 por um radical judeu que não aceitava o acordo assinado com Yasser Arafat.

Vilma Gryzinski, colunista - Blog Mundialista - Revista VEJA

 

segunda-feira, 14 de março de 2022

Bomba e purpurina - Guilherme Fiuza

Revista Oeste

Os não tão inocentes se defendem como podem 

 
Foto: Montagem Revista Oeste/ Shutterstock
Foto: Montagem Revista Oeste/ Shutterstock

A guerra da Rússia contra a Ucrânia sacrifica inocentes. Já os não tão inocentes se defendem como podem:

E aí, tudo bem?

— Não.

— O que houve?

A guerra na Ucrânia.

— É. Triste.

— Muito.

— Tomara que acabe logo.

Não vai acabar.

— Por quê?

— Porque não.

— É, se demorar complica mais ainda. Vamos torcer pelo cessar-fogo.

— Não vai cessar.

— Poxa. Assim você me assusta.

— É a realidade.

— Mudando de assunto: você tá entendendo essa história do passaporte vacinal? Acabou numa parte do mundo, outra parte continua exigindo… Será que estamos numa pandemia regional?

— Zelensky.

— Hein?

— Vai resistir.

Te perguntei sobre passaporte sanitário.

— Ucrânia livre.

— Não entendi.

— Você não entende a democracia.

Calma lá. Estou justamente perguntando sobre a suspensão de direitos democráticos na pandemia.

— Sou mais o Biden.

— ?

— Grande estadista.

— Ok. Vamos em frente. Estou preocupado com a revelação do documento da Pfizer. Nove páginas de efeitos adversos. E os casos de miocardite estão aumentando por aí, ninguém investiga a onda de mal súbito em atletas…

— Zelensky.

— Teve mal súbito?

— Vai resistir. A democracia vai resistir. Os direitos humanos…

Isso. Direitos humanos. Os seres humanos saudáveis que sofreram sequelas ou morreram depois de se vacinar vão ter seus casos investigados?

— Fora Putin.

— Tá bom. Não vou mais falar de vacina. Você viu o Boris Johnson sendo questionado sobre a ineficácia do lockdown? Será que ele vai ter que responder por isso à Justiça?

— Zelensky.

— …

— Foi lindo o pronunciamento do Zelensky ao Parlamento inglês.

— Falei do Boris Johnson.

Tá com o Zelensky. Macron e Trudeau também estão com Zelensky. Todos pela democracia.

— Democracia? Macron e Trudeau decretaram a ditadura sanitária e desceram o pau na população.

— Viva Zelensky.

— Tudo bem. Viva. Foi um prazer te ver. Vou andando que já estou atrasado.

— Boa sorte, se possível.

— Obrigado. Só uma última pergunta: você já sabe quando vai me devolver aquele dinheiro que te emprestei?

Estamos numa guerra. Não tenho cabeça pra falar disso agora.

— Entendo. Por falar em cabeça, o que é esse brilho na sua testa?

Purpurina. Desfilei no bloco pela paz mundial.

Leia também “Demagogia no front”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste


terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Ministro militante? - Barroso quer criar tumulto num ano eleitoral - J. R. Guzzo

Qual o papel de Luís Roberto Barroso, ministro do STF?

Ministro Militante - Barroso sabe perfeitamente o que está fazendo, portanto, e faz isso perfeitamente de propósito   
Foto:Carlos Alves Moura/STF

Será que o ministro Luís Roberto Barroso se esquece, de tempos em tempos, que é um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, e não um militante político individual, que pode ir aonde quiser e falar o que bem lhe der na telha? 
Não há nenhuma hipótese de acontecer nada parecido. Barroso faz questão de se exibir como ministro da “Suprema Corte” 24 horas por dia, 60 minutos por hora, sem dar descanso a ninguém – e, se por acaso, alguém se esquecer disso por um instante, lá estará ele para lembrar: “Atenção aí: eu sou ministro do STF.”
Ele sabe perfeitamente o que está fazendo, portanto, e faz isso perfeitamente de propósito, quando vai a um seminário nos Estados Unidos cujo tema é: Como se livrar de um presidente” – ou “How to ditch a president”, no título oficial em inglês. 
 
Agora, honestamente: pode uma coisa dessas? Barroso é membro de um dos três poderes constitucionais do Estado brasileiro; é inaceitável, dos pontos de vista ético, moral e político que vá a um país estrangeiro e participe de um evento que discute a eliminação de presidentes da República. Sua desculpa, pelo que se imagina, é que o seminário fala sobre esse assunto no “genérico”; não diz, com todas as letras, “como se livrar do presidente Jair Bolsonaro”. Só faltava que dissesse. Uma criança de dez anos de idade entende muito bem do que estão falando, e porque Barroso foi lá.

O ministro e muitos dos seus colegas de STF estão jogando de maneira cada vez mais aberta na desordem política. Jamais passou pela cabeça de nenhum juiz da Suprema Corte americana, ou de qualquer outro supremo tribunal de país democrático, vir ao Brasil, ou a Cochinchina, para falar em derrubar um presidente da República constitucionalmente eleito; a mera noção disso é um absurdo integral.

Mas Barroso nem liga. É isso mesmo o que quer: criar tumulto num ano eleitoral decisivo. Um magistrado do STF, pelo que manda a Constituição, tem como obrigação fiscalizar a legitimidade constitucional das leis e decisões de governo deste país – só isso. 
Não pode ser um militante político; é, além de ilegal, falta de decoro no exercício da função. Se Barroso faz o que faz, e sabe perfeitamente que não pode fazer o que está fazendo, é porque vê a si próprio como a figura número 1 da oposição brasileira e porque acredita, sem dúvida, que o seu comportamento ilegal não pode ser julgado por ninguém. Nenhum ministro do STF tem esse direito.
 
J. R. Guzzo, colunista  - Gazeta do Povo - VOZES

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

(TSE segue a China) - Quais são as chances de o Telegram ser banido no Brasil? - Vida e Cidadania

Gazeta do Povo

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cogita pedir que a rede social Telegram, muito usada por conservadores do mundo inteiro, seja banida do Brasil.                                                     O argumento é a falta de escritório ativo no país.

No último mês de dezembro, o presidente da instituição, o ministro Luís Roberto Barroso, enviou um ofício solicitando uma reunião com a empresa, cujo aplicativo está instalado em 53% dos smartphones ativos do Brasil.

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Alegando que o TSE tem por função organizar e conduzir todos os processos que envolvem as eleições no país, Barroso propunha uma parceria para combater a desinformação durante as campanhas dos candidatos. “Através do Telegram, teorias da conspiração e falsas informações sobre o sistema eleitoral vêm sendo disseminados no Brasil”, escreveu, em inglês, no documento enviado ao fundador da empresa, o empreendedor russo Pavel Durov.

O órgão já mantém acordos semelhantes com o Facebook, o Instagram e o WhatsApp. Em novembro de 2020, por exemplo, o WhatsApp baniu mais de mil contas no país após denúncias recebidas em uma plataforma de denúncias mantida em plataforma conjunta com o TSE.  Diante da falta de resposta do Telegram, começam a circular na imprensa informações a respeito da disposição dos ministros do TSE de barrar o acesso à rede social.

Procurado pela reportagem via assessoria de imprensa, o tribunal enviou os seguintes esclarecimentos: “O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, entende que nenhum ator relevante no processo eleitoral de 2022 pode operar no Brasil sem representação jurídica adequada, responsável pelo cumprimento da legislação nacional e das decisões judiciais”.

Na volta do recesso, o presidente irá discutir internamente com os ministros as providências possíveis, prossegue a nota. “O TSE já celebrou parcerias com quase todas as principais plataformas tecnológicas e não é desejável que haja exceções.  O ministro Barroso e seus sucessores, ministros Luiz Edson Fachin e Alexandre de Moraes, estão empenhados em promover eleições livres, limpas e seguras, e este deve ser um compromisso de todos os que participam do processo democrático brasileiro”.[o ministro Barroso, caso não seja contido por seus pares, em decisão colegiada, tem disposição para tentar transformar o Brasil em uma China, uma Coreia do Norte.
Não foi devido somente à falta do advérbio 'apenas' em um parágrafo da 'constituição cidadã' que permitiu a presença no Brasil da figura do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O ministro Barroso que defendia o casamento entre pessoas do mesmo sexo, muito influiu quando favorável ao tema, assim se manifestou:  “O que se pede aqui, em primeiro lugar, que este tribunal declare na tarde de hoje, é que qualquer forma de amar vale a pena”. 
Com tal entendimento é de se esperar que ele considere normal a tipificação como crime hediondo - e, se necessário assim decretar,em decisão monocrática, usurpando função do Poder Legislativo, - qualquer ação que, em seu supremo arbítrio,  considere atentatória ao bom conceito das "suas" urnas eletrônicas, sem exclusão de  outros atos que entenda passiveis de irrecorrível criminalização.]
 
Medida questionável
Mas o TSE pode impedir uma rede social de atuar no país? Thiago Sorrentino, professor de Direito do Ibmec-DF, responde que não. “Em regra, os residentes no Brasil têm liberdade para contratar bens e serviços de empresas estrangeiras, sem a necessidade de que elas estejam instaladas no Brasil”, ele informa.


Existem áreas específicas da economia para as quais a legislação exige que a empresa tenha sede ou representante no Brasil, ou que seu capital tenha um limite de participação estrangeira, explica o docente. “Por enquanto, não é o caso dos aplicativos de troca de mensagens que operam sobre o protocolo do que chamamos de internet”.

O especialista, que atuou por dez anos como assessor de Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), avalia que o fato de uma tecnologia poder ser utilizada para atividades ilegais não é suficiente para justificar uma proibição geral ao aceso. “A analogia que faço é com o velho telefone: a circunstância de uma quadrilha utilizar celulares para combinar um sequestro justificaria sua proibição ampla, geral e irrestrita? Também justificaria uma quebra arbitrária do sigilo das comunicações de todos os seus usuários? Evidentemente que não. Apenas governos totalitários banem linearmente o acesso a meios de comunicação”.

Em outras palavras, “uma rede social somente poderia ser proibida de operar em territórios nacional se seu propósito único e exclusivo fosse a prática de crimes, como ocorreu nos Estados Unidos, em que um indivíduo montou um marketplace dedicado apenas à venda de drogas”.

Por outro lado, avalia o professor, caso o banimento seja estabelecido, os usuários que conseguissem driblar a medida poderiam sofrer punições no âmbito jurídico. “Não há dúvida de que, se o TSE banir o uso de um aplicativo específico por qualquer pessoal em território nacional, também haverá a possibilidade de punição criminal dessa pessoa. Tudo vai depender da quantidade de recursos que o Estado vai querer empreender nessa ação policial e contra quem ele direcionará seus esforços”.

Alexandre de Moraes estica a corda e ameaça estabilidade entre Poderes - a partir 8'09"
 
Exemplo da China
A sugestão de perseguir redes sociais lembra a postura de países ditatoriais. A China, em especial, é conhecida por barrar o acesso a canais de comunicação utilizados no mundo inteiro. A postura de Pequim, de censurar os produtores de conteúdo que não sejam controláveis pelo governo local, criou uma geração inteira que não conhece sites que fazem parte da rotina de boa parte do planeta.

A lista de sites e redes sociais que os chineses comuns não conhecem há quase duas décadas inclui YouTube, Facebook, Twitter, Google, Twitter, Instagram, Dropbox, Vimeo e SoundCloud, além de canais de notícias respeitados internacionalmente, como o jornal The New York Times e a rede de notícias BBC.
 
Vida e Cidadania - Gazeta do Povo

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

"A detenção de um empresário americano no Brasil por ordem de Moraes, num inquérito sigiloso... É normal?", Leandro Ruschel

 Foto reprodução

A primeira dificuldade foi com a língua. Os agentes não falavam inglês e não havia um tradutor. Uma funcionária do aeroporto se ofereceu para ajudar. Jason questionou sobre o motivo. Os agentes informaram que tinha uma ordem do ministro Alexandre de Moraes de questioná-lo.

Então ele perguntou se ele estava sendo acusado de algo, os agentes afirmaram que não, mas que ele só poderia sair do país após a oitiva. Ele questionou então se estaria preso. Novamente, disseram que não, só queriam fazer algumas perguntas. Quando ele perguntou o motivo, disseram que o inquérito era sigiloso e eles não poderiam informar.  Perguntaram o que ele estava fazendo no Brasil. Ele disse que veio para o CPAC, dar uma palestra. Perguntaram se ele era o executivo da rede social Gettr. Ele disse que sim.

Perguntaram, então, qual era a sua fonte de renda. Nesse momento, ele solicitou um advogado. Entrou em contato com a embaixada americana, que enviou a assessoria jurídica. No meio tempo, os agentes disseram que ele poderia ir embora se assinasse um documento. Ele disse que não assinaria nada, porque não entende português. A assessoria jurídica chegou, recomendou que ele ficasse em silêncio, porque os advogados não tiveram acesso ao inquérito. Depois de três horas detido, ele pode sair do país.

Alguém consegue achar isso normal?

Transcrito pelo Blog Prontidão Total  do Blog Rota 2014

Leandro Ruschel - Jornal da Cidade

 

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

O Usain Bolt da ladroagem - Augusto Nunes

Único preso da Lava Jato ainda na cadeia, Sérgio Cabral bateu o recorde de Marcola

  
Lula e Sergio Cabral
Lula e Sergio Cabral -  Foto: Reprodução 
[não resistimos a um comentário:  esse olhar terno, carinhoso, de admiração (para dizer o mínimo) do coxudo Lula (segundo Merval Pereira em "as coxas do Lula") nos leva a expressar nosso entendimento do quanto a cadeia aproxima os criminosos.]
 
A façanha que tornou Sérgio Cabral merecedor de uma sala exclusiva na ala principal de um futuro (e obrigatório) Museu da Bandalheira no Brasil foi ignorada pelas primeiras páginas dos jornais, não viralizou na internet nem foi aplaudida de pé por toda a população carcerária. Em julho passado, o ex-governador do Rio de Janeiro desbancou Marcos Camacho, o Marcola, da liderança do ranking dos bandidos condenados a mais tempo de cadeia. A marca estabelecida pelo chefão do PCC — 330 anos de gaiola — parecia insuperável até a entrada em cena desse Usain Bolt da ladroagem
 
Com inverossímeis 390 anos 60 de vantagem sobre o rival —, Cabral tem tudo para ampliar a distância.  
Há quatro anos numa cela do presídio de Bangu 8, ainda não se sabe tudo o que fez. 
Qualquer que seja o recorde mais espantoso estabelecido pelo gatuno de altíssimo rendimento, é difícil entender por que só ele, entre os mais de 550 fora da lei pilhados pela Operação Lava Jato, permanece preso em regime fechado? 
Por que só a Cabral o Supremo Tribunal Federal tem negado sistematicamente a liberdade concedida a tantos patifes juramentados? [há alguns dias fizemos comparação  entre um patife juramentado - com previsão de mais de 150 anos de cana, por baixo, já que ele é como diz o articulista "capitão da seleção de larápios" (quase um terço da soma das penas aplicadas ao Cabral até agora) e deduzimos que o patife juramentado por ter dado a sorte de sentar na vara errada, logo ganharia a liberdade. 
Já o Cabral deu azar e o sentaram na vara certa, e tudo indica que não será beneficiado nem por aquela norma que impede que um criminoso fique preso por mais de 30 anos.] 

É verdade que uma soma de penas equivalente a três séculos e meio não é para um salafrário qualquer. Mas ninguém vive tanto tempo, e no Brasil nem Jack, o Estripador poderia ultrapassar o limite dos 30 anos de cadeia. Também é certo que a rede criminosa tecida por Cabral envolveu todo o secretariado, a Assembleia Legislativa, a magistratura, o Ministério Público, o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas, grandes empresários, entidades de classe e agregados em geral, além de 50 vizinhos pra cá e 50 pra lá. Nenhum cofre público livrou-se do saque. Ainda assim, a taça reservada ao maior esquema corrupto do mundo está na sala de troféus de Lula, capitão da seleção de larápios que planejou o Petrolão. 

É possível que o pecado capital do ex-governador tenha sido a inclusão do ministro Dias Toffoli no elenco que apimentaria sua delação premiada. “Quem acusa um juiz do Supremo está ofendendo a instituição”, avisou o presidente da Corte, Luiz Fux, ao apoiar a prisão do deputado Daniel Silveira e do presidente do PTB, Roberto Jefferson. Quando Cabral se dispôs a contar tudo o que sabe, (Como Toffoli ganhou o apelido ‘amigo do amigo de meu pai’) não estava tão claro que, aos olhos dos integrantes do Pretório Excelso, mexer com um é mexer com todos. O próprio Timão da Toga tratou de sepultar o acordo.

Grogue com a sucessão de contragolpes, Cabral vai-se rendendo às evidências de que, mesmo com a Lava Jato algemada pela aliança entre réus, parlamentares com culpa no cartório e juízes cúmplices, o Brasil não voltou a lembrar o imenso viveiro de condenados à perpétua impunidade. Naquele país obsceno, o vigarista que se elegeu governador em 2006 e renovou o mandato em 2010 viveu seus anos dourados, eternizados em vídeos que mostram em ação um astro do bloco Sabe Com Quem Está Falando? Em outubro de 2012, por exemplo, um repórter da TV Globo perguntou-lhe se temia a surpreendente quebra do sigilo bancário da Construtora Delta, pertencente ao amigo e patrocinador Fernando Cavendish. “Imagina! Por que que eu temeria?”, irrita-se o reizinho do Rio. “Por que que eu temeria?”, repete a voz de soprano. “Acho até um desrespeito da sua parte me perguntar isso. Uma coisa é a relação pessoal que eu tenho com empresários ou não empresários, outra coisa é a impessoalidade da decisão administrativa”.

Sérgio Cabral transformara a galeria C do Presídio de Benfica num hotel com grades.

Em outras cenas deprimentes, Cabral debocha do menino negro que se negara a enxergar o Rio Maravilha que o governador exibia ao amigo Lula, assassina o idioma inglês na Sapucaí para apresentar Dilma Rousseff a uma Madonna perplexa, louva num palanque casos de polícia em campanha eleitoral, diverte-se num restaurante em Paris no meio de um bando que celebra a pandemia de propinas com o rosto coberto por guardanapos, capricha no sorriso abobalhado ao ouvir Lula comunicando aos ouvintes que o eleitorado do Rio tinha o dever moral de votar no vigarista a seu lado. A vida em companhia de Adriana Ancelmo, a quem chamava de Riqueza, que chamava o maridão de Meu Anjo, era uma festa permanente. A direção dos ventos mudou com as grandes manifestações de protesto de 2013, o olho do furacão chegou junto com a polícia às 6 da manhã, mas mesmo depois de instalado em Bangu 8 Cabral não enxergou as dimensões do desastre.

Poucas semanas depois do confisco do direito de ir e vir, o Ministério Público fluminense constatou que o prisioneiro Sérgio Cabral transformara a galeria C do Presídio de Benfica num hotel com grades. 
Os colchões esbanjavam conforto, os lençóis eram muito mais brancos. Sobrava em todos os aposentos a água que faltava nas celas comuns. 
As dependências do chefe dispunham de halteres, chaleira, sanduicheira, aquecedores, corda para crossfit e comida de restaurante cinco estrelas. 
O cardápio selecionado por Cabral oferecia três tipos de queijo francês: Babybel, Saint Paulin (embalado em bolinhas e vendido a R$ 279 o quilo) e Chavroux (feito à base de leite de cabra e orçado em R$ 230 a R$ 300 o quilo). O presunto fabricado na região do Porto exibia a grife portuguesa Primor e podia ser encontrado nas melhores lojas do ramo por R$ 225 o quilo. Os potes de castanhas especiais do Pará custavam R$ 120 o quilo. 
O serviço se estendia à cela da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, presa um andar acima do marido. Agora casada outra vez, Riqueza reivindica na Justiça a posse da casa que dividia com Cabral para ali morar com o novo marido.

A capitulação ocorreu dois anos mais tarde. Em mais uma audiência com o juiz Marcelo Bretas, que tratara com rispidez nos primeiros encontros, o ex-governador muitos quilos mais magro demitiu a arrogância e declarou-se culpado. Com uma atenuante não prevista nos códigos legais: roubara uma imensidão de reais por ser “viciado em poder e dinheiro”. O tiro parece ter saído pela culatra por uma bela, boa e simples razão: se existe mesmo essa espécie de vício, a cura está em longas temporadas na gaiola. Dependente ou não, poucas vezes se viu alguém juntando tantas propinas para enfrentar possíveis crises de abstinência.

Em 2011, histórias sobre a vida principesca do casal já iluminavam a face escura de Sérgio de Oliveira Cabral Santos Filho. Numa noite de segunda-feira, o jornalista Sérgio Cabral, pai do governador, foi entrevistado no programa Roda Viva, então comandado por Marília Gabriela. Participei da conversa. A certa altura, o entrevistado queixou-se de notícias que não melhoravam a imagem de Serginho, contou que frequentemente escondia da mãe os jornais, reiterou a confiança na honradez do herdeiro e afirmou que o considerava o melhor governador que o Rio já tivera. Hoje com 84 anos, o jornalista está perdendo a guerra contra o mal de Alzheimer. Quando alguém se refere a Serginho, diz que o filho morreu.

Continue lendo: Onze homens e nenhum segredo:

Leia também “A suprema sem-vergonhice”

Augusto Nunes - Revista Oeste 

 

Para inglês ver = Seios grandes colocam carreira de cantora em risco

Reino Unido

A soprano Maddie Boreham lançou uma vaquinha on-line para poder fazer a cirurgia de redução mamária 

Uma cantora de ópera britânica lançou uma campanha de financiamento coletivo na internet, a conhecida vaquinha. O motivo? O peso dos seios torna difícil ficar em pé enquanto ela canta.
 

(crédito: reprodução /instagram )
  
Em uma entrevista para o Metro, Maddie Boreham explica: "Como cantora de ópera, você tem que ter certa postura corporal quando canta". Com dificuldades até para sair da cama, a cantora que se forma no ano que vem no Royal College of Music, de Londres, teme pelo futuro profissional.

"A dor que estou sentindo por causa dos meus seios está piorando e estou lutando para me levantar e cantar por longos períodos de tempo", afirma Maddie. Ela acrescenta que, com o agravamento do caso, entrou na fila da cirurgia pelo NHS (SUS Britânico), mas devido à pandemia de covid-19 a fila está muito grande.

A urgência do caso, já que sente muita dor nas costas, e a autoestima fizeram com que a soprano lançasse um pedido de financiamento coletivo na internet. Para cobrir o processo cirúrgico ela precisa do equivalente a R$ 50 mil. A cirurgia que Maddie busca fazer é a mamoplastia redutora, que é ofertada no Brasil pelo SUS.

 Diversão e arte - Correio Braziliense
 
 

segunda-feira, 19 de julho de 2021

MARIA MERECE UMA CHANCE - Sebastião Ventura

Maria é uma linda criança que vive em uma região desfavorecida; frequenta escola pública; é filha de uma família modesta, com pais sem curso superior, porém estruturada em um lar de afeto e amor.

O pai trabalha como pedreiro em uma empreiteira local; levanta todos os dias às 5 horas da manhã, pois precisa pegar dois ônibus para chegar ao canteiro de obras; a mãe, diarista, faz limpeza em 5 casas diferentes; embora acorde cedo como o marido, somente sai de casa após ver que a filha comeu um pãozinho ou a fruta que coube no orçamento da semana. Tudo muito simples, mas com dignidade.

Apesar da desvantagem econômica, Maria está em melhores condições emocionais que muitas crianças brasileiras: não convive violência ou abandono parental, não sofre com o alcoolismo dos pais nem jamais foi abusada sexualmente.

O desafio de Maria, portanto, é ser pobre em um país que perpetua desigualdades por força de um sistema educacional falido, caro e ineficaz.

Ou seja, caso tenha uma chance real em sua vida, Maria poderá dar vasão às potencialidades do seu ser, encontrar seu talento e, com trabalho sério, diário e dedicado, transcender economicamente em um ciclo virtuoso de ascensão social familiar. E o mais incrível: se tiver uma base matemática e um conhecimento intermediário de inglês, Maria estará apta a aprender as lógicas de programação e, assim, ainda muito jovem trabalhar no aquecido mercado global da tecnologia, se transformando na maior fonte de remuneração da casa.

Sim, vivemos um tempo de mudanças aceleradas e estruturalmente transformadoras. Precisamos, portanto, do urgente protagonismo daqueles que compreendem as dinâmicas da contemporaneidade e, com sensibilidade de mundo, são capazes de transcender as dificuldades postas em prol do bem das pessoas.

Chega de só reclamar sentado no sofá; críticas acesas incendeiam, mas fazem apenas buracos n´água. Nossas crianças merecem mais, pois almejam só, e somente só, a chance de uma vida melhor.

Na justa expectativa de sorrir amanhã, a Maria agradece, trazendo consigo o Felipe, a Ana, a Flávia, a Camila, o Fernando, o João e toda legião de crianças desfavorecidas que merecem ter a sorte de nascer no Brasil e, não, o azar de estarem condenadas à miséria permanente.

Publicado originalmente em https://www.dynamicmindset.com.br/maria-merece-uma-chance/

Sebastião Ventura é Advogado, especialista em Direito do Estado pela Universidade Federal do Rio Grande Sul, vice-presidente da Federasul e Conselheiro do Instituto Millenium.

 

domingo, 13 de junho de 2021

Retrato de um Brasil que não existe - Revista Oeste

A revista inglesa The Economist colocou na capa sua denúncia sobre um país mórbido, amaldiçoado e respirando por aparelhos, justo no momento em que surgem as suas melhores notícias há pelo menos cinco anos 

O Brasil realmente não dá sorte com a imprensa internacional. O mundo gira, o tempo passa e nada de melhorar a ideia que os jornalistas de outros países fazem da nossa terra, nossas coisas e nossa gente; dos nossos governos, então, é melhor nem falar nada. 
Antigamente diziam que o sujeito podia ser morto à flecha ou comido por uma onça em plena Avenida Copacabana.  
Hoje dizem que o Brasil está praticamente morto, destruído pelas dez pragas do faraó e, para complicar, é governado por uma espécie de sub-Calígula tropical de direita que com certeza vai arruinar a humanidade se não for detido já, neste instante.

 Mais recente capa da The Economist publicada sobre o Brasil (junho de 2021)
Talvez fosse melhor, pensando bem, ficar com a imagem externa que o Brasil tinha no tempo da onça em Copacabana. Pelo menos, naquela época, o que se dizia era a bobagem fundamental — ou seja, o despropósito em estado puro e simples, sem compromisso nenhum com qualquer fato, que podia incomodar os indignados de sempre e ferir o orgulho de um país caipira e inclinado a julgar-se mais europeu do que era, mas não passava muito disso. 
Hoje, além da coleção de disparates de ontem, é preciso ouvir prodigiosas lições de moral, discursos de correção política e teorias cansativas sobre administração pública. 
Ou seja: estão escrevendo que tem onça, querem explicar por que tem, e ensinam o que nós todos temos de fazer para sair dessa vida. 
Pior: a elite nativa acredita em tudo, fica agitadíssima e diz a si própria que desta vez, positivamente, está tudo acabado para o Brasil.
 
A tragédia do momento é um artigo da revista inglesa The Economist, que, como o New York Times e mais uma ou outra publicação norte-americana, tem o dom de mexer com os complexos de inferioridade mais primitivos do brasileiro que se julga culto, inteligente e civilizado. (Outros veículos estrangeiros podem reduzir o Brasil a farinha de rosca, mas aí quase ninguém liga; país subdesenvolvido é assim mesmo, só leva a sério o que é dito em inglês.) Não é um levantamento de fatos; é um texto de opinião, apresentado como o editorial mais importante da edição. 
Dizem ali, mais uma vez, que o Brasil está jogado numa fossa infernal, sem emitir sinais de vida ou de esperança, e o pior de tudo é que Bolsonaro não é o único culpado por isso; além dele, há também a desgraça do “sistema político”.

“Deu na Economist”, portanto — e isso, como acontece quando “dá” no New York Times, é uma certidão de que, para o mundinho da política, dos jornalistas e dos empresários que têm viés “social”, qualquer coisa que estiver entre a primeira e a última palavra do texto é a verdade em seu estado mais indiscutível.  
E se disserem que o Brasil é um subúrbio de Buenos Aires, onde as pessoas usam sombrero mexicano e fazem a siesta da tarde? 
Continua sendo verdade, dentro da bolha. “Deu na Economist”, e, se “deu” lá, não há mais que discutir. Game over. Não concordou com o que “deram”? Perdeu, playboy.

Vale a pena, depois de tanto tempo, continuar dando confiança para esse tipo de coisa? É uma questão em aberto. The Economist, com a passagem dos anos, vai ficando cada vez mais parecida com um economista — ou seja, lembra cada vez mais um desses madraçais muçulmanos, as escolas onde todo mundo fica repetindo a mesma frase sem parar e, sobretudo, sem pensar. Nas orações dessa espécie ameaçada de extinção, que atualmente tem o seu habitat reduzido às entrevistas da imprensa e às mesas-redondas levadas ao ar depois do horário nobre, o Brasil sempre morre no fim. Na próxima vez ele morre de novo, e assim segue a vida. Mas ele não estava morto? Não interessa. Como escreveu no Twitter o médico Jorge Hallak, um leitor brasileiro, a revista parece estar exibindo sintomas de mal de Alzheimer editorial: esquece mais do que lembra, pelo menos no caso do Brasil, ou vê uma realidade que só é percebida por ela mesma.

Pode ser. The Economist já foi mercadoria que não se imita; hoje, como tantas outras publicações por este mundo afora, é bananeira que não dá mais cacho. Mas a questão, no caso do Brasil jogado na fossa, não é a qualidade relativa da revista ou dos textos que ela publica. É a constatação de que imprensa internacional, hoje em dia, é isso, e o Brasil mostrado lá fora é esse — um Brasil que não existe. Não se trata da imagem que o Brasil tem para o torcedor que está no pub de Londres assistindo a um jogo do Arsenal. Esse aí vai passar toda a sua vida, provavelmente, sem jamais ter lido uma sílaba publicada na Economist — e de qualquer maneira, como a maioria dos demais 8 bilhões de habitantes do planeta, está pouco ligando para o Brasil e para os problemas brasileiros. O relevante, no retrato monstruoso que a mídia internacional apresenta do país, é que pessoas encarregadas de decidir questões práticas acreditam que o Brasil é mesmo assim. Aí fica ruim.

O Brasil que vai votar em 2022 para presidente da República não lê The Economista maioria não lê quase nada nem em português, imagine-se em inglês. 
O novo atestado de óbito que a revista acaba de passar para o Brasil também não muda o preço internacional da soja, nem diminui o volume de água no Aquífero Guarani. 
Não influi na bolsa, nem na cotação do dólar, nem nas vendas do varejo. Mas o que se diz em suas páginas, e nas páginas da imprensa mundial de elite, forma um Brasil imaginário na cabeça do rebanho de burocratas que vive dentro dos governos dos países ricos. 
Esse Brasil é um pesadelo de nível africano, ou coisa pior, e esse rebanho tem indivíduos que resolvem coisas práticas. Por exemplo: passagem de gente pelas fronteiras. O resultado é que o brasileiro, pelo único fato de ser brasileiro, não consegue mais viajar para o exterior como um cidadão normal. 

Esqueça os chiliques das classes jornalísticas nacionais, dos intelectuais e dos banqueiros de investimento de esquerda diante do artigo da Economist; isso desaparece em cinco minutos. O que fica é o prejulgamento, que começa nos reis e vai até o guarda da esquina, contra todos nós. É do Brasil? Então é ruim. É brasileiro? Então não presta. Não se trata apenas de viagens. Trata-se de todo o universo de dificuldades que funcionários de governo, ou quem mais se veja em condição de atrapalhar alguma coisa, pode fazer contra o Brasil nos demais países. Isso não é um “problema de imagem”, que pode ser resolvido, segundo o folclore, contratando uma agência de relações públicas. É uma guerra contra um adversário invisível.

O artigo, em si, não é melhor nem pior do que o mesmo texto básico que a revista embala para os leitores há anos, desde que “a direita” foi para o governo. (“Para o governo”, apenas; nunca se diz que ”a direita” chegou lá porque ganhou uma eleição.) É, essencialmente, uma repetição da novena rezada todos os dias no Jornal Nacional, nos blogs apresentados como “de esquerda” e no circuito OAB-CNBB-etc. 
 
Bolsonaro: "Se tomar vacina e virar jacaré não tenho nada a ver com isso"
 
Houve, neste caso, alguns momentos editorialmente exóticos — como acontece, por exemplo, na passagem em que o texto fica aparentemente indignado com a piada que Jair Bolsonaro fez sobre a vacina e o crocodilo. Não lhe ocorreu informar ao público, a respeito do assunto, que o Brasil já vacinou mais de 70 milhões de pessoas em quatro meses; 
só a China, a Índia e os Estados Unidos fizeram melhor que isso. 
 
Há, também, trechos francamente cômicos, como a extraordinária revelação de que o ministro da Defesa foi demitido porque não quis que o Exército fosse usado para forçar os comerciantes a abrirem as lojas. Heinnnnnnnn? Como assim? De onde foram tirar isso? Nem uma agência caçadora de fake news, dessas mais bravas, teve a coragem sequer de pensar num negócio desses. Mas, no fundo, não há muita novidade além disso; a coisa toda acaba sendo um clássico em matéria de mais do mesmo.
 
 Trata-se de um Brasil de fantasia — e, mesmo que esse Brasil existisse, quando é que isso aqui foi muito melhor?

Os editores não poderiam ter escolhido um momento pior para publicar seu artigo sobre esse Brasil de perdição castigo que em geral pune jornalistas que escrevem sobre isso ou aquilo sem ter o trabalho de olhar em volta de si, e ver um pouco o que está acontecendo fora da redação. (Com o trabalho em home office, então, aí é que o cidadão não sai mesmo dessa bolha dentro da bolha — uma espécie de buraco negro das bolhas.) O fato é que a revista põe na capa sua denúncia sobre um Brasil mórbido, amaldiçoado e respirando por aparelhos, justo no momento em que o país tem as suas melhores notícias há pelo menos cinco anos. 
Junto com a publicação do artigo foram apresentados os últimos cálculos sobre o crescimento da economia brasileira este ano, com a covid ainda rolando solta: 5% de janeiro a janeiro, número que, desde as recessões-monstro de Dilma Rousseff, o cidadão pensava não existir mais na aritmética econômica do Brasil.  Pode ser mais que isso — e não há sinais de que o avanço não se repita em 2022, com o término da vacinação e com a recuperação consistente da economia mundial.
 
(............)
 
O saldo na balança comercial, em maio, foi de 9 bilhões de dólares — pode ficar em 75 bilhões de dólares em 2021, 50% a mais que no ano passado. As vendas do varejo, no mesmo mês, foram as maiores dos últimos 21 anos. A safra de soja vai bater mais um recorde em 2021, com quase 133 milhões de toneladas.  
A entrada de investimentos internacionais no mercado brasileiro voltou a toda — fruto de juros mais altos e com perspectiva de crescer ainda mais para enfrentar os índices de inflação, de novo em alta.
Mais que tudo, é impossível perceber, quando o sujeito sai à rua, onde está esse inferno na Terra descrito pela mídia. Trata-se de um Brasil de fantasia — e, mesmo que esse Brasil existisse, e fosse tão ruim como querem que ele seja, quando é que isso aqui foi muito melhor?  
Tirando a covid e as suas desgraças, alguém está com saudade de alguma outra época? 
Qual?
Nenhum país que já teve na sua Presidência Fernando Collor e Dilma Rousseff pode estar pior do que já foi. 
Quem sabe alguém seja lembrado disso, na próxima denúncia da imprensa mundial contra o Brasil? 
Não vai rolar, é claro. Mas as realidades são o que elas são, e o Brasil, para o bem e para o mal, continuará sendo exatamente o que é — e não o retrato que se faz dele por aí.

Leia também “Perdidos no Brasil”

J. R.Guzzo, colunista - Revista Oeste