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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Os tiranos ridículos: prender bispo, cassar nacionalidade e outros abusos

Sob o silêncio cúmplice da companheirada ideológica, Daniel Ortega e Rosario Murillo, líderes de um regime de opereta, avançam rumo ao delírio

 Daniel Ortega, presidente da Nicarágua e sua mulher Rosario Murillo, vice-presidente do país

 Dupla tirânica: Murillo e Ortega dominam o país com um regime farsesco que distribui punições cruéis [admirados e apoiados por Lula]  // Maynor Valenzuela/AFP via Getty Images/Getty Images

Não se confundam, eu não sou opositor, sou sandinista”. Assim se definiu Marlo Sáenz Cruz, conhecido como Chinês Enoc, um sandinista histórico daqueles de usar boina de Che Guevara e defender incondicionalmente Daniel Ortega como um bastião da luta contra o imperialismo americano.

Libertado, transportado e hospedado à custa do imperialismo, depois de nove meses de prisão por causa de uma disputa interna com Rosario Murillo, a verdadeira instância final do poder, ele admitiu: “Agora, depois que caí preso, acho que é (uma ditadura)”.

Sáenz esteve entre os 222 presos políticos libertados por pressão dos Estados Unidos, para onde foram levados direto da cadeia. Como execrável vingança, Ortega mandou o legislativo aprovar a cassação da nacionalidade de todos por “traição à pátria”, uma punição gravíssima que viola os direitos mais fundamentais reconhecidos pelas nações civilizadas.

Exceto, naturalmente, se o castigo desproporcional for infligido por um companheiro.Num país normal, eles deveriam voltar para suas casas e abraçar seus filhos, num estado que garantisse seus direitos. Eles saíram de seu país porque não há garantias de respeito aos direitos humanos”, disse Arturo McFields, que era embaixador da OEA, em Washington, quando resolveu romper com o regime nicaraguense e viver no exílio.

O ex-embaixador condenou o silêncio de “uma esquerda latino-americana omissa e submissa face às terríveis violações dos direitos humanos” na Nicarágua. “Isso inclui México, Argentina e também Bolívia e Brasil”, especificou.

Para nossa vergonha, inclui mesmo. O único que escapa é Gabriel Boric, presidente do Chile. A expansão da esquerda populista na América Latina está deixando a dupla Daniel Ortega e Rosario Murillo mais segura no poder que ocupam literalmente – e pode ter até ajudado no acordo feito com os Estados Unidos para libertar os presos políticos.

Com a “concessão”, Ortega e Murillo se livraram de presos incômodos, como Cristiana Chamorro e os diretores do jornal La Prensa – confiscado pelo regime. E de sandinistas históricos como Dora María Téllez, a Comandante Dois da época da guerrilha contra a ditadura somozista, presa numa solitária sem luz, com quinze quilos perdidos durante o período de treze meses de cruel detenção em El Chipote até a libertação na semana passada.

Dora Téllez foi uma das pioneiras na ruptura com o regime que nada mais tem dos ideais esquerdistas da época da luta contra a ditadura. O Chinês Enoc seguiu até muito recentemente com o que é chamado de ROM, ou Regime Ortega/Murillo. Chegou a participar, de escopeta na mão, da repressão aos protestos estudantis de 2018, com um saldo de mais de 350 mortes.  O rompimento aconteceu porque achou que Rosario Murillo, também conhecida pelos apelidos de Chayo ou simplesmente La Bruja, estava sabotando os sandinistas históricos em favor de uma ala mais jovem entre a qual escolheu seus protegidos. Além, claro, de manipular, Ortega. 

Estamos falando de uma mulher que ficou do lado do marido e contra a própria filha, quando esta denunciou anos de violações sexuais praticadas pelo líder sandinista.

Rosario Murillo se veste como uma cópia mal feita de Frida Kahlo e invoca princípios “espiritualistas”, expandindo sempre as fronteiras do ridículo com suas preleções transmitidas diariamente. 
Ortega também faz os longos discursos típicos da estirpe bolivariana. 
O mais recente foi para tentar desmoralizar o bispo Rolando Álvarez, um dos únicos dois presos políticos que não quiseram embarcar no avião do exílio para os Estados Unidos.

Um dia depois, foi condenado a 26 anos de prisão em julgamento sumário. Ortega disse que Álvarez estava na fila de embarque quando começou a dizer que não iria porque “primeiro tinha que falar com os bispos”, contestando uma “decisão do Estado nicaraguense” que não tinha o direito de questionar. Chamou-o de desequilibrado e energúmeno.

Ao contrário da versão maldosa de Ortega, o bispo decidiu não embarcar com uma frase de extrema dignidade:Que sejam livres, eu pagarei pela condenação deles”.  
É possível que líderes da esquerda brasileira com idade para se lembrar dos companheiros mandados ao exílio em troca de embaixadores sequestrados não vejam as semelhanças com o desterro dos 222 nicaraguenses (com a diferença de que estes não estavam, nem de longe ,na luta armada)?
 
Vilma Gryzinski, coluna Mundialista - VEJA

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Mente autoritária e seus métodos - Míriam Leitão

O Globo







Governantes de mentes autoritárias gostam de estimular a confusão entre governo e pátria, procuram sequestrar os símbolos e as datas nacionais. Eles tentam transformar críticas feitas à sua administração em ataques ao país. Era assim na ditadura militar brasileira, principalmente no período mais violento da repressão aos opositores, o do general Emílio Garrastazu Médici. O sentimento de amor ao país, as alegrias com as vitórias até do futebol, os momentos cívicos eram manipulados para serem vistos como apoio ao governo. Criticar o regime era apresentado como equivalente a trair o país.

Governantes de mentes autoritárias gostam de mentir sobre o passado, alterar fatos históricos comprovados, apostando que se a mentira for repetida, se os livros forem refeitos, se houver uma versão oficial todos passarão a acreditar na narrativa falsa dos eventos. George Orwell tratou disso como literatura na obra-prima “1984”. O passado insistentemente reescrito, para apagar fatos e nomes incômodos. [o Governo Militar apesar de ter vencido os inimigo da Pátria, que tentaram com atos terroristas, matando inocentes, implantar o comunismo no Brasil, cometeu o erro de deixar que os vencidos escrevessem a 'estória' do período em que o Brasil esteve sob administração militar.
O resultado, somado à anistia concedida pelo presidente Figueiredo,  o último dos presidentes militares, permitiram que terroristas covardes, assassinos vis, voltassem ao Brasil e que a história fosse transformada em estória e apresentada como verdade.
Permitindo com tal generosidade que porcos terroristas posassem de heróis, chegando mesmo a denominar prédios e logradouros públicos.
Sabemos que alguns poucos se deixaram seduzir pelo romantismo que as lideranças usavam para apresentar o terrorismo - alguns desses poucos, até tentaram deixar o terror, só que foram aterrorizados pela possibilidade de serem assassinados pelos próprios 'companheiros' = 'justiçamentos'.]

Bolsonaro disse que a ditadura brasileira foi nota 10 na economia. A verdade: ela deixou o país com uma superinflação crônica e o mecanismo da correção monetária que levava os preços sempre para cima. Ainda que os índices mais altos tenham sido atingidos nos primeiros governos civis, foi a democracia que conseguiu desarmar a bomba inflacionária jogada no colo da população pela administração econômica do regime militar. [como bem diz a ilustre articulista, "os índices mais altos da superinflação foram atingidos nos primeiros governos civis"  quando a correção monetária começou a ser manipulada e perdeu a sua principal função: repor as perdas inflacionárias.] Não foi a única bomba que eles deixaram: os militares endividaram o país junto a 800 bancos, e a governos estrangeiros, e deram o calote. Essa dívida foi renegociada e paga na democracia, nos governos Itamar Franco, Fernando Henrique e Lula da Silva. Houve também, na gestão de Henrique Meirelles no Banco Central, a acumulação de reservas cambiais que hoje nos permitem olhar para a Argentina sabendo que a situação aqui é bem diferente.

O período conhecido como “milagre econômico foi curto e o modelo era concentrador de renda. Só para se ter uma ideia do que foi deixado de lado: ao fim desse forte crescimento do PIB, em 1980, 33% das crianças de 7 a 14 anos estavam fora da escola. A universalização do ensino fundamental foi obra da democracia.  Em qualquer governo pode haver erros na condução da economia ou nas decisões sociais e políticas. E presidentes, mesmo democráticos, costumam reclamar das avaliações negativas. A diferença é que a crítica aos erros governamentais não é tratada como crime, nem traição à pátria. A ideia de que só os governistas eram patriotas era mais uma das mentiras da ditadura. Repetir isso num período democrático é restringir o espaço das ideias, é manipular símbolos nacionais, é estigmatizar quem não se perfila entre os admiradores do governante.

O Brasil está em uma administração que foi eleita democraticamente, mas que tem tentado reduzir o espaço democrático, de livre circulação das ideias, e quer, especialmente nesta semana, usar o sentimento de país para tentar alavancar o apoio ao governo. As críticas feitas pela alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, estão respaldadas na realidade. Qualquer órgão multilateral tem o direito de fazê-las.

O presidente brasileiro reagiu atacando pessoalmente Michelle Bachelet, querendo atingi-la no drama pessoal que viveu muito jovem ao perder o pai, um militar, torturado e morto por seus companheiros de armas. Uma dor que ela conseguiu separar da sua atuação na esfera pública. No período em que foi ministra da Defesa, e nas duas vezes em que foi presidente, não usou os poderes que teve para fazer qualquer vingança pessoal. O ataque de Bolsonaro ao pai de Bachelet foi criticado até pelo presidente do Chile, Sebastian Piñera, que é de direita.

É patológica a compulsão de Bolsonaro pelas ditaduras e sua admiração ilimitada pelos regimes tirânicos, como o de Pinochet. [estranhamente a alta comissária não efetuou críticas à Síria que viola diuturnamente os direitos humanos, que também são violados na Venezuela e outros países.
Optou por limitar sua críticas ao Brasil.
A admiração de Bolsonaro pelo presidente Pinochet, é normal e compreensível, considerando que foi graças a Pinochet e a outros presidentes, entre eles os que presidiram o Brasil durante o Governo Militar, que o comunismo não foi implantado na maior parte da América do Sul.]
É doentio seu prazer em ferir pessoas atingidas pelos crimes das ditaduras latino-americanas, como fez com o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Mentir sobre o passado do Chile, ou do Brasil, na política ou na economia, não alterará a história real. Tentar apropriar para uma ideologia de extrema-direita os símbolos nacionais não dará certo agora, como não deu no passado. Os amigos e auxiliares que tenham qualquer influência sobre ele deveriam aconselhá-lo. O que ele falou sobre Michelle Bachelet jamais poderia ter sido dito. [ele falou apenas a verdade, nada mais que a verdade, que sempre deve prevalecer.] É sobretudo desumano.

Blog da Míriam Leitão - Alvaro Gribel, São Paulo - O Globo

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Traição à pátria e 4 deputados na Câmara

Pronunciamento da “presidenta” nacional do PT, Gleisi Hoffmann – para a TV Al Jazeera é muito grave, sim, mas não por se dirigir aos árabes como aliados do partido e do preso comum Lula, mas por integrar campanha de petistas contra o Brasil e nossas instituições.  

Mais grave do que isso é o boicote ao combate à corrupção por parte das bandas sadias de Policia Federal, Ministério Público e Justiça em primeira e segundo instâncias, movido pelo partido que ela preside, pelo presidente Temer, seu governo e seu partido, e outros condenados e suspeitos de várias legendas, que assediam de forma hostil, estúpida e, sobretudo, golpista ministros que compõem o lado bom do STF, particularmente as duas únicas damas do colegiado, Cármen e Rosa. 

Este é o comentário que fiz para o Podcast Estadão Notícias, que está no ar desde quinta-feira 19 de abril de 2018, às 6 horas.



Blog do José Nêumanne

Com 4 deputados na Câmara, painel marcava a presença de 355 parlamentares

Os outros 351 pais da Pátria registraram presença para não perder parte da bolada que recebem no fim do mês

Branca Nunes
Nesta quinta-feira, por volta das 11h30, enquanto o painel da Câmara marcava a presença de 355 deputados, apenas quatro ocupavam cadeiras do plenário. Os 351 restantes registraram presença para não perder parte da bolada que recebem no fim do mês — em “sessões extraordinárias”, como a de hoje, faltas acarretam descontos no salário.

A reportagem que registrou o fato, veiculada na BandNews FM, flagrou outra cena esdrúxula. Pilhado com o carro estacionado em local proibido, o motorista de um dos parlamentares ausentes-presentes nem se preocupou em inventar uma desculpa: “É rapidinho”, disse quando lhe pediram que retirasse o veículo. “O deputado só foi correndo até o plenário bater o ponto, mas já volta”.

Ou os parlamentares assumem de vez que o único dia útil no Congresso é quarta-feira — quando não precedidas de feriados, claro — ou contratam um bedel para tomar conta da turma que se acha muito esperta. A segunda opção costuma dar certo em escolas para crianças.

Blog do Augusto Nunes - Veja