Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Unasul. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Unasul. Mostrar todas as postagens

domingo, 15 de maio de 2016

Ordem e progresso

A marca “Ordem e Progresso” não apenas prestigia o lema positivista da bandeira brasileira como contém uma comparação entre o governo que entra e o governo que sai, por ora, temporariamente. A intenção de Michel Temer é dar “ordem” à bagunça na administração direta, nas estatais, nos fundos de pensão e nas agências, além de tomar medidas duras, mas necessárias, para interromper o ciclo de recessão e retomar um ritmo de “progresso”.

Foi nessas duas direções que Temer montou um ministério que em muitos casos não faz nenhum sentido para a opinião pública em geral (e já apanha de corporações e nichos), mas faz sentido quando ele tem de enfrentar com coragem o problema mais urgente: o rombo das contas públicas. A redução de ministérios, o enxugamento da máquina e sinais de austeridade são apenas sinalizações, mas, quando Temer tenta fazer, a gritaria é ensurdecedora.

Muita calma nessa hora. Itamar, Fernando Henrique, Lula e Dilma tiveram uma trégua ao assumirem a Presidência. Por que não dar uma trégua a Temer, que chega em circunstâncias muito mais difíceis, em meio a um somatório inédito de crises? Criticar, sim, mas jogar contra, neste momento, extrapola para a irresponsabilidade. A estreia do homem forte da economia, Henrique Meirelles, mobilizou o mundo político e empresarial e o que ficou claro é que a situação fiscal do governo, já dramática, é ainda pior do que se imagina. Vem aí uma auditoria nas contas, para ver o tamanho real do buraco.

Aliás, um dos ralos visados pela equipe de Temer é nos programas sociais, não só para identificar o “mau uso” por incompetência, como disse Meirelles, mas também para descobrir como, quanto e para quem flui, ou pode fluir, o financiamento de CUT, MST, UNE e MTST, que ameaçam infernizar a vida do novo governo. A intenção é secar a fonte, mas distinguindo o que é “programa social” e o que é gás para “grupos articulados” (e inimigos). Um terreno pantanoso.

Em seu derradeiro discurso, enquanto militantes agrediam jornalistas, Dilma acrescentou um novo item na lista para minar a imagem e as chances do presidente interino. Antes, ela dizia que Temer acabaria com os programas sociais e bombardearia a Lava Jato. Na saída, disse que ele também iria “reprimir os movimentos sociais”. Foi uma casca de banana para o sucessor e uma senha para a militância petista.

O governo não pode se expor a cenas de batalha campal, mas também não pode assistir passivamente a um punhado de gatos pintados, numa nova versão dos black blocs, queimando pneus, bloqueando estradas e prejudicando milhares de cidadãos que precisam ir e vir para escolas, fábricas, lojas e escritórios, além de caminhões carregados de mercadorias. Nem pode ser truculento, nem pode ser omisso. Dilma e os militantes trabalham para que seja truculento.

No fim, ela também lançou outra senha: o marketing contra o impeachment “no mundo”. Lula, primeiro, e Dilma, depois, foram lenientes com Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua. Essa brincadeira acabou. Já na sexta-feira, José Serra iniciava o resgate do Itamaraty e a guinada da política externa, lançando notas em tom diplomático, mas duras, contra a ingerência indevida e atrevida desses “bolivarianos” e da Unasul em questões internas.

O grau e a forma da “repressão aos movimentos sociais” podem ser discutíveis, mas a reação brasileira à acusação ou insinuação de “golpe” é inquestionável. E, com certeza, sob aplausos da esmagadora maioria da população, que está cansada dessa lengalenga da esquerda falida da América Latina. A Unasul e os bolivarianos que cuidem da Venezuela, país estraçalhado, onde as pessoas nem têm o que comprar e comer. Aliás, o que anda faltando por lá é um bom, legal e saudável impeachment...


Fonte:  O Estado de São Paulo - ELIANE CANTANHÊDE



sexta-feira, 29 de abril de 2016

A corda e o relógio



Frase do dia
Nunca vi um crime com tanta impressão digital. Estão lá as impressões digitais. Não era possível um delito com tanta prova. Um crime de responsabilidade sem punição, aí sim que é irresponsabilidade, uma forma de golpe, e essa Casa não vai aderir a isso.
Miguel Reale Jr., jurista, um dos autores do pedido de impeachment de Dilma

A corda e o relógio
A estratégia de José Eduardo Cardozo, ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), que defende a presidente Dilma Rousseff contra o impeachment, é esticar a corda o máximo possível e criar uma guerrilha contra o processo. O primeiro passo foi questionar a votação da admissibilidade na Câmara dos Deputados, alegando que as declarações de voto dos parlamentares não condiziam com a natureza do pedido em discussão.

Provavelmente, o pedido vai ser negado pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Aliados podem tentar recurso na Comissão de Justiça, mas o objetivo é outro: recorrer da decisão de Cunha e levar a discussão, de novo, para o Supremo Tribunal Federal (STF). Dessa feita, questionando a validade da votação. Coisa do velho e bom PT, conhecido de todos por causa de sua vocação para defender disparates.

Mesmo que não obtenha sucesso, Cardozo deseja que a discussão atrapalhe ou, quem sabe, paralise o andamento do processo no Senado. Ele conta com a possibilidade de seus recursos caírem em “mãos amigas” e conseguir alguma liminar que provoque debates que, eventualmente, travem o processo. [O ‘garboso’ precisa começar a desconfiar que esse excesso de recursos absurdos, sem fundamento, verdadeiros disparates, tática típica de babaca petista misturado com ‘chicaneiro’, só vai levar a um resultado: antipatia total dos ministros do Supremo, incluindo os sempre gratos Lewandowski e Marco Aurélio;
Este sentimento fará com que todo recurso proveniente da defesa da Dilma seja apreciado com rapidez pelo STF e negado de pronto, tendo em conta a indisfarçável intenção procrastinadora. ]

Outra iniciativa é tentar obter do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mais tempo na tramitação do processo na Casa. Para tal, Cardozo conta com a discreta simpatia do ministro Ricardo Lewandowski, que presidirá o julgamento, e um irregular apoio do Renan.

Por que ganhar tempo? A presidente Dilma e o ex-presidente Lula esperam criar um clamor internacional (improvável) contra o que chamam de “golpe” contra a democracia. Marco Aurélio TOP TOP  Garcia, assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, atua intensamente junto aos países bolivarianos do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para forçar uma condenação expressa ao processo no Brasil. [qual o valor de uma condenação de organismos inúteis quanto o Mercosul e a Unasul? ZERO, nada mais que um ZERO à esquerda.]

Até agora, obteve duas declarações de relativo peso: do secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, e do deputado kirchnerista Jorge Taiano (Parlasul). No entanto, nenhuma das instituições aprovou ou irá aprovar moções condenando o Brasil. Até mesmo pelo fato de não existir maioria para tal. As escaramuças são dos “executivos” que as gerenciam.

A grita internacional, se ocorresse de forma intensa, poderia alimentar o debate (improvável) sobre a realização de novas eleições gerais no país. Fato que representaria uma grave ruptura e só poderia se concretizar se o Tribunal Superior Eleitoral anulasse a chapa Dilma-Temer (PT). O governo espera (deseja) também que a Operação Lava-Jato venha a atingir o PMDB e, até mesmo, o vice-presidente, Michel Temer. Para o Planalto, essa hipótese poderia “zerar o jogo” no Senado e reabrir as chances de permanência de Dilma no poder. Espera (deseja) ainda que algum fato novo possa reverter a tendência de aprovação em definitivo do impeachment, daqui a dois ou três meses.

Mesmo que não seja uma grande estratégia – já que depende de um STF majoritariamente a favor do andamento do impeachment, das surpresas da Lava-Jato e do acaso , esta é a que resta a Dilma. Porém – e sempre existe um porém —, essa estratégia pode ficar ainda mais fragilizada se Lula e Dilma continuarem atacando a Câmara dos Deputados e demonstrando desprezo pela instituição.

Afinal, caso Dilma se salve, dependerá, para governar, daqueles a quem Lula hoje chama de “quadrilha”. A corda do governo está se rompendo. O tempo está acabando.

Por: Murillo de Aragão – cientista político

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Só restou a truculência

A presidente Dilma Rousseff sofreu mais uma significativa derrota na tramitação do processo de impeachment no Congresso. A comissão do Senado que avalia o caso escolheu como relator o tucano Antonio Anastasia (MG), ligado ao presidente do PSDB, Aécio Neves. Os governistas tentaram de todas as formas impedir que Anastasia fosse eleito, mas o colegiado foi implacável: seu nome foi avalizado com apenas 5 votos contrários entre os 21 membros titulares, placar que reitera a galopante desvantagem de Dilma na luta contra o impeachment.

Essa desvantagem tende a crescer, porque o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em quem o Palácio do Planalto depositava a esperança de manipular o processo em seu favor, demonstrou indisposição para interferir nas escolhas da comissão e no prazo para a conclusão dos trabalhos, que a maioria oposicionista pretende encurtar. Os seguidos reveses de Dilma e do PT no campo institucional na Câmara, no Senado e no Supremo Tribunal Federal, que avalizou todo o processo de impeachment até aqui – certamente explicam o destempero do chefão petista Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou sua tropa para ir às ruas e desestabilizar um eventual governo de Michel Temer.

Sem argumentos legais ou políticos para derrubar o impeachment, já que o afastamento de Dilma é consenso entre os brasileiros e segue estritamente a previsão constitucional, Lula deixou de lado o pouco que lhe restava de responsabilidade e partiu para o ataque frontal às instituições.  Em encontro da Aliança Progressista, que reúne partidos de esquerda de várias partes do mundo, Lula disse que Dilma é vítima de “uma aliança oportunista entre a grande imprensa, os partidos de oposição e uma verdadeira quadrilha legislativa, que implantou a agenda do caos”. Essa fraseque estava num discurso escrito, ou seja, não foi dita de forma impensada resume o atentado que Lula da Silva e seus comparsas estão dispostos a cometer contra a democracia no Brasil.
Incapaz de reunir os votos necessários para impedir o impeachment, nem mesmo depois de tentar comprar deputados num quarto de hotel em Brasília, Lula agora desqualifica o mesmo Congresso que lhe foi tão útil nesses anos todos – e que, acima de qualquer consideração sobre sua qualidade, foi eleito pelo voto direto e, portanto, é legítima representação popular.  No discurso, Lula disse também que o impeachment é uma “farsa” que “envergonha o Brasil aos olhos do mundo”, como se a grande vergonha brasileira não fosse a devastadora corrupção capitaneada pelo PT e seus acólitos, que gangrenou as estruturas do Estado, arruinou a Petrobrás e rebaixou a política nacional a um ordinário balcão de negócios.

O que se vê é Lula fazendo o possível para ampliar essa vergonha, lançando no exterior sua campanha para desacreditar as instituições democráticas. Àqueles dirigentes partidários estrangeiros, o chefão petista disse que “em todo o mundo há vozes responsáveis alertando para os riscos de um golpe de Estado no Brasil” e pediu aos colegas que “levem a seus países a mensagem de que a sociedade brasileira vai resistir ao golpe do impeachment”.

O problema, para Lula, é que sua voz já não tem o vigor dos tempos em que se julgava um grande líder mundial. A campanha movida por ele e por Dilma para sensibilizar governos e entidades mundo afora contra o tal “golpe” tem sido um completo fracasso. Nem mesmo a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), bloco de inspiração bolivariana, conseguiu aprovar alguma moção de repúdio ao impeachment.
Mas Lula não parece se importar com o vexame. [Lula veio do esgoto; pessoas do seu nível não se importam com vexame, sequer sabem o que é.] “As ameaças à democracia no Brasil e na América Latina dizem respeito a toda a comunidade mundial. Dizem respeito à luta entre civilização e barbárie”, disse o líder da tigrada. Ele tem razão: hoje, mais do que nunca, é preciso defender a civilização, calçada no respeito às leis, contra a barbárie, representada pela truculência daqueles que, por não terem mais um pingo de dignidade, não sabem perder.


 Fonte: O Estado de São Paulo
 

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Bolivarianos e Dilma se isolam na farsa do ‘golpe’

PT e governo conseguiram propagar a ideia de uma ruptura de ordem institucional, num ato típico de governos chavistas quando são confrontados dentro da Lei

Numa ação típica de “agitprop”, agitação e propaganda, o PT disseminou a ideia de que haveria um “golpe” em andamento no Brasil, sob o disfarce de um processo de impeachment. Disciplinada, a militância foi em frente.[disciplinada? desde quando ter fezes na cabeça é ser disciplinado?]
 
Inclusive um diplomata, ministro Milton Rondó Filho, lotado como ministro na Secretaria de Estado de Relações Exteriores do Itamaraty, posto estratégico. De lá, ele difundiu o alerta do “golpe” pelo mundo. Depois, devidamente desmentido. É no mínimo curioso que Rondó trabalhe na parte internacional do Fome Zero (!?), algo extravagante no Itamaraty. Coisas do aparelhamento.

Mas, pelo menos na militância, o “golpe” fantasioso se espalhou. Depois, teria na própria presidente Dilma ardorosa propagadora, e passaria a fazer parte da tese de defesa dela, com a qual o ex-ministro da Justiça e ex-deputado petista, José Eduardo Cardozo, transferido para a Advocacia-Geral da União, já esgrimiu na Câmara e no Supremo Tribunal, mas sem sucesso.

O governo lulopetista segue o padrão de regimes bolivarianos ainda espalhados pelo continente, os quais ao primeiro sinal de fortalecimento da oposição — dentro da Lei — denunciam “golpe”. Nenhuma novidade, portanto, que os atuais cabeças desses governos Evo Morales (Bolívia) Nicolás Maduro (Venezuela) e Rafael Correa (Equador) — repitam a cantilena do “golpe”. Já os governos, equilibrados, de Argentina (agora), Chile, Peru e Colômbia agem dentro das normas universais da diplomacia. Não comentam assuntos internos brasileiros. Até porque nada acontece fora da ordem institucional. Dilma e companheiros estão isolados na fantasia golpista.

Isso acontece a poucos dias de uma cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), organismo inventado por Lula e Hugo Chávez para se contrapor aos Estados Unidos, o “Império". [a Unasul tinha a pretensão de ser a sucessora da extinta União Soviética.]  Lá deverá ocorrer uma catarse bolivariana de apoio a Dilma. A denúncia do “golpe” já entrara no Planalto, por meio dos comícios que a presidente e o PT promoveram nos salões do Palácio. Derrotada na Câmara, no domingo, o discurso padrão voltou no primeiro pronunciamento e rápida entrevista concedida por Dilma, na segunda.


Retornou ao cantochão do “golpe", o que já fizera em entrevistas à imprensa estrangeira. Ela tem toda a liberdade de falar o que quiser, mas ao propagar mentiras sobre a situação institucional do país incorre em grave erro, porque se trata da presidente manchando, de maneira deliberada, a imagem no exterior da própria República.

Golpe com a participação do Supremo, no Brasil, seria candidato a entrar no Guinness, no quesito bizarrice. Assim como a repetição de que teve “54 milhões de votos” também é oca. Como está previsto na Carta, com mais votos ou menos, o chefe do Executivo pode ser denunciado e impedido, sem macular o Estado Democrático de Direito. Aliás , o impeachment é um instrumento muito conhecido do PT, que o acionou várias vezes no passado. Enquanto luta pelo que considera direitos seus, pelas vias legais, a presidente deve é governar para que, seja qual for o desfecho do processo no Senado, o país volte o mais rapidamente possível à normalidade.

Fonte: Editorial - O Globo


segunda-feira, 18 de abril de 2016

Radicalização



O Palácio do Planalto, vazio de interlocutores confiáveis e reconhecidos, foi preenchido por grupos de militantes que mais parecem uma horda de bandoleiros
O Palácio do Planalto virou um palco do horror. Em um governo onde mais nada deveria surpreender, há ainda surpresas para um espectador sensato.

A presidente Dilma foi abandonada pela sociedade. Após se eleger com um discurso completamente ficcional, sem nenhuma relação com a realidade, foi obrigada a desdizer-se uma vez que o descalabro econômico e social mostrou-se em sua nudez. Prometeu uma coisa e começou a fazer outra, como se os cidadãos fossem um bando de idiotas, incapazes de discriminar uma tal situação. O discurso do marketing eleitoral foi substituído por discursos que primam pelo caráter desconexo, onde o sujeito e o predicado se entrelaçam de uma forma aleatória e arbitrária. Se são desconexos, isto se deve à própria desconexão entre o apresentado e o real pelo petismo criado.

A presidente Dilma foi abandonada pelos partidos políticos. Sobrou-lhe apenas o PT e o PCdoB, além de uns poucos desgarrados em busca de cargos vagos. O mais surpreendente, mesmo para os elásticos padrões da política brasileira, é que os partidos não querem preencher esses cargos, seja porque já dão como favas contadas que o barco naufragou, seja porque não acreditam no que o governo e o PT prometem. Quem já prometeu e não cumpriu, não merece nenhuma credibilidade.

O Palácio do Jaburu tornou-se o centro de romarias em Brasília. Deputados e políticos afluem de todos os lados. Se continuar assim não me surpreenderia que até o PT para lá se dirigisse! Contudo, o diferencial consiste no fato de o vice-presidente acolher gentilmente, amigavelmente, os parlamentares, dedicando-lhes tempo e apreço. Muito provavelmente, a grande maioria destes deputados jamais visitou a presidente no Palácio do Alvorada, nem foi por ela lá acolhida. A humilhação foi a regra para muitos. Agora, vivem a diferença. A presidente Dilma está colhendo o fruto de sua arrogância e o PT pagando o preço de suas tendências hegemônicas e autoritárias.

Nem o recurso ao ex-presidente Lula produz resultados. Ficou na paradoxal situação de articulador político sem poder assumir a Casa Civil. “Ministro” fingindo exercer uma função ministerial. É propriamente um vexame!  Muito provavelmente deverá prestar contas à Justiça em um futuro imediato. Neste caso, nem ele sobreviverá ao fracasso do governo petista. O seu problema maior é, hoje, a sua própria sobrevivência. A política surge mesclada a questões criminais.

O que sobrou? O gueto do esquerdismo!  Na ausência de qualquer narrativa crível, a presidente Dilma, o ex-presidente Lula e o PT optaram pela radicalização. O Palácio do Planalto, vazio de interlocutores confiáveis e reconhecidos, foi preenchido por grupos de militantes que mais parecem uma horda de bandoleiros. Um lugar que deveria respeitar as leis e as instituições é literalmente tomado de assalto por pessoas que prometem violar essas mesmas leis e instituições. A presidente, aliás, fez um juramento de respeito e obediência à Constituição.

Qual é, no entanto, a realidade? Aplaudiu os discursos “revolucionários e criminosos”, além de abraçar os seus proponentes. Deveriam ter sido expulsos do Palácio, mas foram carinhosamente acolhidos. Foi literalmente um abraço dos afogados. O pouco apoio que ainda usufruía dos meios empresariais saltou pelos ares.

Não surpreende, por exemplo, que o Secovi de São Paulo, a Fiesp e a CNA (Confederação Nacional da Agricultura) tenham aderido corajosamente ao impeachment. O setor agropecuário, em particular, mais do que qualquer outro, foi o que sempre viveu na carne, muitas vezes sozinho, a violência e o desrespeito ao direito de propriedade e da Constituição em geral levados a cabo por esses ditos “movimentos sociais”.

Conhecem muito bem as consequências práticas deste discurso!
Tal posição esquerdista expressa nada mais do que o bolivarianismo desta ala do PT e de seus afilhados, financiados, aliás, com o dinheiro público, o dos contribuintes, como se estes devessem pagar pela violação da Constituição. A própria Unasul, confederação de Estados bolivarianos, estes que estão levando os seus próprios povos à ruína, chegou ao desplante de fazer uma condenação do impeachment da presidente Dilma. Os comparsas continuam irmanados.

O ápice desta triste encenação consiste no discurso do “golpe”, forma de vitimização, voltada para estabelecer as bases eleitorais do PT na oposição. Trata-se de um discurso de adeus, de reconhecimento envergonhado da derrota iminente.  Contudo, os últimos dias foram ainda pródigos de uma outra insensatez, a de um projeto — provavelmente abortadode decretação do “estado de defesa”. Digo provavelmente, pois, em momentos de crise, nunca se sabe o que pode resultar de uma medida desesperada.

Uma vez decretado o “estado de defesa”, após ouvidos o Conselho da República e o de Defesa Nacional (que não foram até hoje constituídos), a presidente seria dotada de poderes extraordinários, próprios de uma situação de guerra ou de uma enorme catástrofe natural. Prisões, violação de correspondência, cerceamento da liberdade de ir e vir, de manifestações ou de imprensa, poderiam ser feitos por mera determinação presidencial.

O “estado de defesa” só poderia ser, portanto, decretado em uma situação extrema de perturbação da ordem pública. Ocorre, porém, que o processo de impeachment está sendo conduzido na mais perfeita ordem democrática, seguindo a Constituição e as recentes decisões do Supremo concernente ao seu ritmo.

Logo, o governo petista estaria, na verdade, procurando perturbar a ordem pública, dizendo defendê-la. Uma ordem deste tipo, muito provavelmente, não seria obedecida pelas autoridades militares, dada a sua flagrante inconstitucionalidade.

Contudo, o discurso dos esquerdistas/desesperados seria o de que a desobediência militar seria um “golpe”! Os autores do golpe o atribuiriam a outros. A narrativa petista seria salva e o país rumaria para o caos.

Fonte: Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul