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sábado, 2 de janeiro de 2021

Papa Francisco diz que mundo precisa de vacina para o coração em 2021

Será um bom ano se cuidarmos dos outros, disse o pontífice, enfatizando a importância de "educar o coração para cuidar, para valorizar as pessoas"

O papa Francisco disse nesta sexta-feira, 1, que 2021 será “um bom ano” se as pessoas cuidarem umas das outras e salientou que, além de uma vacina contra o coronavírus, o mundo precisa de uma “vacina para o coração”.

“Não é bom conhecer muitas pessoas e muitas coisas se não tomarmos conta delas. Este ano, enquanto esperamos pela recuperação e novos tratamentos, não negligenciemos os cuidados. Porque, além da vacina para o corpo, precisamos da vacina para o coração, que é o cuidado. Será um bom ano se cuidarmos dos outros”, disse em uma homília lida pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, durante a Missa de Ano Novo, dedicada à “solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus”, celebrada no Vaticano, nesta sexta-feira, 1°.


O Papa Francisco não pôde presidir esta missa nem a realizada às vésperas de 31 de dezembro de 2020, por causa de uma dor ciática, segundo o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni. Filippo Monteforte/AFP

 O papa Francisco não pôde presidir esta missa nem a realizada às vésperas de 31 de dezembro de 2020, por causa de uma dor ciática, segundo o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni. No entanto, deixou a homilia escrita para que o Cardeal Parolin pudesse ler as suas palavras aos poucos participantes e meios de comunicação que presentes na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Devido às medidas preventivas para evitar a propagação do coronavírus, a missa foi celebrada sem os fiéis e numa basílica vazia

O Papa enfatizou três palavras – bênção, nascimento e encontro – , e salientou o papel da Virgem Maria, neste dia em que a Igreja Católica também celebra o 54.º Dia Mundial da Paz, este ano sob o lema “A cultura do cuidado como caminho para a paz”. “Não estamos no mundo para morrer, mas para gerar vida”, disse o Papa, acrescentando: “O primeiro passo para dar vida ao que nos rodeia é amá-la dentro de nós próprios.

Sublinhou a importância de “educar o coração para cuidar, para valorizar as pessoas e as coisas”, para que as sociedades cuidem dos outros e do mundo. Considerou que “o mundo está seriamente contaminado por dizer coisas más e por pensar mal dos outros, da sociedade, de si próprios”, e assegurou que “a maldição corrompe, faz tudo degenerar” e que “a bênção regenera, dá força para recomeçar”.

No final da homilia, Francisco perguntou-se a si próprio o que as pessoas deveriam encontrar no início de 2021 e respondeu: “Seria bonito encontrar tempo para alguém. O tempo é uma riqueza que todos temos, mas da qual temos inveja, pois queremos usá-lo apenas para nós próprios”. Assim, encorajou as pessoas a dedicarem momentos aos outros, especialmente aos “que estão sós, aos que sofrem, aos que precisam de ser ouvidos e cuidados”.

Papa aparece em público
O Papa Francisco fez sua primeira aparição pública do ano nesta sexta-feira, 1. Atrás de um púlpito na biblioteca do Palácio Apostólico, decorado com uma árvore de Natal e uma manjedoura, o papa fez a tradicional oração do Angelus. “Envio meus melhores votos de paz e serenidade para o novo ano. […] Os dolorosos acontecimentos que marcaram a vida da humanidade no ano passado, em particular a pandemia, nos ensinaram como é necessário nos interessar pelos problemas dos outros e compartilhar suas preocupações”, disse.

VEJA - Com Agência Brasil e AFP


sábado, 11 de novembro de 2017

Perseguição: A nova história oficial da Europa apaga o Cristianismo e promove o Islã

 Covardia e Medo dos muçulmanos? enfraquecimento da consciência cristã do Ocidente Europeu? influência da Ortodoxia e do Islã?


Há poucos dias, uma parcela dos intelectuais mais prestigiados da Europa, entre eles o filósofo britânico Roger Scruton, o ex-ministro da educação da Polônia, Ryszard Legutko, o conceituado intelectual alemão Robert Spaemann e o professor Rémi Brague da Sorbonne da França, emitiram A Declaração de Paris“. Nesta ambiciosa manifestação, eles rejeitam a “falsa cristandade dos direitos humanos universais” e a “utópica e pseudoreligiosa cruzada em favor de um mundo sem fronteiras”. Contrapondo, eles defendem uma Europa calcada em “raízes cristãs”, inspirada na “tradição clássica”, rejeitando o multiculturalismo:
“Os patronos da falsa Europa estão enfeitiçados com superstições do inexorável progresso. Eles acreditam que a História está do lado deles e essa convicção os torna altivos e desdenhosos, incapazes de reconhecerem as impropriedades do mundo pós-nacional e pós-cultural que eles estão concebendo. Além disso, são ignorantes no tocante às verdadeiras origens da decência misericordiosa que eles próprios tanto estimam, assim como nós também estimamos. Eles ignoram, até mesmo repudiam as raízes cristãs da Europa. Ao mesmo tempo, eles tomam o maior cuidado para não ofenderem as susceptibilidades dos muçulmanos, que eles imaginam irão adotar entusiasticamente sua visão secular e multicultural de mundo”.

Em 2007, refletindo sobre a crise cultural do velho mundo, o Papa Bento XVI disse que a Europa está duvidando da sua própria identidade“. Em 2017 a Europa deu mais um passo: criou uma identidade pós-cristã, pró-Islã. Os edifícios governamentais e exposições oficiais da Europa estão efetivamente apagando o cristianismo e acolhendo o islamismo.

Uma espécie de museu oficial foi recentemente inaugurado pelo Parlamento Europeu: Casa da História Europeia“, ao custo de 56 milhões de euros. A ideia era criar uma narrativa histórica do pós-guerra em torno da mensagem pró-UE de unificação. O edifício é um belíssimo exemplo de Art Deco em Bruxelas. Conforme realçou o estudioso holandês Arnold Huijgen, o casarão é culturalmente “vazio”:
A Revolução Francesa parece ser o lugar onde a Europa nasceu, há pouco espaço para qualquer outra coisa que possa tê-la precedido. Ao Código Napoleônico e à filosofia de Karl Marx está reservado um lugar de destaque, enquanto a escravidão e o colonialismo são destacados como o lado mais negro da cultura europeia (…) O que mais impressiona na exibição do museu é que a narrativa não menciona nada sobre a religião, é como se ela não existisse. Na verdade, ela nunca existiu e nunca impactou a história da Europa (…) O secularismo europeu não briga mais com a religião cristã, ele simplesmente ignora todo e qualquer aspecto religioso da vida“.

A burocracia em Bruxelas chegou a ponto de apagar as raízes católicas de sua bandeira oficial, as doze estrelas que simbolizam o ideal de unidade, solidariedade e harmonia entre os povos da Europa. Ela foi concebida pelo designer francês, católico, Arséne Heitz, que ao que tudo indica, se inspirou na iconografia cristã da Virgem Maria. Mas a explicação oficial da União Europeia sobre a bandeira não menciona essas raízes cristãs.

O Departamento Monetário e Econômico da Comissão Europeia determinou que a Eslováquia redesenhasse suas moedas comemorativas, eliminando os santos cristãos Cirilo e Metódio. Não há menção ao cristianismo nas 75 mil palavras constantes no rascunho, cancelado, da Constituição EuropeiaO Ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, do Partido Democrata Cristão de Angela Merkel, sugeriu recentemente introduzir feriados oficiais muçulmanos. “Em lugares onde há muitos muçulmanos, por que não pensar em introduzir um feriado oficial muçulmano?”, salientou ele.

“A proposta está indo em frenterespondeu Erika Steinbach, influente ex-presidente da Federação dos Desterrados – alemães expulsos de diversos países da Europa Oriental durante e após a Segunda Guerra Mundial. Beatrix von Storch, líder política do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), acaba de tuitar: “NÃO! NÃO! NÃO!”  A proposta de ‘de Maizière’ mostra que quando o assunto é Islã, o secularismo oficial “pós-cristão” está simplesmente engessado.

Há poucas semanas, a exposição financiada pela União Europeia: Islã. Ele também é nossa história!”, foi apresentada em Bruxelas. A exposição mostra o impacto do Islã na Europa. O anúncio oficial sustenta que:
A evidência histórica apresentada pela exposição, a realidade de uma presença muçulmana antiga na Europa e a complexa interação de duas civilizações que lutaram uma contra a outra mas que também se entrelaçaram, sustenta um empreendimento educacional e político: ajudar os muçulmanos europeus e não muçulmanos a compreenderem melhor as raízes culturais que eles têm em comum e cultivar a cidadania que eles também têm em comum“.
Isabelle Benoit, historiadora que ajudou a projetar a exposição, salientou à AP: “queremos deixar claro aos europeus que o Islã faz parte da civilização europeia, que o Islã não é nada novo e que tem raízes que remontam 13 séculos”.

O establishment oficial europeu deu as costas ao cristianismo. O establishment parece desconhecer até que ponto o velho mundo e seu povo ainda dependem da orientação moral de seus valores humanitários, especialmente quando o Islã radical lança uma ameaça civilizacional ao Ocidente. “É como se um pacote tentasse preencher um “vazio”, ressaltou Ernesto Galli della Loggia no jornal italiano Il Corriere della Sera.
“É impossível ignorar que por trás do pacote há duas grandes tradições teológicas e políticas: a da Ortodoxia Russa e a do Islã, enquanto por trás do “vazio” há apenas o enfraquecimento da consciência cristã do Ocidente Europeu”.

É por esta razão que é tão difícil entender a “lógica” que está por trás da animosidade europeia oficial em relação ao cristianismo e a sua atração por um Islã fundamentalmente totalitário. A Europa poderia facilmente ser secular sem ser militantemente anticristã. É mais fácil entender a razão dos milhares de polacos que acabam de participar de uma manifestação em massa ao longo das fronteiras da Polônia para expressar sua oposição à “secularização e à influência do Islã“, que é exatamente a linha oficial da UE.

Durante a Segunda Guerra Mundial os Aliados evitaram bombardear Bruxelas porque ela deveria ser o local do renascimento europeu. Se a elite europeia continuar com este repúdio cultural de sua cultura judaica\cristã\humanista, a cidade poderá vir a ser a sua sepultura.

Giulio Meotti, editor cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano
Publicado no site do Gatestone Institute https://pt.gatestoneinstitute.org
Tradução: Joseph Skilnik


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Os beatos que atraem multidões

Quem são os videntes católicos que afirmam ver e conversar com Maria e reúnem milhares de pessoas pelo País

Aos 43 anos, o advogado carioca Pedro Siqueira tem, à primeira vista, um cotidiano comum. Casado, pai de um menino de 3 anos, ele trabalha na Advocacia-Geral da União (AGU), é fã de esportes e enfrenta diariamente os problemas de quem vive em uma grande cidade. A diferença é que Siqueira afirma ver e falar com Nossa Senhora. O advogado chega a reunir dez mil pessoas em celebrações nas quais reza o terço e profere mensagens que são atribuídas a Maria. E ele não é o único. No interior do Espírito Santo, a pacata cidade de Serra, com pouco mais de 400 mil habitantes, também virou ponto de peregrinação porque no jardim de uma casa são recolhidas folhas com desenhos e mensagens feitos por formigas a pedido de Nossa Senhora, segundo Maria Aparecida D’Ávilla, 56 anos, que cuida do santuário. Dona de casa, ela diz que vê e fala com a Virgem nas situações mais corriqueiras, como durante as compras no supermercado. Na Bahia, Pedro Régis, 45 anos, é seguido por multidões de até 50 mil pessoas quando narra, em tempo real, palavras que afirma receber da mãe de Jesus. Casado e pai de duas filhas, ele já deu palestras sobre o fenômeno na França, em Portugal e Israel. Juntos, esses três videntes lideram, ao ano, peregrinações de mais de um milhão de fiéis pelo Brasil.
Além da particularidade do contato direto com a mãe de Jesus, eles têm em comum o fato de serem católicos “leigos”, que não fazem parte da hierarquia da Igreja. Isso não quer dizer que entrem em conflito com padres ou bispos. Ao contrário, costumam contar com a compreensão dos representantes oficiais. O papa João Paulo II (1920-2005), por exemplo, era devoto de Nossa Senhora de Fátima, à qual se referia como “Senhora da Mensagem”. 

O pontífice chegou a se encontrar com Irmã Lúcia (1907-2005), uma dos três jovens que dizem ter visto Maria na Cova da Iria, em Portugal, em 1917. Já o papa Francisco não se diz contra, mas adota uma postura mais cautelosa em relação aos videntes. “Eventos extrassensoriais acontecem. Há inúmeros relatos de pessoas que os sentem ou presenciam. Ninguém os pressupõem”, afirma dom Aldo di Cillo Pagotto, arcebispo da Paraíba.

O carioca Siqueira diz ver Nossa Senhora desde criança. Segundo o advogado, ela surge de uma janela espiritual que se abre no teto, veste bata e véu em tons claros, tem os pés descalços, os cabelos escuros e mantém o olhar muito sereno. Em volta dela, anjos e uma aura colorida descem até o plano terreno, sem tocar o chão. Essas experiências já renderam três livros sobre fé católica e suas vivências espirituais.

Para não confundir a intenção de ajudar o próximo com a pretensão de ser considerado um clérigo ou santo, o baiano Pedro Regis faz questão de ter um padre ao seu lado sempre que organiza suas orações. Regis conta que muitas pessoas relatam curas de doenças ou resolução de problemas após irem aos encontros promovidos por ele. “Mas se teve algum milagre, foi de Nossa Senhora. Sou apenas um instrumento. Sou pecador, como todas as pessoas”, diz. Nesses eventos, uma cruz é carregada pela multidão e, após as orações, ele repete o que afirma ouvir de Maria. As aparições começaram aos 18 anos, quando Regis passou mal na rua e uma jovem o ajudou a voltar para casaela seria Maria. Desde então, ele contabiliza ter recebido mais de quatro mil mensagens da mãe de Jesus.


Na região metropolitana de Vitória (ES), Serra também virou local de peregrinação. Lá, em um jardim, que já ganhou fama de santuário, as folhas caem na grama e são atacadas por formigas, que formam com suas pequenas mordidas desenhos do perfil de Nossa Senhora ou mensagens creditadas a ela. O acontecimento já levou zoólogos da Universidade Federal do Espírito Santo a realizarem testes nos rastros deixados – eles concluíram que o tipo de marca não é característica de uma mordida de formiga, mas sim de perfurações por objetos pontiagudos. A dona de casa capixaba Maria Aparecida, destinatária das mensagens deixadas nas folhas, afirma ver Maria em diferentes situações. “Ela é de poucas palavras, mas é brava. De vez em quando fico até sem graça, porque bem no dia em que as folhas são lidas na missa ela me manda uma mensagem de correção”, diz, referindo-se às celebrações realizadas na igreja ao lado do jardim. Duas vezes por mês algumas folhas são lidas por um padre.

A igreja tem uma postura cautelosa em relação aos videntes. Quando aparecem relatos de fiéis que viram e ouviram santos e anjos ou receberam revelações da Virgem Maria, o bispo da região designa uma comissão para analisar o caso, composta por padres, psicólogos e médicos. Observam-se, então, as condições psicológicas e de saúde da pessoa e se o tipo de mensagem que ela está passando vai ao encontro dos princípios cristãos. Só após esse processo, que leva anos, o Vaticano se posiciona a favor ou contra a “credencial”. O coordenador do curso de pós-graduação em ciência da religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, Emerson Silveira, afirma que não é possível falar de um católico brasileiro com um perfil único. “Há aqueles ligados à Teologia da Libertação e às Comunidades Eclesiais de Base, que colocam em segundo plano ou não prezam a crença em milagres e intervenções de santos, anjos ou Virgem Maria”, diz. 


Se as mensagens são reais ou não, afirma Silveira, quem julga é a multidão que os segue. O teólogo Afonso Murad, doutor pela Pontíficia Universidade Gregoriana, em Roma (ITA), conta que esse tipo de contato com o divino é aceito com maior facilidade no País pela influência do movimento carismático forte. Mas essa abertura não é necessariamente 100% positiva, já que é preciso ter crivo para aceitar ou refutar algum evento como milagre. “Quando aparecem videntes fanáticos, com mensagens apocalípticas e moralistas que não estão em sintonia com o evangelho e a caminhada da Igreja, não devem ser aceitos como legítimos.”

Foto: Pedro Dias/Ag. Istoé, Airam Asil; Gabriel Lordello/Mosaico Imagem; PAULO NOVAIS/EFE; Manuel Romano/NurPhoto; Jeremy Horner/Getty Images