Estão soltando os condenados. Não por terem sido considerados inocentes, mas por cuidadosa manipulação de regras formais [oportuno o registro do ilustre Sardenberg "Não por terem sido considerados inocentes", e tal condição se aplica até o maior de todos os ladrões.]
O senador e ex-juiz Sergio Moro Cristiano Mariz
Lula
comete muitos equívocos. [o sujeito é um equivoco, além de amoral, grosseiro, ignorante e sem respeito aos doentes.] Na maior parte, são opiniões rasteiras sobre
assuntos complexos que ele não conhece. Entram nessa categoria os
comentários sobre os games — vistos como formadores de crianças
violentas — e transtornos mentais — ou “desequilíbrio de parafuso” que
afeta 30 milhões de brasileiros, potenciais causadores de “desgraça”.
Tratava dos assaltos a escolas, tema sensível, mas essas falas não geram
políticas públicas. Ao contrário. Nos ministérios da Saúde e da
Educação, ficaram perplexos com os comentários do presidente. Calaram.
Ainda bem.
É diferente quando se trata das incursões de Lula em política
internacional. As declarações de apoio à China e à Rússia revelam um
antiamericanismo que, antes de mais nada, é visceral. Lula acha — e diz —
que sua prisão foi resultado de uma conspiração armada pelo
Departamento de Justiça dos EUA. [achismo digno da mente cínica que o elabora - o petista foi preso por ter cometidos vários crimes, confirmados em várias sentenças condenatórias proferidas por 9 (nove) juízes distintos e confirmadas em três instâncias; tanto que o Supremo, em sua supremacia suprema não conseguiu descondená-lo.] Tem muita gente importante no PT que
racionaliza essa ideia, tornando-a base da diplomacia “Sul-Sul”. Se os
americanos são capazes de destruir uma economia emergente, então o
negócio é buscar outros parceiros.
En passant,
fica dito que a corrupção no mensalão e, sobretudo, no petrolão foi
coisa pequena, limitada a algumas pessoas, sem participação do PT, muito
menos de Lula. Os grandes acordos de delação? Empresas, executivos e
empresários chantageados. E os réus confessos que devolveram dinheiro?
Também chantagem e mixaria. Assim mesmo, tudo duvidoso, porque a
diretoria da Petrobras na época era formada por cúmplices da
conspiração.
Para eles, a Petrobras quebrou, nas gestões petistas, não por má gestão
e roubalheira, mas por ter sido saqueada por agentes do imperialismo. E
por que saqueada?
Porque a estatal e as empreiteiras associadas,
Odebrecht à frente, se espalhavam pelo mundo ameaçando as companhias
americanas.
(Leiam artigos e livros de José Sérgio Gabrielli e
Alessandro Octaviani, este agora indicado para a Superintendência da Susep.
Ele, aliás, sustenta que a corrupção foi fator de crescimento em muitos
países.) Dizem que,
contra essa expansão brasileira, o Departamento de
Justiça dos Estados Unidos inventou o programa de combate à corrupção,
com o propósito explícito de tirar do caminho as concorrentes das
empresas americanas
.[por sorte, o que foi inventado foi um programa de combate à corrupção, o que vale admitir que os idiotas petistas e devotos que propagam essa ideia, admitem que a CORRUPÇÃO PETISTA JÁ EXISTIA - apenas o programa, oportunamente criado, tornou mais fácil comprovar. ]
Como chegaram a isso? Partindo de um fato real: o governo americano, com a OCDE,
liderou um programa de combate à corrupção que apanhou empresários,
empresas e governos pelo mundo todo, inclusive entre os aliados
europeus. Não foi, pois, uma ação contra o Brasil de Lula.
Foi na
sequência de investigações sobre terrorismo e tráfico de drogas, quando
se adotou a linha follow the money. Quem financiava o crime? Como se
dava a troca de dinheiro sujo por respeitáveis recursos no sistema
financeiro global?
No meio do caminho, com a colaboração de diversos
governos, se topou com a corrupção dos Estados.
O programa desenvolveu métodos de rastreamento de dinheiro,
praticamente quebrando o sigilo bancário e estabelecendo troca de
informação entre os fiscos e os bancos centrais.
A Lava-Jato fez parte
desse programa.
Foi assim, aliás, que achou dinheiro desviado em bancos
suíços.
Sim, Deltan Dallagnol e Sergio Moro estudaram nos EUA. Exatamente como juízes, promotores e policiais de diversos países. Obtiveram condenações notáveis.
Foi tudo uma farsa global?
No mundo, muita gente grande continua em cana. Aqui, estão soltando
todos os condenados. Não por terem sido considerados inocentes, mas por
uma cuidadosa manipulação de regras formais que vai anulando processo
por processo.
Em cima disso, o discurso petista vai ganhando espaço: o
combate à corrupção, uma farsa americana, só serviu para destruir
empresas brasileiras, gerar desemprego e recessão. A inversão está
feita: não é a corrupção que corrói a economia, mas o combate a ela.
Pode?
Não pode. Leiam o livro de Malu Gaspar “A organização” e os escritos de Maria Cristina Pinotti.
Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Coluna em O Globo