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sábado, 13 de janeiro de 2024

Diplomacia de Lula, Janja e Amorim soma declarações cretinas a desejos inúteis - Gazeta do Povo

Vozes - J.R. Guzzo

Após um ano de política externa de grêmio estudantil, repetindo como um papagaio as mesmas bobagens contra “o imperialismo” das quais se fala há 75 anos, o presidente Lula ganhou de lavada a taça de “Perfeito Idiota Latino-Americano” de 2023
Você conhece o tipo – o perdedor clássico, que fica sempre do lado errado, nunca escolhe a opção racional e vive num mundo mental em que o pensamento é substituído o tempo todo por desejos inúteis.
 
A performance deste primeiro ano de diplomacia Lula-Janja-Amorim, que se resume em torrar fortunas em dinheiro público para ficar em hotéis “padrão Dubai” e viajar ao exterior a cada quinze dias fazendo declarações cretinas, acaba de receber um fecho perfeito. 
O Brasil, e mais uma vez de graça, toma a pior decisão entre todas as disponíveis: juntou-se à África do Sul numa denúncia contra Israel por “genocídio”.

    A política externa de Lula tem feito tudo o que é possível para hostilizar as nações prósperas, democráticas e mais justas.

A acusação é um despropósito em estado bruto – a começar pelo fato de que a definição técnica do crime de “genocídio” no direito internacional não tem nada a ver com o que Israel está fazendo em sua atual guerra contra o terrorismo “palestino”. Tudo bem – a África do Sul, referência mundial em matéria de corrupção maciça, concentração de renda e violência criminal, pode fazer o que bem entende para ocultar os seus problemas reais com acessos de demagogia primitiva. Mas e o Brasil? Por que raios teria de apoiar um disparate como esse? Vai ganhar o que na vida real?

Não vai ganhar absolutamente nada
– está apenas satisfazendo, mais uma vez, a compulsão da política externa de Lula em juntar-se à primeira gritaria de linchamento contra o “Norte” que encontra pela frente. É automático. É alguma coisa contra os Estados Unidos e o restante do mundo democrático, no qual se inclui Israel? Então o Brasil é a favor.

O mais patético, nessa em outras decisões da diplomacia Lula-Janja-Amorim, é a pretensão de querer ser “influente” nas questões mundiais sem ter a menor possibilidade de mudar nada, para lá ou para cá, em nenhuma das disputas hoje em andamento através do mundo. Se o Brasil fica contra ou a favor disso ou daquilo dá exatamente na mesma; ninguém, seja em briga de cachorro grande, seja em briga de cachorro pequeno (ou médio), está ligando a mínima para o que o Brasil acha ou não acha.  
A única atitude que faz sentido no cenário internacional é ficar fora de posições ideológicas mecânicas e cuidar dos interesses no Brasil
É o contrário do que Lula vem fazendo – ele fica sempre contra os interesses do Brasil para satisfazer as suas fantasias de “resistência” do “Sul Global” ao mundo que deu certo.

Tem sido assim desde o primeiro dia de governo. O bom, para o povo brasileiro, é integrar-se às esferas de prosperidade mais dinâmicas do mundo atual. A política externa de Lula tem feito tudo o que é possível para hostilizar as nações prósperas, democráticas e mais justas – e aliar-se, com paixão, aos fracassados, às ditaduras e aos infernos sociais.

O Brasil, hoje, é contra os Estados Unidos, os países livres da Europa e Israel – a única democracia do Oriente Médio. É a favor da Rússia (Lula acha que a Ucrânia é culpada pela invasão militar de seu próprio território), dos terroristas do Hamas e de tiranias patológicas como o Irã. 
Em troca disso, só arrumou até agora o desprezo e a má vontade dos países desenvolvidos – sem ganhar nada das confederações subdesenvolvidas que tanto encantam o Itamaraty lulista.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sábado, 22 de abril de 2023

O crime da Lava-Jato foi combater a corrupção - Carlos Alberto Sardenberg

O senador e ex-juiz Sergio Moro Cristiano Mariz

Lula comete muitos equívocos. [o sujeito é um equivoco, além de amoral, grosseiro, ignorante e sem respeito aos doentes.] Na maior parte, são opiniões rasteiras sobre assuntos complexos que ele não conhece. Entram nessa categoria os comentários sobre os games — vistos como formadores de crianças violentas — e transtornos mentais — ou “desequilíbrio de parafuso” que afeta 30 milhões de brasileiros, potenciais causadores de “desgraça”. Tratava dos assaltos a escolas, tema sensível, mas essas falas não geram políticas públicas. Ao contrário. Nos ministérios da Saúde e da Educação, ficaram perplexos com os comentários do presidente. Calaram. Ainda bem.

É diferente quando se trata das incursões de Lula em política internacional. As declarações de apoio à China e à Rússia revelam um antiamericanismo que, antes de mais nada, é visceral. Lula acha e diz — que sua prisão foi resultado de uma conspiração armada pelo Departamento de Justiça dos EUA. [achismo digno da mente cínica que o elabora - o petista foi preso por ter cometidos vários crimes, confirmados em várias sentenças condenatórias proferidas por 9 (nove) juízes distintos e confirmadas em três instâncias; tanto que o Supremo, em sua supremacia suprema não conseguiu descondená-lo.] Tem muita gente importante no PT que racionaliza essa ideia, tornando-a base da diplomacia “Sul-Sul”. Se os americanos são capazes de destruir uma economia emergente, então o negócio é buscar outros parceiros.

En passant, fica dito que a corrupção no mensalão e, sobretudo, no petrolão foi coisa pequena, limitada a algumas pessoas, sem participação do PT, muito menos de Lula. Os grandes acordos de delação? Empresas, executivos e empresários chantageados. E os réus confessos que devolveram dinheiro? Também chantagem e mixaria. Assim mesmo, tudo duvidoso, porque a diretoria da Petrobras na época era formada por cúmplices da conspiração.

Para eles, a Petrobras quebrou, nas gestões petistas, não por má gestão e roubalheira, mas por ter sido saqueada por agentes do imperialismo. E por que saqueada?  
Porque a estatal e as empreiteiras associadas, Odebrecht à frente, se espalhavam pelo mundo ameaçando as companhias americanas. (Leiam artigos e livros de José Sérgio Gabrielli e Alessandro Octaviani, este agora indicado para a Superintendência da Susep. Ele, aliás, sustenta que a corrupção foi fator de crescimento em muitos países.) Dizem que, contra essa expansão brasileira, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos inventou o programa de combate à corrupção, com o propósito explícito de tirar do caminho as concorrentes das empresas americanas.[por sorte, o que foi inventado foi um programa de combate à corrupção, o que vale admitir que os idiotas petistas e devotos que propagam essa ideia, admitem que a CORRUPÇÃO PETISTA JÁ EXISTIA - apenas o programa, oportunamente criado, tornou mais fácil comprovar. ]
 
Como chegaram a isso? Partindo de um fato real: o governo americano, com a OCDE, liderou um programa de combate à corrupção que apanhou empresários, empresas e governos pelo mundo todo, inclusive entre os aliados europeus.  
Não foi, pois, uma ação contra o Brasil de Lula. 
Foi na sequência de investigações sobre terrorismo e tráfico de drogas, quando se adotou a linha follow the money. Quem financiava o crime? Como se dava a troca de dinheiro sujo por respeitáveis recursos no sistema financeiro global? 
No meio do caminho, com a colaboração de diversos governos, se topou com a corrupção dos Estados. 
 
O programa desenvolveu métodos de rastreamento de dinheiro, praticamente quebrando o sigilo bancário e estabelecendo troca de informação entre os fiscos e os bancos centrais.  
A Lava-Jato fez parte desse programa.  
Foi assim, aliás, que achou dinheiro desviado em bancos suíços
Sim, Deltan Dallagnol e Sergio Moro estudaram nos EUA.  
Exatamente como juízes, promotores e policiais de diversos países. Obtiveram condenações notáveis. 
 
Foi tudo uma farsa global? 
No mundo, muita gente grande continua em cana. Aqui, estão soltando todos os condenados. Não por terem sido considerados inocentes, mas por uma cuidadosa manipulação de regras formais que vai anulando processo por processo
Em cima disso, o discurso petista vai ganhando espaço: o combate à corrupção, uma farsa americana, só serviu para destruir empresas brasileiras, gerar desemprego e recessão. A inversão está feita: não é a corrupção que corrói a economia, mas o combate a ela. 
 
Pode?
Não pode. Leiam o livro de Malu Gaspar “A organização” e os escritos de Maria Cristina Pinotti. 
 
 Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Coluna em O Globo

domingo, 12 de abril de 2020

A barbárie comunista chinesa comprando o Brasil - Sérgio Alves de Oliveira


Cheguei à triste conclusão que perdi o  meu tempo e fui enganado pelos meus professores na Faculdade de Direito . Meu aprendizado sobre o significado da SOBERANIA DE UM PAÍS passa muito longe da realidade como ela “é”, especialmente em relação ao Brasil. Por esse motivo a propalada  “soberania” brasileira só  pode ser entendida como tal no mundo das “fantasias”. No mundo do “faz-de-conta-que é”Apesar dos maiores doutrinadores  do Direito, tanto na Teoria  Geral do Direito, quanto na Doutrina do Estado, e no próprio Direito Constitucional, onde os meus professores certamente foram buscar  as “verdades” que me “repassaram”, a tal soberania “teórica” dos livros pode não corresponder exatamente  à “soberania” prática, nas relações internacionais.

Isso porque na verdade são os costumes e práticas SOBERANAS  que fazem as soberanias,não as leis, as  constituições, os livros, os discursos dos políticos, e as “continências” militares. No caso  particular do Brasil,por exemplo, os políticos, os operadores do direito, e os próprios militares, que levam essa discussão muito a sério, dentre outras categorias, geralmente  confundem a independência jurídica e política do país, aquela mesma independência  que é comemorada a cada 7 de Setembro, com a sua pretensa  soberania, que são coisas bem distintas. Enquanto as independências política e jurídica significam concepções meramente formais, previstas nas normas legais internas, e nas leis internacionais, a soberania é bem mais ampla do que isso e  tem mais exigências.

Apesar de independente, a soberania brasileira nunca foi completa, sofrendo alguns “arranhões”, em face primeiramente  dos Estados Unidos, em virtude  dos grandes investimentos que as suas empresas fizeram no país, e das afinidades políticas e jurídicas existentes entre essas nações. Mas a perda de uma pequena parcela  da soberania brasileira para os Estados Unidos ,acaba se tornando  um “brinquedinho-de-criança” perto do que vem acontecendo em relação à República Popular da China, que está “engolindo” o Brasil, não só pelos fantásticos investimentos chineses  até agora, como principalmente pelos que se avizinham.

Os chineses estão de “prontidão” com os seus “yuans” para arrematarem,a troco de “banana”, como sempre foi, todas as grandes empresas estatais da União  (subavaliadas), que logo  serão privatizadas, e que “restaram” da “privataria tucana” (de 1995 a 2003),e da “privataria” do   PT/MDB, de 2003 a 2018,que prosseguiram  a “obra” de FHC. A prova maior da plena consciência que os  chineses têm sobre a  aquisição que estão fazendo “do Brasil”, onde já compraram grande parcela  das suas terras, e investiram e continuarão investindo  em empresas  de alta rentabilidade, e que estão  ganhando por larga margem essa “corrida” dos Estados Unidos, foi justamente a maneira acintosa,”desaforada”,  e agressiva  ,com que o Embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, exigiu “desculpas” pela verdade que Carlos Bolsonaro, filho do Presidente, postou em rede social, no dia 18 de março de 2020, dizendo que a ” culpa pelo novo coronavirus era  da China”. E todos sabem que “é” mesmo.

Aí já cabe um (parênteses): o que aconteceria com o  embaixador brasileiro  na China se  ele tivesse   dito  algo semelhante por  “lá” ? Certamente ele seria expulso e a Embaixada “fechada”. Se os meus prognósticos de certo modo “pessimistas” se concretizarem, ou seja,se a China acabar vencendo  os Estados Unidos na “disputa” pelo Brasil, certamente o povo brasileiro implorará pelo retorno do “imperialismo” americano. Uma “amostragem” do que “seria” já foi dada pelo Embaixador chinês, que teve uma atitude de “mando”,nada “diplomática”,  de consciência de poder sobre o Brasil, de “dono da situação”, de “soberano” do Brasil, o que os americanos jamais ousaram fazer.

E o dia  em que os “chinas” tomarem conta do Brasil, aplicando  os  seus “yuans”,ou seja, dominarem a  economia, certamente  também dominarão a política , mesmo que através de “prepostos” com identidade brasileira,  que ao que parece  já estão dando como “favas contadas” que terão novo “patrão”, e já procuram maior aproximação  com os  chineses,até “in loco”, inclusive, para minha surpresa, respeitáveis militares. De “arrasto” a todos esses investimentos chineses virá ,com certeza, também a  venda da  “soberania” brasileira.

Os próprios constituintes de 88 escreveram a “carta” sem muita certeza da “soberania” brasileira, e de que ela  estaria afastada do “comércio” internacional, como objeto de “compra e venda”. Enquanto a soberania mereceria ao menos um só artigo específico, dentro das centenas existentes na Constituição, a única “soberania” que prevista  está até meio “escondida”, constando unicamente  como  um dos 5 (cinco) incisos do artigo 1º da CF (I) ,que trata dos “fundamentos” do Brasil.

Isso porque hoje “soberania” se tornou conceito  mais econômico do que político ou jurídico. Quem domina a economia ,o dinheiro, é o verdadeiro titular da soberania. E os chineses sabem disso melhor que ninguém. “Eles” sempre respeitarão a “soberania” brasileira (de papel), mas desde que ditem as regras dessa soberania. Se o povo brasileiro quiser antever  o seu futuro com os “chinas” mandando, basta que olhe para o povo chinês, hoje, um dos mais maltratados e miseráveis do mundo, que só tem deveres para o Estado, e para o Partido Comunista da China,que governa esse país desde 1949, e nenhum direito. Por que será que  a ditadura chinesa  não aplica a reserva dos yans que têm guardada  para melhorar a qualidade de vida do seu povo ,ao invés de viajarem pelo mundo para comprá-lo, como já fizeram com grande parte  da África ?

Será que os chineses pensam que conseguem enganar o mundo com as suas “maravilhas”, de “cartão  postal”, e que  se resumem a poucos nichos de uma certa suntuosidade urbanística ?

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo



terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Um delírio de R$ 484 milhões



Como uma ilusão política cresceu como desafio ao imperialismo e terminou numa tragicomédia, sem chance de recuperação do dinheiro público consumido 

Começou com uma ilusão diplomática no governo Fernando Henrique Cardoso. Avançou como política de desafio dos governos Lula e Dilma ao imperialismo americano, a pretexto da preservação da “soberania” e da “dignidade” do país. Terminou num desastre milionário, sem chance de recuperação de um único centavo do dinheiro público consumido e, ainda, com a possibilidade de perdas adicionais até dez vezes superiores numa disputa jurídica internacional. Essa é, em síntese, a história da empresa binacional criada pelo Brasil e Ucrânia há 12 anos.

O Brasil enterrou R$ 484 milhões entre 2003 e 2015 num delirante projeto de lançamento do foguete ucraniano Cyclone-4, comprovam ordens bancárias recebidas pela empresa binacional, recuperadas no fim do ano passado por iniciativa do Senado. Além do prejuízo, restam ruínas de concreto na paisagem de Alcântara, no Maranhão — luxo do tipo somente permissível a subdesenvolvidos.  Tudo começou em 1998, quando a estatal brasileira Infraero assinou um acordo com as empresas Yuzhnoye, ucraniana, e a Fiat Avio, italiana, para lançamento de foguetes da americana Motorola em Alcântara. Os Estados Unidos exigiram salvaguardas às suas patentes tecnológicas que permeiam 80% dos satélites montados e comercializados no mundo.

O governo do PSDB aceitou as imposições e remeteu o acordo ao Congresso na abertura da temporada eleitoral de 2002. Nunca foi votado, mas a crítica à submissão aos EUA virou peça de marketing da campanha presidencial do Partido dos Trabalhadores Lula assumiu e mandou a Kiev seu ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral. Com dez meses de governo, criou a binacional Alcântara Cyclone Space e anunciou “com entusiasmo” a assinatura de salvaguardas tecnológicas com a Ucrânia como alternativa às exigências americanas. O texto, em boa parte traduzido do assinado pelo antecessor com os EUA, foi aprovado em 24 horas no Congresso em votação conduzida pelo PT. A empresa foi formalizada em 2005. Seu capital de R$ 350 milhões logo aumentou 757%, para R$ 3 bilhões.

Em 2012, foram paralisadas a contratação de equipamentos na Ucrânia e as obras em Alcântara. O governo Dilma se topou com a realidade: o foguete ucraniano só poderia ser lançado se o acordo com os EUA estivesse em vigor. Isso porque o Cyclone-4 incorpora tecnologias de patente americana. Para piorar, em 2014 a Rússia invadiu a Ucrânia. Dilma ainda insistiu. Criou uma comissão interministerial para ver se poderia salvar o projeto. Mas o relatório, sigiloso, foi definitivo: “Todas as evidências e todos os depoimentos apontam unanimemente: sem o acordo de salvaguardas com os EUA, qualquer lançamento fica inviabilizado.”

A presidente jogou a toalha numa tarde de sábado, em maio de 2015. Desfez o acordo com a Ucrânia. Dois meses atrás, o governo Temer apresentou aos EUA nova proposta de acordo de salvaguardas tecnológicas. Ainda não recebeu resposta — dependeria das negociações entre a Boeing e a Embraer.  Só agora o custo dessa tragicomédia política e diplomática começou a ser exumado. As perdas já comprovadas foram de R$ 484 milhões. Com as pendências jurídicas, a conta final do delírio poderá ser muito maior.

José Casado - O Globo


terça-feira, 26 de dezembro de 2017

A última sessão



O ano acabou com PMDB e PSDB celebrando um projeto de Lula e Dilma, rejeitado pelo PT e PCdoB sob suspeita de ‘entreguismo’, e com o PSOL festejando um êxito de Temer 

 Nas últimas horas do ano legislativo, o deputado Izalci Lucas (PSD) foi ao microfone:  — Senhoras e senhores parlamentares, eu acabei de receber um telefonema que me preocupou. Disseram-me: “Izalci, estou assistindo à TV Câmara e, sinceramente, não estou entendo nada.”  Alguns riram, até porque nenhum dos 400 deputados era capaz de explicar.

Numa ironia da história, a Câmara terminava 2017 de forma inimaginável: com o PMDB e o PSDB festejando a aprovação de um projeto dos governos Lula e Dilma; o PT e o PCdoB repudiando a iniciativa dos ex-presidentes petistas por suspeita de “entreguismo” ao imperialismo ianque; e o PSOL celebrando um êxito do governo Michel Temer.  Sobrava perplexidade, resumida em versos mal escritos e recitados na tribuna por Pompeo de Mattos (PDT-RS): “Neste ano findo/ Para onde estamos indo?/ O que queremos afinal?”
Decidia-se o Acordo sobre Transportes Aéreos entre o Brasil e os Estados Unidos, negociado pelos governos Lula e Dilma Rousseff.

Por ele, Dilma viajou a Washington em 2012. Na segunda-feira 9 de abril, vestiu um tailleur vermelho e preto e foi à Casa Branca. Encontrou Barack Obama, a bordo de um terno cinza e gravata de listras largas. Assinaram o acordo de “céus abertos” para a aviação civil.  Cinco anos depois, na noite de terça passada, o texto foi à votação na Câmara. O deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) ironizou:  — Vamos fechar o ano votando um projeto da ex-presidenta Dilma. Olhe que moral a bancada do PT vai ter hoje!

O PT reagiu mal.  Rejeitou a própria criação. E, pior, levantou suspeitas de que o projeto favorecia o entreguismo do setor aéreo nacional à sanha imperialista.  — Em defesa da soberania e do povo brasileiro, o partido é contrário a essa proposição — anunciou Erika Kokay (PT-DF), arrematando. — É preciso que neste Parlamento pulse o coração verde e amarelo! Quebrarão as nossas empresas e depois exercerão um monopólio, o que fará com que aumentem o preço das passagens aéreas de forma exorbitante.
 
Ao lado, Marcus Pestana (PSDB-MG) exasperou-se:
— Esse acordo é dos presidentes Lula e Dilma. Agora, só porque é com os EUA, ressurge o fantasma do imperialismo. É impressionante o anacronismo da esquerda brasileira.
Parecia impossível, mas aconteceu: PMDB e PSDB celebraram a aprovação do projeto dos ex-presidentes petistas, que acabara de ser rejeitado com repulsa pelo PT e o PCdoB.  A confusão aumentou quando Chico Alencar (PSOL-RJ), depois de listar as “perdas do povo” com o reformismo governamental durante 2017, proclamou louvores, literalmente, a uma iniciativa do governo Michel Temer:  — Devemos comemorar a liberação dos saques em contas inativas do FGTS.

No tumulto, André Amaral (PMDB-PB) viu um microfone vago, agarrou-o e apelou ao prefeito da sua paraibana Mataraca:  — Recoloquem a estátua do boi Diamante em praça pública. Ele representa a história de luta do povo, e inclusive carregou sua mãe quando foi dar à luz sua irmã: era com a carroça no lombo de Diamante que se faziam todos os serviços na cidade, hoje realizados pelo trator da prefeitura.

E assim terminou o ano da graça de 2017 na Câmara dos Deputados.

José Casado, jornalista - O Globo