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segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Rumo ao segundo turno - Alon Feuerwerker

Análise Política

O presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram ao segundo turno com uma diferença de cerca de cinco pontos percentuais entre eles, por volta de metade da diferença no voto válido apontada pela última pesquisa BTG-FSB uma semana antes da eleição.

O fenômeno verificado nesta reta final de primeiro turno, e não captado pelas pesquisas, foi uma transferência importante de votos da terceira via para Bolsonaro, num movimento aparente de antecipação do segundo turno.

Assim, Lula fechou a rodada inicial com os votos válidos previstos, mas Bolsonaro desempenhou significativamente acima, resultado que se deve principalmente a um melhor desempenho no Sudeste, especialmente em São Paulo. Que, com segundo turno para governador, será um palco decisivo em 30 de outubro.

Os outros dois grandes estoques de voto no Sudeste decidiram a parada já neste domingo. Os dois governadores eleitos de Minas Gerais e Rio de Janeiro serão cabos eleitorais importantes no segundo turno.

O presidente da República enfrenta alguns desafios no segundo turno. Um deles é o fato de os candidatos com algum voto que não se classificaram para a decisão tenderem a apoiar o candidato do PT. Mas, com quatro semanas de campanha e boas notícias na economia, é hoje uma disputa completamente em aberto, com 50/50 de chances. 

AlonFeuerwerker, jornalista e analista político


quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Pacote terá problemas no Congresso - O Estado de S. Paulo

João Domingos 

O Congresso é formado em sua maioria por parlamentares que se dizem municipalistas

O governo pode se preparar. O Congresso não aprovará as propostas do Plano Mais Brasil do jeito que foram entregues. Em alguns casos, haverá resistências intransponíveis, como a extinção de cerca de 1,2 mil municípios com menos de 5 mil habitantes e arrecadação menor do que 10% da receita total. Em outros, os projetos serão tocados, mas com mudanças. A única parte com chance de andar, talvez com votação em pelo menos uma das Casas este ano, é a que trata dos gatilhos para reduzir gastos.
O Congresso é formado na sua maioria por parlamentares que se dizem municipalistas. E, mesmo que nem todos saibam direito o que isso significa, sabem que precisam do apoio dos prefeitos para garantir a eleição. Acabar com mais de mil municípios é acabar com mais de mil cargos de prefeito e outro tanto de vices, além de cerca de 12 mil mandatos de vereador, todos cabos eleitorais importantes. Sem contar os servidores, eleitores que podem perder o emprego.
Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tudo leva a crer que essa iniciativa tem cheiro de jabuti em cima de uma árvore. “Tem segunda intenção por parte desse projeto”, disse Maia a este repórter ontem. Deve-se levar em conta para o futuro do pacote dois fatores: a total dependência que Bolsonaro tem de Maia e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Sem base parlamentar, e com o único partido do governo, o PSL, em guerra interna, o presidente terá de contar com a boa vontade dos dois. Como contou na aprovação da reforma da Previdência.
Só que o momento é diferente. Maia está descontente com a forma como o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem se comportado quanto à reforma tributária. [Mais não se conforma em não ter emplacado o parlamentarismo branco e com isso ele defenstrado, antecipadamente, do cargo que pretendia ocupar 'primeiro ministro'. Já o Alcolumbre segue o 'líder' - não seguir o  líder no sentido real, caso dos torcedores,  e também dos adversários,  o MENGÃO - e sim o ex-quase futuro primeiro-ministro.] A impressão que Guedes passa é a de que não deseja que nada seja feita. Outro tema que levanta o debate no Congresso são as crises que Bolsonaro e seus filhos criam do nada. Muitos líderes começam a demonstrar cansaço com a usina de crises do clã Bolsonaro.

João Domingos - O Estado de S. Paulo

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Uma ideia para os partidos: mais democracia. E o direito do analista a uma ingenuidade anual - Alon Feuerwerker

Análise Política

Eis que Jair Bolsonaro está às voltas com o problema costumeiro dos presidentes da República. Para consolidar e ampliar a dominância sobre o cenário político, precisa de um (ou mais de um) partido para chamar de seu, e precisa que este(s) lute(m) por capilaridade nos processos eleitorais. E tudo começa pela eleição municipal. É nela que se elegem os cabos eleitorais dos deputados federais, sem quem o presidente da República, aí sim, está arriscado a virar rainha da Inglaterra, ou a sofrer coisas ainda piores.

A política brasileira é peculiar. Aqui o sujeito não chega ao poder por ter um partido forte, mas precisa usar o poder para construir um partido forte, sem o que fica ainda mais sujeito a instabilidades, dada a entropia do sistema.   Nenhum presidente eleito desde a democratização contava com, ou conseguiu eleger junto, uma legenda hegemônica, e todos usaram o poder da caneta para alavancar, depois, gente para lhes dar sustentação. Aliás foi, e é, a fonte dos grandes escândalos nacionais.


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Administrações partidárias são complicadas sempre, ainda mais com a massa de recursos proporcionada no Brasil pelo financiamento público. É muito poder. Todo mundo depende do proprietário, ou proprietários, de partido. Proprietários regra geral eternos, pois inexiste na legislação mecanismo que os obrigue a praticar democracia interna. Eis um motivo, talvez o principal, para tantos partidos: a única garantia de quem tem projeto próprio é ser dono de legenda. Assim é a vida de quem faz política no Brasil.   O sintomático na guerra interna do PSL é inexistir qualquer proposta de resolver a disputa no voto. Nos Estados Unidos seria assim. Ali todas as candidaturas são decididas em
primárias.  Ali foi possível Barack Obama derrotar no voto Hillary Clinton. Ali foi possível Donald Trump tratorar todo o establishment republicano.

É curioso que apesar de toda a conversa no Brasil sobre reforma política ninguém proponha uma lei que obrigue os partidos a praticar democracia interna. Curioso e compreensível. Essa mudança não virá nem do Executivo nem do Legislativo. Já que o Judiciário está curtindo legislar, talvez ele pudesse dar um empurrão. E há argumentos. Se os partidos se financiassem apenas com dinheiro privado seria razoável ninguém meter o bedelho no funcionamento. Mas não é o caso, principalmente depois que passaram a receber montanhas de dinheiro público.

O partido só deveria poder lançar candidato nos municípios onde tivesse diretório eleito em convenção com voto direto e secreto. De preferência eletrônico. Comissão provisória não deveria ser suficiente. E todos os candidatos deveriam ser escolhidos em primárias.   É uma maneira simples de resolver imbróglios como este do PSL. Uma ideia simples e ingênua. Analistas políticos também deveriam ter o direito a, digamos, pelo menos uma ingenuidade anual.
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O bom de ser considerado "do bem" é poder fazer tudo que faz quem é "do mal", sem entretanto deixar de ser considerado alguém "de bem". Quem duvida deve comparar os vieses da abordagem nas crises venezuelana, equatoriana e de Hong Kong. 


Análise Política Alon Feuerwerker, jornalista e analista político