João Domingos
O Congresso é formado em sua maioria por parlamentares que se dizem municipalistas
O governo pode se preparar. O Congresso não aprovará as propostas do
Plano Mais Brasil do jeito que foram entregues. Em alguns casos, haverá
resistências intransponíveis, como a extinção de cerca de 1,2 mil
municípios com menos de 5 mil habitantes e arrecadação menor do que 10%
da receita total. Em outros, os projetos serão tocados, mas com
mudanças. A única parte com chance de andar, talvez com votação em pelo
menos uma das Casas este ano, é a que trata dos gatilhos para reduzir
gastos.
O Congresso é formado na sua maioria por parlamentares que se dizem
municipalistas. E, mesmo que nem todos saibam direito o que isso
significa, sabem que precisam do apoio dos prefeitos para garantir a
eleição. Acabar com mais de mil municípios é acabar com mais de mil
cargos de prefeito e outro tanto de vices, além de cerca de 12 mil
mandatos de vereador, todos cabos eleitorais importantes. Sem contar os
servidores, eleitores que podem perder o emprego.
Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tudo leva a crer que essa
iniciativa tem cheiro de jabuti em cima de uma árvore. “Tem segunda
intenção por parte desse projeto”, disse Maia a este repórter ontem. Deve-se levar em conta para o futuro do pacote dois fatores: a total
dependência que Bolsonaro tem de Maia e do presidente do Senado, Davi
Alcolumbre. Sem base parlamentar, e com o único partido do governo, o
PSL, em guerra interna, o presidente terá de contar com a boa vontade
dos dois. Como contou na aprovação da reforma da Previdência.
Só que o momento é diferente. Maia está descontente com a forma como o
ministro da Economia, Paulo Guedes, tem se comportado quanto à reforma
tributária. [Mais não se conforma em não ter emplacado o parlamentarismo branco e com isso ele defenstrado, antecipadamente, do cargo que pretendia ocupar 'primeiro ministro'. Já o Alcolumbre segue o 'líder' - não seguir o líder no sentido real, caso dos torcedores, e também dos adversários, o MENGÃO - e sim o ex-quase futuro primeiro-ministro.] A impressão que Guedes passa é a de que não deseja que nada
seja feita. Outro tema que levanta o debate no Congresso são as crises
que Bolsonaro e seus filhos criam do nada. Muitos líderes começam a
demonstrar cansaço com a usina de crises do clã Bolsonaro.
João Domingos - O Estado de S. Paulo
João Domingos - O Estado de S. Paulo
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