Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador calibre. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador calibre. Mostrar todas as postagens

domingo, 24 de setembro de 2023

A escudeira de Flávio Dino - Revista Oeste

Cristyan Costa

Articulações de Eliziane Gama na CPMI do 8 de Janeiro mostram que a relatora vai blindar o ministro da Justiça e figurões do governo federal que têm muito a explicar

 

Instalação da CPMI do 8 de Janeiro. Foram escolhidos Arthur Maia como presidente e Eliziane Gama como relatora | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Durante o depoimento do ex-GSI Gonçalves Dias à CPMI do 8 de Janeiro, membros da oposição acusaram o militar de receber, previamente, as perguntas que seriam feitas a ele pela relatora da comissão, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). A própria parlamentar estaria envolvida no caso. Isso porque mensagens de WhatsApp obtidas por congressistas mostram um diálogo no qual o filho de Dias, Gabriel, afirma ter negociado um encontro com Erlando da Silva, chefe de gabinete de Eliziane. Depois dessa reunião, Dias teria recebido uma lista com as interpelações.

Num país sério, uma revelação desse calibre seria a bala de prata para derrubar da posição de relatora uma parlamentar que, desde o início da CPMI, trabalha para blindar o governo e Flávio Dino, ministro da Justiça. Seu padrinho político, é ele o responsável por Eliziane chegar à posição que ocupa hoje no Parlamento e na comissão.  
A senadora trabalha ativamente com aliados da bancada do Maranhão — a maior da CPMI — para chamar ex-membros do governo Bolsonaro, como Anderson Torres e Mauro Cid, em vez de gente que realmente tem muito a explicar sobre o 8 de janeiro, como G. Dias e o próprio Dino. 
Com a caneta da relatoria na mão, caberá a Eliziane indiciar pessoas ao término da CPMI, até mesmo no Supremo Tribunal Federal. 
 
O militar e o ministro da Justiça são atores centrais do 8 de janeiro. Imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto, divulgadas em abril deste ano pela CNN Brasil, mostram o então ministro do GSI auxiliando invasores e tratando-os com cordialidade. 
Apesar da gravidade, a CPMI só convocou o general dois meses depois de os vídeos virem à tona. 
A demora se deu, sobretudo, por causa de articulações do governo na CPMI patrocinadas por Eliziane, que chegou a afirmar que a presença de Dias no colegiado, logo depois da revelação, “atrapalharia o cronograma dos trabalhos”. 
Sobre Dino, Eliziane não viu “necessidade” de chamá-lo, em razão de “muitas informações do caso estarem sob sigilo”. O ministro da Justiça vinha sendo cobrado por imagens da sede de sua pasta no dia dos protestos. Dino, contudo, sem dar muitos detalhes, afirmou que os vídeos haviam sido apagados.


(...)


Outros deputados confirmam a tese segundo a qual Eliziane age com parcialidade nos bastidores e, principalmente, nas sessões diante das câmeras. Ao citar a troca de mensagens entre o filho de G. Dias e o assessor da parlamentar, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) disse temer que as conclusões da CPMI acabem distorcendo a realidade. “Questionar a parcialidade da relatora não é um crime”, afirmou o parlamentar. “Se eu estivesse sentado na cadeira de relator, teria vergonha.”

Assessor de Eliziane Gama encontrou-se com G Dias antes do depoimento do General à CPMI, indicam mensagens.

Parlamentares oposicionistas apresentaram conversas na sessão desta terça-feira (12) e acusaram a relatora de combinar perguntas com o ex-ministro do GSI.

Senadora não… pic.twitter.com/9J1KxepaTm

— Metrópoles (@Metropoles) September 12, 2023


Espera-se que o relatório final, a ser divulgado em 17 de outubro, proteja Dino e G. Dias das acusações de omissão e ocultação de provas. Nas mais recentes declarações, Eliziane disse que dará prioridade a uma segunda convocação de Mauro Cid, bem como de outros militares, como o ex-ministro Braga Netto. Cid permaneceu em silêncio, respaldado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, Eliziane acredita que essa postura pode mudar, especialmente depois de o militar ter sido interrogado em três ocasiões pela Polícia Federal (PF) e por causa do acordo de delação premiada que ele celebrou com a PF, homologado pelo ministro Alexandre de Moraes.

Amiga do poder

A relação amigável entre Eliziane e os parlamentares de esquerda
no Congresso Nacional ficou mais estreita com a CPI da Covid, em 2021. Embora não fosse membro efetiva da comissão, o então presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), deu a ela uma posição de destaque para atacar o governo Bolsonaro. Com a vitória de Lula, a parceria ganhou musculatura, quando o ministro da Casa Civil, Rui Costa, aprovou a nomeação do marido da senadora, Inácio Neto, para a presidência do Serviço Geológico do Brasil (SGB), uma estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia que faz pesquisa sobre o território nacional e suas riquezas. Além do salário de R$ 30 mil, Neto pode dar pareceres a favor de pedidos para a realização de extração de minerais. O governo Lula ignorou completamente um manifesto feito por funcionários do SGB contra a nomeação.

Divulgado em março deste ano, o documento lista vários processos arquivados ou em trâmite contra Neto. O texto diz que o homem é acusado de praticar crime ambiental, elaborar e usar documentos falsos, sonegar impostos, além de denúncias de agressão à ex-mulher. “Outro agravante é a inaptidão técnico-científica confirmada pela falta de formação para o cargo pretendido, sendo formado em administração, além de inexistência de conhecimento prévio ou experiência na área de geociências, ou mesmo relacionada ao setor mineral”, diz trecho do documento enviado ao governo. A carta dos funcionários lembra ainda que, em 2021, Neto chegou a ter a prisão decretada pela Justiça no Maranhão, por não pagar R$ 560 mil de pensão alimentícia do filho do primeiro casamento.

Neto tem ainda várias denúncias contra ele no Maranhão. A publicação de algumas delas, por jornalistas que atuam em blogs independentes no Estado, renderam processos contra esses profissionais. Werbeth Saraiva, Neto Ferreira, Antônio Martins e Domingos Costa são alguns deles. O grupo acusa a senadora de usar verba de gabinete do Senado para pagar o escritório Spindola, Raposo e Ribeiro Advocacia e Consultoria, que moveu a ação. Comprovantes no Portal da Transparência do Senado confirmam que o escritório presta serviço para Eliziane. 

LER ÍNTEGRA DA MATÉRIA

 

Leia também “O triunfo da injustiça”

 

Coluna Cristyan Costa, Revista Oeste 

 

 

sábado, 22 de julho de 2023

O fiasco do doutor em tudo - Augusto Nunes

Revista Oeste

Barroso agora sabe que vaidade também morre de vaia


Ministro do STF Luís Roberto Barroso participa da abertura do 59º Congresso da UNE | Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Grávido de animação com a ideia de estrelar a abertura do Congresso da União Nacional dos Estudantes, o convidado de honra programou para 12 de julho de 2023 um histórico regresso ao mundo que frequentou nos tempos de aluno de Direito. 
Para evitar que aquilo que chamou de reencontro com as origens se confundisse com qualquer visita de jurista sessentão a algum universitário no fim dos anos 1970, Luís Roberto Barroso decidiu reduzir a distância que separa o retrato do artista quando jovem do pendurado na parede do Supremo Tribunal Federal.
 
Convém ressalvar que um gênio da raça não cabe em apenas duas versões.  
Houve o aluno condenado ao êxito. 
Houve o advogado com vasta clientela pronto para pagar honorários calculados em dólares por minuto. 
E há agora o ministro do Supremo Tribunal Federal que tudo sabe e tudo vê. 
Mas também tivemos o professor insuperável. Temos o palestrante que discorre sobre qualquer tema com a segurança de quem sabe quem somos, de onde viemos e para onde vamos.  
E logo teremos um presidente do Supremo de matar de inveja qualquer colosso da Corte Suprema ianque
Por incrível que pareça, todos são Luís Roberto Barroso. 
 
Seja qual for o ano de fabricação, todo Barroso exibe marcas de nascença irremovíveis: não tem nenhuma dúvida sobre nada, ama ouvir a própria voz, admira o que enxerga no espelho, aguarda aplausos ao fim de cada frase e odeia a mais suave objeção
É pecado irremissível contestar a verdade revelada por um especialista em tudo. 
Tudo somado, é compreensível que quem conhece um Barroso se tenha surpreendido com os retoques visuais a que submeteu voluntariamente o modelo-2023 para fazer bonito no Congresso da UNE.
 
O ministro manteve fechado o armário das togas, esqueceu nos cabides os ternos com variações do azul-lago-norte e do cinza-brasília, pendurou no ombro um paletó sem ter conferido a cor, dobrou as mangas da camisa social azul-claro, afrouxou o nó da gravata vermelha, encarregou a cinta preta que aprisionava a calça missa-das-dez de reprimir a silhueta redesenhada por restaurantes de fina linhagem e foi à luta. 
Continuou visível o poço de vaidade tão vasto e profundo que poderia servir de aquário para uma baleia. 
As sobrancelhas pareciam desenhar com especial apuro o duplo “V” invertido. Mas ninguém adivinhou que era o “V” de “vingança”.
 
(...)  
 
 
 
 
O ministro da Justiça, Flávio Dino (ao centro), posa ao lado de foliões no Carnaval de São Luís (MA, 18/2/2023) | Foto: Reprodução/Instagram

Homiziado no Partido Socialista Brasileiro, conseguiu o emprego que lhe permite sonhar sem perigo com a ditadura do proletariado. 
Faz sentido: é esse o único regime que emagrece governados com a falta da comida que engorda os governantes. 
Ao lado de anfitriões desse calibre, o convidado se aproximou da plateia proibida para manés como quem corre para o abraço.  
Foi então que Barroso ouviu a vaia.  
Deveria ter esquecido o encontro com as origens, encostado no ouvido o celular desligado e voltado para casa. Descobriu tarde demais que também vaidades supremas ficam em frangalhos com poucos minutos de vaias. 
 
O fiasco de Barroso já foi detalhado por Oeste. Descontentes com posições defendidas pelo ministro, representantes de cursos ligados à enfermagem ocuparam um pequeno espaço para puni-lo com inscrições em cartazes e faixas, berreiros hostis e uma vaia de tamanho médio. 
O ministro achou que encerraria o assunto com duas vogais tolerantes e três consoantes conciliatórias. Não funcionou. Hora de concentrar os ataques no Inimigo Comum. Errou de novo. 
A ofensiva contra o “bolsonarismo” só serviu para comunicar ao Brasil que o próximo presidente do Supremo tem tudo para piorar o que está ruim. 
 
(...)

Faz tempo que a paisagem política brasileira virou um deserto de oradores que mereçam cinco minutos de atenção. Os netos de quem ouvia Carlos Lacerda e Getúlio Vargas que se contentem com vozes à procura de uma ideia e exterminadores do plural. Por que haveria de ser diferente na selva do Judiciário? No século passado, magistrados de primeira instância queriam ser Sobral Pinto ou Nelson Hungria quando crescessem. Muitos agora acham que o silêncio na pequena comarca é mais instrutivo, útil e sensato que o berreiro das excelências togadas.

(...)
 

O país agora sabe que basta a pose de senador romano para fazer bonito na TV Justiça e alcançar o trono do Supremo.  
A derrota da vaidade pode apressar o fim da marcha da insensatez. 
No momento, os verbos nomear, demitir, prender e soltar são conjugados arbitrariamente por meia dúzia de juízes de comício. 
São os quatro verbos do poder, e todo o poder emana do povo. 
Quem é incapaz de lidar com grupelhos insatisfeitos não pode fazer o que lhe der na telha com 200 milhões de brasileiros. 
Democracias adultas dispensam tutores.
 
ÍNTEGRA DA MATÉRIA - Revista Oeste


Leia também “A metamorfose de Lira”

 

Colunista Augusto Nunes - Revista Oeste

 

 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Onde queres revólver, sou vacina - Blog Matheu Leitão

Bolsonaro escala na liberação de armas, tirando poderes do Congresso, do Exército e da PF, enquanto o país quer imunização em massa

Os novos decretos das armas do presidente Jair Bolsonaro provocaram várias reações no mundo político e na sociedade civil. O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, um aliado de Bolsonaro, reagiu no twitter dizendo que as mudanças tinham que passar pelo Congresso.[esse deputado que está presidente da Câmara, deveria consultar seus aspones e assim saberia que decretos modificam decretos e a competência de editá-los é do senhor presidente da República.] e que este Ao mesmo tempo, a especialista em segurança pública, Ilona Szabó,[felizmente exonerada antes de tomar posse como assessora do triplo ex-Moro.] criticou o decreto e foi bloqueada pelo presidente nas redes sociais.

[esse alarido todo que fazem contra a necessária flexibilização de posse e porte de armas, tenta impedir que juízes, policiais, procuradores - que na legislação vigente  podem ter até quatro armas -  possam possuir seis. 
São em grande maioria pessoas de responsabilidade e que já podem possuir quatro armas. 
Se percebe  que é apenas uma manobra dos inimigos do presidente - todos inimigos do Brasil - para criticar Bolsonaro e o cumprimento de sua pauta de segurança pública.]

Mas os conflitos poderão ser ampliados. Os novos decretos tiram[? ou normatizam?]  as atribuições da Polícia Federal e do Exército, duas categorias que, no ano eleitoral de 2018, se aproximaram de Bolsonaro. As regulamentações dispõem, por exemplo, que projéteis de munição para armas até o calibre máximo de 12,7 mm não serão mais produtos controlados pelo comando do Exército. Antes,  era a força que fiscalizava, autorizava o uso, a comercialização e a fabricação.

Em relação à Polícia Federal, as regras anteriores obrigavam aqueles que queriam armas, como colecionadores, atiradores e caçadores, a comprovar a aptidão psicológica através de um laudo fornecido por psicólogo cadastrado na corporação. Os novos decretos estabelecem que basta um opinião assinada por profissional com registro no Conselho Regional de Psicologia. Ou seja, nem o Exército vai fiscalizar o armamento, nem a PF vai controlar quem terá os revólveres e rifles. 
Como é possível que as Forças Armadas e Polícia Federal abram mão desse controle de forma tão passiva?

Os novos decretos surgiram na sexta deste carnaval cancelado, enquanto milhões deixaram de festejar e o país testemunhou o número de mortos pela Covid-19 se aproximar de 240 mil. Foi também em meio a falta de oxigênio nos hospitais, e à medida que avançam as investigações contra o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, diante da má gestão da pasta na pandemia. 

Você, leitor, também pode dizer que o novo decreto de armas surgiu quando artistas e jornalistas se mobilizaram numa campanha em favor da vacina, a mesma que deveria ser liderada pelo governo. É a gestão do país mais uma vez perdendo o foco do mais importante: a vacinação em massa contra o coronavírus. 

As alterações na regulamentação ampliam e muito a possibilidade de “caçadores” terem rifles, por exemplo. Cinco “caçadores” no país onde a caça é proibidapodem comprar 150 armas. Se 30 “caçadores” se juntarem… são, então, 900 armas. Se forem 30 atiradores (que podem ter 60 cada um) serão 1800 armas. Os números são alarmantes. 
Com quantos caçadores e atiradores se faz uma milícia armada como a que vimos invadindo o Congresso dos EUA? [não está nos planos dos brasileiros do BEM invadir nem o Congresso, nem o Poder Judiciário ou qualquer propriedade pública ou privada. Buscamos apenas nos defender e aos nossos familiares e nossas propriedades. 
Fiquem certos que a liberação de armas com grande poder de fogovai ocorrer e sem demora.]
É a pergunta capital que começa a ser feita no Brasil de Bolsonaro.
 
 Blog Matheus Leitão jornalista - Revista VEJA

domingo, 24 de maio de 2020

Armamentismo de Bolsonaro tem aroma venezuelano - Blog do Josias

Em política, nada do que se diz voluntariamente é tão importante quanto o que se ouve sem querer. Ao liberar o vídeo do strip-tease [mudou o significado?] que Jair Bolsonaro chama de reunião do conselho do governo, o ministro Celso de Mello, do Supremo, permitiu que o país escutasse barbaridades que o presidente preferia esconder. Entre elas a teoria de que é preciso armar o povo para evitar um golpe. Essa pregação cheira mal. Tem um aroma venezuelano.

Hugo Chávez, o coronel autocrata da Venezuela morto em 2013, fundou em 2007 a Milícia Nacional Bolivariana. Hoje, esse grupo é a maior força armada do país. Reúne mais de 2 milhões de civis voluntários. Juram defender a Venezuela. Na verdade, compõem uma força paramilitar que ajuda a prolongar o regime ditatorial de Nicolás Maduro, o sucessor de Chávez.

Bolsonaro tem o hábito de criar assombrações para depois se assustar com elas. Na reunião com seus ministros, em 22 de abril, o capitão enxergou o fantasma de um golpe escondido atrás da política de isolamento social. E insinuou que deseja armar o brasileiro para que ele se desafie a autoridade de governadores e prefeitos. "Como é fácil impor uma ditadura no Brasil! Como é fácil!", disse Bolsonaro. "O povo tá dentro de casa. Por isso que eu quero, ministro da Justiça e ministro da Defesa, que o povo se arme! Que é a garantia que não vai ter um filho da puta aparecer pra impor uma ditadura aqui! Que é fácil impor uma ditadura! Facílimo! Um bosta de um prefeito faz um bosta de um decreto, algema, e deixa todo mundo dentro de casa. Se tivesse armado, ia pra rua."

Se a coisa ficasse só no gogó seria apenas absurdo. Mas a pregação evoluiu para uma portaria, assinada pelo general Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa, e por Sergio Moro, então titular da pasta da Justiça. Elevou-se a quantidade de munição que um civil com porte de armas pode comprar. Antes, permitia-se a aquisição de 20 cartuchos por ano. Agora, pode-se adquirir até 300 unidades por mês, dependendo do calibre da arma.
"Eu peço ao Fernando e ao Moro que, por favor, assine (sic) essa portaria hoje que eu quero dar um puta de um recado pra esses bosta! (sic) Por que que eu tô armando o povo? Porque eu não quero uma ditadura! E não dá pra segurar mais! Não é? Não dá pra segurar mais!"

O fantasma que politiza o vírus, convertendo estratégia sanitária em golpismo, só existe nos delírios de Bolsonaro. Mas o desejo de criar uma legião de adoradores armados é tão real quanto inconstitucional. A Constituição brasileira concede ao Estado o monopólio da força. Ministros do Supremo ficaram de cabelo em pé e olhos abertos. Um dos magistrados da Suprema Corte disse à coluna: "O presidente Bolsonaro tem pouco apreço pela imprensa livre e adora participar de manifestações em que proliferam as faixas pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo. Alguém que coleciona derrotas judiciais já deveria ter compreendido que o Brasil não é a Venezuela."

Por uma trapaça da sorte, Nicolás Maduro também passou a tratar a cloroquina como uma poção mágica de grande utilidade na pandemia. Dias atrás, o ditador anotou no Twitter: "Felicito ao pessoal científico da Saúde de nosso país, que trabalha com boa fé e amor para proteger a saúde do povo. Com eles avançamos na produção do difosfato de cloroquina, fármaco eficiente para o tratamento contra o covid-19".
No Brasil de Bolsonaro, como se sabe, a paixão do presidente pela cloroquina ultrapassa todos os limites, inclusive os da ciência. O remédio fez com que dois médicos se dessem alta do Ministério da Saúde em plena pandemia: o ortopedista Henrique Mandetta e o oncologista Nelson Teich. Os governantes costumam se diferenciar pelo que mostram e se assemelhar pelo que escondem. Na vitrine, Bolsonaro acha que é o avesso de Maduro. Entre quatro paredes, reunido com seus ministros, o capitão esgrime uma bula que o aproxima do seu contrário.

Blog do Josias - Josias de Souza, jornalista - UOL