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domingo, 24 de setembro de 2023

A escudeira de Flávio Dino - Revista Oeste

Cristyan Costa

Articulações de Eliziane Gama na CPMI do 8 de Janeiro mostram que a relatora vai blindar o ministro da Justiça e figurões do governo federal que têm muito a explicar

 

Instalação da CPMI do 8 de Janeiro. Foram escolhidos Arthur Maia como presidente e Eliziane Gama como relatora | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Durante o depoimento do ex-GSI Gonçalves Dias à CPMI do 8 de Janeiro, membros da oposição acusaram o militar de receber, previamente, as perguntas que seriam feitas a ele pela relatora da comissão, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). A própria parlamentar estaria envolvida no caso. Isso porque mensagens de WhatsApp obtidas por congressistas mostram um diálogo no qual o filho de Dias, Gabriel, afirma ter negociado um encontro com Erlando da Silva, chefe de gabinete de Eliziane. Depois dessa reunião, Dias teria recebido uma lista com as interpelações.

Num país sério, uma revelação desse calibre seria a bala de prata para derrubar da posição de relatora uma parlamentar que, desde o início da CPMI, trabalha para blindar o governo e Flávio Dino, ministro da Justiça. Seu padrinho político, é ele o responsável por Eliziane chegar à posição que ocupa hoje no Parlamento e na comissão.  
A senadora trabalha ativamente com aliados da bancada do Maranhão — a maior da CPMI — para chamar ex-membros do governo Bolsonaro, como Anderson Torres e Mauro Cid, em vez de gente que realmente tem muito a explicar sobre o 8 de janeiro, como G. Dias e o próprio Dino. 
Com a caneta da relatoria na mão, caberá a Eliziane indiciar pessoas ao término da CPMI, até mesmo no Supremo Tribunal Federal. 
 
O militar e o ministro da Justiça são atores centrais do 8 de janeiro. Imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto, divulgadas em abril deste ano pela CNN Brasil, mostram o então ministro do GSI auxiliando invasores e tratando-os com cordialidade. 
Apesar da gravidade, a CPMI só convocou o general dois meses depois de os vídeos virem à tona. 
A demora se deu, sobretudo, por causa de articulações do governo na CPMI patrocinadas por Eliziane, que chegou a afirmar que a presença de Dias no colegiado, logo depois da revelação, “atrapalharia o cronograma dos trabalhos”. 
Sobre Dino, Eliziane não viu “necessidade” de chamá-lo, em razão de “muitas informações do caso estarem sob sigilo”. O ministro da Justiça vinha sendo cobrado por imagens da sede de sua pasta no dia dos protestos. Dino, contudo, sem dar muitos detalhes, afirmou que os vídeos haviam sido apagados.


(...)


Outros deputados confirmam a tese segundo a qual Eliziane age com parcialidade nos bastidores e, principalmente, nas sessões diante das câmeras. Ao citar a troca de mensagens entre o filho de G. Dias e o assessor da parlamentar, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) disse temer que as conclusões da CPMI acabem distorcendo a realidade. “Questionar a parcialidade da relatora não é um crime”, afirmou o parlamentar. “Se eu estivesse sentado na cadeira de relator, teria vergonha.”

Assessor de Eliziane Gama encontrou-se com G Dias antes do depoimento do General à CPMI, indicam mensagens.

Parlamentares oposicionistas apresentaram conversas na sessão desta terça-feira (12) e acusaram a relatora de combinar perguntas com o ex-ministro do GSI.

Senadora não… pic.twitter.com/9J1KxepaTm

— Metrópoles (@Metropoles) September 12, 2023


Espera-se que o relatório final, a ser divulgado em 17 de outubro, proteja Dino e G. Dias das acusações de omissão e ocultação de provas. Nas mais recentes declarações, Eliziane disse que dará prioridade a uma segunda convocação de Mauro Cid, bem como de outros militares, como o ex-ministro Braga Netto. Cid permaneceu em silêncio, respaldado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, Eliziane acredita que essa postura pode mudar, especialmente depois de o militar ter sido interrogado em três ocasiões pela Polícia Federal (PF) e por causa do acordo de delação premiada que ele celebrou com a PF, homologado pelo ministro Alexandre de Moraes.

Amiga do poder

A relação amigável entre Eliziane e os parlamentares de esquerda
no Congresso Nacional ficou mais estreita com a CPI da Covid, em 2021. Embora não fosse membro efetiva da comissão, o então presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), deu a ela uma posição de destaque para atacar o governo Bolsonaro. Com a vitória de Lula, a parceria ganhou musculatura, quando o ministro da Casa Civil, Rui Costa, aprovou a nomeação do marido da senadora, Inácio Neto, para a presidência do Serviço Geológico do Brasil (SGB), uma estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia que faz pesquisa sobre o território nacional e suas riquezas. Além do salário de R$ 30 mil, Neto pode dar pareceres a favor de pedidos para a realização de extração de minerais. O governo Lula ignorou completamente um manifesto feito por funcionários do SGB contra a nomeação.

Divulgado em março deste ano, o documento lista vários processos arquivados ou em trâmite contra Neto. O texto diz que o homem é acusado de praticar crime ambiental, elaborar e usar documentos falsos, sonegar impostos, além de denúncias de agressão à ex-mulher. “Outro agravante é a inaptidão técnico-científica confirmada pela falta de formação para o cargo pretendido, sendo formado em administração, além de inexistência de conhecimento prévio ou experiência na área de geociências, ou mesmo relacionada ao setor mineral”, diz trecho do documento enviado ao governo. A carta dos funcionários lembra ainda que, em 2021, Neto chegou a ter a prisão decretada pela Justiça no Maranhão, por não pagar R$ 560 mil de pensão alimentícia do filho do primeiro casamento.

Neto tem ainda várias denúncias contra ele no Maranhão. A publicação de algumas delas, por jornalistas que atuam em blogs independentes no Estado, renderam processos contra esses profissionais. Werbeth Saraiva, Neto Ferreira, Antônio Martins e Domingos Costa são alguns deles. O grupo acusa a senadora de usar verba de gabinete do Senado para pagar o escritório Spindola, Raposo e Ribeiro Advocacia e Consultoria, que moveu a ação. Comprovantes no Portal da Transparência do Senado confirmam que o escritório presta serviço para Eliziane. 

LER ÍNTEGRA DA MATÉRIA

 

Leia também “O triunfo da injustiça”

 

Coluna Cristyan Costa, Revista Oeste 

 

 

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Bolsonaro recorre ao TSE. Mas não quero alimentar falsas esperançaS - Gazeta do Povo

Paulo Polzonoff Jr - VOZES
 
"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

Fracassomaníaco 

Enquanto no Catar a seleção francesa vai perdendo para a australiana, recebo uma mensagem de uma amiga. Ela informa que, como esperado, a campanha do presidente Jair Bolsonaro protocolou no TSE (Tribunal Socialista Eleitoral) uma representação pedindo uma investigação que, se levada adiante, em tese (e bota tese nisso!) poderia mudar o resultado da eleição. 
E o destino de um país por ora condenado à tragédia de um terceiro mandato presidencial de Lula.

Chamado de golpista desde que foi eleito, há quatro anos, o presidente Jair Bolsonaro continua jogando “dentro das quatro linhas”. -  Foto: Fotógrafo/Agência Brasil

Aí teve início uma conversa igualzinha àquela que deve estar até agora ecoando entre você e seus amigos e familiares nos lares, bares e redes sociais da vida. “E você por acaso acha que isso vai dar em alguma coisa?”, pergunto. Logo me arrependo do “por acaso”. Soou agressivo, como se a esperança insistente da amiga no "devido processo legal" fosse um sinal de loucura. Não é. A amiga é inteligente e sabe que a representação não vai prosperar. O Tribunal Soberbo Eleitoral jamais admitirá qualquer problema com o sistema de votação brasileiro.

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O diálogo ganha outros contornos quando, menos agressivo (espero), confesso não estar sabendo lidar com todos as promessas de reviravolta eleitoral que pontuaram o noticiário desde o começo de novembro. Por um lado, me incomoda a sensação de estar alimentando nos leitores uma esperança falsa de que as circunstâncias como um todo mudarão de um dia para o outro, graças a uma bala de prata, uma carta na manga, uma representação no TSE ou um gesto tresloucado. Por outro, quem sou eu para tirar a esperança das pessoas?! Ninguém.

Além disso, confesso agora, no exato momento em que a França empata o jogo, que parte de mim quer que eu esteja errado. Muito errado. Ridiculamente errado. Parte de mim quer que você, leitor, possa zombar deste texto desesperançado num futuro bem próximo, dizendo algo como: "perdeu, seu fracassomaníaco mané". Mas claro que você seria incapaz de uma indelicadeza dessas.

Fiapos de esperança
Penso no desespero que leva pessoas a se apegarem a qualquer fiapo de esperança diante dos quartéis, nas estradas e nas redes sociais. 
É admirável e ao mesmo tempo preocupante. 
Muita gente se manifesta apenas porque quer que sua ideia de mundo prevaleça. 
Mas entre os manifestantes também há muitos (entre os quais me incluo) cujo desespero tem outra tradução: medo de que o Brasil se transforma numa Argentina, numa Nicarágua ou numa Venezuela.

É um medo legítimo de quem teme ser incapaz de legar às gerações futuras a riqueza atual. E aqui não me refiro somente à riqueza financeira. Penso também na tradição e nos valores morais que correm, sim, risco num governo petista em conluio com o Judiciário. E sem data para terminar. De volta às dúvidas, porém. 
Como reconhecer e amenizar esse medo que assola milhões de brasileiros sem alimentar esperanças falsas e teorias da conspiração? Como ajudar as pessoas a não caírem num desespero que pode facilmente se transformar numa revolta crônica – inclusive uma revolta contra Deus?

Não tenho pretensão alguma de resolver este dilema com um único texto. Até porque eu mesmo não raro me pego alimentando esperanças ridículas pelas quais ainda sou obrigado a ouvir colegas me chamando de “golpista”. Seria mesmo mais fácil e sobretudo mais prazeroso acordar e descobrir que a bala de prata atingiu o alvo ou que a carta na manga era a mais alta do baralho ou que Alexandre de Moraes caiu do cavalo.

Mas talvez Deus, em sua infinita sabedoria, esteja dando ao povo brasileiro aquilo de que precisamos, e não o que queremos. Talvez de nós, neste momento conturbado da nossa história, Deus esteja exigindo o sacrifício da luta incansável e cotidiana pelos próprios quatro anos ou enquanto durar aquilo que já considero uma regime ditatorial socialista de facto.
[estamos diante de uma tarefa complicada, dificil. Já é pretensão excessiva a nossa modesta intenção de opinar sobre um texto do competente Polzonoff; situação agravada pela quase certeza de que o resultado do nosso esforço opinativo pode desagradar o ministro Moraes(cá entre nós  ... esta opinião está sendo digitada de um notebook, debaixo de uma árvore, em ÁREA MILITAR - terreno contíguo ao QG Ex, localizado no SMU - DF, única área onde estamos a salvo - nós e milhares de brasilienses - do supremo arbítrio do ministro Moraes.)
Vamos então à missão. Seja qual for a decisão do TSE - monocrática ou colegiada - dela cabe recurso ao STF.
 
O presidente da Corte eleitoral já cuidou de que os efeitos do seu despacho, exarado ontem na petição do PL, sejam imediatos =  após o transcurso dos 1.440 minutos, não sendo apresentadas os dados das urnas utilizadas no primeiro turno, a inicial estará indeferida, de forma automática e monocrática. 
Assim, caso o PL tenha optado pelo não fornecimento de dados, só resta enviar uma mensagem para um seu preposto em frente ao STF e este já ingresse com um recurso contra a decisão do TSE.. 
Nosso limitado saber jurídico nos  leva ao pensamento de ser tal recurso fundamentado  no cabimento de se contestar uma decisão sobre o pedido apresentado pela legenda e com fulcro em um dispositivo constitucional - artigo 14, § 10 - ser adotada de forma monocrática, sem olvidar o fato de exigir algo desnecessário, além de atendimento impossível em 24 horas.

Outra alternativa do Partido Liberal é juntar à petição de ontem declaração de que o rol das urnas, apresentado na inicial,  atende ao supremo decreto do ministro Moraes, visto que tais urnas foram utilizadas nos dois turnos. 
Ocorrendo indeferimento, resta recorrer ao STF.

Se a Suprema Corte negar seguimento ao recurso ou indeferi-lo, de imediato, estaremos constatando que no Brasil, a instância máxima do Poder Judiciário, nega, sem exame acurado, sem julgamento colegiado, uma solicitação realizada por parte competente e apoiado em artigo da Constituição Federal, só resta constatar  que no Brasil não vivemos em um 'estado democrático de direito' .
O 'estado democrático de direito',  é em nossa opinião leiga, quem sustenta todo o arcabouço legal que chamamos de LEIS.
Quando elas perdem a sustentação, passamos a um condição de anomia, onde tudo é possível.

É a nossa modesta opinião. É o que temos a dizer e também o máximo que sabemos.]
 
(Até o fim deste texto não só a seleção da França virou o jogo para cima da Austrália como também Alexandre de Moraes respondeu cinicamente à representação da campanha de Bolsonaro, argumentando que as urnas usadas no primeiro e segundo turnos foram as mesmas e dando 24 horas para a coligação apresentar a auditoria do primeiro turno. 
Do contrário, a representação será simplesmente ignorada. Isso se Alexandre de Moraes não decidir que o pedido de investigação é um ataque antidemocrático às instituições, claro).

Paulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 
 

terça-feira, 5 de julho de 2022

Marcos Valério delata relação do PT com o PCC

À PF, empresário diz que ex-prefeito Celso Daniel teria dossiê com detalhes de financiamento ilegal de petistas

Marcos Valério, operador do mensalão, detalha ligações do PT com o PCC - reprodução Polícia Federal

Marcos Valério Fernandes de Souza é um homem de muitos segredos. No escândalo do mensalão, pelo qual foi condenado a 37 anos de cadeia, atuou como operador de pagamentos a parlamentares em troca de apoio no Congresso ao então recém-eleito governo Lula. Quase dez anos depois de ele ter recebido a maior pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) aos mensaleiros, VEJA revela trechos inéditos da delação premiada que o publicitário fechou com a Polícia Federal – e que foi homologada pelo ministro aposentado do STF Celso de Mello. Em um de seus mais emblemáticos depoimentos, Valério afirma que ouviu do então secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, detalhes sobre o que seria a relação entre petistas e o Primeiro Comando da Capital (PCC), a principal facção criminosa do país.

Segundo Valério, o empresário do ramo dos transportes Ronan Maria Pinto chantageava o então presidente Lula para não revelar o que supostamente seria uma bala de prata contra o partido: detalhes de como funcionava o esquema de arrecadação ilegal de recursos para financiar petistas. O delator afirma que soube da suposta chantagem contra Lula após conversar Pereira.

De acordo com o delator, o então secretário-geral petista o informou que Ronan ameaçava revelar que o PT recebia clandestinamente dinheiro de empresas ônibus, de operadores de transporte pirata e de bingos e que, neste último caso, os repasses financeiros ao partido seriam uma forma de lavar recursos do crime organizado. Valério é claro ao explicar a quem se referia ao mencionar, genericamente, crime organizado: o PCC.

                                                      Trecho 01

 

Em uma série de depoimentos à Polícia Federal, que VEJA publica com exclusividade, o operador do mensalão informa que o então prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002 em um crime envolto em mistérios, havia produzido um dossiê detalhando quem, dentro dos quadros petistas, estava sendo financiado de forma ilegal.

(...)

                                                     Trecho 02

Após o assassinato do prefeito, afirma Valério, o partido cuidou de afastar os políticos envolvidos com o PCC. “A posteriori, o PT fez uma limpa, tirando um monte de gente, vereador, que era ligado ao crime organizado. Vocês podem olhar direitinho que vocês vão ver que o PT fez uma limpa, expulsando do partido essas pessoas”.


 
                                                 Trecho 03

VEJA tentou falar com Silvio Pereira, que não retornou os contatos. Paulo Okamotto, um dos atuais coordenadores da campanha de Lula, demonstrou irritação ao ser questionado sobre as acusações de Valério sobre ligações do partido com a facção criminosa. “Tem que perguntar para o pessoal do PCC. Eu não tenho nada para te informar sobre isso”, afirmou.

Política - VEJA - Entrevista Exclusiva

 

domingo, 13 de março de 2022

Uma tragédia anunciada - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

Em apenas 14 meses, a esquerda norte-americana conseguiu o que queria. Como tudo em que mete a mão, o caos

Em 20 de janeiro de 2021, Joe Biden tomou posse na Casa Branca como 46º presidente dos Estados Unidos. Mas não foi apenas o ex-vice de Barack Obama que passou a segurar as rédeas da nação mais poderosa no mundo (até quando, não sabemos…) naquele dia
A esquerda radical norte-americana, representada pelo atual Partido Democrata, também conseguiu o controle da maioria nas duas Casas legislativas do Congresso norte-americano. Joe Biden foi empacotado com o verniz da normalidade democrata moderada dos anos 1990 para, na verdade, forçar uma agenda da extrema esquerda. Para isso, foi preciso um esforço conjunto para empurrar para fora do caminho a reeleição do 45º presidente, Donald Trump, o malvadão do século que mexeu com uma geração hedonista e incapaz de enxergar ações e políticas, apenas sentimentos.
O presidente Joe Biden, a vice Kamala Harris e Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos | Foto: Wikimedia Commons
O presidente Joe Biden, a vice Kamala Harris e Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos -  Foto: Wikimedia Commons [trio mais conhecido no submundo da INcompetência como Trio Parada Dura.]

Durante quatro anos, de 2016 a 2020, vimos ações tirânicas, como perseguições e censura, que jamais poderíamos imaginar na América de hoje. Instituições financeiras e econômicas, culturais e de entretenimento e quase toda a mídia desempenharam vários papéis para ver o ex-presidente Donald Trump não apenas derrotado, mas também empurrado para dois processos de impeachment, para depois ser banido das redes sociais e descartado como persona non grata após o fatídico 6 de janeiro. 
Depois de meses de investigações sobre a invasão do Capitólio, nenhuma prova contra Donald Trump foi encontrada e qualquer participação do republicano no incidente foi descartada. Mesmo assim, até hoje há uma resiliência quase olímpica por parte dos democratas em associar a confusão na capital norte-americana ao ex-presidente.
 
Mas, em 20 de janeiro de 2021, não houve apenas uma troca de políticos de partidos distintos numa democracia saudável.  
Houve uma histeria quase bizarra por parte de acadêmicos renomados, grandes corporações, toda a casta de Hollywood, a mídia norte-americana, equipes esportivas profissionais, Wall Street, o Vale do Silício e um número inacreditável de jovens desmiolados que pedem a implementação do socialismo na América. Em comum? 
Todos se gabavam da derrota da “supremacia branca”, juraram que fizeram o que fizeram “para salvar a democracia”, e orgulhosos estavam em fazer parte de legiões de czares da “diversidade, equidade, inclusão e justiça social”. Ahh… a partir daquele momento, a teoria racial crítica seria incorporada para extirpar o racismo e a discriminação endêmicos. Como? Abraçando o racismo e a discriminação.

Os novos guerreiros da justiça social
Com a nova administração voltada apenas para o “bem comum” (não de todos), alguns tipos de crimes deveriam ser vistos principalmente como uma construção criada pela elite para proteger seus próprios privilégios patriarcais, suas prerrogativas opressoras e suas propriedades. Furtos em lojas, saques, baderna e bandidos nas ruas passaram a ser apenas parte da vida normal em uma cidade normal. Os novos guerreiros da justiça social também poderiam substituir a polícia, que passaria a não ter recursos nem investimentos (defund de police), porque são racistas. A maioria das políticas para abordagem policial, encarceramento ou prisão obrigatória deixaria de existir porque criminosos são “vítimas da sociedade”.

A partir de janeiro de 2021, as agendas verdes irreais dos ecochatos transformariam fundamentalmente os Estados Unidos, ao colocar um fim imediato nas “mudanças climáticas” provocadas pelo homem com o início do banimento definitivo dos combustíveis fósseis. Os amantes cegos da teoria monetária moderna nos asseguraram que imprimir dinheiro “espalharia a riqueza” e desvalorizaria as moedas de capitalistas indignos que tinham muito dinheiro. Afinal, para eles, imprimir mais dinheiro jogaria o dinheiro do rico nas mãos dos injustiçados. Inflação? Calma. Ela seria uma boa coisa à medida que aparecesse, um sinal de uma classe de consumidores robusta e recém-empoderada, a que há muito tempo é negada “equidade” pelos capitalistas egoístas.

A partir de janeiro de 2021, a fronteira seria aberta e permaneceria aberta para imigrantes ilegais. Chega de xenofobia. Chega de muros. Como cidadãos do mundo, a esquerda norte-americana acolheu 2 milhões de imigrantes que chegaram ilegalmente aos EUA sem nenhum documento ou comprovante de vacinas durante uma pandemia, enquanto membros das Forças Armadas norte-americanas foram ameaçados de expulsão se não tomassem a picada.

À medida que os radicais da extrema esquerda apavoravam toda uma nação e obrigavam os raros democratas moderados a se esconderem, toda a velha sabedoria sobre a natureza humana desapareceu. Esqueça a obviedade de que criminosos soltos prejudicam mais os pobres, e que a falta de polícia nas ruas é um pesadelo para as comunidades menos favorecidas. Descarte a ideia boba de Martin Luther King Jr. de que nosso caráter, não nossa cor, determina quem somos. E, por favor, ignore a ideia ultrapassada de que inflação corrói os salários da classe trabalhadora. Isso tudo é coisa de gente atrasada.

O retrato de um governo inepto
Mas o que está ruim sempre pode piorar. As cenas no Afeganistão, retrato de um inepto governo, visto poucas vezes dessa maneira na história norte-americana, trouxe à vida monstros maiores. Não podemos afirmar com absoluta certeza que esse pesadelo Ucrânia/Rússia não aconteceria se tivéssemos um presidente forte na Casa Branca, mas fato é que a fraqueza muitas vezes é um convite à agressão, como diria o próprio Ronald Reagan. 
E Biden não pôde escapar do fiasco no Afeganistão. Os militares afegãos treinados pelos norte-americanos nos últimos 20 anos, que sofreram milhares de baixas anteriores, evaporaram em poucas horas no cerco a Cabul, em agosto de 2021. 
O que o Afeganistão indica, no entanto, é que forças mais poderosas do que o Talibã, em lugares muito mais estratégicos, têm sinal verde para avançar, visto que a Casa Branca hoje é apenas uma administração ideológica, mas previsivelmente incompetente, com um Pentágono e comunidades de Inteligência politicamente armadas preocupados com a diversidade e políticas de gênero.

Não vou ser repetitiva aqui sobre as catastróficas políticas de Joe Biden, domésticas e internacionais, em apenas 14 meses. Há mais de um ano venho escrevendo aqui em Oeste sobre não apenas o que leio, pesquiso e estudo, mas o que testemunho in loco: os resultados das irresponsáveis políticas da esquerda radical norte-americana que são capazes de arruinar um Estado lindo e rico como a Califórnia, onde resido.

E o que os eleitores democratas descobriram após 14 meses de Biden e Harris, além da incompetência na área da segurança doméstica e internacional? Que eles desprezam a inflação tanto quanto a recessão, e temem que agora possam obter ambas. As pessoas querem gasolina mais barata, não mais cara. Elas preferem a autossuficiência energética norte-americana, e não ter de implorar a países como Venezuela e Irã para bombear mais petróleo quando a independência foi atingida nos anos anteriores.

Os democratas podem sofrer perdas históricas nas eleições de midterms em novembro.  
Esse desastre para o partido acontecerá não apenas por causa do desastre no Afeganistão, da invasão da Ucrânia pelo presidente russo, Vladimir Putin, da destruição da fronteira sul, da confusão da cadeia de suprimentos ou de seu apoio à demagoga agenda racial e de gênero. 
 A bala de prata que pode ceifar a maioria democrata em ambas as Casas legislativas e causar o aniquilamento político em novembro tem um nome odiado pelos norte-americanos, e com razão: a inflação descontrolada.

Os “novos direitos de redistribuição”
Joe Biden insiste em dizer que os preços ao consumidor estão subindo “apenas” a uma taxa anual de 7,9%, como se o maior aumento em 40 anos não fosse tão ruim assim. No entanto, a classe média sabe que a inflação é muito pior quando se trata das coisas da vida: comprar uma casa, carro, gasolina, carne, grãos, madeira ou materiais de construção. A inflação é um destruidor de oportunidades iguais de sonhos. Ela mina ricos e pobres, democratas e republicanos, conservadores e liberais (EUA). Ela une todas as tribos e ideologias contra aqueles que são nomeados como os que teriam dado à luz o polvo monstruoso cheio de tentáculos e que espreme tudo e todos. A inflação é onipresente, onipotente e humilhante. Destrói a dignidade pessoal. Ao contrário da estúpida teoria racial crítica ou das abjetas políticas de gênero, ela não pode ser evitada por um dia sequer. Você não pode ignorá-la como se faz com a irresponsável bagunça no Afeganistão ou na agora inexistente fronteira sul. A inflação ataca a todos, 24 horas por dia, sete dias por semana, em 360 graus. Sem piedade ou lente racial ou ideológica.

Biden reduziu os Estados Unidos a um mendigo de energia implorando aos sauditas e russos que bombeassem mais petróleo

Acima de pontos econômicos negativos que uma inflação sem controle pode trazer, há a esfera filosófica de uma nação que tem em sua genética a cooperação humana. A inflação como a atual nos EUA é vista como uma mina perigosa para uma sociedade civil e ordenada, desencadeando um egoísmo “cada um por si”. Os norte-americanos sabem que essa inflação é autoinduzida, não um produto de uma guerra no exterior, um terremoto ou o esgotamento dos depósitos de gás e petróleo. Biden ignorou a onda natural de compras inflacionárias de consumidores que foram desacorrentados dos lockdowns por quase dois anos sem poder gastar. Em vez disso, ele incentivou a saciar essa enorme demanda imprimindo trilhões de dólares em dinheiro falso para todos os tipos de “novos direitos de redistribuição”, projetos “verdes” irreais e programas de congressistas de estimação preocupados com uma agenda desconectada da realidade.

O governo Biden corroeu a ética do trabalho norte-americano. Isso é grave e os norte-americanos sabem disso. Manteve altas as taxas de trabalhadores fora dos postos de trabalho com cheques federais para que ficassem em casa. Cortou sem o menor debate a produção de gás e petróleo cancelando arrendamentos federais, campos petrolíferos e oleodutos, enquanto pressionava os bancos a não liberar capital para o fracking. Em apenas um ano, Biden reduziu os Estados Unidos de maior produtor de gás e petróleo da história da civilização a um mendigo de energia implorando aos sauditas e russos que bombeassem mais petróleo porque os Estados Unidos precisam, embora não extraiam para si mesmos de suas fontes.

Os norte-americanos sabem que o polvo da inflação não nasceu voluntariamente. A única dúvida é se essa administração desencadeou esse cenário por incompetência; se tudo é uma ideia neossocialista: corroer o valor da moeda para aqueles que têm dinheiro, enquanto distribuem capital para quem não tem; ou se Biden foi iludido pela “teoria monetária moderna” maluca, o ouro dos tolos que afirmam que imprimir dinheiro garante prosperidade.

Bem, então, o que as pessoas estão concluindo 14 meses depois que a esquerda radical norte-americana promoveu uma agenda de bondades para realizar seus desejos? As pesquisas revelam que os eleitores não gostam de fronteiras abertas, principalmente os latinos que estão legalmente no país. Está claro como a luz do dia que eles desaprovam a imigração ilegal tanto quanto apoiam os imigrantes legais; que os norte-americanos estão preocupados com o aumento dos índices criminais e com o aumento da circulação de drogas; e que eles não querem mais saber da palhaçada segregacionista de agendas raciais e de gênero.

No final, não importa se Biden foi iludido, é apenas mais uma criatura do establishment norte-americano ou se é diabólico como a espinha dorsal do atual Partido Democrata. Em apenas 14 meses, a esquerda conseguiu o que queria. Como tudo em que mete a mão, o caos. E as pessoas não estão apenas cansadas do que estão vendo, mas enojadas. Os norte-americanos estão apavorados que a esquerda não esteja apenas falhando, mas também destruindo o país com eles junto.

A história nos deixa adágios para a crescente raiva do povo norte-americano contra a esquerda arrogante, vil, tirânica e perigosa. O ditado norte-americano diz: What comes around, goes around, ou, no bom português, “Você colhe o que planta”.

Como diria um republicano a um brasileiro perto de eleições: Hey, Brazil, are you watching this?”

Leia também “Os negros e o Partido Republicano”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Oposição joga o grosso das fichas na CPI da Covid - J. R. Guzzo

O Estado de S. Paulo

Luciano Hang, Prevent Senior, “kit” cloroquina: tudo serve para enfraquecer o governo, fortalecer Lula e a ‘terceira via’ para resolver eleição de 2022

Cada vez mais, pelo que se nota no noticiário, a vasta constelação de “oposições” ao governo do presidente Jair Bolsonaro joga o grosso das suas fichas na “CPI da Covid”; é por aí, nas esperanças dos inimigos, que pode estar o mapa da mina. Luciano Hang, Prevent Senior, “kit” cloroquina, genocídio, general Pazuello, ações para comprar vacinas, ações para não comprar vacinas – tudo serve, segundo as análises políticas gerais, para enfraquecer Bolsonaro, fortalecer Lula (e/ou possíveis candidatos da “terceira via”) e resolver a eleição de 2022. É a “solução Covid”.

Mas será que a “solução Covid” é mesmo uma solução? 
Seria por aí, realmente, o caminho para derrotar o presidente em sua tentativa de reeleição para o cargo? 
É algo a ser visto, ainda. A CPI atingiu o máximo de possível do barulho que podia fazer na mídia; mais alto que isso não fica. 
E qual o resultado prático de toda essa explosão nuclear sobre a saúde do governo? Os institutos de pesquisa dizem que a popularidade de Bolsonaro se aproxima do zero. Mas as ruas não dizem isso; na última vez em  deram as caras, mais de 200.000 pessoas foram para a Avenida Paulista manifestar seu apoio ao presidente. Bola dividida? No mínimo.
 Se o passado e o presente da “solução CPI” não parecem ter sido a “bala de prata” da oposição, resta indagar o que pode trazer o futuro. É preciso ter em mente, para lidar com isso, que há uma diferença essencial entre o que os meios de comunicação dizem e o que acontece na vida real. Você ouve, vê e lê uma coisa, mas os fatos podem trazer outra; 
- antes de acreditar no que lhe dizem, portanto, é prudente esperar para ver o que de fato é verdade. 
 
As eleições vão ser realizadas daqui a um ano. É esse o período de tempo, então – um ano – que precisa ser levado em conta para qualquer cálculo sobre a real eficácia da “solução Covid”. 
 A chave de tudo é saber a quantas vai andar a epidemia a médio prazo e, sobretudo, no dia em que o eleitor for às urnas. Data hoje, o panorama não parece promissor para a oposição
Setembro foi o mês com menos mortes por covid desde abril de 2020. Mais de 148 milhões de pessoas já foram vacinadas pelo menos uma vez; não há mais dúvidas de que a totalidade da população terá recebido duas doses de vacina na virada do ano. O publico volta aos estádios de futebol. Começa a se cogitar, nas grandes cidades, no abrandamento ou na abolição do uso de máscaras. Onde fica, então, a bandeira da CPI?
 
Pode haver uma desgraça, é claro, é a coisa toda voltar ao que era; mas a oposição não pode contar com isso enquanto não acontecer. [Não vai acontecer; o Brasil está sob a proteção de DEUS e pandemia está indo embora, definitivamente.]  
Ao fim e ao cabo, o que interessa é o seguinte: vai haver Covid no dia da eleição, em outubro do ano que vem?  
Ou vai ou não vai; está com cara de que não vai. Se não for, a esperança de liquidar a candidatura de Bolsonaro com a “CPI” vai ficar mal. 
Quem vai se lembrar, daqui um ano, do general Pazuello? 
Quem vai estar exigindo “vacina para todos”? 
O mal da CPI, para o presidente, tem de ser causado agora – e tem de durar até as eleições. Ou é isso, ou não será nada. [até o pessoal da TV Funerária, especialmente os contadores de cadáveres, começam a sentir que logo estarão entre os desempregados.
Claro que alguns irão sair do horário nobre para apresentar aquele jornal da hora do almoço -  horário mais desprestigiado que o matutino e parada que antecede a porta da rua... Foram poucos os que conseguiram passar por aquele horário e progredir. Mas, muitos deles terão que procurar emprego - aliás, alguns já começaram.]
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Bolsonaro coloca a bola no campo do STF - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

A nota divulgada pelo presidente Bolsonaro nesta quinta gerou enorme celeuma no país. Do lado dos patriotas que foram às ruas no dia 7 para um lindo espetáculo cívico pedindo liberdade, e que estão indignados com os arbítrios supremos, houve um misto de decepção e revolta inicial. Do lado dos autoritários de esquerda, a reação inicial foi atacar Bolsonaro, chamado de frouxo, tigre de papel, rato.

Minha própria reação foi exacerbada: enxerguei fraqueza no tom excessivamente conciliatório, sugerido por Temer, e cheguei a constatar que era o fim na luta contra o arbítrio do sistema. Nos grupos de bastidores da direita, o sentimento era de frustração e revolta, além de certo desespero: "eles venceram". Mas nada como um dia após o outro...

Refletindo com mais calma sob vários ângulos, fica mais claro que jornalistas experientes como Augusto Nunes têm um ponto: Bolsonaro pode ter feito uma jogada inteligente. E cá entre nós: a esquerda já saiu da euforia acerca da "covardia" do presidente para a preocupação e até revolta com o "papelão" de Temer na possível pacificação da República. E quando a esquerda não gosta muito de algo, eu já passo a gostar mais!

Falam num acordo costurado por Temer, Ciro Nogueira e Artur Lira, que traga mais harmonia aos poderes. O inquérito ilegal das Fake News, por exemplo, seria transferido para a PGR, seu caminho legal. Entre outros pontos de recuos mútuos. Não vamos esquecer que o principal fator de revolta do lado patriótico é o ativismo de Moraes, que foi indicado ao STF pelo Temer.

Se fui precipitado e injusto em minha reação inicial - e torço muito por isso - volto atrás e assumo o erro sem problema. Nunca tive compromisso com erro. Sigo desconfiado de acordo com esse sistema, mas não sou revolucionário, e sim um liberal com viés conservador. Se houver recuo do lado de lá também, então o Brasil ganha. E meu compromisso é e sempre foi com o povo brasileiro.

A situação colocada pela greve dos caminhoneiros agravou bastante o quadro. Cheguei a criticar os métodos na véspera, alegando que poderia prejudicar o povo, os mais pobres. Tem uma turma do "vai ou racha", do "tudo ou nada", que quer ver o circo pegar fogo pois acha que o seu lado leva a melhor na guerra: esquerdistas que apostam na queda de Bolsonaro e bolsonaristas que apostam numa ruptura revolucionária de direita. Esse nunca foi meu perfil, e tentei em diversos momentos alertar para o perigo de levarem o país nessa direção. Ninguém quer uma convulsão social, uma guerra civil.

O que Bolsonaro fez foi acenar para a pacificação, e resta saber o custo dela. Paz na escravidão não serve, e se o arbítrio continuar, haverá caos certamente. Mas há uma possibilidade de mudança de postura. Afinal, Bolsonaro colocou a bola no campo do STF, demonstrou capacidade de ceder, rechaçando a narrativa midiática de que é um golpista. Ele nunca quis fechar o STF, e sim fazê-lo retornar ao seu campo, dentro das quatro linhas da Constituição.

Ninguém sabe ao certo se isso vai mesmo acontecer. Mas se os ministros mais ativistas insistirem em suas ações e falas, ficará mais escancarado ao mundo todo quem de fato acena para o golpismo. Espera-se que o tal acordo tenha sido feito de uma posição de força do presidente, com base na multidão que ele arrastou para as ruas no feriado da Independência. Os veículos de comunicação que agem como partido de oposição ficaram perdidos e sem discurso. Queriam o Bolsonaro "golpista", da ruptura.

Se houver um recuo de ambos os lados, o Brasil ganha. O sistema é forte demais, poderoso, ainda que podre. Antes da nota do presidente, gravei o podcast da Gazeta e comentei exatamente isso: ninguém pode menosprezar a resiliência dos "monstros do pântano", que estão aí desde sempre, passando por confisco do Collor, FHC, PT. São sobreviventes num ambiente hostil, controlam o jogo, são os tais donos do poder. Não se peita o sistema impunemente, e o Brasil não vai virar a Suíça num mandato de direita.

É absolutamente compreensível a angústia dos patriotas, a decepção com os recuos do presidente. Muitos foram nas ruas acreditando numa bala de prata, numa intervenção divina - ou ao menos militar. Mas uma ruptura tem enorme custo e é bem arriscada, pode lançar o país no caos e o resultado final é incerto. Poucas revoluções acabaram bem na história. 
Por isso o conservador é mais prudente, cauteloso, paciente. 
As mudanças podem vir de dentro do sistema, sem sua implosão? 
Ou seu estágio de putrefação já é avançado demais para isso?

Eis a dúvida. Mas quero crer na possibilidade de reformas graduais, sem mergulhar o país numa guerra civil. Se há ainda essa chance, então Bolsonaro pode ter acertado. Cabe agora ao STF devolver a bola com suavidade, ciente do risco de dar uma bicuda nela.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Covaxin - Alon Feuerwerker

Análise Política

E eis que a Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19 acredita ter chegado à pista da sua "bala de prata" contra Jair Bolsonaro. Trata-se do imbroglio envolvendo a vacina indiana Covaxin. Falta ainda achar a prova irrefutável, mas desde a Lava Jato isso está definitivamente relativizado. Aliás, a Lava Jato foi sepultada ontem no Supremo Tribunal Federal (não que não possa ser exumada), com a definitiva suspeição de seu condutor, mas o lavajatismo anda bem vivo.

As revoluções podem até morrer, mas deixam sempre algum legado.
De volta ao assunto do momento, seria ingenuidade, entretanto, imaginar que o desfecho de CPIs e governos dependa essencialmente de achados factuais irrefutáveis. Talvez esteja mais para o inverso: quando se estabelece uma dada correlação de forças, busca-se (e acha-se) algo que possa dar algum recheio jurídico, ou cara jurídica, ao movimento político que se quer desencadear. Aí aparecem as "Fiat Elba" (que nada tinha a ver com qualquer tipo de crime de responsabilidade) e as "pedaladas".

Acontece que achados factuais podem, eles também, interferir no balanço das forças políticas. Isso acontece quando fatos, ou sua descrição, ajudam a criar um ambiente psicossocial extremo. A Revolução de 30, por exemplo, foi catalisada pelo assassinato de João Pessoa. Depois descobriu-se que o homicídio nada tivera a ver com a política. Mas aí os gaúchos já tinham amarrado seus cavalos no obelisco e Getúlio Vargas estava bem acomodado na presidência com a caneta na mão.

E Júlio Prestes já tinha ficado a ver navios. O governo Jair Bolsonaro sustenta-se no terço duro do eleitorado fiel a ele, na maioria do Congresso (especialmente da Câmara), que vê no governo dele a janela de oportunidade para avançar reformas impossíveis num governo de esquerda e acumula poder inédito sobre o orçamento federal, e num fato singelo: o que os políticos ganhariam depondo um presidente que hoje depende deles (Bolsonaro) para instalar um que não?

Será que o caso Covaxin vai mexer em algum desses alicerces? [óbvio que não; como bem diz ilustre advogada o caso Covaxin é: "superfaturamento de compra nao realizada,
desvio de dinheiro não recebido, e,
corrupção por pagamento de preço tabelado mundialmente".             
Os que são contra o governo Bolsonaro, o Brasil e os brasileiros, consideram que o certo seria: "comprar Pfizer, pagar adiantado e esperar a Anvisa aprovar e a empresa enviar a vacina". Aí sim, teriam algo para tentar o impeachment do presidente Bolsonaro.]

Vale a pena ler:
Vacinar todo mundo

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político