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terça-feira, 24 de agosto de 2021

Especialistas [em nada] defendem punições para conter politização das PMs nos estados - O Globo

Bianca Gomes
 
Conter uma possível politização das Polícias Militares passa por fortalecer mecanismos de supervisão, controle e auditoria dentro dos quartéis. Mas não só. Segundo especialistas ouvidos pelo GLOBO, é importante que manifestações de cunho político-partidários, vedadas na corporação, sejam punidas, como ocorreu nesta segunda-feira, quando o governador João Doria (PSDB) decidiu suspender o coronel Polícia Militar Aleksander Lacerda por ter atacado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e convocado militantes às ruas em apoio a Jair Bolsonaro.
Viaturas da Polícia Militar de São Paulo Foto: Paulo Guereta/Photo Premium                 
Viaturas da Polícia Militar de São Paulo Foto: Paulo Guereta - Photo Premium

Lacerda ocupava uma função política e seu afastamento do cargo não significa uma demissão. Para ser demitido, é preciso que o comando da PM instaure um inquérito policial militar e apure possível cometimento de crime, o que aí sim pode resultar em uma perda de patente ou mesmo prisão.

Nos estados:Atuação de bolsonaristas nas PMs preocupa governadores

Presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima afirma que Doria agiu com rapidez e da maneira correta ao destituir o coronel na manhã desta segunda-feira. [Temos que torcer é que as autoridades que realmente conhecem do assunto  não desperdicem tempo ouvindo palpites dos especialistas, quase sempre ESPECIALISTAS  EM NADA, que com a pandemia passaram a abundar no Brasil. O  que mais tem no Brasil é especialista - o individuo coloca um crachá no peito e passa a falar em nome da ciência,  ou de qualquer outra coisa.
Quanto a decisão de não punir o general Pazuello, certamente teve respaldo no RDE - as FF AA são extremamente cuidadosas em evitar desperdício de tempo ouvindo palpites de 'especialistas'. As normas das instituições militares, bastam por si.] Segundo ele, manifestações como a de Lacerda têm ocorrido de maneira aberta e sem nenhum constrangimento, muito em função da mensagem passada pelas Forças Armadas ao não punir a participação do ex-ministro Eduardo Pazuello em uma manifestação política.— A não punição de Pazuello abriu uma porteira e deixou os demais oficiais à vontade para se manifestar politicamente. Nesse cenário, não podemos simplesmente acreditar na solidez das instituições. Precisamos proteger e garantir que as normas sejam respeitadas. É preciso também fortalecer os mecanismos de supervisão, controle de auditoria — disse Lima, que é professor da FGV EAESP.

Para o presidente do Fórum, o processo de "contaminação político-partidária" das PMs não ocorreu só por parte do coronel Lacerda. — Não é um problema de hoje ou ontem. É um problema que vem se repetindo e as instituições não estavam preparadas para responder à gravidade desses atos — disse o especialista.

A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, diz que os governadores têm sido obrigados a agir diante de episódios como o de São Paulo e Pernambuco, onde policiais militares agrediram uma vereadora que participava de um protesto contra o Bolsonaro.  -  É muito melhor quando o próprio comandante da PM lida com isso, mas nem sempre é simples. Avaliamos que, sim, é positiva (a decisão de Doria), porque o coronel que foi afastado era um coronel da ativa, em posto de comando, com um papel importante em relação à tropa, e nós precisamos segurar esses tipo de politização. Por outro lado, a gente sabe também que esse afastamento gera uma outra consequência. O policial acaba sendo visto com mártir e o próprio governador acaba sendo mais questionado por parte da tropa. De forma nenhuma é positiva essa situação, mas é importante que haja uma medida nesse sentido — disse ela ao GLOBO. [perceberam o brilhantismo, a eloquência, a sapiência de mais um especialista? ops.... corrigindo, antes que nos acusem de uma inexistente misoginia: "uma especialista!"]

Coronel da reserva da PM de São Paulo e ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva disse que Lacerda cometeu uma infração grave, principalmente ao ofender Doria, que é quem tem o comando da tropa. Nas publicações, o coronel chamou o governador de São Paulo de “cepa indiana”. Foi absolutamente correta a decisão do governador. Imagino que até o Coronel Lacerda estava imaginando, já que ofendeu a principal autoridade a quem se reporta. Como um mal exemplo, teria de ser removido, justamente como foi. E a partir de agora, o comando da PM irá verificar as possibilidade de infração disciplinar e qual a gravidade e o tamanho da punição — disse o coronel. [o coronel José Vicente,  apesar de ter classificado o Doria de cepa indiana  - o 'joãozinho', em termos do prejuízo que causa ao Brasil está mais para VARIANTE DELTA - pode ser classificado como especialista,  conhece do assunto. O coronel por ser oficial da ativa, ainda mais com um comando de importância,  teve uma conduta inadequada.]

Ao contrário do que diz Lima, o coronel da reserva não acredita que há uma politização da PM. Ele diz que os policiais são “simpáticos” a Bolsonaro e não há nenhum tipo de coordenação nacional em jogo. Para ele, casos como o de Lacerda, apesar de "lobos solitários", não podem passar despercebidos pelos governadores: — Os governadores precisam assumir definitivamente a governança de suas polícias. Não podem deixar passar as coisas. Além disso, é preciso estar atento aos locais onde as polícias estão descuidadas, já que a insatisfação profunda pode, sim, facilitar a manipulação política. Nesse sentido, não é preciso ver apenas o rigor da disciplina, mas o ânimo das polícias disse José Vicente da Silva. [aqui discordamos da governança; o ideal é que as Secretarias as quais as polícias estão subordinadas, devem voltar a ter a denominação de Secretaria de Segurança Pública - uma questão de organização -  e ficar sob o comando de um oficial do Exército brasileiro.]

Em Política - O Globo - MATÉRIA COMPLETA


quarta-feira, 26 de maio de 2021

Falha da Vigilância foi uma irresponsabilidade inaceitável, que pode custar milhares de vida

Vigilância falhou em caso de suspeito de variante da Índia, e paciente passou por três cidades antes do isolamento 

O viajante teve contato com dezenas de pessoas ao ser autorizado a embarcar em voo, com destino ao Rio, antes de o resultado do exame RT-PCR sair. [O correto seria que todos os passageiros procedentes da Índia  tendo como destino ao Brasil fossem, imediatamente após o pouso em Guarulhos, isolados, testados e permanecer em isolamento total até o resultado do teste ser conhecido. 
"Esqueceram"  que além dos contatos antes de embarcar para Campos,   o viajante teve contato com os passageiros do voo que o trouxe da Índia e desembarcaram em Guarulhos - alguns seguindo para o Rio e outros para destinos diversos e todos podem estar  contaminados e cada um seguir distribuindo coronavírus.
Mas se omitiram, deixando cada um seguir seu rumo, distribuindo vírus. 
Imagine que o cidadão saiu do Aeroporto Santos Dumont, se hospedou em um hotel próximo ao Santos Dumont - sempre em em contato com pessoas, que contatam outras e ... .
Abaixo, em vermelho, o périplo feito pelo viajante - Rio/Campos/Rio - até entrar em isolamento.
Depois de desembarcar no sábado de manhã em São Paulo de um voo com origem na Índia, onde circula uma variante mais perigosa da Covid-19, um morador de Campos dos Goytacazes pôde viajar até o Rio, onde chegou à noite e se hospedou num hotel, ao lado do Aeroporto Santos Dumont. No domingo, ele foi de carro para a cidade do Norte Fluminense e, depois, retornou para a capital na segunda-feira, onde voltou a se hospedar, em isolamento. Durante dois dias, o caso investigado circulou por três cidades e teve contato com dezenas de pessoas. [Sem contar que o vírus indiano está presente também na Argentina -fronteira livre com o Brasil.
Não adianta lockdown dentro do Brasil. Só agora, tardiamente, é que salta aos olhos que barreiras sanitárias - controlando entrada e saída em território brasileiro - deveriam ter sido instaladas em meados de 2020.
Ainda há tempo
- desde que não deixem para depois a adoção das medidas restritivas.]

Covid-19:  Demanda por ‘kit intubação’ explode, e 4 itens já estão completamente esgotados, aponta documento interno da SES

Tudo isso aconteceu porque, depois de fazer um exame RT-PCR em laboratório no Aeroporto Internacional de Guarulhos, o viajante foi autorizado a embarcar em outro voo até o Rio, antes de o resultado da análise sair. Somente quando ele já estava na cidade, foi constatado que o teste dele era positivo. Outras duas pessoas que tinham viajado com ele foram testadas, mas o resultado foi negativo para a presença do vírus 
da Covid.
O GLOBO apurou que o homem, que tinha feito teste 72h antes para embarcar na Índia, que dera negativo, procurou as autoridades sanitárias porque tinha um mal-estar.

De acordo com a Secretaria estadual de Saúde, a informação sobre o caso suspeito só chegou no domingo, através do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, de São Paulo, que teria dito que o homem não informou à Anvisa sobre a suspeita de Covid. Desde então, de acordo com a pasta, todos os passageiros do voo, que residem no Rio, já teriam sido identificados e orientados a fazer isolamento por 14 dias. Eles são acompanhados por equipes das vigilâncias sanitárias de seus respectivos municípios. Mas nem o estado nem a Latam, responsável pelo voo, informaram quantas pessoas estavam na aeronave e qual o destino delas. A empresa aérea afirmou ter repassado detalhes do voo e da lista de tripulantes e de passageiros.

Ameaça de variante: Mesmo sem confirmação, prefeito de Niterói antecipa chegada de variante indiana da Covid-19 no estado

No momento em que o estado foi avisado, o passageiro, já estava a 278 quilômetros da capital. A Secretaria municipal de Saúde não informou quando foi notificada oficialmente sobre a possível infecção de um morador do Rio pela cepa indiana. Ao chegar em Campos, o passageiro relatou os sintomas que tinha dor de cabeça e rouquidão a equipes médicas locais. Ele voltou ao Rio para ficar num hotel providenciado pela empresa para a qual trabalha.

As amostras coletadas do homem foram enviadas para o laboratório da Fiocruz, que vai fazer o sequenciamento genético para descobrir se o morador de Campos foi infectado pela variante. Procurada, a Anvisa disse que o passageiro embarcou com um resultado negativo de RT-PCR, que deu positivo na segunda testagem no Brasil. O órgão não explicou o motivo que levou à realização de um novo teste ou por que ele foi autorizado a embarcar em um outro avião mesmo antes de sair o resultado.

Para Lígia Bahia, especialista em Saúde Pública da UFRJ, houve falha na vigilância epidemiológica: — O pior de tudo foi ele seguir viajando já com teste. A conduta é o pelo auto isolamento em locais adequados. Se a pessoa tiver condições, em um hotel com regras rígidas, com comida entregue no quarto e sem circulação. Se for um viajante sem dinheiro, as instituições públicas devem providenciar — diz.

Em O Globo , MATÉRIA COMPLETA

Colaborou Guilherme Caetano