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terça-feira, 4 de maio de 2021

As commodities estão subindo e o Brasil tem outra chance de bombar - Mundialista

Recuperação pós-pandemia e gastança sem precedentes nos Estados Unidos aumentam os preços do trio básico: petróleo, comida e minérios

É um miniboom ou um novo superciclo? Economistas ainda não fecharam um consenso, mas os preços em alta não deixam dúvidas: tudo aquilo que o mundo precisa para viver, gerar energia e produzir está subindo – e deve subir mais ainda.  Dinheiro não falta. Os Estados Unidos, e em menor escala a Grã-Bretanha, estão derramando investimentos em obras de infraestrutura – dois trilhões de dólares, só no mais recente pacotão proposto por Joe Biden.

O presidente americano quer não apenas remendar estradas, pontes e similares, mas refazer tudinho de acordo com normais ambientais mais estritas. E praticamente tudo que cospe menos poluentes na atmosfera, de painéis solares a baterias elétricas para os carros elétricos  que se tornarão progressivamente obrigatórios, leva cobre. O “ouro vermelho” passou de 10 mil dólares a tonelada de pode chegar a 11 mil no ano que vem. Isso se não acontecer um cisne negro como a eleição de um ultra-esquerdista delirante como Pedro Castillo como presidente do Peru, o país que se tornou o segundo maior produtor mundial, compartilhando com o vizinho Chile, o campeão, as reservas criadas pelo choque das placas tectônicas ao longo da costa do Pacífico.

O professor primário e sindicalista, à frente nas pesquisas, já prometeu nacionalizar tudo o que a terra dá no Peru e expulsar os “estrangeiros exploradores” num prazo de 72 horas depois de eleito. Nem Mario Vargas Llosa criaria um personagem como Castillo, que faz campanha a cavalo, de poncho e chapéu de camponês, prometendo um paraíso socialista sob o lema “chega de pobres num país tão rico”.

Intervalo para rememorar: o Peru já teve um governo estatizante na década de setenta, nada menos do que um ditador militar de esquerda, Juan Velasco Alvarado, um dos vários personagens peruanos que nem o realismo mágico dá conta de retratar. Catástrofes políticas ou pura e terminal incompetência são os problemas habituais no caminho de países como o Peru. Ou do Brasil, um formidável campeão de commodities que tem agora uma nova chance de dar um salto estrutural. Ou de cair no mesmo buraco que o último superciclo propiciou, o do populismo de esquerda à moda bolivariana.

Com ou sem governantes minimamente não imbecilizados, as commodities sobem. O Goldman Sachs previu um aumento de 14% nos próximos seis meses. Minério de ferro, o paládio que diminui emissões dos carros e madeira tiveram altas recorde. O petróleo pode chegar a 80 dólares o barril. Quem ainda se lembra que, quando começou a pandemia, ele entrou no vermelho porque os espaços de armazenamento estavam com capacidade esgotada?

É claro que, com os motores do mundo esquentando, dos Estados Unidos à China, a demanda pressiona os preços. O aumento de custos é repassado e tudo acaba redundando em inflação. “Os custos estão subindo, subindo, subindo. O aço sobe todo dia,” anotou Warren Buffet, o legendário investidor, falando como dono da maior construtora dos Estados Unidos. “Estamos vendo uma inflação substancial”.

O Brasil leva tanto o bônus quanto o ônus dessa nova fase das commodities.  Um dos bônus: a previsão de que este ano o país terá o primeiro superavit nas contas externas desde 2007. Dá até para sonhar em forjar na soja o milagre do pão para todos os brasileiros – mais o bife e o iogurte, todos propiciados pela mais valiosa das commodities: os empregos.  Com todas as suas maluquices, Pedro Castillo tem razão em dizer que um país rico não pode ter tantos pobres.

Vilma Gryzinsk - Blog Mundialista - VEJA 


domingo, 8 de novembro de 2020

Quando a desgraça vem empacotada para presente - Percival Puggina

Li esta história há muitos anos, não lembro onde. Motociclista e pedestre conversam sobre o preço da flamante Harley Davidson que o primeiro acabou de comprar. Diante do valor informado, superior a cem mil reais, o pedestre se exclama escandalizado: “O senhor tem ideia de quantas pessoas poderiam ser alimentadas com esse dinheiro?”. O motociclista se detém por instantes a pensar e responde. “Não posso precisar um número, mas muita gente se alimentou com o dinheiro que paguei. São mineiros das jazidas de ferro de Carajás e de cobre do Chile; são operários da montadora e de algumas dezenas de fábricas de insumos e componentes; são designers, engenheiros, administradores, publicitários, lojistas, vendedores; são servidores públicos, despachantes, importadores e exportadores. Um bocado de gente!”.

É de dar dó a desigualdade que se estabelece entre quem sai da escola com uma série de chavões malignamente enfiados no seu repertório cerebral e quem sai da escola com competências que lhe permitem vislumbrar além da primeira cerca. Quem está errado não é o aluno. É a Educação, é a escola.

Em muitos auditórios, ao longo da vida, encontrei gente convencida de que os desníveis sociais são produto das injustiças cometidas por quem tem contra quem não tem. E muitas escolas custeadas por famílias que têm estão infiltradas por professores que também têm, mas agem para que seus alunos pensem como o moço da calçada em seu diálogo com o dono da moto. Convencem seus pupilos de que o mundo seria mais justo, ou de que haveria um número maior de donos de bicicletas se aquela Harley Davidson desaparecesse do conjunto dos bens de consumo.

As vítimas desse acidente cerebral, no passo seguinte – pasmem! – olham para o Estado, justiceiro-padrão dos totalitários, e afirmam: “Justiça será dar uma bicicleta para cada um com o dinheiro daqueles que têm automóvel ou moto”.

A injustiça, porém, não é um subproduto da prosperidade de um ou de muitos, mas é o produto de um Estado que se apropria de quase 40% da renda nacional e vai proporcionar, lá na ponta, a quem mais precisa, a pior educação, um sistema de saúde em que os pacientes morrem na fila de espera de um exame e um saneamento tão precário que produz persistente mortalidade infantil (12,4/1000). Tudo, porém, empacotado para presente em forma do mais degradante paternalismo. E sem nenhuma oportunidade.

A ideia do igualitarismo é resultado da fácil associação entre igualdade e justiça. Da utopia da igualdade vem o corolário segundo o qual o desejo de ser melhor, e até mesmo “o” melhor, se torna uma anomalia. Sobrevém a rejeição a quem se destaca e ao reconhecimento do valor do mérito. Como resultado, chega-se a uma “cultura” escolar na qual se estuda o mínimo e se assiste ao menor número possível de aulas. Logo ali adiante, a competência, a competitividade e a produtividade caem e a economia padece com a falta de estímulos. Nada que o comunismo não tenha exibido em profusão como insucesso e miséria.

Um país que se abraça nesse pé de tuna está pedindo para sofrer. Nenhuma das ideias que detêm o desenvolvimento social e econômico do país é mais danosa do que assumir o igualitarismo como objetivo. É uma ideia que se espreme entre o marxismo-leninismo e seu genérico mais simpático e ambíguo, o socialismo, que chega voando numa pomba branca com uma rosa vermelha no bico.

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.