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quinta-feira, 7 de outubro de 2021

"TERCEIRA VIA" É O PRESENTE QUE A ESQUERDA PEDE AO PAPAI NOEL - Percival Puggina

Enquanto o Ocidente se suicida, fala-se em 3ª via para a corrida presidencial de 2022. O retorno dessa estratégia para o teatro das ações significa desprezar o discernimento da sociedade brasileira. Supõe que somos desmemoriados e incapacitados para nossas responsabilidades como cidadãos. A peça exibida no teatro em questão é ruim e a gente identifica, desde o início, os vilões e as vítimas do roteiro.

Lula e FHC desfilavam ombro a ombro, braços dados em campanha pelas diretas e pela anistia. Cochicho a cochicho, levaram ao limite do possível a esquerdização da Constituição de 1988. Costuraram o Pacto de Princeton, em 1993, definindo estratégias comuns ao Foro de São Paulo (Lula/PT) e ao Diálogo Interamericano (FHC/PSDB). Nas seis eleições presidenciais consecutivas de 1994 até 2014, seus partidos adotaram a estratégia conhecida como “tesoura”, em que duas esquerdas, operam as lâminas para o mesmo fim comum. E espicaçaram o país com a direita, sem nome, partido ou movimento, votando no PSDB na reta final dos pleitos presidenciais.

Tão prolongada supremacia só ocorrera no início do século passado, durante a Primeira República, com a política “Café com Leite” das oligarquias de São Paulo e Minas Gerais. Quase cem anos mais tarde, os dois velhos amigos mantiveram o país na esquerda durante 24 anos. Nunca o MST foi tão feliz como durante o governo de FHC;  
nunca os banqueiros foram tão felizes quanto nos governos de Lula e Dilma. Juntos, com mera troca de manobristas e de retórica, levaram o Brasil para aquela esquerda que se diz “progressista”. O estrago foi grande. Mas não desanimou os propósitos, como se vê nos bastidores destes dias.
 
Aliás, o nonagenário FHC já se abraçou com Lula jurando amor para a eleição de 2022
E já se apartou de Lula quando percebeu o amplo apoio da mídia amiga da esquerda para a proposta de uma 3ª via.
Esse apoio prova que a ideia é ruim. E é ruim porque seu objetivo é restaurar a situação em que, durante 24 anos, a direita (aqui entendida como conservadores e liberais) foi representada por um candidato de esquerda: o vitorioso FHC e os derrotados José Serra, Geraldo Alckmin, José Serra II e Aécio Neves. Como resultado, a direita definhou politicamente por mais de duas décadas. 
 
Como podemos ter uma terceira via política porque política não é um candidato! – se sequer temos uma segunda via política organizada? 
A esquerda tem via própria, ampla, pavimentada por muito trabalho! 
Ela opera em toda parte, onde houver poder público, ensino, cultura, comunicação social e meio de influência. É uma via política muito mais eficiente do que a representação dos seus partidos. 
 
Agora querem retornar. Se isso ocorrer, outras décadas fluirão. Conservadores e liberais se recolherão, novamente, às catacumbas
A 3ª via é a estratégia da esquerda. 
Cair nessa é levar-lhe em mãos a minuta de nosso atestado de óbito. 
Não votar em Bolsonaro porque ele é assim ou assado, ou porque serão mais quatro anos desse ambiente conflituoso, significa esquecer que tais conflitos são criados e mantidos para produzir esse raciocínio e obter esse resultado!

Pela direita, leitores, só Bolsonaro vence essa eleição.

Olhem para o palco. Vejam quem dá apoio a essa ideia que reputo desastrosa por suas consequências passadas e futuras. O Brasil não pode retornar a quem tanto mal lhe fez no governo e continua a fazer na oposição. Retomemos o trabalho suspenso pelas absurdas regras atribuídas à pandemia e comecemos a organizar a 2ª via política de que o país tanto necessita

Ao menos aqui, salvemos o Ocidente!

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


domingo, 8 de novembro de 2020

Quando a desgraça vem empacotada para presente - Percival Puggina

Li esta história há muitos anos, não lembro onde. Motociclista e pedestre conversam sobre o preço da flamante Harley Davidson que o primeiro acabou de comprar. Diante do valor informado, superior a cem mil reais, o pedestre se exclama escandalizado: “O senhor tem ideia de quantas pessoas poderiam ser alimentadas com esse dinheiro?”. O motociclista se detém por instantes a pensar e responde. “Não posso precisar um número, mas muita gente se alimentou com o dinheiro que paguei. São mineiros das jazidas de ferro de Carajás e de cobre do Chile; são operários da montadora e de algumas dezenas de fábricas de insumos e componentes; são designers, engenheiros, administradores, publicitários, lojistas, vendedores; são servidores públicos, despachantes, importadores e exportadores. Um bocado de gente!”.

É de dar dó a desigualdade que se estabelece entre quem sai da escola com uma série de chavões malignamente enfiados no seu repertório cerebral e quem sai da escola com competências que lhe permitem vislumbrar além da primeira cerca. Quem está errado não é o aluno. É a Educação, é a escola.

Em muitos auditórios, ao longo da vida, encontrei gente convencida de que os desníveis sociais são produto das injustiças cometidas por quem tem contra quem não tem. E muitas escolas custeadas por famílias que têm estão infiltradas por professores que também têm, mas agem para que seus alunos pensem como o moço da calçada em seu diálogo com o dono da moto. Convencem seus pupilos de que o mundo seria mais justo, ou de que haveria um número maior de donos de bicicletas se aquela Harley Davidson desaparecesse do conjunto dos bens de consumo.

As vítimas desse acidente cerebral, no passo seguinte – pasmem! – olham para o Estado, justiceiro-padrão dos totalitários, e afirmam: “Justiça será dar uma bicicleta para cada um com o dinheiro daqueles que têm automóvel ou moto”.

A injustiça, porém, não é um subproduto da prosperidade de um ou de muitos, mas é o produto de um Estado que se apropria de quase 40% da renda nacional e vai proporcionar, lá na ponta, a quem mais precisa, a pior educação, um sistema de saúde em que os pacientes morrem na fila de espera de um exame e um saneamento tão precário que produz persistente mortalidade infantil (12,4/1000). Tudo, porém, empacotado para presente em forma do mais degradante paternalismo. E sem nenhuma oportunidade.

A ideia do igualitarismo é resultado da fácil associação entre igualdade e justiça. Da utopia da igualdade vem o corolário segundo o qual o desejo de ser melhor, e até mesmo “o” melhor, se torna uma anomalia. Sobrevém a rejeição a quem se destaca e ao reconhecimento do valor do mérito. Como resultado, chega-se a uma “cultura” escolar na qual se estuda o mínimo e se assiste ao menor número possível de aulas. Logo ali adiante, a competência, a competitividade e a produtividade caem e a economia padece com a falta de estímulos. Nada que o comunismo não tenha exibido em profusão como insucesso e miséria.

Um país que se abraça nesse pé de tuna está pedindo para sofrer. Nenhuma das ideias que detêm o desenvolvimento social e econômico do país é mais danosa do que assumir o igualitarismo como objetivo. É uma ideia que se espreme entre o marxismo-leninismo e seu genérico mais simpático e ambíguo, o socialismo, que chega voando numa pomba branca com uma rosa vermelha no bico.

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.

 
 

terça-feira, 14 de maio de 2019

Por unanimidade, STJ decide soltar Michel Temer e Coronel Lima

[até o editor do Blog Prontidão Total, conhecido em todo o mundo pela sua notória ignorância jurídica, já sabia que a dissertação sobre jacarés de um dos desembargadores e a tentativa de misturar presente com passado da procuradora, tentando convencer da necessidade de Temer permanecer preso, eram incapazes de convencer o STJ e que Temer e o coronel Lima seriam soltos. Clique aqui e confira.]

Para ministros, ordem de prisão não apresentou quais os fatos recentes que mostram atuação de ex-presidente e policial para atrapalhar investigações

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, nesta terça-feira, 14, libertar o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o policial reformado João Baptista Lima Filho, conhecido como Coronel Lima.

Por quatro votos a zero, os ministros Saldanha Palheiro, Laurita Vaz, Rogério Schietti e Nefi Cordeiro votaram para libertar Temer e Lima, com medidas cautelares. O ex-presidente estará impedido de se relacionar com outros investigados, mudar de endereço, sair do país e exercer cargos públicos e partidários. O ministro Schietti propôs impedi-lo de exercer quaisquer atividades políticas relacionadas a seu partido, o MDB, mas a sugestão não foi acatada.

Relator, Saldanha Palheiro argumentou que a ordem de prisão do juiz Marcelo Bretas “não faz referência a casos concretos e recentes” no sentido de destruição de provas. Ele ressalva que Temer “não exerce mais cargo de relevância” que lhe permitiria atrapalhar as investigações. Laurita concordou, ressalvando que o que está em votação não são as acusações contra o ex-presidente, mas sim a necessidade ou não da sua prisão neste momento.

Temer está preso preventivamente em São Paulo desde a quinta-feira 9 e foi transferido nesta segunda-feira, 13, da Superintendência da Polícia Federal na capital paulista para o Comando de Policiamento de Choque, da Polícia Militar. O emedebista está custodiado em uma sala de Estado Maior, espaço individual e sem grades, diferente de uma cela de prisão.

Descontaminação
Desdobramento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, a Operação Descontaminação investiga desvios em contratos de obras na usina Angra 3, construída e operada pela Eletronuclear, estatal que recebia influência política de Michel Temer e aliados dele.

Quando a ação foi deflagrada, em março, Temer foi preso e passou quatro dias detido na Superintendência da PF no Rio, até ser solto por uma decisão liminar do desembargador federal Antonio Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2).

Na quarta-feira 8, no entanto, a Primeira Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) suspendeu a decisão de Athié e mandou prender Temer novamente, assim como João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, amigo do emedebista há mais de 30 anos e suspeito de ser operador de propinas destinadas a ele.

Veja On Line



segunda-feira, 7 de março de 2016