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domingo, 11 de setembro de 2022

Sem margem de erro - Revista Oeste

Redação

Em manifestações pacíficas e portentosas, multidões de brasileiros celebram o Bicentenário da Independência, apoiam a reeleição de Bolsonaro e exigem respeito às normas impostas pela Constituição 

As comemorações do Bicentenário da Independência na quarta-feira, 7 de Setembro, deixaram claro que é impossível falsificar no Brasil ao menos uma coisa: o povo nas ruas. Multidões jamais vistas cobriram o país de verde e amarelo em uma grande festa cívica, democrática e, sobretudo, pacífica. Foi também o dia em que a esquerda e o consórcio de imprensa entraram em pane.

Manifestações que ocorreram no Dia da Independência do Brasil (7/9/22) em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília | Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução

 Manifestações que ocorreram no Dia da Independência do Brasil (7/9/22) em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília | Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução 

Duas conclusões podem ser extraídas do 7 de Setembro. A primeira é que as multidões, que incluíram famílias e crianças, não têm nenhum parentesco com ajuntamentos de golpistas, como fantasiou durante meses a velha mídia. Segunda conclusão: ficou muito complicada para os institutos de pesquisa a fabricação de mais porcentagens assegurando a eleição de Lula em outubro.

A menos de um mês das eleições, milhares de pessoas foram às ruas em dezenas de cidades, com destaque para São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Quem não saiu de casa por causa da chuva exibiu a bandeira do Brasil nas janelas. No Centro-Oeste, houve passeio de tratores do agronegócio.

Tradicional palco de manifestações históricas, a Avenida Paulista teve 13 carros de som espalhados por toda sua extensão. Os nomes mais lembrados foram o de Lula e o do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito perpétuo de caçada aos conservadores no STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Mesmo com o tempo nublado, garoa e momentos de chuva forte, pais, mães, avós e crianças compareceram em peso. Embora grande parte das fotografias publicadas pela imprensa focalize cartazes pedindo o golpe militar ou o fechamento do STF, a verdade é que a palavra de ordem que mais ecoou foi outra: liberdade.

“Estou aqui para que o povo brasileiro tenha mais liberdade”, disse Fernando Ataide, 73 anos. “Olhando para trás me sinto envergonhado de tanta roubalheira que houve neste país.”

O clima de tensão e perigo inventado pelo noticiário não existiu. No evento realizado no coração de São Paulo, não aconteceu sequer uma briga ou ato de desrespeito ao próximo. Até para atravessar a multidão que se amontoava todos pediam licença e esperavam a vez.

“Milhões de brasileiros estão defendendo a liberdade”, observou o médico Roberto Zeballos, trajando verde e amarelo. “Na rua, não existe o controle das redes sociais nem a censura. Há o poder da escolha, a liberdade de ir e vir, para sonhar e encontrar soluções. Não ficamos presos a regras ditatoriais.”

Outras palavras de ordem exigiam o fim da impunidade e eleições limpas. “Uma pessoa não pode ser ‘descondenada’ para poder concorrer à Presidência da República”, indignou-se o segurança Sérgio Henrique Gonçalves da Silva. Com 44 anos, ele trouxe o filho David, 5 anos, e a irmã Maria Marlene Farinilque, 53 anos, para participarem do ato. “O STF solta bandido e prende deputado, não consigo entender isso.”

A oposição grita
A reação dos adversários de Bolsonaro foi imediata. Antes mesmo do encerramento dos atos, partidos lançaram uma ofensiva no TSE. União Brasil, PT e Rede bateram à porta da Corte, acusando o presidente de ter feito comício em eventos que receberam recursos públicos.

Essa também foi a tônica dos protestos estridentes dos analistas na mídia, que não disfarçam suas preferências políticas. Alguns defenderam abertamente a impugnação da candidatura de Jair de Bolsonaro. “O presidente pode ter cometido crimes em série no 7 de Setembro, e Lula vai acionar TSE”, publicou a Folha, às 21 horas do dia 7.

O pano de fundo da gritaria, contudo, esbarra num ponto incontestável. O presidente separou sua agenda de chefe de Estado do roteiro de candidato. Isso ocorreu em Brasília e no Rio, as duas cidades que tiveram apresentações de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), dos blindados do Exército e o show dos paraquedistas cortando os céus com a bandeira brasileira. 
As imagens da Esplanada dos Ministérios tomada em toda a sua extensão e da orla de Copacabana lotada rodaram o mundo.

Em Brasília, Bolsonaro acompanhou a parada militar, como todos os antecessores sempre fizeram, e desfilou no Rolls-Royce usando a faixa presidencial. Depois, subiu num palanque montado nas proximidades da mesma avenida e falou o que quis — como candidato.

Após desfile, Bolsonaro exalta Pátria cristã e luta do bem contra o mal
Jair e Michele Bolsonaro desfilam em um Rolls-Royce, 
no Dia da Independência | Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Ao lado da primeira-dama, Michelle, Jair Bolsonaro puxou com a multidão o coro “imbrochável” e disse que “homens solteiros deveriam procurar uma mulher, uma princesa para se casar”. Beijou Michelle, que aderiu à brincadeira. A fala incendiou os plantonistas nas redações do consórcio. O presidente voltou a ser acusado de machismo e misoginia, a bola da vez das manchetes histéricas. Em editorial, O Estado de S. Paulo afirmou que o presidente apelou para obscenidades. “Eis o nível daquele que diz defender a família brasileira. Entende-se bem por que é tão alta sua taxa de rejeição entre as mulheres. Jair Bolsonaro simplesmente provoca asco”, diz o artigo.[se o discurso de Bolsonar foi obscfeno, que dizer da matéria de uma jornalista de O Globo - um tratado sobre desempenho sexual.]

A Folha de S.Paulo publicou uma reportagem afirmando que “na idade de Bolsonaro, 67 anos, o índice de indivíduos do gênero masculino com disfunção erétil é próximo a 70%”. [nada impede que o 'capitão do povo' esteja nos 30%]

O número de manifestantes presente nos atos também foi motivo de controvérsia. Em Brasília ninguém foi capaz de dizer que havia menos de 1 milhão de pessoas no gigantesco vão que abrange a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes. Em São Paulo, contudo, o jornal Folha de S.Paulo chegou ao ponto de cravar um número exato: 50.443 pessoas nem uma a mais ou a menos.

Foto: Reprodução/Instagram

Ao ver a multidão nas ruas, uma colunista afirmou, com voz embargada, que aquele era um dia triste, porque Bolsonaro colocou milhões de pessoas nas ruas. “Isso foi bom para ele, mas foi péssimo para o Brasil.” Num tuíte, outro jornalista afirmou que “o clima de violência política recomendava que eleitores de outros candidatos evitassem a orla de Copacabana”. Um terceira acusou “os discursos do presidente” de roubarem “a possibilidade dos brasileiros de comemorarem a Independência do Brasil”.

A verdade é que nunca se viram multidões semelhantes, simultaneamente, em tantas cidades brasileiras. “O sentimento é de patriotismo. Esse vai ser o combustível da reeleição, disse Fabio Wajngarten, coordenador de comunicação da campanha de Bolsonaro. “Multidão nas ruas de verde e amarelo”, comemorou Fábio Faria, ministro das Comunicações. “Nunca ninguém viu tanta gente. O presidente faz um discurso propositivo. O que sobra para a mídia? Falar que essa quantidade de gente de graça nas ruas é um ‘abuso’.”

Flávio Bolsonaro, filho do presidente, usou suas redes sociais para agradecer aos apoiadores do pai. “Um milhão de pessoas? Mar de gente em Brasília? Obrigado a cada brasileiro que compareceu à Esplanada dos Ministérios. Provamos, mais uma vez, que é possível fazer manifestação pacífica, visando a um único objetivo: a liberdade de nossa nação.”

“Falo palavrão, mas não sou ladrão”
De Brasília, Bolsonaro seguiu para o Rio de Janeiro, onde pilotou uma moto até a orla de Copacabana. Ali, havia gente de todo tipo: homens, mulheres, idosos, crianças, adultos, negros, brancos, ricos e pobres. A quantidade de gente fez com que os manifestantes ocupassem também as ruas paralelas e perpendiculares à Avenida Atlântica.

“O que faltava para nós? Faltava acordar da letargia, da mentira, das palavras bonitas e de muita enganação”, discursou Bolsonaro. “Não sou educado, falo palavrões, mas não sou ladrão. Nosso governo respeita a Carta da democracia, que é a nossa Constituição. O outro lado que assina cartinhas não respeita a nossa Constituição.”

Na contramão do que apareceu na maioria dos jornais, sites e emissoras de televisão, o espírito dominante neste 7 de Setembro foi menos de protesto e mais de exaltação da liberdade

Esse trecho da fala também despertou a ira dos articulistas na velha mídia. Como o presidente ousou atacar a tal “carta pela democracia”? Ele se referia ao texto lido na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) [a cartinha.] em agosto. O ato teve a participação de sindicalistas, do Movimento Sem Terra (MST), dos sem-teto, da juventude grisalha dos centros acadêmicos e de dezenas de “intelectuais progressistas”.

Na contramão do que apareceu na maioria dos jornais, sites e emissoras de televisão, o espírito dominante neste 7 de Setembro foi menos de protesto e mais de exaltação da liberdade e do orgulho de ser brasileiro. Mais uma vez, repetiu-se o que tem ocorrido em todos os eventos promovidos por aliados do presidente Jair Bolsonaro.​​ Nem uma única vidraça foi depredada. Não houve registros de quebra-quebra. Ninguém queimou pneus. Ninguém viu black blocs empunhando coquetéis Molotov. Na dispersão da Avenida Paulista, ouviu-se várias vezes o Hino Nacional.

No dia seguinte, os jornais acusaram o presidente de ter “capturado” o 7 de Setembro — assim como fez com a camisa da Seleção e as cores da bandeira nacional —, transformando a data numa “arma contra a democracia”. A alucinação foi compartilhada por ministros do STF e pela linha de frente do consórcio da imprensa. O povo avisou nas ruas que pensa de maneira bem diferente.


*Com reportagens de Artur Piva, Cristyan Costa, Iara Lemos, Rute Moraes e Silvio Navarro

Leia também “Pior que eleições é não realizar eleições”

Redação - Revista Oeste


terça-feira, 7 de setembro de 2021

À espera de Bolsonaro, Paulista tem reza e gritos contra Doria e o STF - Blog Maquiavel

O bolsonarista Nelson Piquet agora é motorista do presidente

Tricampeão mundial de Fórmula 1, piloto dirigiu o Rolls-Royce que conduziu o presidente para a cerimônia de hasteamento da bandeira no Dia da Independência 

O ex-piloto Nelson Piquet, tricampeão mundial de Fórmula 1, deu um passo à frente na sua conversão ao bolsonarismo: atuou hoje como motorista do Rolls-Royce que levou o presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle Bolsonaro para a cerimônia de hasteamento da bandeira no Dia da Independência.

A cerimônia, que é oficial e ocorreu no Palácio da Alvorada, não contou com a presença de nenhum outro chefe de poder, como ocorre tradicionalmente. Neste ano, por decisão de Bolsonaro, não haverá desfile militar alusivo à data. Desde a noite de ontem, milhares de manifestantes vêm se concentrando na Esplanada dos Ministérios para participar de manifestação em apoio ao presidente.

Há tempos, Piquet vem se aproximando de Bolsonaro. Já o recebeu em sua mansão, já esteve com ele no Palácio do Planalto e já integrou a comitiva de Bolsonaro durante uma viagem ao Acre.

O empresário Luciano Hang, o presidente Jair Bolsonaro e o piloto Nelson Piquet
O empresário Luciano Hang, o presidente Jair Bolsonaro e o piloto Nelson Piquet Divulgação/Divulgação

Também tem comungado cada vez mais do discurso do presidente, como as críticas à TV Globo – em mais de uma vez, ele chamou a emissora de “Globolixo”, uma expressão usada com frequência pelos bolsonaristas.

Manifestantes discursam em carros de som contra Alexandre de Moraes, o governador e em defesa do voto impresso, da intervenção militar e do agronegócio... 

Milhares de manifestantes tomam a Avenida Paulista, na região central de São Paulo, desde o final desta manhã, para apoiar Jair Bolsonaro, defender suas pautas – como a volta do voto impresso — e gritar contra os adversários do presidente.

Além dos protestos contra o Supremo Tribunal Federalem particular o ministro Alexandre de Moraes, alçado à condição de vilão do bolsonarismo –, em São Paulo os gritos também são direcionados a um adversário em particular: o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
O tucano, que é pré-candidato à Presidência da República em 2022, tem se colocado como contraponto ao presidente principalmente nas questões relacionadas à pandemia, como a defesa da vacina e do isolamento social, o que o deixou em rota de colisão com o bolsonarismo. [o tucano, tenta ser pré candidato do PSDB; seu adversário é aquele rapaz, Eduardo, governador do RS.]

Boa parte dos manifestantes, aliás, não usa máscaras ou, se usa, as coloca no queixo. Também há vários pontos de aglomeração. Dois caminhões de som foram colocados na altura da faculdade Cásper Líbero a via é normalmente fechada aos domingos e feriados –, além de um boneco do presidente Bolsonaro.

Além de gritar contra o STF e Doria, os manifestantes defendem o agronegócio e os ruralistas, pedem intervenção militar com Bolsonaro no poder alguns usam farda e coturno –, empunham bandeiras do Brasil e de Israel e fazem orações e coletam assinaturas para a criação do Aliança pelo Brasil, o partido que o presidente pretende criar, mas que encontra dificuldades para sair do papel. Também entoam gritos de “Lula ladrão”, em referência ao ex-presidente, hoje o principal adversário de Bolsonaro na corrida ao Planalto.

A expectativa é que Bolsonaro vá à avenida no final da tarde para falar aos manifestantes, como anunciou durante a semana. Em Brasília, o presidente discursou atacando o STF e dando uma espécie de ultimato ao tribunal para que afaste o ministro Alexandre de Moraes da função.

Blog Maquiavel - VEJA

 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Carluxo no Rolls-Royce já era prenúncio de crise. Só Freud explicaria. No desfile, Mourão foi o vice mais desprestigiado da democracia

Ninguém entendeu quando Carlos Bolsonaro, o “Carrrluxo”, dividiu o Rolls-Royce da posse com Jair Bolsonaro, seu pai, e Michelle Bolsonaro, sua madrasta. Freud à parte, continua sem explicação técnica. Nota: o roteiro do cerimonial não previa o guardião de azul. No ensaio realizado, inexistia tal personagem. E daí? A família não liga para certos formalismos…

[os membros do clã Bolsonaro não estavam no dia da posse perfeitamente sintonizados com a liturgia do cargo e com o próprio evento, mas, aprendem fácil, especialmente sempre há possibilidade de uma segunda posse.]
Quando foi a vez de FHC, ele preferiu ter no veículo apenas o vice, Marco Maciel. Não! A professora Ruth Cardoso, avessa a solenidades balofas e a rapapés, não desfilou com o marido. Conforme relato da Folha de 2 de janeiro de 1995:
Só na catedral, quando FHC e seu vice, Marco Maciel, passaram para o Rolls Royce da Presidência, é que Ruth Cardoso ficou separada do marido, seguindo com Anna Maria Maciel para o Congresso. Fernando Henrique e Ruth e Marco e Anna Maciel subiram lado a lado a rampa do Congresso. Acompanhando os dois casais, estavam os presidentes da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE) e do Senado, Humberto Lucena (PMDB-PB)”.

Destaque-se: antes de FHC, Fernando Collor levou Itamar Franco, o vice, a seu lado.

Lula, na posse do primeiro mandato, levou José Alencar, o vice, a seu lado. Ao assumir o segundo, seguiu com a mulher, Marisa Letícia, no Rolls-Royce. Praticamente colado a esse carro, em outro veículo, vinha Alencar e sua Mariza, com “z”. Dilma já foi menos reverente ao vice. Preferiu levar Paula, a filha, a seu lado, no carro de destaque. Atrás, em outro veículo, um Cadillac, estavam Michel Temer, o vice, acompanhado de Marcela, sua mulher. De toda sorte, nada havia entre o primeiro e o segundo veículos.

Com Bolsonaro, as coisas se deram de outro modo. O vice, Hamilton Mourão, e sua mulher, Paula, também desfilaram em carro aberto, mas bem longe do titular. Nas fotos e vídeos que têm o presidente como protagonista, os dois não aparecem. O titular vai à frente, acompanhado da mulher; atrás, veículos de segurança; em seguida, o destacamento dos Dragões da Independência e só depois, lá longe, o vice. 

o vice certamente ficou um pouco atrás por algum vacilo dos organizadores da cerimônia - nem Bolsonaro nem o filho determinaram que houvesse um espaço, superior em alguns centímetros ao conveniente, entre os veículos.

Apesar de seu veículo estar 'lá longe' Mourão é inteligente o bastante para saber que foi eleito vice-presidente da República e é indemissível
Por isso também é sabedor que se equivocam os que pensam que  jogar gasolina na fogueira vai aumentar a tensão - nada disso, é apenas desperdício.]

Não há leitura alternativa: Carlos se colocava, com a anuência do pai, como o segundo homem da República — em certas questões que não são exatamente do domínio de Jair — as redes sociais, por exemplo —, é, na verdade, o primeiro. E, como se nota, ele tem ambições que vão além de promover guerrilhas na Internet. Quer ser também um pensador e um estrategista. À sua maneira, foi bem-sucedido: ele tenta derrubar Bebianno, nunca se soube bem por quê, desde a campanha. Conseguiu fazê-lo com um mês e meio de governo, sob o risco de que uma crise política crie dificuldades adicionais para a reforma da Previdência.

Ao se colocar naquela posição no Rolls-Royce, Carlos anunciava, do alto de sua inexperiência arrogante: “Sou o guardião dessa coisa toda; aquele outro, que foi eleito com meu pai, o vice, o general, não manda nada.” Não por acaso, a maior fonte de fofocas desabonadoras a Mourão parte justamente da Internet, onde “Carrrrluxo” reina absoluto. Seus admiradores, não raro, são detratores de Mourão.
E Carlos não tem papas na língua. No dia 28 de novembro, mandou ver:
A morte de Jair Bolsonaro não interessa somente aos inimigos declarados, mas também aos que estão muito perto. Principalmente após de (sic) sua posse! É fácil mapear uma pessoa transparente e voluntariosa. Sempre fiz minha parte exaustivamente. Pensem e entendam todo o enredo diário!”

Só um tolo não entendeu que o recado absurdo tinha Mourão como alvo. Indagado a respeito, o vice eleito respondeu então ao Globo: “Se eu quisesse ser presidente, teria concorrido a presidente”. Na interinidade, o general foi alvo de outra diatribe disparada pelos filhos: ele faria questão de se mostrar mais preparado do que o titular. Bem, não precisa fazer grande esforço para isso. É mais preparado até porque estudou muito mais e avançou para o topo da carreira militar. Se os dois posarem lado a lado para uma fotografia, vestindo roupas idênticas, dá para saber quem chegou mais longe nos dons do pensamento, como diria o poeta, pela acuidade do olhar. As coisas são o que são.


Blog do Reinaldo Azevedo

LEIA TAMBÉM: O homem do povo é presidente da República = Traje escalafobético de Bolsonaro é marketing ruim da simplicidade; não é que não entenda de moda: ele nada entende é de democracia


domingo, 17 de fevereiro de 2019

Pai Permissivo

Pai permissivo detesta enfrentar seus filhos. Desde muito cedo faz todos os gostos dos meninos, mesmo quando racionalmente reconheça que deveria agir de modo contrário. Teme que as crianças se irritem com a negativa, façam uma cena e lhe tirem a tranquilidade. Esse homem é um egoísta que não quer problema e faz qualquer concessão para evitar conflito. Seus filhos são mimados e crescem com uma autonomia inadequada para suas idades e capacidades cognitivas. São meninos-problema e serão homens-problema. O pai permissivo é um covarde por natureza. No fundo, ele tem medo dos filhos. No começo, é medo de se incomodar com o que julga ser bobagem, e vai deixando os filhos agirem como bem entenderem. Com essa lógica medrosa, permite que esses jovens cresçam sem controle e se tornem homens que desrespeitam limites. Daí, o pai começa a ter medo físico dos filhos.
Como o pai permite tudo, ou não se importa com nada, os filhos acabam tendo seu desenvolvimento psicoemocional descompensado. Sua capacidade de interagir em casa e na rua, sobretudo na rua, é balizada por essa permissividade. Esses meninos ficam autoritários, brigões, não aceitam não como resposta. Suas habilidades sociais são reduzidas, qualquer faísca é capaz de provocar reações bruscas, burras e algumas vezes brutais. Esses meninos são normalmente arrogantes. Acham que podem tudo, afinal cresceram num ambiente em que tudo podiam. Muitos filhos de pais permissivos já quebraram empresas que herdaram da família. Como qualquer coisa que fizessem era abençoado pelo pai, envelheceram sem conhecer as suas próprias limitações e, acreditando saber mais do que de fato sabem, acabaram destruindo patrimônios. Esse é apenas um dos muitos problemas de arrogância gerada desde o berço.

Se meninos mimados podem quebrar a empresa do pai permissivo, imaginem o que serão capazes de fazer com uma nação se forem filhos do seu presidente. O modo com que o filho Carlos Bolsonaro age no governo do pai sugere ter tido esse tipo de criação permissiva. Ele faz o que lhe dá na telha e que se danem os incomodados. E, pior, o pai passa a mão na sua cabeça. No primeiro dia de governo aquela carona patética que pegou no Rolls-Royce presidencial já mostrava até onde poderia ir. Um pai não permissivo diria: “Sai daí, menino. Que bobagem é essa?” Mas, não, Jair Bolsonaro fez nada e desfilou sorridente ao lado da mulher com aquela criatura estranha sentada sobre o encosto do banco traseiro do carro.
O ataque ao ministro Gustavo Bebianno na véspera de o governo enviar ao Congresso sua proposta de reforma da Previdência poderia ser tomado como sinal de demência. Mas, na verdade, parece tratar-se da tão banal quanto burra arrogância de filho de pai permissivo. E pior, se deu na hora em que o presidente voltava para o Palácio, no momento de maior tranquilidade de um governo que já havia começado conturbado com a bagunça de outro filho.
É difícil acreditar que Carlos agiu orientado pelo pai. A menos que o pai seja ainda mais cego e tapado que o filho. Não acredito. O fato é que, graças a desenvoltura desmedida de uma pessoa que sempre pôde tudo, o presidente Jair Bolsonaro se deixou engolfar por uma crise. Uma crise criada por uma birra de um filho mimado.
 
Ascânio Seleme - O Globo
 
 
 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Autofagia

Filhos, fator de desestabilização do governo Bolsonaro 

Mourão é considerado por um grupo de bolsonaristas como um potencial inimigo, um Cavalo de Tróia

A família Bolsonaro parece gostar de um enfrentamento. Ontem à noite, o presidente avalizou pelo Twitter uma afirmação do filho Carlos, que desmentia o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que dissera que mantivera contato com Bolsonaro no hospital. Queria desfazer assim os boatos de que estaria desgastado com o presidente devido a denúncias de uso indevido de verba propagandística durante a eleição. Pelo jeito, talvez não seja mais ministro hoje.
O PSL está debaixo de fogo cruzado devido à suspeita de ter desviado dinheiro da campanha eleitoral utilizando-se de candidatas “laranjas”. Gustavo Bebianno, que foi presidente do PSL e teve papel de relevo na campanha, está sendo acusado por um grupo de bolsonaristas, entre eles o próprio Carlos, de ter participado dessa tramoia que está sendo investigada pela Justiça. Já na transição do governo houve uma briga entre os dois. Carlos atribuía a Bebianno o convite a Marcos Carvalho, dono da agência AM4, responsável pela campanha digital do presidente eleito, para participar da equipe.
Carlos considera-se o responsável pela comunicação de Bolsonaro nas mídias sociais, tem até mesmo as senhas do pai, e não admite concorrência. Acusou Marcos Carvalho de querer aparecer como “marqueteiro digital” vencedor, sem ter tido tal importância. Certa vez, o vice-presidente Marco Maciel ouviu de Heitor Ferreira, ex-secretário particular dos presidentes Geisel e Figueiredo, a definição do posto que ocuparia no governo de Fernando Henrique Cardoso: “Vice-presidente é nada à véspera de tudo”.
Maciel soube equilibrar-se nessa linha quase etérea entre o “nada” e o “tudo”, e hoje é exemplo de comportamento para um vice-presidente, discreto e eficiente. Ontem, o vice-presidente Hamilton Mourão recebeu com um sorriso o presidente Bolsonaro, que voltava a Brasília depois de 16 dias internado no Hospital Albert Einstein em São Paulo. Sorriso que desfez qualquer desconforto que poderia ter causado uma ironia do presidente, ao telefone: “Quer me matar?”, perguntou a Mourão, que tratou de revelar a “brincadeira” para retirar dela qualquer conotação outra. Embora estivesse se referindo ao churrasco de confraternização de sua turma, de que Mourão participara enquanto ele estava no hospital, o presidente Bolsonaro refletia um estado de espírito inoculado pelo vereador do Rio Carlos Bolsonaro, o filho 02, que mantém a desconfiança de que existem pessoas interessadas na morte de seu pai. [que existem, existem; e são parte do grupo do 'quanto pior, melhor', o que não inclui o general Mourão.]

Antes da posse, ele usou o Twitter para dizer que a morte de seu pai ajudaria “também aos que estão muito perto” (...) “Principalmente após sua posse”. Na posse, ele fez questão de aboletar-se no Rolls-Royce que conduzia seu pai. O 02 acordara com um mau pressentimento e, armado de uma Glock, pediu para ser o guarda-costas do pai. Mourão é considerado por um grupo de bolsonaristas, que inclui até mesmo o guru Olavo de Carvalho e o estrategista americano Steve Bannon, como um potencial inimigo, um Cavalo de Troia que tenta se diferenciar de Bolsonaro recebendo líderes do MST ou defendendo a memória do ambientalista Chico Mendes. [Mourão é general e vice-presidente, humano, e comete erros - só Deus não erra; 
receber os bandidos do MST foi um deles e defender a memória do Chico Mendes não é crime, apesar da memória defendida não significar grande coisa - o que o dono da memória defendida fez pelo Brasil que mereça destaque? NADA.]

“Filhos, melhor não tê-los”, já advertia ironicamente o poeta Vinicius de Moraes, para completar: “Mas sem tê-los, como sabê-los?” A relação do presidente com seus filhos é um dos fatores desestabilizadores deste governo que mal se iniciou. [Bolsonaro quando assumiu dispensou porta-voz - julgou que eles e os filhos seriam os melhores porta-vozes e deu um desastre = com um pouco de exagero = uma zona;
contratou um e as coisas melhoraram.

Agora filhos, especialmente quando agem como os filhos de Bolsonaro (mais complicam que auxiliam e sempre querem apagar fogo com gasolina) são excelentes para serem curtidos como filhos; auxiliares, só eventualmente e mesmo assim em privado.
Ou Bolsonaro, dispensa a ajuda dos filhos, especialmente do Carlos, ou a credibilidade de seu governo vai para o espaço.
Tem a hora do 'pitbull'  e certamente ainda não chegou.]
As confusões envolvendo os três filhos políticos de Bolsonaro provocam intrigas dentro do próprio grupo de governo, especialmente os militares. O senador Flávio Bolsonaro, o 01, tenta se desvencilhar do caso de seu ex-assessor Fabrício Queiroz, apanhado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em uma “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão. [o senador até que não complica tanto, inclusive seu 'envolvimento' nas 'movimentações atípicas' de seu ex-assessor é mais uma tentativa da imprensa anti Bolsonaro - aliás, sobre o assunto, até agora o único crime foi o vazamento das investigações do Coaf, crime que não está sendo investigado.]
O deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro, o 03, flagrado em uma palestra afirmando que para fechar o Supremo Tribunal Federal bastaria chamar “um soldado e um cabo”, considera-se um assessor presidencial especialíssimo, e trabalha para ligar o PSL ao conjunto de partidos de direita pelo mundo, que o estrategista americano Steve Bannon sonha reunir. Já admitiu se candidatar à sucessão do pai caso Bolsonaro acabe mesmo com a reeleição, como prometeu. [o que disse na palestra expressou apenas um entendimento, uma ironia.
Convenhamos que a nossa Suprema Corte, melhor dizendo os ministros do STF, em sua maioria, não se preocupam muito em lembrar que o que fazem reflete na imagem do Supremo que integram.]
O 01 nunca recebeu apoio do 02. O 03 ontem se recusou a falar sobre a crise em que o 02 está metido. [o 02 fala demais, considera que política é sempre o confronto e coloca o pai e auxiliares em situações limite.
Tem que ser estimulado pelo pai a ficar fora do Brasil por uns tempos.
O mais grave em seu comportamento é que quer ser o destaque, 'primus inter pares', e considera o confronto essencial para alcançar a posição que deseja.]
 
Merval Pereira - O Globo
 

 

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Feliz Ano Novo, Brasil! [Feliz Governo, presidente Bolsonaro!]

Feliz Ano Novo, Brasil! 

Bolsonaro foi eleito com 39,2% dos votos, mas precisa governar para 100% dos brasileiros


Se 2018 foi um ano peculiaríssimo, de muita polarização e grandes emoções, 2019 será um ano tenso, com muita coisa por fazer e grandes interrogações, mas a maioria vitoriosa torce para dar certo, boa parte dos derrotados ou alheios também e, por enquanto, só a minoria da minoria esfrega as mãos para dar errado. [óbvio que a corja esquerdista, os malditos lulopetistas, adeptos da teoria 'quanto pior, melhor.]

Uma coisa é ser contra o governo Jair Bolsonaro, que toma posse hoje depois de eleito legitimamente pelas urnas. Outra, muito diferente, é torcer e trabalhar para dar tudo errado, o governo implodir, a economia explodir, o mau humor se generalizar. Quem pode lucrar com isso? Absolutamente ninguém, nem a oposição.

Goste-se ou não, Bolsonaro venceu e está nas mãos dele aprofundar a recuperação da economia, abrir perspectivas, investimentos e empregos, reprimir a corrupção, distribuir renda e fazer o Estado funcionar como Estado e a iniciativa privada, como iniciativa privada. Disso tudo depende o bem-estar dos brasileiros. Dos 147,3 milhões de eleitores, 57,7 milhões [55,3% dos votos válidos] votaram no novo presidente e [47.040.906 votaram no candidato petista = 44,87% dos votos válidos.] 
Assim como seus opositores têm de reconhecer a sua legitimidade. 
(...) 


 A posse será animada e festiva, como sempre, mas o esquema de segurança será particularmente rigoroso, cheio de limitações. Faltar guarda-chuva e carrinho de bebê é curioso e limitante, principalmente na época chuvosa de Brasília,  
[qualquer consultor técnico de segurança tem condições de explicar de forma verdadeira e convincente as razões que tornam conveniente a não admissão de guarda-chuva e carrinho de bebê;

mesmo um leigo há de concordar que no caso de tumulto vai ser bem  complicado sair do local  do conflito com um carrinho de bebê - exceto se dentro do carrinho de bebê tenha um boneco cheio de explosivo (uma corja que, quando no governo, deu asilo a um terrorista especializado em incendiar seres humanos, é perfeitamente capaz de colocar uma criança de verdade, um ser humano, em um carrinho ao lado de um boneco cheio de explosivos  (confira aqui -Achille Lollo: Quem é o italiano condenado por queimar duas crianças até a morte que fugiu para o Brasil?

Bolsonaro assume com a força do voto, mas particularmente da classe média alta, de parte das corporações, do agronegócio e... das denominações evangélicas. É importante registrar, de outro lado, o clima de confronto do novo governo com o Nordeste, uma das regiões mais populosas, críticas e queridas do Brasil. A única em que o vermelho do PT prevaleceu e Bolsonaro perdeu. [apesar da magra vitória do PT no Nordeste, houve substancial queda no desempenho do PT, com a vitória do 'poste' petista, ,naquela região, por pequena diferença. 
Talvez seja o Nordeste que prefira - por uma maioria não tão ampla, quanto já foi  - o confronto ideológico, de repente até mesmo uma separação, que é crime, até mesmo cogitar (afinal atos criminosos entre a maioria dos petistas, são práticas corriqueiras.].



É um mau sinal Bolsonaro não ter nenhum nordestino na linha de frente do seu governo, mas é muito pior o Nordeste não enviar nenhum dos seus governadores eleitos para a posse. [todos os ministros nomeados pelo presidente Bolsonaro atendem os requisitos estabelecidos na Constituição Federal e não consta, entre as exigências,  política de cotas regionais;
aliás, Bolsonaro deve, já nos primeiros dias de seu Governo, extinguir a políticas de todas de qualquer espécie - a regra geral e única deve ser a do mérito; é até aceitável algumas cotas para deficientes físicos, sem paternalismo.
O resto tem que ser na base da meritocracia.]   É birra juvenil, a ideologia prevalecendo sobre os interesses da região, dos Estados e da sua gente. O governo Bolsonaro perde pouco, o Nordeste tem muito a perder nessa guerra.

[Feliz Governo, presidente Bolsonaro, que Deus o ilumine para que em seu Governo, ora iniciado,  o povo brasileiro seja feliz:   

- haja emprego para todos;                                                                                 -  - que a Saúde Público melhore em muito, especialmente no atendimento público, que  seja rápido e eficiente;                                                                                  - volte a ter Segurança Pública;                                                                      -      - Ensino Público eficiente - com direito a Hino Nacional e hasteamento da Bandeira Nacional  nas escolas e colégios, bem como aulas de OSPB e EMC;         -  e mais outras coisas para que o Povo Brasileiro volte a se sentir digno,                                                    

(sendo digno  e não apenas pensando ser -  levados a tal sentimento por  indução promovida por governos ladrões que antecederam ao seu* e que na maior falta de caráter, na mãe de todas as mentiras, levaram o povo a pensar que eram classe ''B'' caminhando  para a ''A'', quando na verdade caminhavam da "C" para a "D" e os governantes (Lula e Dilma) promoviam, e deixavam outros promoverem, o maior assalto aos cofres públicos.)

* A BEM DA VERDADE: mentir não é bom em nenhuma situação, especialmente no primeiro dia do ano, assim esclarecemos:

- que os governos ladrões referidos se limitam aos citados nominalmente, visto que o sainte Governo Temer, apesar das acusações que pesam contra o titular, nada foi provado (a Justiça apreciará as acusações com isenção e imparcialidade); 

- e as medidas para melhorar o Brasil, DEVEM ser implementadas no menor tempo POSSÍVEL, mas, não se espera milagres, nem tão pouco protelações não fundamentadas - fundamentos claros e, obviamente, assentados sobre fatos.]


Aliás, qual será o comportamento do presidente do Senado, Eunício Oliveira, na solenidade de hoje no Congresso? Aliado do PT no Ceará, derrotado nas urnas, ressentido, será que ele vai disfarçar o desconforto? E Bolsonaro, vai assumir integralmente o papel republicano e fingir que está tudo bem entre ele e o senador?



Mas esses são detalhes, curiosidades para fotógrafos, porque o mais importante hoje será a esperança, a expectativa, os discursos, a apresentação do novo presidente no parlatório de mármore do Planalto. Se é para apostar, ele e Michelle Bolsonaro desfilarão em carro aberto, no velho Rolls-Royce que dá uma pitada de glamour à democracia. Hoje, é dia da festa. Amanhã, começa um longo caminho para Bolsonaro e seu governo, que vão consumir boa parte da energia do primeiro semestre na reforma da Previdência, difícil e inevitável, e enfrentarão incontáveis obstáculos. Sucesso a ambos, presidente e governo. O sucesso deles é a sorte do povo brasileiro. Feliz Ano Novo para o Brasil!

 Eliane Cantanhêde -  O Estado de S. Paulo


   

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Segurança de Bolsonaro terá esquema inédito



Chefe do GSI pediu estudo após governo identificar novas ameaças; plano é adotar algumas medidas usadas por presidentes dos EUA

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, encomendou à sua equipe um estudo para reforçar a segurança de Jair Bolsonaro e sua família a partir da posse do novo presidente, em 1.º de janeiro. O motivo do pedido, além do atentado sofrido na campanha, são as frequentes ameaças identificadas pela inteligência do governo. 

Etchegoyen não fala em números ou estratégias por questões de segurança, mas já avisou que “obviamente” haverá um rigor muito maior no controle a tudo que tem a ver com o presidente eleito. “O esquema que está sendo preparado para receber um presidente que já sofreu um atentado será muito diferente e muito mais severo do que qualquer outro titular do Planalto já viu ou teve”, afirmou o general ao Estado.

Bolsonaro teve sua segurança reforçada pela Polícia Federal durante a campanha, após ser vítima de uma facada no dia 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG). Segundo informações da área de inteligência, as ameaças continuaram mesmo após a eleição. “O GSI não comenta detalhes de sua responsabilidade com a segurança presidencial, mas confirma que existem ameaças que efetivamente preocupam”, disse o ministro. 

A segurança de Bolsonaro após a posse será chefiada pelo general Luiz Fernando Estorilho Baganha. Ele assumirá o cargo no lugar do general Nilton Moreno, que hoje está à frente da montagem da estrutura de proteção ao presidente eleito. Durante a campanha, o candidato foi avisado que corria risco. Aliados, inclusive, citaram as ameaças como justificativa para que Bolsonaro não participasse dos debates eleitorais na reta final. Anunciado como futuro ministro da Defesa, o general da reserva Augusto Heleno chegou a divulgar um vídeo na véspera da eleição com o alerta para uma “real ameaça de atentado terrorista” contra Bolsonaro, articulada por uma “organização criminosa”. 

Na semana passada, com Bolsonaro já eleito, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a PF se reuniram para discutir o novo esquema reforçado que irá vigorar durante o governo de transição. Atualmente, uma equipe de 55 homens da PF se revezam na proteção ao presidente eleito. A informação é de que as ameaças partiram de diferentes fontes, inclusive de facções criminosas como PCC e Comando Vermelho e, segundo o Estado apurou, existem escutas telefônicas das ameaças que estão sendo investigadas.
A ideia é adotar no Brasil algumas das medidas usadas para proteger os presidentes norte-americanos, em que os cuidados com segurança chegam a níveis máximos
As tradicionais entrevistas nas quais o presidente fica rodeado por repórteres, por exemplo – chamadas de quebra-queixo no jargão jornalístico –, devem acabar. Os preparativos de viagens e contato com o público também serão repensados. 

Conforme antecipou o Estado, a equipe de Bolsonaro estuda, ainda, abandonar o tradicional desfile em carro aberto na cerimônia de posse. O veículo que costuma ser utilizado no percurso pela Esplanada dos Ministérios é um Rolls-Royce que o Brasil recebeu de presente do governo britânico, em 1953. Em entrevista à Rede Vida, nesta quinta-feira, 1.º, o presidente eleito afirmou que vai seguir “rigorosamente” as recomendações da área de inteligência na posse.  

Troca na guarda
A PF ficará com Bolsonaro até 31 de dezembro. A equipe do GSI, formada em parte por militares do Exército, será reforçada para assumir a função na virada do ano. Caso haja alguma solicitação, há a possibilidade de que a “passagem de bastão” seja antecipada. Mais de 800 pessoas trabalham neste setor. A segurança será ampliada não só pelas ameaças, mas também pela quantidade de pessoas a serem protegidas. Bolsonaro é casado e tem cinco filhos. Todos têm direito à segurança da Presidência.
Além disso, serão montados escritórios no Rio de Janeiro para dar infraestrutura à família tanto de Bolsonaro quanto do seu vice, general Hamilton Mourão, que têm casa na capital fluminense. 

O Estado de S. Paulo