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terça-feira, 7 de setembro de 2021

À espera de Bolsonaro, Paulista tem reza e gritos contra Doria e o STF - Blog Maquiavel

O bolsonarista Nelson Piquet agora é motorista do presidente

Tricampeão mundial de Fórmula 1, piloto dirigiu o Rolls-Royce que conduziu o presidente para a cerimônia de hasteamento da bandeira no Dia da Independência 

O ex-piloto Nelson Piquet, tricampeão mundial de Fórmula 1, deu um passo à frente na sua conversão ao bolsonarismo: atuou hoje como motorista do Rolls-Royce que levou o presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle Bolsonaro para a cerimônia de hasteamento da bandeira no Dia da Independência.

A cerimônia, que é oficial e ocorreu no Palácio da Alvorada, não contou com a presença de nenhum outro chefe de poder, como ocorre tradicionalmente. Neste ano, por decisão de Bolsonaro, não haverá desfile militar alusivo à data. Desde a noite de ontem, milhares de manifestantes vêm se concentrando na Esplanada dos Ministérios para participar de manifestação em apoio ao presidente.

Há tempos, Piquet vem se aproximando de Bolsonaro. Já o recebeu em sua mansão, já esteve com ele no Palácio do Planalto e já integrou a comitiva de Bolsonaro durante uma viagem ao Acre.

O empresário Luciano Hang, o presidente Jair Bolsonaro e o piloto Nelson Piquet
O empresário Luciano Hang, o presidente Jair Bolsonaro e o piloto Nelson Piquet Divulgação/Divulgação

Também tem comungado cada vez mais do discurso do presidente, como as críticas à TV Globo – em mais de uma vez, ele chamou a emissora de “Globolixo”, uma expressão usada com frequência pelos bolsonaristas.

Manifestantes discursam em carros de som contra Alexandre de Moraes, o governador e em defesa do voto impresso, da intervenção militar e do agronegócio... 

Milhares de manifestantes tomam a Avenida Paulista, na região central de São Paulo, desde o final desta manhã, para apoiar Jair Bolsonaro, defender suas pautas – como a volta do voto impresso — e gritar contra os adversários do presidente.

Além dos protestos contra o Supremo Tribunal Federalem particular o ministro Alexandre de Moraes, alçado à condição de vilão do bolsonarismo –, em São Paulo os gritos também são direcionados a um adversário em particular: o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
O tucano, que é pré-candidato à Presidência da República em 2022, tem se colocado como contraponto ao presidente principalmente nas questões relacionadas à pandemia, como a defesa da vacina e do isolamento social, o que o deixou em rota de colisão com o bolsonarismo. [o tucano, tenta ser pré candidato do PSDB; seu adversário é aquele rapaz, Eduardo, governador do RS.]

Boa parte dos manifestantes, aliás, não usa máscaras ou, se usa, as coloca no queixo. Também há vários pontos de aglomeração. Dois caminhões de som foram colocados na altura da faculdade Cásper Líbero a via é normalmente fechada aos domingos e feriados –, além de um boneco do presidente Bolsonaro.

Além de gritar contra o STF e Doria, os manifestantes defendem o agronegócio e os ruralistas, pedem intervenção militar com Bolsonaro no poder alguns usam farda e coturno –, empunham bandeiras do Brasil e de Israel e fazem orações e coletam assinaturas para a criação do Aliança pelo Brasil, o partido que o presidente pretende criar, mas que encontra dificuldades para sair do papel. Também entoam gritos de “Lula ladrão”, em referência ao ex-presidente, hoje o principal adversário de Bolsonaro na corrida ao Planalto.

A expectativa é que Bolsonaro vá à avenida no final da tarde para falar aos manifestantes, como anunciou durante a semana. Em Brasília, o presidente discursou atacando o STF e dando uma espécie de ultimato ao tribunal para que afaste o ministro Alexandre de Moraes da função.

Blog Maquiavel - VEJA

 

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A última semana de Dilma na Presidência: agenda cheia e clima de derrota

A sete dias da votação que deve confirmar seu afastamento do Planalto, presidente turbina participação em eventos. Mas só para 'deixar nome na placa'

"Vamos dar um jeito de inaugurar logo aquele prédio e colocar o nome na placa. Não vamos deixar nada para o Temer"

A uma semana da votação em plenário no Senado que deve confirmar seu afastamento da Presidência da República, Dilma Rousseff turbinou a agenda de compromissos oficiais - mas o clima de derrota é indisfarçável nos corredores do Planalto. 

 Aliados da petista já admitem "resignação" diante de outro iminente fracasso no Congresso. Oficialmente, contudo, o discurso segue firme na já combalida versão de 'golpe' contra o governo Dilma. Interlocutores da presidente também reconhecem, nos bastidores, que a proposta de antecipar as eleições presidenciais por meio de uma Proposta de Emenda Constitucional - uma afronta à Constituição - serve apenas como "recurso retórico" para tentar desgastar a imagem do vice-presidente Michel Temer (PMDB).

Um aliado de Dilma com trânsito no Congresso disse a proposta não tem cabimento jurídico: "É uma maluquice". A tese sequer une os parlamentares do PT e encontra resistência em movimentos sociais de apoio ao governo. Dilma parece tê-la abandonado de vez: ela rejeitou nesta terça-feira renunciar e disse que a "vítima não desaparecerá". 

 Enquanto em alguns gabinetes funcionários comissionados já começaram a preparar as caixas, conforme relata reportagem de VEJA desta semana, os ministros de Dilma preparam discursos no estilo fim de mandato e tentam entregar tudo o que for possível enquanto permanecem no cargo. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias (PT), serve como exemplo: anunciou numa só cerimônia uma série de ações ligadas ao Plano Safra da Agricultura Familiar e falou por quase 50 minutos nesta terça, inclusive sobre políticas implantadas desde o primeiro governo do ex-presidente Lula.

Também é sintomático o breve diálogo testemunhado pelo site de VEJA entre o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e a ex-ministra Eleonora Menicucci, rebaixada para a Secretaria Especial da Políticas para Mulheres com a última reforma ministerial. Eles se cumprimentaram e ela logo sugeriu agendarem uma data para inaugurar um edifício ligado à pasta no Estado - estava em construção em São Luís (MA) uma Casa da Mulher Brasileira. "Vamos dar um jeito de inaugurar logo aquele prédio e colocar o nome na placa. Não vamos deixar nada para o Temer".

O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, disse que os senadores desconsideram a argumentação jurídica de mérito e as ponderações da defesa. E capricha no discurso de vitimização. "Para quem está de fora, parece um jogo de cartas marcadas. O resultado para eles está na mesa, o vice-presidente está montando um gabinete definitivo, falando de políticas e de rever medidas provisórias", disse. "Tanto faz passar o rolo compressor do voto vil e ilegítimo no Congresso, quanto passar o coturno em cima do governo. É violência do mesmo jeito. O coturno é tão violento quanto a Constituição rasgada pelas instituições". O argumento ignora que o impeachment é um instrumento previsto na Carta Magna do país.

Para Aragão, Temer lida com "avidez excessiva" com a chegada do momento de assumir o governo interinamente e deveria ter mais "humildade". "Ele não está ungido pelo voto popular e quem está não foi ainda destituído. Ele deveria pelo menos manter os eixos do governo. Ele está lá de visitante, esquentando uma cadeira, não mais do que isso", disse, em referência ao julgamento da presidente, previsto para setembro. Ao contrário da votação da próxima quarta-feira, ainda não há votos suficientes para o impedimento da presidente no Senado.

Dilma participou de três cerimônias públicas nesta terça-feira e terminou o dia cansada e visivelmente abatida. Duas delas eram relacionadas aos Jogos Olímpicos Rio-2016, e Dilma abordou de maneira superficial temas políticos no discurso, sempre com semblante sisudo. Ela voltou a dizer que se sente "injustiçada" e uma "vítima".

No meio do dia, porém, o salão principal do Palácio do Planalto foi tomado por dezenas de aliados da presidente, servidores e trabalhadores. Houve gritos de apoio e a repetição do mantra "contra o golpe" - mas eles foram menos contundentes do que nas semanas antes da aprovação do impeachment na Câmara, quando Dilma fez da Presidência um bunker para comícios políticos.

Até a próxima semana, Dilma ainda estuda fazer algumas viagens pelo país. Na quinta-feira, a pauta é a Usina de Belo Monte, no Pará. Ela pode ir ao Nordeste na sexta, para uma agenda relacionada à transposição do Rio São Francisco, e a Goiânia, na próxima segunda-feira, para inaugurar obras no aeroporto local.

Fonte: VEJA