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sábado, 20 de abril de 2019

Só o Exército pode salvar a reputação do Exército



A reputação de uma instituição é a soma dos palavrões que ela é capaz de inspirar nas esquinas. Em Guadalupe, na zona oeste do Rio de Janeiro, ocorre uma incoerência: o Exército acha que é uma coisa e sua reputação nas esquinas é outra. "O Exército matou meu filho", disse Aparecida Macedo, ao enterrar nesta sexta-feira o filho Luciano Macedo Moraes. Trata-se do catador de material reciclável alvejado pela mesma chuva de 83 tiros com que uma patrulha do Exército executou o músico Evaldo Rosa.



Na véspera, o comandante militar do Sudeste, general Luiz Eduardo Ramos, comentou as mortes do catador Luciano e do músico Evaldo. "Foi uma fatalidade", disse o general, após participar de almoço com Jair Bolsonaro, em São Paulo. "O pessoal tem colocado 'assassinatos', mas não é", acrescentou o general. "Os soldados que estavam em missão tinham sido emboscados. Quem, como eu, já teve numa situação dessa Tensão, é difícil." Na semana passada, após cinco dias de silêncio, o próprio Bolsonaro dissera: "O Exército não matou ninguém. O Exército é do povo. A gente não pode acusar o povo de ser assassino." Para Bolsonaro, o que houve foi "um incidente". Fatalidade, a palavra usada pelo general, significa uma consequência inevitável do destino. Incidente, o vocábulo empregado pelo capitão, é um fato que desempenha papel secundário, incidental. As duas expressões desrespeitam a dor das famílias de Luciano e Evaldo.


Ironicamente, o catador Luciano morreu levando consigo uma noção sobre a reputação do Exército que sua mãe já não consegue cultivar. Ao enterrar Luciano, Aparecida relatou um diálogo que mantivera com ele: "Ainda falei para ele: 'Vai fazer barraco aí?'. Ele disse: 'Fica calma coroa, o Exército está ali. A gente está seguro'. O Exército matou meu filho. O Exército matou meu filho", declarou Aparecida. Luciano morreu por ter tentado ajudar os familiares de Evaldo, que estavam com o músico no carro que a patrulha do Exército fuzilou. Ferido, ele não foi socorrido pelos soldados. 

Hospitalizado, não mereceu nenhuma atenção do Exército. Morto depois de duas cirurgias, tornou-se uma fatalidade, um incidente. Gente que não tem nada a dizer, como o general Luiz Ramos e o capitão Jair Bolsonaro, deveria se abster de demonstrar em palavras a sua falta de respeito com os mortos. Só o Exército pode salvar a reputação do Exército. Mas a instituição, com a ajuda de Bolsonaro, parece determinada a assassinar também a própria imagem.

[dois assuntos dignos de destaque:
- já passa da hora do incidente lamentável ocorrido em Guadalupe e que resultou na morte de duas pessoas, ser deixado por conta da Justiça Militar que já está realizando com o acompanhamento do Ministério Público Militar e da Polícia Judiciária Militar  as investigações cabíveis;

- como bem disse o general Luiz Eduardo Ramos, a situação de tensão dos soldados que estavam em missão e que tinham sido emboscados é algo que só quem viveu tal situação pode falar com autoridade - Freirice Forsyth é um excelente escritor, mas, nem ele consegue descrever tal situação;

- até que prove o contrário (não por palpites da Polícia Civil, que sequer deveria ter adentrado a cena do crime e se o fez foi se aproveitando das condições de tensão em que estavam os militares envolvidos, permitindo o ingresso de estranhos na cena do crime e até mesmo sua provável alteração, ainda que involuntária) não pode ser descartada a possibilidade do incidente ter como causa relevante alguma manobra do condutor do veículo envolvido;

de igual modo, a morte do catador Luciano pode ter sido consequência do mesmo, por inexperiência e também por espírito de solidariedade humana, decidiu entrar na área do incidente para socorrer a vítima quando tiros ainda eram disparados (algo também que será apurado).

Agora um assunto que deveria ser apurado, comentado e resultar em punição imediata do tagarela (demissão sumária, sem direito a sequer a famosa ressalva: ' a pedido'), é a indiscrição do boquirroto ainda ministro Lorenzoni, que sem atentar para a liturgia do cargo passa a prestar informações 'privilegiadas' para terceiros, no caso um caminhoneiro, diretamente envolvido no assunto discutido.

Certamente o dono do Blog e milhões de brasileiros ainda lembram do incidente havido com o ministro Ricupero no Governo Itamar Franco, também conhecido por 'escândalo da parabólica' e que resultou na demissão imediata do mesmo.

Lorenzoni já deveria ter sido demitido - além de tagarelar sobre assuntos de Estado, ainda o faz com parte interessada na questão.]












terça-feira, 20 de novembro de 2018

Projeto Nordeste

O previsível projeto do governo Bolsonaro de investir no nordeste, reduto político que restou ao PT, região em que o candidato Fernando Haddad recebeu 51% dos votos nas recentes eleições presidenciais, depende tanto ou mais da descentralização das verbas federais, quanto da Bolsa-Família ou de obras de infraestrutura como a transposição do rio São Francisco ou a Transnordestina, que o General Augusto Heleno, futuro chefe do Gabinete Civil, citou como exemplos.

O economista Winston Frischt, ex-secretário de Política Econômica no governo Itamar e colaborador do Plano Real, um estudioso da questão, destaca que o controle das regiões mais pobres do país pelo governo da vez é uma prática que vem do Império e continuou com a República até os dias de hoje. Mas não há dúvida de que, além da centralização das verbas, o programa Bolsa-Família solidificou o domínio político petista na região, onde um em cada três domicílios recebe recursos do Bolsa Família, de acordo com o PNAD. Dos 18,3 milhões de domicílios da região, mais de 6 milhões recebem o benefício, o que corresponde a 31% da população. Nas outras regiões, essa proporção é bem menor: Centro-Oeste (9,2%), Sudeste (6,9%) e Sul (5,4%). O resultado é que Jair Bolsonaro venceu em 17 Estados, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e na maior parte da região Norte. Já o petista Fernando Haddad ganhou em 8 dos 9 Estados do Nordeste e no Pará, no Norte.

A vantagem de Bolsonaro no Sul, de mais de 600 mil votos, praticamente neutralizou a de Haddad no Nordeste, por volta de 700 mil votos. Mas, para o economista Winston Frischt, não é preciso controlar o Bolsa-Família para controlar politicamente o Nordeste.  Ele destaca que desde a Primeira Republica a região é controlada, especialmente via suas elites políticas, por verbas federais em sua totalidade. O mapa da eleição do fim de cada era de governos muito impopulares, como o dos militares e os dos últimos anos, é o mesmo: a ARENA e o PT levaram o Nordeste, mas perderam os estados mais desenvolvidos e os principais centros urbanos do país.

Segundo Winston Frischt, o controle centralizado das partes mais remotas do território brasileiro vem, de fato, do Império e na República o processo foi remontado politicamente na virada do século passado: “Um acordo com base federativa, pois as bancadas eram essencialmente “de estado”, onde o toma lá dá cá garantia a estabilidade”.  O esquema foi reconstruído, segundo Winston Frischt, de forma estável, mas manu militari, pelas ditaduras de 37-45 e 64-85. A ditadura de 64 centralizou de novo e brutalmente os recursos financeiros públicos na esfera federal, mas, a partir da eleição de 74, a ARENA perde o Sudeste-Sul, acabando como regime dominante apenas nos grotões do país.

No regime de 1988, durante os governos “estáveis” do PSDB, o modelo que Winston Frischt chama de “parlamentarismo de coalizão/cooptação” foi usado com base em partidos/bancadas, onde as elites locais dos estados menos desenvolvidos disputavam verbas ou empresas públicas.  No período do PT, ressalta Frischt, o “parlamentarismo de corrupção” mudou o jogo, comprando partidos no atacado. O mapa das eleições onde o PT é vitorioso demonstra isso. Alckmin, Serra e Aécio ganham de Lula e Dilma no Sul, SP e Centro-Oeste, mas levam surras nos lugares mais pobres.

O Nordeste, analisa Winston Frischt, tem peso demográfico e, portanto, eleitoral, ao contrário do Centro-Oeste e o Norte, e parte importante das elites ainda controla os eleitores, especialmente no interior dos estados. Frischt acredita, porém, que a dinâmica futura deste modelo está condenada, pois o Nordeste tende a perder peso demográfico com o deslocamento da fronteira agrícola. Sobretudo, as elites atrasadas perdem capacidade de entregar voto com a urbanização avassaladora no Brasil, com o crescimento do voto corporativo-religioso e com o novo mundo da competição política, com o crescimento da comunicação de baixo custo via redes de internet.

O crescimento de Bolsonaro nos centros urbanos do nordeste é sinal disso, diz ele, para concluir: “Se o novo governo realmente descentralizar políticas e verbas públicas, e concluir a privatização inacabada, e a reforma política criar cláusulas de barreira e voto distrital, esta distorção centenária da democracia brasileira será ferida de morte”.

Merval Pereira, jornalista - O Globo

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Ação de Cardozo não passa de chicana e vai ser rechaçada pelo Supremo - República do Prostíbulo de Hotel é malsucedida, e Lula promete sabotar governo Temer



Duvido que Fachin, o relator, vá ceder à patuscada jurídica; ainda que acontecesse, há os demais ministros
Não há a menor chance de a chicana jurídica de José Eduardo Cardozo prosperar. Isso é puro desespero de afogados. O Supremo já foi muito além do que era razoável,  conduzido pela sapiência tortuosa de Roberto Barroso, nessa questão. E inventou um rito para o impeachment que não poderia ser mais favorável à presidente Dilma. O chato para eles é ela ter cometido crime de responsabilidade.

Os argumentos do advogado-geral da União são rigorosamente os mesmos que foram apresentados à Comissão Especial do Impeachment. Como ele perdeu, então resolve apelar ao tribunal. Edison Fachin, o relator da ação, creio, não vai ceder a esse tipo de expediente mixuruca. Até porque, em outas situações, os ministros já se recusaram a interferir em questão que dizem respeito a outro Poder.

Cardozo sabe que está tentando inventar uma concepção de direito que é, vamos dizer, única.  Atenção! A delação de Delcídio do Amaral não está no relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), aprovado por 38 votos a 27. Mais: as pedaladas fiscais dadas em 2014 também não. O relator se cercou de todos os cuidados justamente para evitar qualquer risco de controvérsia.

E olhem que o normal, em qualquer processo, é que dados novos sejam agregados aos autos. Até porque cabe a pergunta: se, nesse tempo, houvessem surgido elementos favoráveis a Dilma, evidenciando a sua inocência, eles deveriam ou não compor o conjunto de elementos a ser apreciado pelos deputados?

Mas Jovair Arantes preferiu evitar a polêmica.  A boa notícia é que essa coisa toda está enterrando também o futuro político de José Eduardo Cardozo. E vai para a cova o que poderia haver de virtuoso no seu passado. Os argumentos que ele apresenta a Fachin são os mesmos apresentados à comissão, reitero, quando o advogado-geral deixou claro que não reconhecia a legitimidade da comissão e do processo. Ora, se não reconhecia, apresentou a defesa para quê? Para que tentasse, depois, via judicial, o que não conseguiu no enfrentamento dos fatos.

Ainda que Fachin decidisse conceder a liminar, o que duvido, há os demais ministros.  De resto, estava na cara que essa seria a “saída”, que saída não é, que Cardozo buscava. Afinal, um advogado de defesa não desqualifica os “juízes” que podem ou não acolher seus argumentos. E o doutor fez isso. Por quê? Porque pretendia apelar ao tapetão.  “Ah, Supremo não é tapetão! Recorrer à Justiça é um direito”. É verdade. Mas é por isso que existe a palavra “chicana”: para distinguir um pleito legítimo e fundado nas leis da pura e simples tentativa de tumultuar o processo.

Se o Babalorixá de Banânia se opôs até a Itamar depois de ter ajudado a derrubar Collor, por que faria coisa diferente agora?
E Luiz Inácio Lula da Silva, quem diria?, promete ser, no governo Temer, aquilo que sempre foi quando está na oposição: um sabotador. Alguém estranha? Leio na Folha que ele já avisou a correligionários que não vai sair da rua. Ora, não me digam! E que não tem essa de entendimento nacional, como vai propor o futuro presidente.

Lula deveria nos contar ao menos uma novidade. Se ele migrou para a oposição ao governo Itamar Franco, depois de ter sido um dos líderes do movimento em favor do impeachment de Collor, por que faria algo diferente agora, quando é o PT que está sendo impichado do poder?  E não pensem que foi pouca coisa, não, o que fez o PT contra o governo Itamar.
 
Jaques Wagner, hoje o faz-tudo de Lula no governo moribundo, protocolou uma denúncia pedindo o impeachment do então presidente recém-empossado. O PT expulsou Luiza Erundina porque esta aceitou ser ministra da Administração daquela gestão. O partido se opôs com ferocidade lupina e asinina ao Plano Real, que acusava de prejudicar, ora vejam…, os trabalhadores.

Qual era o cálculo de Lula? Itamar faria a transição; seria obrigado a dar uma arrumada na economia, que havia sido destroçada no governo Collor; os petistas ficariam na oposição mobilizando as suas bases e jogando-as contra o governo, e a eleição de 1994 lhes cairia no colo, de bandeja, como se fosse o maná divino.

Lula só se esqueceu, então, de combinar com os russos. Não contava com o Plano Real. Tampouco esperava que fosse dar certo. Aloizio Mercadante e Maria da Conceição Tavares juravam que seria um desastre. As esquerdas babavam de indignação com o que chamavam de “farsa”. Alguns daqueles gênios estão por aí hoje, endossando abaixo-assinados contra o que chamam “golpe”. Pois é. O Plano Real fez FHC se eleger no primeiro turno em 1994 e em 1998, feito que Lula nunca logrou — e ele não se conforma com isso até hoje.  Agora, o Babalorixá de Banânia pretende fazer a mesma coisa, só que com mais virulência. Promete lançar desde já a sua campanha à Presidência da República e, mais uma vez, sabotar todas as tentativas honestas de tirar o Brasil do atoleiro. Continuará, em suma, a ser Lula.

E, pelo visto, mais uma vez, ele vai se esquecer de combinar com os russos. O chefão petista não se conforma com o fato de que a sua tentativa de transformar a República num prostíbulo oficial tenha sido malsucedida.

Mas foi. Para o bem do Brasil.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo