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quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Justiça condena oito militares do Exército pelas mortes de músico e de catador na Zona Norte do Rio - O Globo

Evaldo Rosa e Luciano Macedo foram mortos em abril de 2019. Tenente que comandava tropa recebeu a maior pena. Quatro réus foram absolvidos

A Justiça militar condenou, no início da madrugada desta quinta-feira, dia 14, oito militares do Exército que participaram da morte do músico Evaldo dos Santos Rosa e do catador de latas Luciano Macedo, em 8 de abril de 2019. O tenente Italo da Silva Nunes, que comandava a operação realizada em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, foi condenado a 31 anos e 6 meses de reclusão em regime fechado, por duplo homicídio e a tentativa de homicídio de Sergio Gonçalves de Araújo, na mesma ação. Outros sete militares, que realizaram disparos na ocasião, foram condenados a 28 anos de reclusão em regime fechado. A defesa dos militares vai recorrer da decisão. Quatro homens que não participaram da troca de tiros foram absolvidos.
[cabe recurso e certamente a sentença será revista e a Justiça será feita; 
os militares, minutos antes do incidente que resultou na morte do músico,  tinham sido alvo de disparos efetuados por ocupantes de um carro idêntico ao que o músico dirigia;
A patrulha já em estado de alerta, mandou que o veículo parasse e não foi obedecida, forçando os militares ao uso da força disponível para parar o veículo. Os militares estavam cumprindo com o DEVER LEGAL e se cometeram algum ilicito foi o de excesso de zelo, o que justifica a condenação do tenente, comandante da patrulha, a uma pena compatível com a ilicitude.
Se espera que o Superior Tribunal Militar, Instância máxima da Justiça Militar da União faça JUSTIÇA e promova a adequação das penas.
O bom senso clama por ser usado por quem é abordado por forças de segurança. 
- Se durante o dia, para o veículo, desliga o motor, motorista mãos sobre o volante e todos devem assumir postura pacífica, evitar  movimentos bruscos e aguardar instruções;
- Se a noite, para o veículo, desliga o motor, apaga os faróis, acende luz interna,  motorista mãos no volante, os demais ocupantes mãos à vista, sem movimentos bruscos e aguardar instruções.
Deve ser sempre considerado os autores da abordagem, ainda que treinados, estão sob tensão e sob o compromisso de que devem voltar para casa. 
Os militares condenados aguardarão em liberdade o julgamento dos recursos.]

O julgamento, iniciado na manhã desta quarta-feira, dia 13, durou mais de 15 horas. Durante a maior parte do tempo, parentes das vítimas permaneceram abraçados. A viúva de Evaldo, Luciana Nogueira, afirmou que o resultado do julgamento dá a paz que a família buscava. — Hoje vou conseguir dormir. Vou olhar para o meu filho, que vai crescer sem ver o pai, e vou dizer que era um homem de bem. É um recado que o tribunal manda para a sociedade. Esse crime não ficará impune — disse.

Na ocasião do crime, os militares atiraram no carro onde estava a família de Evaldo alegando que o veículo havia furado um bloqueio. Mais de 200 tiros foram disparados e 83 deles atingiram o carro. O tenente Ítalo Nunes foi o que mais atirou: 77 disparos. Os tiros também deixaram um rastro de destruição no local: em cerca de 200 metros da Estada do Camboatá, peritos militares encontraram 37 marcas de disparos de armas de fogo em muros, carros, grades e paredes de prédios. 

Luciana Nogueira, viúva de Evaldo Rosa, músico morto a tiros por militares em abril 2019, espera uma justiça digna. O artista levava sua família para um chá de bebê quando militares disparam contra seu carro em  Guadalupe, na Zona Norte do Rio. Foram 80 disparos. O julgamento dos 12 envolvidos no crime tem início nesta quarta-feira.

MP divide denúncia
O Ministério Público dividiu a denúncia em dois momentos. O primeiro é quando os militares trocaram tiros com criminosos que roubavam um carro a 250 metros de onde Evaldo foi atingido pela primeira vez. Por não conseguir provar a quantidade de disparos efetuados neste primeiro momento, o MP pediu a absolvição dos réus por excesso de legítima defesa.

O segundo momento da denúncia narra o momento em que o veículo do Exército foi em direção ao carro da família de Evaldo, que já estava baleado, e efetuou mais 82 disparos. Destes, 62 atingiram o veículo e outros 20 foram na direção de do catador Luciano Macedo, que tentava socorrer Evaldo e seu sogro Sérgio, que permaneciam no veículo. Evaldo morreu no local após ser alvejado com nove tiros de fuzil. Já Luciano morreu no hospital 11 dias depois da ação.

Saiba mais: MP denuncia militares que deram 83 tiros e mataram músico e catador no RJ                                                                        Perícia: tiros disparados por militares acertaram carro de trás para frente (o veículo estava sendo perseguido, em fuga;)                        STM manda soltar militares que fuzilaram carro de músico no Rio   MP denuncia militares que deram 83 tiros e mataram músico e catador no RJ


Rio - O Globo


quarta-feira, 8 de maio de 2019

MPF investigará ação em que Exército metralhou carro de família no Rio

Ação aconteceu no dia 8 de abril e terminou com a morte e duas pessoas


O Ministério Público Federal instaurou uma investigação sobre a ação de militares que dispararam 80 tiros contra o carro de uma família no dia 8 de abril, em Guadalupe, Zona Norte do Rio. Os disparos resultaram na morte do músico Evaldo Rosa dos Santos e do catador Luciano Macedo. Ele foi alvejado ao tentar ajudar a família. Dois passageiros também ficaram feridos.

A Procuradoria-Geral da União também questiona a constitucionalidade da lei que transferiu para a Justiça Militar a competência para o julgamento de crimes contra a vida cometidos por militares contra civis. [questionar constitucionalidade das leis está entre as atribuições da PGR, que chefia o MPU - Ministério Público da União - enquanto a lei questionada não for declarada inconstitucional pelo Poder competente, Poder Judiciário - o julgamento do incidente continuará a cargo da Justiça Militar da União;
é preciso que fique claro que o Ministério Público Federal - MPF e o Ministério Público Militar - MPM, são hierarquicamente iguais, ambos integram, no mesmo nível, o Ministério Público da União - MPU.

Até o presente momento e única diferença que existe entre os dois é que o MPF faz mais barulho e não existem  elementos que sustentem eventuais dúvidas sobre a idoneidade de qualquer um dos dois.
Apenas a Lei vigente determina que o MPM investigue o assunto.
O teor do artigo 128 da CF não deixa dúvidas.]

Radar - Revista Veja

sábado, 20 de abril de 2019

Só o Exército pode salvar a reputação do Exército



A reputação de uma instituição é a soma dos palavrões que ela é capaz de inspirar nas esquinas. Em Guadalupe, na zona oeste do Rio de Janeiro, ocorre uma incoerência: o Exército acha que é uma coisa e sua reputação nas esquinas é outra. "O Exército matou meu filho", disse Aparecida Macedo, ao enterrar nesta sexta-feira o filho Luciano Macedo Moraes. Trata-se do catador de material reciclável alvejado pela mesma chuva de 83 tiros com que uma patrulha do Exército executou o músico Evaldo Rosa.



Na véspera, o comandante militar do Sudeste, general Luiz Eduardo Ramos, comentou as mortes do catador Luciano e do músico Evaldo. "Foi uma fatalidade", disse o general, após participar de almoço com Jair Bolsonaro, em São Paulo. "O pessoal tem colocado 'assassinatos', mas não é", acrescentou o general. "Os soldados que estavam em missão tinham sido emboscados. Quem, como eu, já teve numa situação dessa Tensão, é difícil." Na semana passada, após cinco dias de silêncio, o próprio Bolsonaro dissera: "O Exército não matou ninguém. O Exército é do povo. A gente não pode acusar o povo de ser assassino." Para Bolsonaro, o que houve foi "um incidente". Fatalidade, a palavra usada pelo general, significa uma consequência inevitável do destino. Incidente, o vocábulo empregado pelo capitão, é um fato que desempenha papel secundário, incidental. As duas expressões desrespeitam a dor das famílias de Luciano e Evaldo.


Ironicamente, o catador Luciano morreu levando consigo uma noção sobre a reputação do Exército que sua mãe já não consegue cultivar. Ao enterrar Luciano, Aparecida relatou um diálogo que mantivera com ele: "Ainda falei para ele: 'Vai fazer barraco aí?'. Ele disse: 'Fica calma coroa, o Exército está ali. A gente está seguro'. O Exército matou meu filho. O Exército matou meu filho", declarou Aparecida. Luciano morreu por ter tentado ajudar os familiares de Evaldo, que estavam com o músico no carro que a patrulha do Exército fuzilou. Ferido, ele não foi socorrido pelos soldados. 

Hospitalizado, não mereceu nenhuma atenção do Exército. Morto depois de duas cirurgias, tornou-se uma fatalidade, um incidente. Gente que não tem nada a dizer, como o general Luiz Ramos e o capitão Jair Bolsonaro, deveria se abster de demonstrar em palavras a sua falta de respeito com os mortos. Só o Exército pode salvar a reputação do Exército. Mas a instituição, com a ajuda de Bolsonaro, parece determinada a assassinar também a própria imagem.

[dois assuntos dignos de destaque:
- já passa da hora do incidente lamentável ocorrido em Guadalupe e que resultou na morte de duas pessoas, ser deixado por conta da Justiça Militar que já está realizando com o acompanhamento do Ministério Público Militar e da Polícia Judiciária Militar  as investigações cabíveis;

- como bem disse o general Luiz Eduardo Ramos, a situação de tensão dos soldados que estavam em missão e que tinham sido emboscados é algo que só quem viveu tal situação pode falar com autoridade - Freirice Forsyth é um excelente escritor, mas, nem ele consegue descrever tal situação;

- até que prove o contrário (não por palpites da Polícia Civil, que sequer deveria ter adentrado a cena do crime e se o fez foi se aproveitando das condições de tensão em que estavam os militares envolvidos, permitindo o ingresso de estranhos na cena do crime e até mesmo sua provável alteração, ainda que involuntária) não pode ser descartada a possibilidade do incidente ter como causa relevante alguma manobra do condutor do veículo envolvido;

de igual modo, a morte do catador Luciano pode ter sido consequência do mesmo, por inexperiência e também por espírito de solidariedade humana, decidiu entrar na área do incidente para socorrer a vítima quando tiros ainda eram disparados (algo também que será apurado).

Agora um assunto que deveria ser apurado, comentado e resultar em punição imediata do tagarela (demissão sumária, sem direito a sequer a famosa ressalva: ' a pedido'), é a indiscrição do boquirroto ainda ministro Lorenzoni, que sem atentar para a liturgia do cargo passa a prestar informações 'privilegiadas' para terceiros, no caso um caminhoneiro, diretamente envolvido no assunto discutido.

Certamente o dono do Blog e milhões de brasileiros ainda lembram do incidente havido com o ministro Ricupero no Governo Itamar Franco, também conhecido por 'escândalo da parabólica' e que resultou na demissão imediata do mesmo.

Lorenzoni já deveria ter sido demitido - além de tagarelar sobre assuntos de Estado, ainda o faz com parte interessada na questão.]












sexta-feira, 19 de abril de 2019

Cavaleiros do apocalipse

Existe um consenso em torno da liberdade de expressão que não se pode mais ultrapassar

Os acontecimentos da semana me fizeram lembrar do debate eleitoral. Discutíamos muito o futuro da democracia. Havia pessimistas, mas, assim como nos Estados Unidos, contamos com um sistema de pesos e contrapesos. O Supremo aparecia aí como um Poder moderador, uma das garantias democráticas. Com o inquérito mandado abrir por Dias Toffoli, o papel do STF sofreu um deslocamento. Quando foi instaurado, escrevi que aquilo parecia uma carteirada, era tão absurdo que seria legalmente anulado.
O que era ainda apenas um mau sinal acabou se tornando uma ferida aberta em nossa democracia com a censura à revista Crusoé e ao site O Antagonista e inúmeras buscas em casa de pessoas que se expressam pelas redes sociais. A notícia que a Crusoé publicou acabou sendo multiplicada à exaustão: Marcelo Odebrecht informou que Toffoli era o “amigo do amigo do meu pai”, apelido que aparecia em algumas mensagens dele. O que quer dizer isso? O amigo do pai de Marcelo é Lula. Ser amigo de Lula não é um fato isolado: milhares de brasileiros assumiriam essa condição. Toffoli era advogado-geral da União e possivelmente tratou com a Odebrecht das usinas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia.
Mas até aí também não apareceu nada de mais. Houve corrupção na construção de Jirau? Digo que sim, e já estive lá depois que a Lava Jato levantou o tema. Fiz um pequeno documentário no próprio lugar. Não vi o nome de Toffoli. O próprio documento da Odebrecht não o liga à corrupção, não houve referência a pagamentos. Não havia, portanto, uma razão para transpor um marco democrático e determinar a censura da revista e do site. O que Toffoli conseguiu com isso? Em primeiro lugar, multiplicou fantasticamente a divulgação de uma notícia que lhe era incômoda. Em segundo lugar, fortaleceu a suspeição de que havia realmente algo a esconder.
Não foi um lance inteligente para quem personifica um Poder moderador. Foi um curto-circuito na compreensão do que é o Brasil hoje e abre uma crise aguda, anuvia ainda mais uma atmosfera nebulosa. Todo esse equívoco terá um desfecho. Se o Supremo realmente se preocupa com a gravidade da situação, deve resolvê-la logo. E Toffoli perderá – e creio que perde também as condições de seguir na presidência. Esse é um desdobramento que me parece realmente superar a questão. Na verdade, a necessidade de ir um pouco mais a fundo se dá em outros problemas neste momento. E nada se realiza. O caso da morte de um músico por soldados do Exército, em Guadalupe, no Rio de Janeiro, é um deles.
É discutível se o caso não deveria ser enviado para a Justiça comum. Mesmo um julgamento perfeito na esfera militar ainda não esgota o tema. Era preciso um projeto de longas conversas com os soldados, entender de onde tiraram aquela confiança para disparar tantos tiros e desprezar os apelos de socorro. [ÁREA MILITAR é ÁREA MILITAR e se os soldados do final dos anos 60, tivessem exata noção do que deveriam fazer no caso de 'invasão' - proposital ou por descuido - de ÁREA MILITAR ou desobedecer ORDEM DE PARE, certamente muitos dos terroristas hoje vivos, não teriam sobrevivido e muitos brasileiros do BEM, não teriam sido covardemente assassinados.]  Existe uma possibilidade de encontrarmos algumas ideias que circulam na dimensão política, uma banalização da violência. Não me arrisco a dizer que uma ou outra ideia das que correm tenha influenciado os jovens. Apenas digo que valeria a pena pesquisar.
Em quase todas as conversas sobre segurança, incluído o pacote de Sergio Moro, existe uma ênfase punitiva. Mas há um amplo caminho pelo trabalho preventivo e creio que o Exército, tantas vezes chamado a intervir, tem condições de trilhá-lo. Que ideia os soldados tinham do protocolo, que ideias os levaram a desprezar as regras? Isso não pode acontecer com soldados do Exército Brasileiro e certamente o estudo do caso tende a indicar alguns caminhos.
No caso de Guararema, onde a PM matou 11 assaltantes, toda a ênfase de Doria e de Bolsonaro foi na ação policial. Estive em Guararema seis meses antes para mostrar como a cidade se tornou segura, por meio do seu sistema de câmeras. Acompanhei casos na sala de controle, observei que mesmo pequenos atos de vandalismo estavam sob vigilância. Claro que, na minha concepção de segurança, interpretaria Guararema como um sucesso das câmeras – um estímulo para outras cidades brasileiras. Isso não significa desvalorizar a ação policial. É louvá-las. Mas depois de um exame no cérebro da segurança de Guararema, que é a sala de controle, por sinal, ao lado do quartel da PM.
A política de Bolsonaro flerta com a morte constantemente. Isso me incomoda. Vivo nas estradas brasileiras. É meu trabalho cotidiano. Considero um absurdo a ideia de reduzir os radares. Vai aumentar os acidentes. Não sei de onde ele tirou isso, aliás parece um Jânio Quadros punk. Briga de galo, biquíni, saudades dos delírios amenos.
Já vi anseios por aumento do limite legal de velocidade na Alemanha. São outros carros, outras estradas. Bolsonaro quer suprimir os controladores de limites.
Nosso regime democrático baseia-se num sistema de pesos e contrapesos. Ultimamente, andam todos muito pesados. Um importante contrapeso acaba sendo a própria sociedade: o Brasil está em outra, espero. Se os próprios ministros do STF observarem bem a reação que suas medidas provocaram, vão perceber que existe um consenso em torno da liberdade de expressão que não se pode mais ultrapassar, a não ser numa ditadura.
Bolsonaro, creio, continuará atirando a esmo. De repente aparece em Israel com uma ousada tese sobre a História. [Bolsonaro não tem, nunca teve e certamente não terá razões de Estado para viagem a Israel.] Presidentes não são historiadores. Os que eventualmente o forem sabem que presidente não dá opiniões tão radicais sobre um fato histórico. De repente, congela preços, opina sobre os equipamentos irregulares que o Ibama pode queimar e ainda tem toda uma guerra cultural para fazer – comunistas, Paulo Freire, globalistas, teorias do aquecimento global, de gênero...[e nos intervalos ainda recebe em 'palácio' sonegador fiscal.]
Se há alguma teoria que nos possa ajudar, entre todas, é a teoria do caos. Temos de estudá-la muito para tirar algo de positivo da confusão nacional.
 
Fernando Gabeira - O Globo
 
 


segunda-feira, 8 de abril de 2019

Militares do Exército atiram em carro e matam músico na Zona Norte - Tudo indica que militares realizavam uma operação e músico desobedeceu a ordem de parada

Soldados do Exército que realizavam operação na Favela do Muquiço, no Rio,  atiraram contra um carro que desobedeceu ordem de parada e um dos ocupantes foi morto e outro ferido. A vítima era um músico, que foi confundido com criminosos pelos militares. Um homem foi morto por tropas do Exército na tarde deste domingo (07), na Avenida Brasil, na região de Guadalupe, no Rio de Janeiro. De acordo com testemunhas, o carro de uma família foi confundido com um levado por traficantes e alvejado pelos militares.

Imagens publicadas nas redes sociais mostram o veículo cravejado de balas, enquanto uma mulher desesperada chora ao lado do carro. Nas redes sociais, moradores afirmaram que um automóvel com as mesmas características foi roubado minutos antes - o que teria provocado a confusão envolvendo o pelotão.
[comentário: quando se está dirigindo e nos aproximamos de uma blitz  - seja da polícia, das FF AA ou qualquer órgão policial, o correto e seguro é parar, não tentar furar o bloqueio ou fugir de qualquer outro forma - a tentativa de fuga aumenta as suspeitas, é forte indicio de reação e obriga os militares a agir com a força necessária.
Durante o dia o  ideal, e seguro,  é parar o carro, desligar o motor e manter as mãos a vista - de preferência sobre o volante;
Se durante a noite, parar o carro, apagar o farol deixando apenas as luzes de presença acesa, acender luzes internas, desligar o motor e mãos sobre o volante.
Os policiais ou militares estão sob tensão, não sabem o que vão enfrentar em cada carro que mandam parar e tem o DEVER de chegar em casa vivo.] 
Em nota, o Comando Militar do Leste negou que tenha ocorrido confusão e disse que a tropa agiu para repelir injusta agressão. "Ao avistarem a patrulha, os dois criminosos, que estavam a bordo de um veículo, atiraram contra os militares, que por sua vez responderam à injusta agressão. Como resultado, um dos assaltantes foi a óbito no local e o outro foi ferido, sendo socorrido e evacuado para o hospital", diz o comunicado.


 O delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, disse neste domingo (7) que "tudo indica" que os militares do Exército que mataram Evaldo dos Santos Rosa em uma ação durante a tarde em Guadalupe, Zona Oeste do Rio, atiraram ao confundirem o carro com o de assaltantes.

Além do óbito, pelo menos duas pessoas ficaram feridas, uma que estava no carro e outra que passava a pé pelo local. O Comando Militar do Leste confirmou que este último se trata de um "cidadão inocente" e disse que a vítima está fora de perigo.

Em nota enviada à emissora, o Exército declarou que a patrulha se deparou com um assalto em que dois criminosos atiraram e os militares reagiram à “injusta agressão”. A instituição acrescentou que os fatos serão apurados.Em novo pronunciamento, o Exército acrescentou que o Comando Militar do Leste determinou que todos os envolvidos e as testemunhas sejam ouvidos em uma delegacia militar.

O caso está sendo investigado pela Polícia Judiciária Militar.

Correio Braziliense - O Globo - Veja


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Prefeito diz que não vai cadastrar invasores de conjunto habitacional em Guadalupe



Pela manhã, apenas dez PMs permaneciam no condomínio do Minha Casa Minha Vida invadido

Comentário: O plano da petralhada é o de estimular conflitos. Primeiro, tentaram o nós contra eles - lembram quando o Ignorantácio Lula tentou acusar os membros da elite, de olhos azuis, pela mazelas.

Não conseguiram bons resultados e agora apelam para jogar miseráveis contra miseráveis. 

O prefeito Eduardo Paes disse, na manhã desta quarta-feira, que o governo municipal não vai cadastrar os moradores que invadiram o conjunto habitacional Minha Casa Minha Vida em Guadalupe, na Zona Norte do Rio.
— Aquilo ali é casa para pessoas humildes que se inscreveram no programa Minha Casa Minha Vida. Aquilo ali não é coisa de malandro, de vagabundo e tem que ser tirado. Ter traficantes ali é uma prova de que isso é uma indústria de ocupação. Tem que ter ação da polícia. Não vamos deixar mais um território liberado para o tráfico. Minha Casa Minha Vida é um programa para pobre e não para malandro travestido de pobre — disse o prefeito, durante inauguração do primeiro trecho da obra do BRT Transbrasil, que é a construção do viaduto que leva o mesmo nome.

Nesta quarta-feira, o clima é tenso no conjunto habitacional, que fica na Rua Fernando Lobo. Pela manhã, apenas dez policiais do 41º BPM (Irajá) permaneciam no portão de acesso aos prédios invadidos. Há muitas marcas de tiros nas paredes dos três primeiros blocos.

Cerca de 60 pessoas da comunidade Gogó de Guadalupe ocupam o local, a maioria mulheres com crianças no colo e idosos. Além deles, um grupo de adolescentes está nas ruas do condomínio com celulares nas mãos acompanhando a movimentação. Em ruas próximas ao conjunto habitacional, há barricadas, semelhantes às usadas por traficantes para impedir o acesso de policiais em comunidades do Rio.

Em nota, a Polícia Militar informou que “ainda não há ordem de reintegração, e a PM permanece no local”. A PM disse também que o comandante do 41º BPM (Irajá), tenente-coronel Luiz Carlos Leal, esteve no empreendimento, nesta terça-feira, com representantes da prefeitura “para que houvesse diálogo”. A corporação argumentou, em nota, que “só pode operar no local contra criminosos armados quando esta operação não resultar em risco para as famílias no terreno”.

De acordo com os invasores, eles resolveram ocupar os imóveis, muitos já prontos para morar, porque já estariam há dois anos vazios. Eles alegam que fizeram há mais de seis anos cadastro no programa Minha Casa Minha Vida e que desde então só recebem visitas de assistentes sociais avisando que é preciso aguardar pelo sorteio. O grupo diz que não acha justo que pessoas de comunidades distantes tenham sido sorteadas para ocupar o condomínio ao lado da comunidade onde vivem. Os invasores reclamam ainda que, no local onde moram, não há saneamento básico e que eles sofrem durante as chuvas.
Na comunidade Gogó de Guadalupe ainda há cerca de 20 moradores que não invadiram e permanecem nos barracos. Eles contam que vão esperar o sorteio do Minha Casa Minha Vida e pedem para que a polícia saiba diferenciar quem invadiu e quem não participa do movimento. — Já fizemos a inscrição no Minha casa Minha Vida, e essas habitações aqui ao lado já têm donos. O prédio não está abandonado há dois anos, está em vistoria, em fase de conclusão. Não achamos que é digno ocupar apartamento de pessoas que fizeram inscrições antes e que aguardam há muito mais tempo — disse uma mulher, que não quis se identificar.

Os invasores contam que vivem num cenário de miséria no Gogó de Guadalupe e que buscam dignidade.— Sabemos que o que nós fizemos não é certo, mas essa foi a única forma que encontramos de chamar a atenção das autoridades — afirmou Carlos Lopes, de 26 anos.

Carlos é auxiliar de lanchonete e ressaltou também os problemas de saneamento básico, esgoto a céu aberto, ratos e doenças que é obrigado a conviver dentro da comunidade composta por barracos armados pelas próprias famílias há cerca de dez anos. Ele afirma que não há liderança na invasão.— Aqui só tem trabalhador. Invadimos por necessidade — reforçou Carlos.

As famílias desta região contam que sonham em passar as festas de fim de ano na casa própria. Maria Luiza de Oliveira, de 37 anos, perdeu seu barraco há três anos, após um incêndio. Desde então, ela ocupa um hotel abandonado às margens da Avenida Brasil, em Realengo, com seus cinco filhos, mas se uniu aos moradores do Gogó na invasão ao condomínio do Minha Casa Minha Vida. — A prioridade para esses apartamentos tem que ser nossa, que vivemos aqui em condições miseráveis. Quantas vezes sonhamos em passar o Natal na nossa própria casa — contou.

Elizângela Cabral Toledo, de 32 anos, inscrita no programa do Governo Federal desde 2008, chegou ao Gogó de Guadalupe há três meses. Ela ficou desempregada e sem condições de pagar aluguel e manter um filho de sete anos com necessidades especiais.
— Estou morando na casa da minha tia, pelo menos para o meu filho ter abrigo. Ou a gente come, ou paga aluguel — disse. — Se eu receber esse apartamento, a minha vida vai mudar para melhor. Vou ter meu cantinho e meu filho uma moradia digna para receber os amigos. 

Rute Vila Nova, de 49 anos, também aguarda um imóvel do Minha Casa Minha Vida desde 2008. Faxineira, ela não possui renda fixa e precisa cuidar de uma irmã deficiente mental e totalmente dependente. — Estamos nessa luta há muito tempo. Estamos cansados de pregar madeiras para construir barracos e ver tudo desmoronar quando chove. Não aguentamos mais — reclamou.

Questionados sobre uma possível ação policial para a reintegração de posse, os invasores afirmaram que não vão sair do terreno e pretendem resolver tudo em paz.

IMÓVEIS INVADIDOS SERIAM ENTREGUES ÀS FAMÍLIAS ESTE MÊS
As chaves dos 240 apartamentos do condomínio Residencial Guadalupe, erguido com recursos da Caixa Econômica Federal, começariam a ser entregues às famílias cadastradas pela Secretaria Municipal de Habitação (SMH) na segunda quinzena deste mês. Selecionados por meio de sorteio, os futuros moradores têm renda familiar na faixa de no máximo R$ 1,6 mil mensais.

Nesse cenário o valor da prestação dos imóveis equivale a 5% da renda familiar, segundo a assessoria da SMH, que planejava para os próximos dias uma reunião com as famílias sorteadas. O objetivo do encontro era definir a distribuição dos apartamentos, que acabaram invadidos no último fim de semana.

A construtora BR4, responsável pela construção do Residencial Guadalupe, registrou o caso de invasão na Delegacia de Ricardo de Albuquerque. Os prédios foram tomados por criminosos armados e cerca de 200 pessoas na noite do último domingo. A Polícia Civil abriu inquérito e vai ouvir testemunhas. A Caixa Econômica disse, nesta terça-feira, que pediria a reintegração de posse dos imóveis na justiça, medida já encaminhada pela construtora.

Procurada, a assessoria do governador Luiz Fernando Pezão ainda não se pronunciou sobre o caso.

FONTE: O GLOBO