Pela
manhã, apenas dez PMs permaneciam no condomínio do Minha Casa Minha Vida
invadido
Comentário: O plano da petralhada é o de estimular conflitos. Primeiro, tentaram o nós contra eles - lembram quando o Ignorantácio Lula tentou acusar os membros da elite, de olhos azuis, pela mazelas.
Não conseguiram bons resultados e agora apelam para jogar miseráveis contra miseráveis.
O
prefeito Eduardo Paes disse, na manhã desta quarta-feira, que o governo
municipal não vai cadastrar os moradores que invadiram o conjunto habitacional
Minha Casa Minha Vida em Guadalupe, na Zona Norte do Rio.
— Aquilo
ali é casa para pessoas humildes que se inscreveram no programa Minha Casa
Minha Vida. Aquilo ali não é coisa de malandro, de vagabundo e tem que ser
tirado. Ter traficantes ali é uma prova de que isso é uma indústria de
ocupação. Tem que ter ação da polícia. Não vamos deixar mais um território
liberado para o tráfico. Minha Casa Minha Vida é um programa para pobre e não
para malandro travestido de pobre — disse o prefeito, durante inauguração do
primeiro trecho da obra do BRT Transbrasil, que é a construção do viaduto que
leva o mesmo nome.
Nesta
quarta-feira, o clima é tenso no conjunto habitacional, que fica na Rua
Fernando Lobo. Pela manhã, apenas dez policiais do 41º BPM (Irajá) permaneciam
no portão de acesso aos prédios invadidos. Há muitas marcas de tiros nas
paredes dos três primeiros blocos.
Cerca de
60 pessoas da comunidade Gogó de Guadalupe ocupam o local, a maioria mulheres
com crianças no colo e idosos. Além deles, um grupo de adolescentes está nas
ruas do condomínio com celulares nas mãos acompanhando a movimentação. Em ruas
próximas ao conjunto habitacional, há barricadas, semelhantes às usadas por
traficantes para impedir o acesso de policiais em comunidades do Rio.
Em nota,
a Polícia Militar informou que “ainda não há ordem de reintegração, e a PM
permanece no local”. A PM disse também que o comandante do 41º BPM (Irajá),
tenente-coronel Luiz Carlos Leal, esteve no empreendimento, nesta terça-feira,
com representantes da prefeitura “para que houvesse diálogo”. A corporação
argumentou, em nota, que “só pode operar no local contra criminosos armados
quando esta operação não resultar em risco para as famílias no terreno”.
De acordo
com os invasores, eles resolveram ocupar os imóveis, muitos já prontos para
morar, porque já estariam há dois anos vazios. Eles alegam que fizeram há mais
de seis anos cadastro no programa Minha Casa Minha Vida e que desde então só
recebem visitas de assistentes sociais avisando que é preciso aguardar pelo
sorteio. O grupo diz que não acha justo que pessoas de comunidades distantes
tenham sido sorteadas para ocupar o condomínio ao lado da comunidade onde
vivem. Os invasores reclamam ainda que, no local onde moram, não há saneamento
básico e que eles sofrem durante as chuvas.
Na
comunidade Gogó de Guadalupe ainda há cerca de 20 moradores que não invadiram e
permanecem nos barracos. Eles contam que vão esperar o sorteio do Minha Casa
Minha Vida e pedem para que a polícia saiba diferenciar quem invadiu e quem não
participa do movimento. — Já
fizemos a inscrição no Minha casa Minha Vida, e essas habitações aqui ao lado
já têm donos. O prédio não está abandonado há dois anos, está em vistoria, em
fase de conclusão. Não achamos que é digno ocupar apartamento de pessoas que
fizeram inscrições antes e que aguardam há muito mais tempo — disse uma mulher,
que não quis se identificar.
Os
invasores contam que vivem num cenário de miséria no Gogó de Guadalupe e que
buscam dignidade.— Sabemos
que o que nós fizemos não é certo, mas essa foi a única forma que encontramos
de chamar a atenção das autoridades — afirmou Carlos Lopes, de 26 anos.
Carlos é
auxiliar de lanchonete e ressaltou também os problemas de saneamento básico,
esgoto a céu aberto, ratos e doenças que é obrigado a conviver dentro da
comunidade composta por barracos armados pelas próprias famílias há cerca de
dez anos. Ele afirma que não há liderança na invasão.— Aqui só
tem trabalhador. Invadimos por necessidade — reforçou Carlos.
As
famílias desta região contam que sonham em passar as festas de fim de ano na
casa própria. Maria Luiza de Oliveira, de 37 anos, perdeu seu barraco há três
anos, após um incêndio. Desde então, ela ocupa um hotel abandonado às margens
da Avenida Brasil, em Realengo, com seus cinco filhos, mas se uniu aos
moradores do Gogó na invasão ao condomínio do Minha Casa Minha Vida. — A
prioridade para esses apartamentos tem que ser nossa, que vivemos aqui em
condições miseráveis. Quantas vezes sonhamos em passar o Natal na nossa própria
casa — contou.
Elizângela
Cabral Toledo, de 32 anos, inscrita no programa do Governo Federal desde 2008,
chegou ao Gogó de Guadalupe há três meses. Ela ficou desempregada e sem
condições de pagar aluguel e manter um filho de sete anos com necessidades
especiais.
— Estou
morando na casa da minha tia, pelo menos para o meu filho ter abrigo. Ou a
gente come, ou paga aluguel — disse. — Se eu receber esse apartamento, a minha
vida vai mudar para melhor. Vou ter meu cantinho e meu filho uma moradia digna
para receber os amigos.
Rute Vila
Nova, de 49 anos, também aguarda um imóvel do Minha Casa Minha Vida desde 2008.
Faxineira, ela não possui renda fixa e precisa cuidar de uma irmã deficiente
mental e totalmente dependente. — Estamos
nessa luta há muito tempo. Estamos cansados de pregar madeiras para construir
barracos e ver tudo desmoronar quando chove. Não aguentamos mais — reclamou.
Questionados
sobre uma possível ação policial para a reintegração de posse, os invasores
afirmaram que não vão sair do terreno e pretendem resolver tudo em paz.
IMÓVEIS
INVADIDOS SERIAM ENTREGUES ÀS FAMÍLIAS ESTE MÊS
As chaves
dos 240 apartamentos do condomínio Residencial Guadalupe, erguido com recursos
da Caixa Econômica Federal, começariam a ser entregues às famílias cadastradas
pela Secretaria Municipal de Habitação (SMH) na segunda quinzena deste mês.
Selecionados por meio de sorteio, os futuros moradores têm renda familiar na
faixa de no máximo R$ 1,6 mil mensais.
Nesse cenário
o valor da prestação dos imóveis equivale a 5% da renda familiar, segundo a
assessoria da SMH, que planejava para os próximos dias uma reunião com as
famílias sorteadas. O objetivo do encontro era definir a distribuição dos
apartamentos, que acabaram invadidos no último fim de semana.
A
construtora BR4, responsável pela construção do Residencial Guadalupe,
registrou o caso de invasão na Delegacia de Ricardo de Albuquerque. Os prédios
foram tomados por criminosos armados e cerca de 200 pessoas na noite do último
domingo. A Polícia Civil abriu inquérito e vai ouvir testemunhas. A Caixa
Econômica disse, nesta terça-feira, que pediria a reintegração de posse dos
imóveis na justiça, medida já encaminhada pela construtora.
Procurada,
a assessoria do governador Luiz Fernando Pezão ainda não se pronunciou sobre o
caso.
FONTE: O GLOBO