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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Febre e pneumonia

“Bolsonaro não seguiu o protocolo médico ao pé da letra, porque não se desligou do cargo para tratar somente da saúde. Insistiu em reassumir a Presidência dois dias depois da operação”

A recuperação do presidente Jair Bolsonaro está mais complicada do que se imaginava. Segundo a equipe médica do Hospital Alberto Einstein, uma tomografia de tórax e abdome mostrou “boa evolução do quadro intestinal e imagem compatível com pneumonia”. O boletim médico também registrou febre na noite de quarta-feira. Bolsonaro passou por uma cirurgia para retirar uma bolsa de colostomia e refazer a ligação entre o intestino delgado e parte do intestino grosso, em 28 de janeiro, sequelas da facada que levou em Juiz de Fora na campanha eleitoral.

Voltamos assim ao tema da necessidade de separação entre o paciente e o presidente, que já abordamos aqui na coluna. A verdade é que Bolsonaro não seguiu o protocolo médico ao pé da letra, porque não se desligou do cargo para tratar somente da saúde. Insistiu em reassumir a Presidência dois dias depois da 
operação, quando deveria deixar a função a cargo do vice-presidente, Hamilton Mourão, por mais que isso incomode aos seus partidários ciumentos. No fundo, é uma grande bobagem, porque a situação em que se encontra, lutando para restabelecer a saúde, reforça o “mito”; isto é, ao mesmo tempo, deifica e humaniza sua imagem.

Segundo o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, foram feitos exames viral e bacteriano, e descartaram o viral. “Trata-se de uma causa bacteriana”, disse, ou seja, há uma infecção a ser combatida. Por isso, os médicos trataram de reforçar a dose de antibióticos. Bolsonaro não sente dor, continua com uma sonda nasogástrica e um dreno no abdome. Recebe alimentação parental e líquidos por via oral; faz exercícios respiratórios e caminha pelos corredores. É um paciente que está em recuperação, que precisa de cuidados especiais, mas não corre risco de vida.

Também não corre o menor risco político, apesar das teorias conspiratórias em relação a Mourão. A oposição não tem interesse que o vice substitua Bolsonaro, simplesmente porque prefere um político na Presidência; um general, não. Os demais generais que já mandam no governo não pretendem trocar um ex-capitão com 30 anos de experiência parlamentar e grande popularidade, eleito por voto direto, por um colega eleito de carona. O que existe nos bastidores do governo é uma disputa entre a turma do bom senso, que prefere um ambiente de negociação com o Congresso e diálogo com a sociedade, e a tropa de choque de Bolsonaro, que ascendeu ao governo e ainda não desceu do palanque eleitoral.

Apoio condicionado
Enquanto o presidente permanece hospitalizado, o governo vai bem, obrigado, na relação com o Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está alinhado com as reformas e mantém diálogo fácil com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Na Presidência do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) é um aliado de primeira hora. A propósito, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, surpreendeu a oposição com o movimento de reaproximação com a ala derrotada do MDB no Senado, ao pedir que Alcolumbre sondasse o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) para saber se o político pernambucano aceitaria ser o líder do governo na Casa. Aceitou de pronto.

O reequilíbrio nas relações do Palácio do Planalto com o MDB no Senado segue a velha receita da política de conciliação; o partido já se reposiciona para negociar seu apoio com o Palácio do Planalto. Essa aproximação deve se consolidar com a indicação de um deputado do MDB para a liderança do governo no Congresso. O mais cotado é o deputado Alceu Moreira (RS), gaúcho e líder ruralista.  O ponto fora da curva é o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), que sofre com o fogo amigo. Pisou na bola ao convocar uma reunião de parlamentares do “apoio consistente” e do “apoio condicionado”, ou seja, da oposição. Os grandes partidos da base do governo não foram à reunião. Estreante na Câmara, lida com um problema que não é novo. A negociação da reforma da Previdência está sendo feita diretamente entre o ministro Paulo Guedes e o presidente da Casa, Rodrigo Maia, mais ou menos como aconteceu com o Plano Real, quando o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, passou a negociar diretamente com o presidente da Câmara, Luiz Eduardo Magalhães (PFL-BA).

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Jair Bolsonaro passa por operação de emergência e passa bem

Operação durou cerca de uma hora e candidato passa bem. Procedimento buscou corrigir aderência que estava obstruindo o intestino delgado

O candidato foi submetido a uma nova cirurgia para correção de aderências entre as alças intestinais

O candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) passou por uma cirurgia na noite desta quarta-feira para corrigir uma obstrução no intestino delgado. O procedimento durou cerca de uma hora e foi bem-sucedido. O presidenciável passa bem. Segundo boletim médico divulgado pelo Hospital Albert Einstein, a nova operação buscava corrigir uma aderência que estava obstruindo o intestino delgado.

O problema foi detectado em uma tomografia de abdômen, realizada após Bolsonaro apresentar quadro de “distensão abdominal progressiva e náuseas”. A operação foi realizada pelo cirurgião Antônio Luiz Macedo.  Segundo pessoas próximas a Bolsonaro, ele começou a passar muito mal logo depois de voltar a se alimentar por via oral, na terça. 

Na manhã desta quarta, em função do inchaço abdominal, os médicos informaram a suspensão da alimentação oral de Bolsonaro, que havia sido restabelecida na terça, e que o deputado federal voltou a receber nutrientes por meio de uma sonda.

 Estadão - Conteúdo

 

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

O ataque de que Bolsonaro foi vítima pôs para circular bobagens conspiratórias para todos os gostos; também o bom sendo acabou agredido

É evidente que o ataque a Bolsonaro (PSL) em Juiz de Fora, em Minas, é lamentável.  

Não há ângulo possível que minimize a gravidade da coisa. Quais serão as consequências? Vamos ver. Um de seus filhos, o deputado estadual Flávio Bolsonaro, já anuncia a vitória no primeiro turno do candidato do PSL à Presidência. Não é a melhor coisa que um filho pode dizer diante de um pai gravemente ferido. Mas é a mais oportuna que um candidato ao Senado pode dizer sobre um presidenciável. Lamento o ataque. Lamento a exploração política do fato.
 Momento em que Bolsonaro leva uma facada em Juiz de Fora, em Minas
Já comentei e lastimei no rádio e na TV as teorias conspiratórias que circularam nas redes sociais ao longo desta quinta-feira. Antes que ficasse evidente a gravidade do ferimento, esquerdistas expressavam a certeza de uma ação à moda “Odorico Paraguaçu”, de “O Bem-Amado”, o prefeito de Sucupira que praticava atos de sabotagem contra a própria gestão para pôr a culpa da oposição. Não havia nenhum indicio disso a não ser o puro desejo de maldizer um adversário.

A extrema-direita, representada com muita propriedade pelos admiradores e partidários de Bolsonaro, faziam o contrário: o ataque seria, na verdade, uma urdidura de esquerdistas para impedir a vitória certa do mito. Tudo ficou pior quando veio à luz a, vamos dizer, “ficha partidária” de Adelio Bispo de Oliveira, o agressor. Fora filiado ao PSOL de Uberaba de 2007 a 2014. Assim, fechava-se o círculo da falsa evidência.

As duas hipóteses são ridículas. Uma agressão cometida naquelas circunstâncias, em meio a uma multidão, não tem como ser “controlada”. Ainda que a intenção fosse “machucar pouco”, o risco seria, por si, gigantesco. As imagens que vieram a público desautorizam qualquer possibilidade de uma tramóia.  Tivesse havido, certamente não teria contado com a anuência do agredido.

Da mesma sorte, descarta-se a “tramóia das esquerdas”. [no descarte da hipótese de uma tramóia das esquerdas, surge o espaço para o famoso:'há controvérsias'.
uma das principais características das esquerdas, deste Stalin ao presidiário de Curitiba, sempre vale: 'os fins justificam os meios'.]  Ora, atacar ou matar Bolsonaro por quê? Antes do ato tresloucado de Oliveira, o candidato do PSL era o adversário dos sonhos de todos os seus principais oponentes. A pesquisa Ibope informa que ele perderia a disputa num eventual segundo turno para Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede). Empataria tecnicamente até com o ainda desconhecido nacionalmente Fernando Haddad (PT): 37% a 36%. [pequeno registro: considerando um segundo turno - que não ocorrerá - entre o poste lulopetista e o covardemente esfaqueado Jair Bolsonaro.
O principal não é destacado: Bolsonaro ganhar no primeiro turno - opção que diante da covarde agressão sofrida pelo capitão (sabe-se lá com qual objetivo e no interesse de quem???) se torna real. ] Que interesse objetivo teriam as esquerdas na sua morte? Era o melhor adversário para ser derrotado.
Adelio Bispo Oliveira: ele não parece fazer parte de uma conspiração [esse cara tem muito o que contgar; é só questão de saber perguntar.]
 
Mais: note-se que a sua maior exposição ao público — fora da bolha da Internet, em que pululam fanáticos de todos os matizes — trouxe-lhe bem poucos votos: em duas semanas, ele oscilou de 20% para 22%, dentro da margem de erro. Mas a sua rejeição aumentou bastante: de 37% para 44%, que dizem não votar nele de jeito nenhum. Em segundo lugar no ranking negativo vem Marina Silva, mas muito abaixo: 28%.

Logo, tirar Bolsonaro no jogo por quê? Ao contrário! O melhor era que permanecesse. Sua crescente presença nos embates, fora da área de proteção da Internet, estava contando como massa negativa. Passou a ser um acréscimo que diminuía. Assim, as levianas teorias conspiratórias não fazem o menor sentido. Mas, claro!, têm muito apelo entre os incautos. Há mais.

Adélio Bispo de Oliveira, o agressor de Bolsonaro, que alguns querem ver como um perigoso esquerdista, está mais para um sujeito confuso. [tudo pode ser simulado - até mesmo: até mesmo ser um servente de pedreiro,  com curso superior.] Segundo testemunhos de familiares, sua sanidade mental deve ser investigada. Um membro de sua família afirmou à Folha que ela já chegou a ter um episódio de surto, sem dizer coisa com coisa.  Sim, Oliveira já foi filiado ao PSOL e recita mantras de esquerda, como a crítica à desnacionalização das empresas. Também já associou Bolsonaro a um asno. Desinformado, afirma que “a aprovação de Bolsonaro é maior entre os menos estudados, ou seja, só analfabetos e semianalfabetos votam em Bolsonaro”. É o contrário: a maior fatia do eleitorado do candidato do PSL está entre as pessoas com curso superior e mais endinheiradas. É justamente entre os pobres e os de escolaridade mais baixa que obtém seus piores índices.

Ele também enxerga uma conspiração da maçonaria, que controlaria empresas no Brasil. Esse viés paranóico já é bem típico da extrema-direita mais alucinada.  Há laivos evidentes, ora vejam, de bolsonarismo nas postagens de Oliveira. Ele é contra o Estado laico; quer que o Brasil seja declarado oficialmente cristão e publica textos e imagens hostis aos homossexuais, em especial contra a Parada Gay.  Assim, como se vê, a caricatura do agressor “esquerdista” não combina com as informações disponíveis sobre as suas perorações nas redes sociais. Nada sugere que tenha havido uma tramóia da extrema-esquerda para matar o deputado.

Todos os candidatos, por óbvio, lamentaram o episódio e repudiaram a violência e a intolerância. Bem, é o mínimo que se espera.  Dados os procedimentos adotados, é improvável que Bolsonaro consiga retomar a campanha de rua. Até onde se sabe, terá de ser submetido a uma nova cirurgia. A informação inicial, de que havia sido submetido a uma laparoscopia, estava errada. Ele passou por uma laparotomia exploradora, que consiste na abertura do abdômen. O procedimento foi necessário em razão da natureza das lesões: uma no intestino grosso e três no intestino delgado. Foi preciso recorrer ainda uma colostomia temporária, que é um coletor de fezes, que fica depositada numa bolsa.

A campanha de Bolsonaro nasceu e cresceu na Internet. Seu “agitprop” nas redes estará mais ativo do que nunca. E, como ficou evidente nesta quinta-feira mesmo, nem a UTI foi impedimento para que falasse a seu público: um vídeo seu, em que se mostra extremamente frágil, com voz fraca, virou objeto de culto entre seus fãs.
Mais “mito” do que nunca.

Blog do Reinaldo Azevedo