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sábado, 20 de maio de 2023

O equilíbrio possível. E a troca das máscaras no teatro grego da política - Alon Feuerwerker

Análise Política

Era previsível, e foi previsto, que o desfecho da corrida eleitoral de 2022 traria uma de duas arquiteturas políticas bem distintas

Vencesse Jair Bolsonaro, o cenário se desenharia numa aproximação entre Executivo e Legislativo para isolar o Judiciário crescentemente ativista. 
Como deu Luiz Inácio Lula da Silva, a aliança informal é entre esse Judiciário e o Planalto, para, se necessário, esquentar a chapa sob os pés de deputados e senadores.
Mas alienar completamente o Congresso Nacional seria de alto risco para o novo governo, que não dispõe, na real, de base parlamentar. 
 E, bem ou mal, algumas propostas oficialistas precisam ser votadas ali. Então, além da coerção, como diria Antonio Gramsci, é preciso algum consenso. Que é obtido pelo tradicional meio de usar o orçamento e espaços na máquina para ajudar as excelências do Legislativo a aumentar a probabilidade de reproduzir o próprio poder.

Daí que, mesmo aos trancos e barrancos, a vida siga nas relações entre Executivo e Congresso com alguma produtividade. 
Polvilhada por sobressaltos, mas nada que preocupe demais. E a contradição entre a maioria conservadora de deputados e senadores e um governo petista? No que der, como é o caso do “arcabouço”, vota-se. [em nossa opinião, cabe aos líderes da oposição, condicionarem a votação do 'arcabouço fiscal', a que primeiro seja apreciada pela Câmara a cassação do deputado Deltan  Dallagnol; e, dependendo do resultado,  se adia a votação tão desejada pelo DESgoverno.] No que não der, chama-se o STF para abrir caminho aos desejos do Palácio do Planalto.

Eis então que tenhamos chegado a algum equilíbrio, em que todo mundo está contemplado em certo grau. Menos, naturalmente, o núcleo bolsonarista, o “inimigo público” da hora, como um dia foi o PT. E menos também os ícones da Lava-Jato, objeto da ira particular da autoridade presidencial. A política é dinâmica, e, nesse teatro grego, entre um ato e outro, trocam-se as máscaras de garantistas e punitivistas, porque, acima de tudo, o espetáculo tem de continuar.

E sua excelência, o eleitor?
Este anda mais preocupado com a economia, em especial com a alta dos preços e com a possibilidade de perder o emprego. A desocupação acendeu algumas luzes amarelas no primeiro trimestre, mas é preciso esperar para saber se não foi sazonalidade. A inflação parece enjaulada pelos juros, ainda que o núcleo dela esteja rugindo dentro da jaula e a disseminação das pressões altistas preocupe.

O risco potencial para o governo, contemplado nesta largada com uma boa vontade de opinião pública acima do habitual em começos de mandato (deve agradecer a Bolsonaro), é uma eventual sensação de mesmice econômica impregnar negativamente o humor popular [o que acontecerá antes do final do terceiro trimestre  2023.]. O povão se cansar do circo Lula x Bolsonaro e começar a pedir mais pão. O Bolsa Família acima de 600 reais na média funciona como proteção poderosa, mas é bom ficar de olho.

De olho na economia e nas pesquisas. Lula mantém, na essência, a fatia de mercado eleitoral que deu a ele a vitória no segundo turno em outubro. Mas, por enquanto, não está ampliando, ainda que conte com alguma boa vontade de parte dos que não votaram nele. Apoio popular sempre é bom, ainda mais para quem não tem uma maioria programática nem na Câmara dos Deputados nem no Senado Federal.

Governo sem base está sempre vulnerável à imponderabilidade. 
 
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político 
 
 

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Striptease 3: Até José Dirceu admite, e está certo, que o ciclo pode ser de longa duração, mas não pasta “Disso, disso e do Trabalho”…

Até José Dirceu reconhece, e com correção, que Jair Bolsonaro tem base social; que o governo começa forte e certamente o apoio popular sobreviverá a reveses iniciais, que haverá —; que há a possibilidade de que estejamos diante de um ciclo de longa duração. Há, sim, prenúncios de que pode ser assim. A economia, por exemplo, dá sinais de aquecimento, o que sempre pode ajudar.

O risco está nessa inexperiência que chega a ser clamorosa, e no voluntarismo de apelo publicitário. Há uma sede de mudar “isso daí”, sem que se diga o que é “isso daí” e o que pode ser “aquilo lá”. Ao falar sobre a pasta do Trabalho, que vai sobreviver, Bolsonaro disse que o ministério será “Disso, disso e do Trabalho”. Então tá.

[pergunta que não quer calar: quando o multi condenado  Zé Dirceu, 'ex-guerrilheiro de festim', voltará para a jaula?]

Blog do Reinaldo Azevedo

LEIA TAMBÉM:  Striptease 2: Há otimismo nos mercados com algumas ideias-força; o problema é que, fora da macroagenda liberal, tem-se é só improviso
 

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Estado Islâmico queima 43 pessoas no oeste do Iraque

O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) queimou vivos neste sábado pelo menos 43 moradores da área de Al Bagdadiya, na província de Al-Anbar, no Iraque, que tinha sido previamente controlada pelos extremistas, informou à Agência Efe uma fonte de segurança.

Os membros do EI trancaram em uma jaula os sequestrados, em sua maioria policiais e integrantes dos Conselhos de Salvação (milícias sunitas pró-governo), antes de atear-lhes fogo, explicou a fonte. O grupo radical havia sequestrado estas pessoas há mais de uma semana na área de Al Bagdadiya.

Este assassinato é similar ao ocorrido semanas atrás, quando o EI mostrou em um vídeo como queimou vivo o piloto jordaniano Moaz Kasasbeh, capturado na Síria em dezembro depois que seu avião caiu durante uma operação da coalizão internacional contra os jihadistas.  No último dia 17 de fevereiro, o EI executou e queimou mais de 40 pessoas nesta mesma região, em sua maioria membros da polícia e dos Conselhos de Salvação.

A província de Al-Anbar está em sua maioria sob o controle dos militantes radicais e Al Bagdadiya era uma das poucas cidades que se mantinha em poder do governo iraquiano. Os Estados Unidos, que lideram a aliança internacional contra o EI, têm 300 militares na base de Ain al Assad, situada cerca de 15 quilômetros de distância de Al Bagdadiya e que sofreu nos últimos dias tentativas de ataque frustradas por parte do grupo extremista. 

Fonte: Agência EFE


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Após execução bárbara de piloto, Jordânia vai enforcar mulher-bomba

Sajedah Rishawi, condenada à morte por participar de um atentado em Amã, deverá ser enforcada nesta quarta-feira. 

Outros presos por envolvimento com o terrorismo também devem ser executados

As autoridades jordanianas vão enforcar a terrorista da Al Qaeda Sajedah Rishawi nesta quarta-feira, como resposta à bárbara execução do piloto Moaz Kasasbeh pelo Estado Islâmico. "A pena de morte contra a iraquiana Sajedah Rishawi será executada amanhã ao amanhecer", informou à agência France-Presse uma fonte de segurança jordaniana, que pediu para ter sua identidade preservada.
 A iraquiana Sajedah Rishawi em uma corte militar na prisão de Juwaida, em Amã, na Jordânia, em foto de abril de 2006 (Majed Jaber/Reuters)
Outros presos por envolvimento com o terrorismo também devem ser enforcados, informou a agência EFE, entre eles Ziad al Karbuli, assistente de Abu Musab al-Zarqawi, jordaniano que havia ascendido a chefe da Al Qaeda no Iraque e foi morto pela CIA em 2006.

Karbuli, detido em território iraquiano pelo exército jordaniano, foi condenado à morte em 2008, acusado de matar um motorista jordaniano. A iraquiana Sajedah foi detida depois de participar de um atentado a bomba em Amã, que deixou quase sessenta mortos, em 2005. Os explosivos que levava presos ao corpo falharam.

O Estado Islâmico tinha exigido a libertação de Sajedah, também condenada à morte, como condição para libertar o jornalista japonês Kenji Goto. A Jordânia queria a liberação também do piloto e pediu uma prova de vida de Kasasbeh, que os terroristas nunca apresentaram. A execução do refém japonês foi anunciada pelos jihadistas no último sábado, em um vídeo com sua decapitação.


Nesta terça, o EI divulgou um novo vídeo em que o piloto é queimado vivo dentro de uma jaula. Depois da divulgação das imagens, o Exército jordaniano prometeu “vingar” o assassinato de Kasasbeh. O principal grupo de oposição na Jordânia, a Irmandade Muçulmana, condenou o assassinato do militar e o qualificou como “crime horrível que contradiz os princípios islâmicos e os direitos dos cativos na religião islâmica”.

Em Karnak, cidade natal de Kasasbeh, situada a 120 quilômetros ao sul de Amã, houve protestos contra o governo, que foi responsabilizado pela morte do oficial por ter se unido à coalizão internacional formada para combater o avanço do Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Clique e veja imagens do piloto jordaniano sendo queimado vivo