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terça-feira, 9 de agosto de 2022

A influência da gasolina na deflação recorde de julho - VEJA

Preços recuaram 15% no mês e aceleram a queda do IPCA já que o peso dos transportes é o maior da cesta

Deflação é o termo usado pelos economistas para definir o efeito contrário da inflação: quando os preços caem.  
Apesar de em maio e junho o país já ter registrado uma desaceleração da inflação, a variação ainda era no campo positivo, isto é, os preços estavam subindo, mas estavam subindo menos. O IPCA de julho trouxe a primeira deflação em 26 meses, ainda na primeira onda da Covid-19, e um recorde desde o início do Plano Real, em 1994, e na série histórica, desde 1980. 
A deflação veio com o peso da queda da gasolina e do setor de transportes, que ficou mais barato desde que os preços cederam.

A gasolina caiu 15% no mês, puxando os transportes 4,5% para baixo e acelerando a queda. “Os dados da inflação tiveram pontos positivos além dos administrados, como a difusão cair para 62%, os serviços desacelerar. Pensando mais para frente é ver os efeitos secundários dessa queda dos combustíveis, onde eles vão chegar.  No primeiro momento, o consumidor sente o preço na bomba mais barato, mas é acompanhar se o frete vai ficar mais barato nos próximos meses, no transporte de alimentos, se isso fará que outros itens do IPCA caiam nos próximos meses”, analisa Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. Segundo André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas, a opção pela redução focada em gasolina e energia — o que aconteceu como consequência do projeto de lei que fixou um teto do ICMS sobre esses produtos — é uma estratégia efetiva para registrar um resultado mais rápido no recuo do IPCA“O mais pobre não consome gasolina e energia a nível da queda do imposto gerar o benefício. Como o gasto dessas famílias é majoritariamente em alimentação, elas não sentem essa trajetória. Ela vai no mercado, vê que o preço do alimento está absurdo e não vai falar que tem essa de inflação mais baixa. E essa pessoa não está equivocada, para ela realmente não está mais baixo”. 

O que ficou mais barato em julho

Produtos que contribuíram para a deflação no IPCA do mês

Chart

Fonte: IBGE

(...)

Em julho, o maior peso no setor de alimentação foi novamente sobre o preço do leite e seus derivados, que pesam bastante na cesta das famílias. Entre os 20 itens que ficaram mais caros está o diesel, que subiu cerca de 4% no mês, ainda sem o efeito da redução no valor do litro nas refinarias, que foi reduzido na semana passada. O preço do diesel, apesar de ter pouco peso em si no indicador, tem uma capacidade de difusão maior porque o valor do frete é embutido nos alimentos. A ver se essa redução nas refinarias chega aos caminhoneiros e ajuda a desacelerar ainda mais a inflação no próximo mês. [a depender do diesel, a inflação deste mês já está desacelerando.]

Economia - Revista VEJA - MATÉRIA COMPLETA



domingo, 26 de abril de 2020

Crises em série - Meses decisivos - Merval Pereira

O Globo

Cinco meses decisivos a partir de julho

Nos últimos cinco meses deste ano fatídico, entre julho e novembro, viveremos tempos decisivos na política brasileira, com definições fundamentais envolvendo o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso, desde a realização das eleições municipais até os inquéritos envolvendo o presidente Bolsonaro e seu entorno. 

O ministro Celso de Melo, decano do STF, se aposenta em novembro com uma última missão delicada institucionalmente, a relatoria do inquérito sobre as acusações do ex-ministro Sérgio Moro ao presidente Bolsonaro, que ele deve aceitar na segunda-feira. Em julho, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), hoje presidido pelo ministro do Supremo Luis Roberto Barroso, tem que decidir sobre a realização das eleições municipais em outubro, pois a data limite para a realização das convenções é dia 5 de agosto e a propaganda eleitoral começaria no dia 15. 

Em setembro, o ministro Dias Toffoli será sucedido na presidência do STF pelo ministro Luis Fux, e os dois gostariam de ser o presidente quando os inquéritos sobre fake news e organização de manifestações antidemocráticas, relatados pelo ministro Alexandre de Moraes, chegarem ao final. Toffoli abriu o inquérito das fake news há um ano, sob criticas generalizadas, e quer mostrar que tinha motivos para tal.

[esta crise é bem menor do que estão querendo que ela seja e vai resultar em nada;                                                              - o pedido de impeachment do presidente Bolsonaro não vai prosperar, ainda que o deputado Maia acolha um ou uma dezena, os 342 votos necessários não existem, nem existirão e, mesmo  que prospere no político será abatido no Judiciário - ainda há juízes em Berlim, ou melhor, em Brasília.

É tão ridícula esta brigalhada que reconhecemos que o Sérgio Moro teve, como juiz, uma atuação excelente - bem melhor do que em um ministério predominantemente político. 
Pois bem: quando aquele site esquisito - fusão de perda total com interceptação ilegal - publicou material roubado acusando o juiz Moro, assacando aleivosias  contra aquele magistrado, a quase totalidade da imprensa considerou e muitos juristas e "especialistas" (estes como erram, bem mais do que nós) referendaram que o ex-juiz, então ministro, seria condenado, teria sentenças anuladas, etc, etc.
Nada aconteceu.

Agora que, por desentender-se com o presidente - de forma sucinta: 'queria um ministério só dele, para chamar de seu, podendo tudo' - Moro voltou aos holofotes e passou a ser considerado pelos mesmos que queriam jogá-lo na fogueira como  um "santo", seja enquanto juiz ou ministro ( enquanto magistrado,  ao nosso ver, foi sensacional, sábio, imparcial, já como ministro deixou-se contaminar pela política.)
A súbita elevação ao grau de santo é simples: na época do material roubado, ser contra Moro era ser contra o presidente Bolsonaro = todos contra Moro;
agora,  ser a favor de Moro é ser contra Bolsonaro, então todos são Sérgio Moro.

CONCLAMAÇÃO: 
Excelentíssimos brigões - todos são de nível igual ou superior a Excelência - por favor lembrem-se do Brasil, de mais de 200.000.000 de brasileiros que estão a mercê de a Covid-19,lembrem-se que o IMPORTANTE é o COMBATE AO CORONAVÍRUS e à Covid - 19.
A epidemia não é tão grande quanto muitos queriam que fosse, mas se for esquecida vai crescer e talvez quem ganhar esta briga não tenha um Brasil com mais de duzentos  milhões de habitantes e sim um Brasil com duas ou três dezenas de milhões de brasileiros vivos.]

Nesses meses, portanto, estaremos decidindo o futuro imediato da política brasileira. Os inquéritos relatados pelo ministro Alexandre de Moraes são os que incomodam o presidente Bolsonaro, de acordo com as mensagens reveladas pelo ex-ministro Sérgio Moro. Alexandre de Moraes tomou uma atitude nesta semana que já havia sido adotada pelo ministro Luis Roberto Barroso em inquérito contra o então presidente Michel Temer: determinou que a equipe da Polícia Federal que já trabalha com ele seja mantida nas investigações, mesmo com a troca do diretor-geral da Polícia Federal.  
As investigações já estão bastante avançadas, o que garantirá que o segundo inquérito também ganhará agilidade e poderá fazer uso de informações que não diziam respeito ao Supremo, escopo restrito do primeiro inquérito. O chamado “gabinete do ódio”, instalado no Palácio do Planalto sob a orientação do vereador Carlos Bolsonaro e inspiração do guru Olavo de Carvalho, está sendo identificado como a origem das fake news e, ao que tudo indica, tem ligações estreitas com a organização das manifestações que pedem a intervenção militar e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

O novo inquérito, que caiu pelo sorteio eletrônico para o ministro Celso de Melo relatar, é outro fator relevante nessa crise politica, e investigará as supostas tentativas do presidente Bolsonaro de obter informações da Polícia Federal com o objetivo de interferir nas investigações. A ilação imediata, que terá que ser apurada, é que o presidente pretende, ao nomear o diretor-geral da PF, controlar os inquéritos que envolvem seus filhos. Os três são investigados sobre a disseminação de fake news, funcionários fantasmas e rachadinhas do salário de funcionários.

Mas Bolsonaro se preocupa com deputados bolsonaristas investigados pelo inquérito relatado por Alexandre de Moraes, e no final os três inquéritos do STF têm a possibilidade de montar um quadro bastante claro da atuação dos Bolsonaro na politica brasileira. A eleição municipal deste ano é outra peça importante deste enorme quebra-cabeças que esta sendo montado. O ministro Luis Roberto Barroso está consultando epidemiologistas para tentar ter uma ideia se em julho já haverá condições de autorizar as convenções partidárias devido à crise da Covid-19.

Ele trabalha com a ideia de não adiar as eleições, mas se for necessário, apenas por um ou dois meses, para que não seja necessário prorrogar mandatos. Barroso, apesar da “avassaladora” crise que reúne em uma só crises na saúde pública, na politica e na economia, continua otimista, pois vê as instituições brasileiras sustentando a democracia, em especial o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e as Forças Armadas, vacinadas contra o vírus do golpismo.

Merval Pereira, jornalista - O Globo


sexta-feira, 27 de maio de 2016

Agosto é o limite! Ou Dilma sai de vez ou… volta! Toc, toc, toc…

É patacoada essa história de que estariam tentando apressar o julgamento por receio das fitas de Sérgio Machado

O relator do processo contra Dilma no Senado, Antônio Anastasia (PSDB-MG), quer concluir os trabalhos em agosto, segundo o calendário que está no pé deste post. Mas haverá atraso, é certo. Já se sabe que a defesa prévia de Dilma não será entregue no dia 1º de junho.

Não se trata, obviamente, de apressar coisa nenhuma. Três meses desde o afastamento, dado o que se tem, parece tempo suficiente, não?  Os petistas já estão plantando a mentira de que há gente tentando acelerar o calendário porque o PMDB estaria com medo de outras gravações feitas por Sérgio Machado. Medo de quê?

Até agora, convenham, o que se depreende das falas é um monte de gente dizendo que faz e acontece na Lava Jato. A única coisa chata pra elas é que seria preciso combinar antes com os russos: no caso, Sergio Moro, Rodrigo Janot, os procuradores…  Se querem saber, é tempo até demais. É claro que a interinidade sempre causa alguma insegurança e isso é tudo aquilo de que o país não precisa, certo?

Que agosto seja o limite. Para Dilma sair de vez ou voltar, ora bolas!  A propósito: por que o PT quer esticar tanto a corda? Se têm tanta certeza da inocência de Dilma, quanto antes, melhor!!!  É claro que me faço de ingênuo: o partido quer ver se consegue provocar uma onda de instabilidade política que eventualmente facilite a volta da petista…

Imaginem a cena, senhores: Dilma voltando, com o país numa situação ainda pior do que a que temos agora e só nessas circunstâncias ela voltaria —, e a mulher pondo todo o seu talento e a sua habilidade a serviço da paz social…
Tenha paciência!
*
O CALENDÁRIO DO IMPEACHMENT
até 1º de junho – recebimento da defesa prévia da denunciada, apresentação dos requerimentos para indicação de testemunhas e de provas pelos membros da comissão
2 de junho – parecer sobre provas e diligências – discussão e votação
de 6 de junho a 17 de junho – oitiva de testemunhas, esclarecimento do perito e juntada de documentos
20 de junho – interrogatório da denunciada
de 21 de junho a 5 de julho – alegações escritas dos denunciantes
de 6 de julho a 21 de julho – alegações escritas da denunciada
25 de julho – leitura do relatório da comissão
26 de julho – discussão do relatório na comissão
27 de julho  votação do relatório na comissão
28 de julho – leitura do parecer em plenário
1º e 02 de agosto – discussão e votação do parecer em plenário

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo