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terça-feira, 26 de julho de 2022

AS MILÍCIAS DA BONDADE - Guilherme Fiuza

Renan Calheiros parabenizou Renan Calheiros por um post no Twitter: “Boa, senador!” Se não foi um caso extremo de delírio narcísico, foi um flagrante de que há algo inautêntico na forma como o senador usa sua rede social. 
A equipe de Calheiros forjou um elogio a ele, com o descuido de usar a própria conta do senador – o que evidenciou a falsificação. 
Onde estão os obstinados caçadores de fake news do TSE e do STF? Ninguém contou a eles o que aconteceu?
 
Se o elogio foi forjado, quem tentou se fazer passar por um admirador de Renan Calheiros? Um assessor? Alguém que usaria uma identidade postiça e se descuidou? Um robô? 
Quem pode fazer um elogio fake, pode fazer um ataque fake? 
Pode espalhar boato? Pode “desinformar” (a palavrinha da moda dos supremos checadores)?
 
Sim, pode fazer tudo isso. Como essa questão se resolveria num ambiente mais ou menos saudável?  
Com a lei: quem se sentisse atacado, ofendido, difamado ou constatasse uma informação falsa que prejudicasse alguém, acionaria a Justiça e puniria o infrator fosse ele autêntico ou impostor. 
Isso já aconteceu inúmeras vezes e a justiça foi feita. Quanto a robôs ou claques programadas, é questão de controle da plataforma ou denúncia de usuários que suspeitem, e ponto final.
'
Mas o que se passa hoje no Brasil é algo bem diferente. 
Supostos depuradores do debate público criaram expedientes de perseguição à livre expressão – baseados exatamente nessa literatura fajuta que não tem nada a ver com Direito: gabinete do ódio, fake news, desinformação, milícias digitais, etc. 
Qualquer assunto que esteja em terreno de controvérsia pode ser marcado por esses senhores da verdade como delinquência, baseados nos conceitos alegóricos acima. É um expediente reacionário.
 
Pois bem. Se é assim, onde está a investigação de Renan Calheiros? Um senador usando flagrantemente uma falsificação das funções da rede social para forjar a manifestação de alguém que não existe.  
Quem fez isso? Quantos fazem isso rotineiramente para o senador, com que tipo de mensagens? 
Isso não pode ser uma milícia digital? 
Uma brigada de robôs? 
Um gabinete do ódio? 
Ou em homenagem à harmonia entre Renan Calheiros e o STF isso pode ser no máximo um gabinete do amor? 
Aliados de Lula têm habeas corpus permanente, em homenagem ao passado glorioso do ex-presidente?
 
Hackers tentaram invadir o site do PL e forças ocultas da “oposição” tentaram reservar as vagas para o público na convenção do partido do presidente da República, para esvaziá-la.

Os xerifes da eleição já começaram a instituir até censura prévia, decretando que determinados assuntos não podem sequer ser abordados. É um abuso autoritário escandaloso. 
Infelizmente, aquela multidão de amantes da liberdade de expressão que passaram décadas fazendo discursos, músicas e poesias contra o autoritarismo saiu de férias. Logo agora…
 
Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 
 

 

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Moraes adia pela terceira vez inquéritos sobre as milícias digitais

Investigação apura existência de grupos especializados em disseminar notícias falsas e atacar a democracia 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes prorrogou por mais 90 dias o inquérito que apura a existência de milícias digitais. Relator da ação, o magistrado deu prazo extra alegando a necessidade de apurar mais elementos que possam contribuir com as investigações. "Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento, nos termos previstos no art. 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90 (noventa) dias, a partir do encerramento do prazo final anterior (6 de julho de 2022), o presente inquérito", diz o despacho do ministro, publicado nesta terça-feira (12/7). [mais elementos = as essenciais provas da prática dos delitos e autoria, bem como, tipificação como crime das 'fake news".]

Esta é a terceira vez neste ano que o inquérito é prorrogado por Moraes. O inquérito sobre a milícia digital foi aberto em 2021, após o procurador-geral da República, Augusto Aras, pedir o arquivamento de outra investigação que envolvia aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL). Na época, Alexandre de Moraes atendeu ao pedido de Aras, mas decidiu abrir um novo inquérito para investigar a atuação de milícias digitais.

Como a investigação envolve a suposta atuação de organização criminosa, também estão em análise dados relacionados a outras investigações que atingem o presidente Jair Bolsonaro, como a live com informações falsas sobre as urnas eletrônicas e o caso do vazamento de dados sigilosos da PF.

Apoiadores do presidente Bolsonaro são alvo das investigações, como o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e o blogueiro Allan dos Santos. Em fevereiro deste ano, a Polícia Federal passou a investigar a relação entre o chefe do Executivo e as milícias digitais.

Em maio, o ministro Alexandre de Moraes decidiu unir dois inquéritos envolvendo Bolsonaro: milícias digitais e a apuração sobre os ataques ao sistema eleitoral brasileiro. Desde que foi eleito, o presidente afirma que as eleições de 2018 foram fraudadas e que a chapa teria ganhado em primeiro turno contra Fernando Haddad (PT).

Gabinete do ódio
A Polícia Federal entregou ao STF em fevereiro um relatório constatando a existência de uma milícia digital, que tem como objetivo o ataque às instituições e à democracia.  Segundo a corporação, esse grupo teria usado a estrutura do “gabinete do ódio” e seria formado por aliados do presidente Jair Bolsonaro. A suspeita é que eles estariam usando as dependências do Palácio do Planalto para promover os ataques. No documento, consta que a estratégia do grupo tem sido explorar os limites entre crimes contra a honra e a liberdade de expressão. O objetivo é criar uma falsa ideia de que a Constituição permite a publicação de qualquer conteúdo sem que o autor seja responsabilizado. 

Política -  Correio Braziliense

 

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Moraes é líder da esquerda e inferniza o Brasil com Fachin e Barroso, diz Bolsonaro - Folha de S. Paulo

Em um novo ataque a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta sexta-feira (20) que Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes "infernizam" o Brasil.

O chefe do Executivo disse ainda que Moraes se comporta como "líder de partido de esquerda".

Os três ministros são da cúpula do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e Moraes assumirá o comando do tribunal durante as eleições deste ano. As falas de Bolsonaro fazem parte de ataques do presidente ao processo eleitoral."Temos três ministros que infernizam não só o presidente, mas o Brasil: Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes. Esse último é o mais ativo e se comporta como o líder de partido de esquerda e de oposição. Esse inquérito da fake news, primeiro que fake news não existe", disse o presidente, em entrevista ao canal de Youtube do jornalista Cláudio Magnativa."Nos acusam de gabinete do ódio. Me apresenta uma matéria que achem que nasce do gabinete do ódio, não tem", completou.

As declarações foram divulgadas em teaser da entrevista do presidente no Youtube, a íntegra deve ir ao ar nesta sexta-feira ainda. Em outro trecho, ele disse que o Supremo é o "Poder mais forte" hoje, e que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem agido de forma parcial."Não vou negar que apoiei [Pacheco para o cargo]. Eu não esperava que ele fosse ser tão parcial como ele está sendo ultimamente. Não quero atrito com ele, mas [há] uma parcialidade enorme", disse.

"Eu vejo na mídia e ele diz que está protegendo o Supremo. Não é atribuição nossa proteger o outro Poder, é tratar com dignidade e isenção, como propriamente diz a nossa Constituição. E o poder mais forte no momento da República é o Supremo".

O presidente chegou a acionar, nesta semana, o STF e a PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o ministro Alexandre de Moraes, alegando abuso de autoridade. Na Corte, o caso já foi arquivado, mas na PGR ainda está em análise. Na tarde de quinta-feira (19), Bolsonaro e Moraes acabaram se encontrando durante evento em Brasília e trocaram cumprimentos cordiais na solenidade que marcou a posse de novos ministros no TST (Tribunal Superior do Trabalho).

Nesta semana, Bolsonaro já havia dito também que o STF tem interferido em sua atuação na Presidência. "Mais da metade do meu tempo passo me defendendo de interferências indevidas do Supremo Tribunal Federal", disse.

Nas últimas semanas, o presidente fez diversas insinuações golpistas em relação ao sistema eleitoral brasileiro, enquanto ministros do TSE e do Supremo deram respostas duras às ilações do chefe do Executivo. Alvo de seguidos ataques de Bolsonaro, Moraes disse também nesta quinta-feira que a Justiça Eleitoral nasceu e segue com "vontade de concretizar a democracia e coragem para lutar contra aqueles que não acreditam no Estado democrático de Direito". 

Poder - Folha de S. Paulo

 

segunda-feira, 16 de maio de 2022

No escurinho da transparência - Revista Oeste

Guilherme Fiuza

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Confiante na eleição?

— Totalmente.

— O que te faz confiante?

O combate à onda de ódio.

— Esse negócio de festejar facada, né? E jogar futebol com réplica de cabeça humana…

— Não. O que ameaça mesmo são as milícias digitais.

— Ah, é? Como é isso?

— O gabinete do ódio tem uma rede de milicianos invisíveis que espalham incitação a agressões à democracia e às instituições da República.

— Caramba. Isso é grave. E essas agressões são consumadas?

— Claro. Cada vez mais. Não está vendo? Em que planeta você vive?

— É, devo ter me distraído. Como são essas agressões?

— São ostensivas, na cara de todo mundo. As milícias vão trabalhando nos subterrâneos digitais, carregando os espíritos de ódio, espalhando a propensão à violência contra os guardiões do estado de direito. Uma hora isso transborda e a democracia fica encurralada.

Já transbordou?

Vou repetir a pergunta: em que planeta você vive? Não só transbordou, como foram diversas vezes nos últimos anos.

— Jura? Eu devo estar vivendo numa bolha mesmo, não vi nada disso.

— Você é o típico alienado. Saiba que alienação não é inocência. A sua indiferença é uma forma de cumplicidade.

— Poxa… Não foi a minha intenção.

— De boas intenções o inferno está cheio.

— Já ouvi falar nisso. Você tem razão, preciso calibrar minha observação das coisas ao meu redor.

— Observação só, não. Compreensão.

Sem dúvida. Pode me ajudar?

— Claro. Mas saiba que, se você não se ajudar, nenhuma ajuda externa vai resolver o seu problema.

— Entendi. Então você me ajuda a me ajudar?

— Ajudo.

— Obrigado. Pra começar, queria ter uma ideia de como é o aspecto visual de um desses transbordamentos de ódio contra a democracia. Você conseguiria descrever?

— É a coisa mais fácil do mundo. Esses atentados se materializam na forma de multidões tomando as ruas do país de verde e amarelo. É assustador.

— Isso eu já vi. Só não sabia que era explosão de ódio contra a democracia. Eles disfarçam bem, né?

— São dissimulados. Mas não cola. A atmosfera de intolerância e inclinação fascista é evidente.

— Me enganaram direitinho. Eu vi sim essas multidões no Primeiro de Maio, no Sete de Setembro e em outras ocasiões. Pessoas sorridentes, tranquilas, com muitos idosos e até bebês de colo. Nunca ia imaginar…

Tudo fachada. Bastaria você ter prestado atenção às manchetes do noticiário e veria a verdade estampada na sua cara: atos antidemocráticos.

— Tem razão. E mesmo com esses graves atentados à democracia você permanece confiante na eleição deste ano?

— Plenamente. A onda de ódio está sendo corajosamente enfrentada pelos que são do bem.

— Ótimo. Me ajuda a compreender essa parte também?

— Conta comigo.

— Obrigado. Quem é do bem?

O TSE.

Onde só existe a verdade, não há espaço para a mentira

Tribunal Superior Eleitoral?

— Isso.

Tá. E como ele faz o bem?

— Combatendo as fake news que alimentam a onda de ódio contra a democracia.

— Interessante. Fake news é notícia falsa, né?

— Muito mais que isso. Fake news é o crime organizado em forma de corrupção intelectual.

— Eita! O negócio é mais sério do que eu pensava. E o que faz o TSE para combater esse mal?

— Muitas coisas. Uma das principais é dizer que o sistema eleitoral brasileiro é totalmente seguro. Desencoraja os que querem fraudar a eleição.

Mas se o sistema é seguro, por que se preocupar com fraude?

— Porque quem é do mal consegue o impossível.

— Isso é verdade.

Você mesmo não estava crente que os atos antidemocráticos eram manifestações pacíficas?

— Estava mesmo.

— Então? Com o gabinete do ódio é assim. Você piscou, eles aprontam.

— Vou ficar atento. A propósito, o TSE já resolveu aquele problema da invasão ao sistema eleitoral em 2018?

— Já.

Quem bom. O que ele fez?

Encerrou o assunto e mandou apagar os arquivos do sistema.

— Isso resolve?

— Claro. Acaba com a polêmica. Polêmica é combustível para fake news.

— Faz sentido.

Onde só existe a verdade, não há espaço para a mentira.

— Interessante, não tinha pensado nisso.

— Não precisa pensar. Basta compreender.

Estou me esforçando.

— Está sim, e eu sou testemunha.

— Obrigado. Me ajuda então a entender uma última coisa.

— Manda.

Como o TSE vai fazer para guarnecer a verdade absoluta?

— Já fez.

— Jura? O quê?

Declarou que as dúvidas sobre o sistema eleitoral brasileiro levantadas pelos técnicos da Comissão de Transparência são nulas.

Como assim?

— Simples: informou que normas e procedimentos para a eleição deste ano já estão consolidados e não serão alterados. E que a garantia do devido cumprimento das regras de segurança do sistema é da competência exclusiva do TSE. [o fato do TSE ser uma repartição pública e TODOS - membros e servidores são empregados do povo brasileiro - que lhes paga o salário é sem importância.]

Por que então o TSE criou uma Comissão de Transparência?

Essa pergunta prova que o seu nível de compreensão das coisas à sua volta ainda está deficiente. Cuidado.

— Obrigado pelo alerta. Vou me esforçar mais.

— Conta comigo.

Leia também “Não olhe agora”

sexta-feira, 25 de março de 2022

Juiz de porta de avião - Revista Oeste

Luiz Inácio Lula da Silva e Rosemary Noronha | Foto: Montagem/ Revista Oeste
Luiz Inácio Lula da Silva e Rosemary Noronha - Foto: Montagem/ Revista 

Fazer o que faz o homem encarregado de lidar com suas redes sociais, liquidou a questão Bolsonaro no primeiro encontro com jornalistas excitados com o prosseguimento do duelo entre o chefe do Executivo e o artilheiro do Timão da Toga.  
Como a usina de insolências não pode parar, Moraes resolveu atacar com mais cobranças. 
Quer saber de onde saiu o dinheiro que pagou as despesas de Carlos. Do bolso do viajante? 
Ou de algum cartão corporativo usado indevidamente? 
O ministro também desconfia que a conta pode ter sido espetada no misterioso Gabinete do Ódio, assombração ainda homiziada em lugar incerto e não sabido, mas provida de munição digital suficiente para desequilibrar eleições e instalar no Brasil uma ditadura fascista.

Bolsonaro informou que o filho não foi socorrido por um único e escasso centavo. Mas Moraes é duro na queda: segue à caça de interrogações tão importantes quanto as dúvidas que me assaltam quando tento lembrar a escalação completa do Clube Atlético Taquaritinga, o “Leão da Araraquarense”, naquele jogo contra o Radium de Mococa disputado no verão de 1958. Já desisti de brigar com a memória. Bem mais teimoso é o parteiro do inquérito que há mais de três anos combate fabricantes de fake news, atos antidemocráticos, atentados a instituições e falatórios que deixam mal no retrato o Pretório Excelso.

Se acordar com o pavio alguns milímetros mais curto, o ministro pode expedir um mandado de prisão em flagrante perpétuo e trancafiar numa cela o piloto do avião que levou Carlos à Rússia. 
Se perder o sono, talvez seja assaltado pela ideia de indiciar no inquérito do fim do mundo a comissária de bordo que serviu cafezinho ao investigado. 
Por isso, e antes que aumente o calibre do surto de prepotência, convém desviar as atenções do impetuoso superjuiz para as comitivas que abrigaram Rosemary Noronha, a Rose, alojada de 2004 a 2012 na chefia do escritório da Presidência da República em São Paulo.

Durante sete anos, a mulher de temperamento esquentado desfrutou dos grandes e pequenos prazeres ao alcance de uma Segunda Dama

Não foi esse cargo que fez da ex-secretária de José Dirceu e ex-assessora de Lula uma assídua freguesa do Aerolula. Ela chegou lá por ocupar o posto de Segunda Dama.

As medidas preventivas adotadas pelo casal procuravam apenas evitar acessos de fúria da Primeira. Rose só viajava quando Marisa Letícia ficava em casa. Como seu nome era excluído da lista de passageiros publicada no Diário Oficial, a clandestina dispensada de esconder-se virou a penetra com mais horas de voo do planeta. Os parceiros de comitiva conheciam os reais motivos da presença a bordo daquela mulher cujas ancas desafiavam poltronas acanhadas e com uma franja na testa que dilatava as maçãs do rosto. A missão de Rose era garantir que Lula acordasse com a expressão satisfeita de quem passara boa parte da noite sobrevoando nuvens extraordinariamente azuis.

A bordo, o expediente de Rose começava quando anoitecia: risonha, avançava pelo corredor em direção aos aposentos presidenciais — para regressar ao fundo da aeronave depois do café da manhã. Em terra, seguia a programação oficial em silêncio, com o olhar distraído de quem se dispensa de saber se está no litoral do Caribe ou num deserto africano. Terminado o jantar, os dois partiam rumo às suítes contíguas do hotel cinco-estrelas. 

A porta entre as duas alcovas permanecia entreaberta. Foi assim nos mais de 30 países que Rose conheceu em mais de 20 viagens no Aerolula. Entre uma e outra, os encontros ficavam mais complicados. De todo modo, a frequência bastou para conferir ao escritório da Presidência, onde uma ampliadíssima foto de Lula fantasiado de atacante no momento do pênalti enfeitava um bom pedaço de parede, a fama de maior garçonnière da capital paulista.

(...)

E então o que parecia um romance extraconjugal virou caso de polícia.

A vida mansa acabou em 23 de novembro de 2012, quando a Operação Porto Seguro, desencadeada pela Polícia Federal, alcançou a Segunda Dama e seus protegidos, batizados pela imprensa de “Bebês de Rosemary”.  Assustado com a ampliação do acervo de maracutaias, Lula fez o que sempre faz quando precisa costurar algum álibi menos cretino: perdeu a voz e sumiu, agarrado à esperança de sobreviver sem fraturas ao primeiro escândalo que não poderia terceirizar. Não havia bodes expiatórios a convocar. Nem respostas aceitáveis para perguntas especialmente constrangedoras. Passou a primeira semana enfurnado no Instituto Lula. Passou as duas seguintes longe do Brasil, driblando repórteres com escapadas pela porta dos fundos ou pela cozinha do restaurante.

(......)

Cansados das tentativas de prender o gângster Al Capone pelos medonhos crimes que praticara, policiais de Chicago conseguiram condená-lo a uma interminável temporada na cadeia por ter lesado o Fisco.  
Como Rose e seus parceiros escaparam do castigo reservado a torturadores do Código Penal, a última esperança do Brasil que pensa e presta é, quem diria?, a cabeça tumultuada de Alexandre de Moraes. A perseguição movida contra Carlos Bolsonaro informa que, aos olhos do ministro, juntar-se a comitivas presidenciais pode ser considerado ato criminoso. 
Por que o ministro não reexamina o papel desempenhado por Rosemary Noronha depois de embarcar no Aerolula? 
É o que já teria feito se Rose, decepcionada com o sumiço de Lula, declarasse que vai votar em Jair Bolsonaro.

Leia também “O prepotente, o dissimulado e o ególatra”

MATÉRIA COMPLETA - Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste -


sábado, 5 de março de 2022

MORAES DESPACHANTE - Planalto terá de explicar presença de Carlos Bolsonaro em comitiva na Rússia

 MORAES VIRA DESPACHANTE DO SENADOR RANDOLFE NO STF

 Ministro Alexandre de Moraes acatou pedido da PGR e solicitou informações sobre a presença do vereador pelo Rio de Janeiro em viagem da presidência. 

O Palácio do Planalto terá que dar explicações sobre a presença do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) na comitiva presidencial que esteve na Rússia em meados de fevereiro. O despacho foi feito pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (4/3), após pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).
O Planalto terá de dar informações gerais que vão desde diárias pagas e a agenda cumprida pelo vereador em uma viagem federal. [em nosso entendimento, o presidente da República tem o DIREITO de convidar para viagens oficiais quem entender conveniente; a nossa dúvida, o assunto é menor não justificando uma pesquisa, se existe legislação estabelecendo protocolos para convidar, caso existam,se foram seguidos não cabe a PGR questionar, se foram desatendidos cabe as autoridades competentes adotar as medidas cabíveis.
Tem que acabar no Brasil essa mania de tudo ser questionado, sem que antes do questionamento a legislação pertinente seja consultada - ops..., esquecemos que tudo que possa trazer algum prejuízo ao capitão é tratado com dedicação.]

Conforme adiantou o Blog do Vicente, o filho 02 de Jair Bolsonaro teria participado de agendas ocultas na Rússia com hackers especializados em disseminação de notícias falsas. Responsável pela campanha do pai, a agenda teria sido preparada pelo assessor especial da Presidência, Tercio Arnaud, também integrante do Gabinete do Ódio.[especulações vazias e que são fruto da imaginação da mídia militante e dos inimigos do presidente = inimigos do Brasil. Já sugerimos ao presidente que tornasse regra a denúncia e investigação rigorosa de qualquer denúncia, notícia, apresentada sem provas, na base da invencionice, do 'segundo fontes' do 'teria'. O simples fato de alguma coisa ter sido lembrado pelo senador 'estridente' já é razão para não merecer crédito.

Eventuais ataques à democracia precisam ser provados. A regra agora, lamentavelmente,  é violar direitos que a democracia concede sob o pretexto de preservar a fonte concessora.

 MORAES VIRA DESPACHANTE DE RANDOLFE NO STF

Moraes cobra explicação sobre presença de Carlos Bolsonaro em viagem à Rússia

O envolvimento de Arnaud e Carlos com o gabinete do ódio foi lembrado pelo líder da oposição no Senado Federal, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que é autor do pedido de investigação ao STF âmbito do inquérito das milícias digitais - responsável por investigar grupo de pessoas que se articulam para atacar a democracia e veicular notícias falsas na internet para disseminar desinformação. [afinal, no Brasil uma fonte segura de informação é quando o senador encrenqueiro faz uma notícia-crime,enfia debaixo do sovaco, atravessa a Praça dos Três Poderes e entrega ao Supremo. Lembramos que é essencial a passeata formada pelos senador citado, o Aziz e o  Calheiros.]

Ao entrar com a ação, Randolfe lembrou ainda que os principais ataques cibernéticos são de origem russa. Uma investigação da agência de inteligência CIA, dos EUA, concluiu que a Rússia interveio na eleição presidencial norte-americana de 2016 para ajudar o candidato republicano, Donald Trump, a alcançar a Casa Branca. Em 2019 uma outra investigação comandada pelo senador Republicano Richard Burr confirmou as suspeitas.

Apesar das suspeitas levantadas, a subprocuradora Lindôra Araújo declarou em manifestação preliminar que não há indícios de crime para instauração de inquérito, mas quer ouvir o Palácio do Planalto para um parecer definitivo. 
 
Política - Correio Braziliense
 
 

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Filhos de Bolsonaro estão na mira da CPI da covid

[Quem não está na mira do desespero dos 'donos' da Covid-19. 
Atenção! 
aconselhamos ao relator Calheiros para ficar atento, já que no furor 'denuncista' dele, do Omar e do Rodrigues, há o risco dele ser denunciado e a denúncia se tornar a única a ser aceita. 
Não é fake é apenas um conselho.]

Eduardo e Carlos Bolsonaro devem ser alvo de pedido de indiciamento feito pelo relator da Comissão, Renan Calheiros. Eles são acusados de atuar no "gabinete do ódio"

 O senador Renan Calheiros (MDB-AL) deve pedir o indiciamento de dois filhos do presidente da República, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), no relatório final da CPI da Covid. Eles teriam atuado no chamado “gabinete do ódio”, coordenando e auxiliando blogueiros e empresários a espalharem desinformações sobre o novo coronavírus. As supostas provas estão anexadas no inquérito das fake news, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

 Continue lendo - Correio Braziliense

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

À frente de processos que ameaçam Bolsonaro, Moraes ganha destaque no STF

Dono de um estilo impetuoso  [autocrático, ditatorial, estilo Luis XIV, por deixar a impressão que se considera maior que seus pares, tipo 'o Supremo sou eu'.] , o ministro é respaldado por seus pares no momento em que o Supremo se une em defesa da democracia

A despeito da execução patética, a parada militar bancada pelo Palácio do Planalto na manhã da última terça, 10, trazia o simbolismo inegável de uma exibição inédita e indevida de força no mesmo dia da votação do voto impresso para as eleições de 2022, obsessão do presidente Jair Bolsonaro a ponto de ele ameaçar, por mais de uma vez, a realização do pleito caso essa condição não seja atendida. Mas, se o objetivo do desfile era lançar uma sombra antidemocrática, o tiro saiu pela culatra: a ideia acabou derrotada horas depois no Congresso. Ao longo do mesmo dia, já aliviados pela ausência de desdobramentos mais sérios da exibição bélica, ministros do STF divertiam-se trocando memes sobre a pífia demonstração. Na linha expectativa versus realidade, um dos vídeos que fizeram mais sucesso contrapunha uma robusta parada de blindados no exterior à pobreza da frota exibida por aqui.

Dentro do Supremo, a troca de imagens bem-humoradas em grupos de WhatsApp, com cenas de velhos tanques expelindo nuvens de fumaça preta, representou um raro momento de descontração em tempos estressantes e de constantes afrontas às instituições. Um dos alvos principais, o STF vem erguendo uma espécie de muro para fazer frente aos ataques. Tradicionalmente um ninho de vaidades e disputas, o Supremo apresenta agora um perfil de união interna poucas vezes visto em sua história. E, curiosamente, essa coesão vem se formando em torno do ministro que provoca mais polêmicas dentro e fora do tribunal: Alexandre de Moraes. Duro na queda, pouco flexível em suas convicções e sem medo de embates espinhosos, ele é visto na Corte hoje como uma defesa importante nos enfrentamentos com Bolsonaro.

Graças a essa política de impor freios aos delírios presidenciais, Moraes entrou para a lista negra dos radicais — ira que só aumentou nas últimas semanas. Ao lado do colega Luís Roberto Barroso, ele liderou uma campanha contra a adoção do voto impresso junto às lideranças do Congresso, sob o argumento de que a mudança representaria retrocesso e causaria a judicialização das eleições. Barroso foi imediatamente “brindado” por Bolsonaro com adjetivos impublicáveis. A respeito de Moraes, o presidente mandou o seguinte recado: “A hora dele vai chegar”, ameaçou em uma rádio. Talvez a declaração sirva apenas para engrossar sua farta relação de bravatas. Neste momento, Moraes se tornou um inimigo poderoso demais para ser confrontado de peito aberto. Ele concentra o maior arsenal ofensivo contra Bolsonaro no STF. Por obra dos sorteios eletrônicos ou por ação deliberada de seus pares, o ministro tem hoje nas mãos todas as investigações penais que ameaçam o presidente e seu núcleo mais próximo: fake news, atos antidemocráticos e interferência na PF. Em paralelo, possui influência inequívoca sobre casos igualmente explosivos no TSE: disparos em massa por WhatsApp nas eleições de 2018 e declarações falsas contra as urnas eletrônicas (veja o quadro).

O futuro dos inquéritos do Supremo é incerto, pois dependem exclusivamente da Procuradoria-Geral da República para gerar punições. Levando-se em conta os entendimentos manifestados até agora pelo procurador-geral, Augusto Aras, os casos servem hoje mais como uma espada sobre a cabeça de Bolsonaro. Aras, segundo pessoas próximas, tem visto as declarações de Bolsonaro como mera retórica, sem ameaças concretas. Parte do STF, porém, acha que o procurador pode virar a chave e endurecer com o presidente depois de setembro, quando iniciará seu segundo mandato na PGR e não terá mais chances de virar ministro do Supremo. Um magistrado da Suprema Corte destaca também que o avanço das apurações pode forçar o procurador a atuar. Uma das apostas é que o chamado “gabinete do ódio”, estrutura montada para disseminar notícias falsas, será desnudado e ainda trará dor de cabeça ao presidente. Não por acaso, Moraes transformou o tal “gabinete” no principal foco do inquérito das fake news.

(............)

O grau de estridência entre Bolsonaro e o STF cresceu de maneira exponencial a partir de março, quando a Corte anulou as condenações de Lula, decisão que trouxe o petista de volta ao jogo político. Sensível a paranoias e teorias da conspiração, Bolsonaro acusou o golpe e aumentou o volume de ataques ao STF, dizendo que seus integrantes confabulam em prol da eleição do ex-presidente. “É justo quem tirou o Lula da cadeia ser o mesmo que vai contar os votos numa sala secreta no TSE?”, provocou o capitão numa live na internet, fazendo duros ataques ao sistema eleitoral, muitos deles baseados em fake news já desmentidas. A live levou o TSE, por unanimidade, a elaborar uma notícia-crime contra o presidente e remetê-la a Moraes. De pronto, sem ouvir a PGR, o ministro incluiu Bolsonaro no rol de investigados das fake news. O TSE fez ainda uma segunda notícia-crime, pedindo ao ministro que apurasse o vazamento de dados sigilosos promovido pelo presidente nas redes sociais. Encabeçado pelo presidente da Corte, Barroso, e pelo corregedor-geral, Luis Felipe Salomão, ambos próximos de Moraes, o movimento deu ainda mais força ao ministro.

O empoderamento de Moraes no Supremo, e o reconhecimento de que seus métodos são fundamentais neste momento, é um fenômeno relativamente recente. Seu estilo trombador, na verdade, sempre despertou polêmicas dentro e fora do tribunal. Quando o inquérito das fake news foi instaurado, em 2019, por exemplo, membros do Ministério Público e juristas criticaram a iniciativa pouco ortodoxa. Indagado certa vez sobre a legalidade do procedimento, ele deu de ombros: “No direito, a gente fala que é o ‘jus sperniandi’. Podem espernear à vontade. Quem interpreta o regimento do Supremo é o Supremo”. O plenário do STF avalizou o inquérito um ano depois. Mas o episódio continua sendo um bom exemplo de como Moraes é visto: um trator, quando entende que suas ações estão respaldadas. Em março, perto de se aposentar, o ministro Marco Aurélio se desentendeu com Moraes durante o julgamento da prisão do bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), que fora decretada pelo relator das fake news e também rendeu bastante controvérsia. O então decano, com ironia, disparou: “Longe de mim, depois de 42 anos de colegiado, desrespeitar o relator, ainda mais se o relator é um xerife”.

(..........)

Evidentemente, a formação da unidade em torno do papel de Moraes tem algumas nuances. De um lado, um grupo de magistrados do STF dá apoio quase irrestrito às suas iniciativas no que diz respeito às investigações sobre bolsonaristas. 
Enquanto outra ala, nos bastidores, guarda algumas reservas — como o presidente da Corte, Luiz Fux, e a ministra Cármen Lúcia. Mas ninguém está disposto a fazer críticas em público, e essa é uma estratégia deliberada. Diferentemente de meses atrás, quando o STF aparecia dividido com relação a questões penais, como a prisão em segunda instância, ministros avaliam que, agora, a coesão de todos é crucial. Trata-se de um tempo de proteção da instituição, em que as divisões internas precisam ser superadas em nome de um bem maior. “Estão aqui três ministros que pensam diferente a respeito de muitos temas, mas tem um tema que nos une profundamente, que é a defesa da democracia”, afirmou Barroso, ao lado de Moraes e Gilmar Mendes, em um evento no dia 6 em São Paulo.

Esse nível de protagonismo do STF se deve a um momento singular da política brasileira. Apesar dos riscos de exacerbação da atuação da Corte, o perfil de embate, encarnado na prática por Moraes, é visto como um mal necessário. “Às vezes, medidas extrainstitucionais se justificam para prevenir uma ruptura maior, mas isso é um dilema complexo. Elas podem ser necessárias, mas são perigosas para a democracia e devem ser adotadas com muita parcimônia”, disse a VEJA Steven Levitsky, professor de ciência política da Universidade Harvard e um dos autores do livro Como as Democracias Morrem.

Levitsky não é o único pensador a fazer ressalvas ao papel atual da Corte. A postura mais agressiva do STF encarnada pela liderança de Moraes continua sendo objeto de muitos debates.

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Experiência em confrontos e debates políticos é algo que não falta a Alexandre de Moraes. Indicado ao STF por Michel Temer, ele nunca escondeu suas ligações nessa área. Já esteve filiado ao PSDB entre 2015 e 2017, ocupou os cargos de ministro da Justiça de Temer, secretário de Geraldo Alckmin, nas pastas de Justiça e Segurança Pública, e foi em 2010 o homem mais forte na prefeitura de Gilberto Kassab (PSD) em São Paulo. Por onde passou, ele fez questão de atrair holofotes. Como ministro da Justiça, comandou a barulhenta operação sobre um suposto plano terrorista nas Olimpíadas do Rio e, como secretário de Segurança, defendeu a PM na repressão aos black blocs. Dos contatos dessa época, trouxe policiais para seu gabinete no STF, como um delegado que executa as diligências no inquérito das fake news. Dentro do STF, é justamente esse histórico combativo, esse modus operandi peculiar, que o credencia para estar na linha de frente no enfrentamento às provocações do presidente. O “xerife” virou mosqueteiro. Um por todos… todos por um.

Em Política/VEJA,  MATÉRIA COMPLETA

Publicado em VEJA, edição nº 2751 de 18 de agosto de 2021


sábado, 7 de agosto de 2021

Alexandre de Moraes pode complicar plano de reeleição de Bolsonaro em 2022

Moraes, a pedra no sapato de Bolsonaro na disputa de 2022

O ministro do STF e do TSE assumiu papel-chave nos bastidores para enquadrar o presidente da República e desarmar a bomba do voto impresso  

Alexandre de Moraes pode complicar plano de reeleição de Bolsonaro em 2022

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), se tornou a maior pedra no sapato do presidente Jair Bolsonaro no tortuoso caminho rumo à reeleição em 2022. Moraes é relator do inquérito das fake news que passou a investigar Bolsonaro por conta dos ataques infundados às urnas eletrônicas –, supervisiona a investigação sobre a interferência do chefe do Executivo na Polícia Federal e cuida da apuração “filhote” sobre a organização e financiamento de atos antidemocráticos. Nesse último caso, Moraes acolheu um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para arquivar o inquérito dos protestos contra a democracia, mas abriu uma nova frente de investigação, voltada para se debruçar sobre uma organização criminosa que atenta contra o regime democrático na esfera virtual. Os três casos fecham o cerco sobre o presidente da República, empresários bolsonaristas e aliados, principalmente os integrantes do chamado “gabinete do ódio”.
[em nosso modesto entendimento, a manchete da VEJA  concede ao ministro Moraes poderes que em nossa notória ignorância jurídica nos parecem exagerados.
- entendemos que o ministro Moraes não tem autoridade direta sobre o presidente da República, o que impede que ele enquadre a maior autoridade da nação. 
No popular, o ministro Moraes não pode agir em relação ao presidente Bolsonaro, no estilo adotado quando da "prisão do deputado Daniel Silveira", ou seja: decretar a prisão do presidente, expedir um "mandado de prisão em flagrante" e determinar à Polícia Federal que efetue a prisão. 
Além das prerrogativas inerentes  ao cargo de presidente da República, não podemos olvidar dificuldades logísticas e operacionais que resultariam em dificuldades para a autoridade executora,  CUMPRIR A ORDEM;
- nos parece que o ministro Moraes não tem autoridade sobre o ministro Barroso, situação que o impede de determinar ao presidente do TSE que pare de interferir na discussão sobre a implantação do VOTO AUDITÁVEL =- REGISTRO DO VOTO, matéria que está sendo discutida no Congresso Nacional.
É pacífico que toda a quizumba é consequência do ministro Barroso considerar os assuntos eleitorais temas que só compete a ele decidir. O presidente Bolsonaro pensa exatamente o contrário, a confusão está formada.

As preocupações do Palácio do Planalto, no entanto, não se limitam aos processos que tramitam no Supremo. Em agosto do ano que vem, Moraes vai assumir o comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Corte onde já atua — e será responsável por chefiar as atividades da Justiça Eleitoral durante o próximo pleito. No recesso de julho, Moraes compartilhou com o TSE as provas do inquérito dos atos antidemocráticos — Bolsonaro tentou obter acesso aos documentos, mas o pedido foi negado. O ministro também é defensor, há meses, de incluir o mandatário no rol de investigados do inquérito das fake news. Na tarde da última segunda-feira, Moraes, Barroso, Edson Fachin e Gilmar Mendes costuraram a resposta do Judiciário aos crescentes ataques de Bolsonaro. Depois, os ministros se reuniram com os colegas do TSE, no gabinete de Barroso, para afinar o discurso e acertar os detalhes. Não houve resistências.

Em dois placares unânimes, o TSE decidiu enviar a live de Bolsonaro do último dia 29 — em que ele admite não ter provas de fraudes, mas dispara uma série de ataques a Barroso e à Justiça Eleitoral — para ser investigada no inquérito das fake news, que tramita no STF. [sempre bom ter presente que eventuais ilícitos praticados pelo presidente da República que não tenham relação com o exercício do cargo, não podem ser apurados, durante o tempo que o presidente estiver cumprindo seu mandato.]O pedido já foi acolhido por Moraes. Em outra ofensiva, os ministros também decidiram abrir um inquérito administrativo, dentro do próprio TSE. O objetivo dessa segunda investigação é apurar suposto abuso de poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação, corrupção, fraude e propaganda eleitoral antecipada. “A investigação visa coibir abusos que estejam sendo cometidos. Os fatos apurados podem embasar uma ação futura, quando forem escolhidos os candidatos, podendo levar à cassação do registro ou do diploma, bem como gerar inelegibilidade por oito anos”, aponta o ex-ministro do TSE Henrique Neves.

Nos bastidores, Moraes também assumiu um papel-chave para desarmar a bomba do voto impresso. O ministro fez uma série de conversas — presenciais e a distância — com parlamentares para convencê-los dos riscos de retrocesso da medida. Inócuo e de custo bilionário, o voto impresso já foi testado em 2002, quando não agregou nada em termos de segurança nas seções onde foi implantado. Quando o cenário parecia favorável à aprovação da medida na comissão da Câmara, Moraes avisou a um interlocutor que viajaria para Brasília e entraria em campo. “Não me subestime”, disse. [o aviso deixa a impressão de uma ameaça, talvez implicando até mesmo em interferência, no caso, do Judiciário sobre o Legislativo???]

Deputados ouvidos por VEJA avaliam que a abordagem de Moraes, que já atuou no Executivo e tem melhor traquejo político, deu mais resultados que a de Barroso, criticado reservadamente na Câmara pelo tom “professoral” nas conversas com parlamentares. Não à toa, o futuro presidente do TSE entrou na mira dos recentes ataques de Bolsonaro. “A hora dele vai chegar”, ameaçou Bolsonaro. Moraes não é o tipo de autoridade que se intimida com bravatas. O ministro costuma dizer que o “couro” ficou ainda mais resistente depois de ser secretário de segurança pública de São Paulo e ministro da Justiça do governo Michel Temer.

VEJA - Política


segunda-feira, 10 de maio de 2021

A política do ódio - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

O que Bolsonaro quer? Alastrar ainda mais a morte, num contexto de fome e desemprego?

Apostar na moderação do presidente Bolsonaro e sua equipe é mais arriscado que apostar na loteria. As chances de sucesso são muito menores. Há uma questão estrutural em jogo, a saber: a política tal como o bolsonarismo a compreende está baseada na oposição amigo/inimigo, perpetuamente repetida. A sua ação se volta para a eliminação do outro, qualquer que seja, basta que seja definido como inimigo. Se é imaginário ou real, é algo secundário, contanto que a movimentação política se paute por esse parâmetro da ação.

[nós é que perguntamos: o que motiva tanto ódio, tanta aversão ao presidente Bolsonaro?  eleito com quase 60.000.000 de votos e grande possibilidade de ser reeleito no próximo ano.
Se percebe na maior parte da mídia militante uma obsessão contra o capitão; a impressão é que vão dormir e os derradeiros pensamentos é o que fazer contra o presidente no dia seguinte. E essa sinistra conduta não se limita apenas aos que tentam iniciar  carreira na imprensa. Atinge os grandes colunistas, incluindo aqueles que apesar de estarem, temporariamente, no lado errado, ainda merecem nosso respeito e admiração.  
Conceituado jornal veicula hoje uma manipulação de uma colunista, dando a entender que agora existe denúncia de  corrupção no Governo do Capitão. Mera tentativa de enganação, já que é público e notório que estão sempre denunciando o governo do presidente Bolsonaro por alguma prática ilegal - apenas não encontram provas  que comprovem o que denunciam. = todos sabem ser tarefa inglória tentar provar o NÃO FATO.
As denúncias já não incomodam, apodrecem solitariamente.]

Quem é amigo ou inimigo, isso é igualmente objeto de definições flutuantes, tudo depende das circunstâncias, dos humores presidenciais e da instabilidade emocional de sua equipe mais direta de assessores. Não sem razão, foi ela intitulada de “gabinete do ódio”, tendo em vista que a destruição a orienta, num tipo de pulsão de morte que por tudo se propaga. Para que opere, o inimigo deve sempre estar lá, independentemente de quem ele o seja em determinado momento. Os ex-ministros Gustavo Bebianno e Santos Cruz, entre outros, mostram a volatilidade daqueles que passam a ser considerados alguém a ser eliminado, e isso sem nenhuma consideração por amizades e afinidades passadas.

Acontece, agora, que esse tipo de concepção da política do ódio está inserida num contexto de morte que se alastra por toda a sociedade, com a pandemia dizimando vidas, alastrando a doença e piorando as condições econômicas e sociais. É a política da morte potencializando uma morte pandêmica que já ganha conotações políticas, porque o atual governo optou por não combatê-la, menosprezando-a, considerando a covid-19 algo passageiro e desprezível, uma “gripezinha”. Estamos rumando para meio milhão de mortes, e não para 2 mil, como alguns de seus “assessores” previam.

Isso se fez por omissões, não compra de vacinas nos momentos adequados, falta de previsão, inobservância de cuidados sanitários como isolamento social, uso de máscaras e álcool em gel, além do “receituário” de “poções mágicas” como cloroquina e assemelhadas, em que foram gastos, inutilmente, milhões de reais. Só se pode concluir que o Palácio do Planalto está repleto de pesquisadores e doutores do mais alto gabarito e competência! Os mortos agradecem... [surpreende aos que ainda possuem um mínimo de noção das coisas, insistir na responsabilização do presidente pela não compra de vacinas em momento adequado??? é pacífico que a disponibilidade de imunizantes se iniciou no final de 2020 - tendo a frente dos interessados, entre eles o Brasil, potências econômicas como Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia e outros; é notório e indiscutível que os Estados Unidos lideram o número de mortes por covid-19, mas, os inimigos do Brasil insistem em responsabilizar Bolsonaro - por sua aversão a certas medidas apontadas como eficazes no combate ao maldito vírus. Parece que a opinião do capitão influencia até no comportamento dos norte americanos.]

A CPI, entre outras virtudes, está trazendo novamente todos esses atos irresponsáveis, diria até criminosos, à tona. Ela reatualiza o que o governo gostaria que fosse relegado, passado, expondo o desgoverno reinante. Achar que ela seria apenas repetitiva significa desconsiderar seu efeito político, contínuo durante toda a sua vigência, podendo estender-se por seis meses. Ela opera cumulativamente, fazendo a memória coletiva encontrar uma explicação para o sofrimento dos brasileiros, relembrando a incúria governamental.

A morte do ator Paulo Gustavo por covid, por exemplo, termina fortalecendo a CPI e sua repercussão ao estabelecer um nexo causal entre o seu infortúnio e a irresponsabilidade presidencial. Eis por que as redes sociais, ao repercutirem o decesso desse notável ator, puseram o próprio presidente Bolsonaro em xeque. Mas a política do ódio pode ter efeito bumerangue, quando a sociedade passa a ter consciência do valor da vida, do diálogo e da pacificação das relações políticas.

A política da morte não se preocupa com incoerências e contradições. Ao contrário, delas se alimenta, porque a destruição desconhece limites, incluídos os lógicos, os do cálculo. O presidente Bolsonaro ora diz uma coisa, ora diz outra, ora avança, ora recua, seguindo apenas suas estimativas e as de sua família e equipe do que é melhor para eles no cenário almejado de reeleição. O Brasil, a vida, o bem-estar, a saúde, a educação, o emprego, a fome não entram em suas considerações. Exigir aqui racionalidade é pura perda de tempo. Enganam-se os políticos e partidos que os apoiam achando que poderão corrigir esses “excessos”. Eles são elementos constitutivos de suas ações. A narrativa do ódio não deixa de ser coerente.

Nesse sentido, o trabalho da CPI já começa a produzir os seus efeitos. Dentre eles, assinale-se a importância que Bolsonaro e sua família e equipe lhe estão atribuindo, mesmo que digam que ela nada significa. O seu próprio dizer negativo mostra a sua valorização. Um dia destes, o presidente afirmou, no seu cercadinho preferido, onde fanáticos repercutem a suas falas destrutivas, entre os seus amigos ocasionais, que os opositores da cloroquina são “canalhas” e a China está conduzindo uma “guerra bacteriológica” ou algo similar.

Embora tente o contrário, Bolsonaro exibe, aos gritos, a importância da CPI. Ao reiterar a relevância “médica” da cloroquina, procura expor os brasileiros ainda mais à doença e à morte, incentivando-a, ao mesmo tempo que provoca o maior parceiro comercial, sanitário e médico do País, para que nos retalie. 
Qual o seu objetivo? 
Reduzir a importação de vacinas e dos seus insumos para a produção nacional? 
Alastrar ainda mais a morte, num contexto de fome e desemprego?

Denis Lerrer Rosenfield - Professor de filosofia - O Estado de S. Paulo

 

sexta-feira, 26 de março de 2021

Pivô de conflito com o Senado, Filipe Martins já se envolveu em atritos com deputados e militares - O Globo

Em pouco mais de dois anos no Planalto, assessor conquistou o presidente e os filhos

[finalmente, os inimigos do Brasil se convenceram de que nada podem e tentam usar o pouco que lhes resta para demitir um simples  assessor. Salvo engano,  o gesto pode apresentar, muitas conotações, incluindo o sentido chulo.]
 
A crise com o Congresso iniciada anteontem por Filipe Martins não é a primeira protagonizada pelo assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais. Martins, que integra a chamada “ala ideológica” do governo, tornou-se alvo da indignação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), após aparecer, durante uma sessão da Casa, fazendo um gesto interpretado nas redes sociais como um sinal utilizado por supremacistas brancos.

Em pouco mais de dois anos de trabalho no Palácio do Planalto, Martins conquistou o apreço do presidente e dos filhos, sobretudo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), enquanto se tornou um dos maiores interlocutores do escritor Olavo de Carvalho, de quem foi aluno. Ao mesmo tempo, colecionou desafetos em Brasília.

Leia: Bolsonaro deve demitir Filipe Martins, assessor da Presidência que fez gesto associado a supremacistas no Senado

O comportamento ácido e as críticas agressivas na internet, que replicam a personalidade de Carvalho, criaram indisposições entre Martins e figuras proeminentes da ala militar do governo, como o vice-presidente Hamilton Mourão, de quem já levou uma bronca por publicações on-line, segundo a revista “Época”, e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), General Heleno.

“Gabinete do ódio”
Além dos militares, Martins esteve em celeumas públicas com os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselman (PSL-SP). O tucano chegou a citar o assessor em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) como um dos operadores do chamado “gabinete do ódio”, a suposta milícia digital bolsonarista que teria sido instalada no Planalto, de acordo com a oposição. [Martins, selecione melhor seus desafetos. Alguns nos elevam, outros nos apequenam.
Quanto aos boatos que dizem estar o Congresso Nacional, querendo a cabeça do ministro Ernesto, registramos:  não desfruta de nossa simpatia = patamar do Weintraub, do Velez, Moro, merecendo ser punido com a mesma pena do Abraham Weintraub.
O Congresso tem influência política e pode influir na nomeação, demissão de ministros.
Mas não pode demitir nem nomear. Se presente ter tal poder, emendem à Constituição Federal.] ,  derrubado parabaixo, o que aconteceu A pontaria de Martins se volta com frequência a desafetos de Bolsonaro, como o governador João Doria (PSDB-SP), e não poupa a China, parceira comercial do Brasil: em janeiro, Martins chamou a vacina chinesa contra a Covid-19, a CoronaVac, de “xing-ling”.

Brasil - O Globo


sábado, 5 de dezembro de 2020

Inquérito no STF chega mais perto de Bolsonaro – O Globo

Opinião 

Investigações identificam elos do presidente com ‘gabinete do ódio’, fonte de lucros a blogueiros aliados

[Maquiavel aconselha,no tocante à calúnia,a insistência, no estilo agua mole em pedra dura...

É sabido que uma versão mentirosa - sendo moderno, 'fake' - divulgada à exaustão se torna uma VERSÃO crível. 

Mas não há provas que uma versão adaptada aos desejos dos que a propagam, se torne fato. Se há alguma exceção é a nível de criação mental.'

Todo este enfadonho prólogo é para lembrar que desejo,  é coisa que dá e passa. O inquérito do 'fim do mundo', tem tudo para o arquivo. A PGR logo o receberá e cuidará disso - exceto se honrando o 'apelido' a competência de denunciar saia da PGR.

Apesar de tudo que diga respeito à fragilidade  da democracia à 'brasileira' motive acusações de tentativa de desestabilização do regime, faltam provas  - versões e interpretação criativa de notícias não costumam sustentar acusações quando contrapostas a fatos.]

O inquérito sigiloso aberto no Supremo em abril deste ano, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, para investigar o financiamento e a organização de manifestações antidemocráticas, prestigiadas pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, torna cada vez mais cristalinas as ligações dele e de seus filhos com a operação de propaganda para desestabilizar o regime pelas redes digitais.

Parte do inquérito, a que o jornal “O Estado de S.Paulo” teve acesso, confirma que o material que abastecia os canais de desinformação e propaganda tinha origem no próprio Palácio do Planalto, onde foi instalado um grupo que coordenava a rede de milicianos digitais, alcunhado “gabinete do ódio”. O grupo era chefiado por Tercio Arnaud Tomaz, assessor especial da Presidência, indicado ao pai pelo vereador Carlos Bolsonaro, o Zero Dois. Tercio repassava à rede vídeos do presidente.

Ouvidas mais de 30 pessoas pela PF, o inquérito fecha o cerco em torno do Planalto. Entre os depoimentos estão os de Carlos — considerado o comandante do “gabinete do ódio”, com mais de 40 citações —, do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o Zero Três, e do coronel Mauro Barbosa Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid admitiu ter sido “mensageiro” entre o presidente e o “gabinete”, reforçando o elo de Bolsonaro com o esquema.

Citados noutros trechos do inquérito, a que O GLOBO teve acesso em setembro, chamaram a atenção da Procuradoria-Geral da República para os títulos do material produzido para a milícia digital na pregação por uma intervenção militar. Quase sempre citam Bolsonaro. O presidente era o personagem central da trama, e as investigações o aproximam também da operação do esquema, por meio dos filhos e até do ajudante de ordens. É para onde o inquérito parece apontar.

Uma passagem que reforça toda a linha de investigação é o momento em que Bolsonaro, do alto de uma picape, chega para saudar uma manifestação antidemocrática que transcorria sugestivamente na entrada do Quartel-General do Exército, o Forte Apache, em Brasília. Em discurso, num tom de pré-golpe, afirma que seus seguidores não deveriam “negociar” mais nada.

As investigações detalham ainda como toda a conspiração tornou-se um grande negócio para os blogueiros aliados. Num período de dez meses, alguns chegaram a faturar R$ 100 mil por mês pelo crescimento dos acessos. Um dos donos de canais bolsonaristas no YouTube, Anderson Azevedo Rossi, mudou de vida. Deixou de ser um técnico de informática em Canela (RS), com salário de R$ 3,5 mil, para faturar R$ 1,7 milhão entre março de 2019 e maio deste ano.

O Supremo e a PF, instituições de Estado, se mantêm trabalhando em defesa das leis e da Constituição, sem depender das flutuações inerentes à política. [o 'golpe' do Alcolumbre e Maia, em vias de se concretizar, complica classificar o trabalho do STF e do Congresso, como 'defesa' das leis e da Constituição.]  O fato de o presidente da República ter mudado de comportamento em junho, com a prisão do amigo, parceiro e ex-PM Fabrício Queiroz, não significa que os anos de 2019 e parte de 2020 tenham sido apagados para a Justiça.

Opinião - O Globo