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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

O PT e os outros

O Brasil está dividido entre o PT e os demais partidos. Desde 1989, quando Lula foi para o segundo turno na primeira eleição direta depois da ditadura de 1964, o PT consegue ser majoritário na captação dos votos da esquerda. Foi assim nas duas eleições seguintes, quando Lula perdeu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso mas chegou em segundo lugar, e depois nas quatro que o PT ganhou. O Brasil é PT ou não é. Nos últimos 16 anos tem sido.

No começo, quando perdia eleições, o PT ainda não havia conseguido pintar sua imagem como a do partido da inclusão social, era apenas de esquerda. Na primeira eleição este papel coube ao caçador de marajás, e nas outras duas foi cumprido pelo criador do Real. Somente depois de Collor e FHC, o PT conseguiria somar ao seu eleitorado de esquerda aqueles que queriam e os que precisavam de um Brasil mais justo.

O PSDB, que havia conduzido com sucesso um dos mais importantes programas de distribuição de renda do mundo, não conseguiu capitalizar o Plano Real e deixou-se transformar aos olhos dos eleitores num partido da elite branca. Cometeu muitos erros, como o da polêmica emenda da reeleição, que contribuíram para que a sigla que construiu a estabilidade da economia acabasse com a imagem de partido paulista.  O “nós contra eles” não foi uma invenção de Lula, existe desde a primeira eleição presidencial. O que Lula fez foi dar uma coloração de classe ao termo. O “nós” são os pobres e as minorias, e o “eles” são os ricos. Discurso simples para um eleitor majoritariamente simples. Discurso que funciona. Embora não seja o único, claro que o PT é um partido preocupado com os mais pobres. O programa Bolsa Família foi o mais inclusivo da história do país, e o PT soube se valer dele politicamente.

Os demais partidos de esquerda viraram satélites. O PSDB, que depois de FHC perdeu quatro vezes para Lula, conseguiu atrair alguns partidos de centro, não todos. O maior deles, o MDB, ficou com o PT nas duas últimas eleições. Outros partidos de centro e de direita transitaram entre PSDB e PT ao longo dos últimos 16 anos. O PT foi mais competente. Apesar dessa miscigenação ideológica, os militantes orgânicos só enxergam o espectro de esquerda, e os eleitores não militantes só veem Luiz Inácio Lula da Silva quando miram o PT.

A campanha deste ano, ao que tudo indica agora, seguirá o mesmo roteiro, com a diferença que o PSDB perdeu seu protagonismo para Jair Bolsonaro. Dois episódios fundamentais da campanha ajudaram a impulsionar o capitão e o petista indicado por Lula. Bolsonaro foi esfaqueado enquanto era carregado nos ombros por eleitores, e Fernando Haddad recebeu a bênção de um ex-presidente preso que reconstruiu sua imagem de corrupto em mártir, injustiçado e perseguido. [além do fato que a candidatura do laranja de Lula foi lançada na porta de uma penitenciária.]
 
É isso o que temos e com isso precisamos nos habituar. Resta saber se a habilidade política do PT será suficiente para ganhar a eleição no segundo turno. É verdade que a subida de Haddad nas pesquisas só ocorreu agora porque antes o candidato era Lula. Tem que se levar isso sempre em conta, mas é fato também que nunca, desde 2002, o PT esteve tão mal nesta fase da campanha. A corrupção ainda pode cobrar sua conta.

Nos quatro pleitos que ganhou, Lula e Dilma lideravam a corrida a esta altura da campanha. Em 2002, na pesquisa Ibope de 17 de setembro, Lula tinha 48% das intenções de voto. Em 2006, no dia 16 de setembro, Lula alcançava 42%. Na eleição de 2010, Dilma tinha 51% da preferência em 17 de setembro. Na sua reeleição, no dia 16 de setembro de 2014, a liderança de Dilma era mais apertada, com 36%, mas ainda assim quase o dobro do que Haddad tem agora.

O PT provou amplamente sua competência, tem seus principais líderes condenados e presos por corrupção, inclusive Lula, mas segue vivo na campanha. O PSDB, por sua vez, comprovou sua fama de incompetente político. Perdeu para Lula quando ele estava nas cordas do mensalão. Perdeu de Dilma quando seus sinais de fadiga já eram evidentes. E agora perde seu lugar na disputa para um novato em eleições presidenciais. E talvez perca também sua hegemonia paulista.
O PT continua, não se sabe até onde [o PT já está em processo - apesar das aparências disfarçarem - em processo de destruição.
A implosão do perda total ocorrerá no próximo dia 7.]  O PSDB acabou de desembarcar.

Ascânio Seleme - O Globo
 

sábado, 15 de setembro de 2018

[Haddad = o LARANJA de Lula] De vice estepe a poste de Lula - Se [caso] ganhar, um presidiário governará o Brasil

De vice estepe a poste  de Lula

Até aqui, Fernando Haddad rodava o País como avatar de Lula. Agora, ele o substitui como ventríloquo do ex-presidente. Se ganhar, um presidiário governará o Brasil

Em 13 de agosto de 2010, durante a convenção do PT, o então presidente Lula abençoava Dilma Rousseff como sucessora e candidata do partido ao Palácio do Planalto. O retumbante fiasco se anunciava. Dilma foi eleita duas vezes, mergulhou o Brasil numa das mais graves crises políticas e econômicas da história e deixou a Presidência da República deposta, alvo de um inapelável processo de impeachment. Era o primeiro poste eleito por Lula. Nesta semana, após oito anos, Lula voltou a lançar um novo poste como candidato à presidência, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Mais do que Dilma, Haddad aceita ser na campanha um marionete de Lula, um avatar para a sua egotrip.

Estabelece-se que no PT outros voos políticos só são permitidos quando o próprio Lula não pode alçá-los. Em 2010, ele não podia disputar um terceiro mandato. Agora, insistiu ao máximo em uma candidatura que a lei eleitoral não permitia: Lula era inelegível, com base na Lei da Ficha Limpa, por ter sido condenado por um tribunal colegiado de segunda instância. Assim, Haddad aceitou a esdrúxula hipótese de governar o país por procuração de Lula. [no mundo do crime - no qual Lula está incluído - pessoas que aceitam o humilhante papel aceito por Haddad são mais conhecidas como LARANJA.] É a primeira vez na história da República que um candidato reconhece, oficialmente, que quer ser alçado à Presidência para servir não ao povo, mas a um presidiário.

No ensaio dessa excrescência política, as decisões que definiram a candidatura já estão sendo tomadas de dentro da sala-cela que Lula ocupa na sede da Polícia Federal, em Curitiba. A famigerada desfaçatez lulopetista alcançou o seu ápice, como se fosse possível descer ainda mais na escala da degradação político-partidária. O que Lula submete aos seus comandados é comparável à mais desavergonhada vassalagem, nunca antes vista na história do partido. A propósito, há muito o PT deixou de ser um partido. A legenda, outrora depositária da esperança de renovação política dos brasileiros, virou um mero joguete das pretensões mais mesquinhas do ex-presidente preso. Como se estivessem diante de um messias, acima do bem e do mal, os petistas dobraram a espinha às conveniências de Lula – que, segundo ele próprio não é nem mais um ser humano, e sim “uma ideia”.
Para atender aos desígnios do morubixaba petista, a candidatura de Haddad foi forjada em meio a várias controvérsias. Não necessariamente por uma disputa interna para saber quem seria o candidato de Lula, mas sobre quem aceitaria ser o laranja do ex-presidente nas condições por ele impostas. Desde o início, Haddad pareceu aceitar as condições. Mesmo assim, setores do partido trabalharam fortemente contra ele. ISTOÉ apurou que mesmo agora tal desconfiança sobre Haddad sobrevive. Enquanto uma ala do partido apóia francamente sua candidatura, puxada por nomes como o ex-presidente do partido Rui Falcão e o ex-presidente da executiva estadual da sigla Emídio de Souza, outra – encabeçada pela própria presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) – o engole a contragosto.

Faltam os votos
O problema é que o próprio Lula ajudou a manter essa cisão, ao estabelecer a estratégia de esticar ao máximo sua própria candidatura. Até o início da semana, havia radicais no partido que pregavam que o PT não tivesse candidato, mantendo a palavra de ordem de que “eleição sem Lula” era uma farsa. Outros defendiam até a retirada da candidatura para que o PT se aliasse a Ciro Gomes (PDT), que vem crescendo como alternativa entre os que pretendiam votar em Lula. Abandonando o figurino obediente, foi o próprio Haddad quem internamente reagiu e cobrou uma solução. Contou nesse sentido com a ajuda do PCdoB de Manuela D’Ávila, agora a candidata a vice-presidente. “Tudo tem limite. A essa altura, ou eu sou candidato a presidente ou não serei candidato a mais nada”, avisou Haddad.

Se Haddad ganhou o posto, agora precisará dos votos que hoje lhe faltam. Internamente, integrantes do PT acreditam que a real capacidade de transferência de Lula para Haddad é de, no máximo, 50%. Ou seja, se as pesquisas estimavam que Lula teria em torno de 37% das intenções de voto, a projeção do PT, na melhor das hipóteses, é que Haddad consiga pontuar entre 15% e 18% no primeiro turno. Em um cenário embolado como o atual, pode não ser o suficiente para alcançar o segundo turno. Na tentativa hercúlea de alterar o quadro desfavorável, o partido promete intensificar, na propaganda eleitoral, uma espécie de simbiose entre Lula e Haddad criando a figura do “LulaHaddad”. 

Mostrando que os dois são um só – Lula é Haddad; Haddad é Lula. Ou seja, o candidato petista vai vestir despudoradamente o figurino de preposto de um presidiário – a carta ao povo brasileiro versão 2018 será agora uma carta ao povo carcereiro. Pior: ora, se Haddad é Lula, Haddad assume ser ele mesmo um político preso? No mínimo, teria de fazer campanha de tornozeleira eletrônica. É uma estratégia sem pé e cabeça.

Haddad foi acusado pelo promotor Marcelo Mendroni de cometer os crimes de corrupção passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro

O candidato petista, aliás, não está longe de em breve poder fazer companhia a Lula nas barras da lei. Ele responde a dois processos criminais que podem levá-lo a ser condenado à prisão. Em 19 de agosto, o juiz Kenishi Koyama, da 11ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, aceitou denúncia feita pelo MP de São Paulo contra o ex-prefeito pelo crime de improbidade administrativa. O petista, que é réu na ação, é acusado de superfaturar obras de uma ciclovia ligando a Ceagesp ao Ibirapuera, com 12,4 kms. A obra de Haddad custou R$ 4,4 milhões por quilômetro, enquanto que outra ciclovia, feita na gestão de Gilberto Kassab, custou R$ 617 mil por quilômetro. Além desse caso, Haddad é acusado pelos crimes de corrupção passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro, pelo promotor Marcelo Mendroni. Haddad teria recebido R$ 2,6 milhões da empreiteira UTC, do empresário Ricardo Pessoa, para pagar gastos de sua campanha a prefeito em 2012 com gráficas.

Não bastasse a lambança de Haddad com malfeitos, sua administração à frente da Prefeitura foi uma lástima. Não fez nenhuma obra importante na cidade e ainda deixou um déficit para o sucessor de R$ 7,5 bilhões. Os hospitais ficaram sem remédios, escolas sem uniformes para as crianças, ruas esburacadas e lixo pelas ruas.  Em sabatina realizada na quarta-feira 12, Ciro Gomes, principal nome a disputar com Haddad os votos herdados de Lula, já deixou claro que vai bater no petista para evitar que ele vá ao segundo turno no seu lugar. “O Brasil não aguenta outra Dilma”, disparou. Quando Lula escolheu Dilma seu poste em 2010, ela mergulhou o país numa crise. “Em certo sentido, Haddad é um poste pior que Dilma. Ela, pelo menos, não se comprometia a governar o país por procuração”, emenda o executivo da consultoria de análise e estratégia política Idealpolitik, Leopoldo Vieira.

Transmitir a imagem de alguém sem pensamento próprio será o enterro de Haddad como político. Um poste mal instalado pode, como aconteceu com Dilma, provocar um curto circuito. É o destino que se avizinha para o petista.

O laranja de Lula
> Enquanto Lula insistia, direto da cadeia, em manter uma candidatura ilegal, o ex-prefeito Fernando Haddad, fazia-se de ventríloquo do ex-presidente, para propagar a candidatura petista Brasil afora


> Dez dias depois de ter sido considerado inelegível pelo TSE, o presidiário Lula determinou que Haddad assumisse a cabeça da chapa como presidenciável

> Faltando 26 dias para o pleito, Haddad corre agora contra o relógio para se tornar conhecido no Brasil inteiro, já que no Nordeste ainda o chamam de Andrade

> Ele largou com 4% nas pesquisas de intenção de voto, mas alguns institutos já lhe dão 8% ou 9%. Hoje, ele está embolado com Ciro Gomes, Marina Silva e Geraldo Alckmin na disputa para uma das vagas no segundo turno

> Lula acredita que pode transferir para Haddad seu grande estoque de votos, mas se esquece que eleitor não é como boiada que o boiadeiro conduz para seu curral. Lula sonha eleger mais um poste, como fez com Dilma em 2010 e 2014

IstoÉ




 

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Segundo turno - caso haja, quem será o adversário de Bolsonaro?


Quem tem mais chance de ir para o segundo turno com Bolsonaro

A hora dos extremos
Com saída de Lula e a chegada de Haddad, disputa para definir quem será o adversário de Bolsonaro no 2º turno se afasta do centro e se aproxima da esquerda


Entre as muitas dúvidas a pairar nestas eleições de contornos inéditos, há pelo menos duas certezas neste momento. A primeira é que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, é o único com vaga assegurada no segundo turno. A outra é que o volume da campanha subiu de tom desde a saída de cena do ex-presidente e atual presidiário Luiz Inácio Lula da Silva. Antes de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negar o registro da candidatura do petista, o congestionamento de candidatos à Presidência da República se dava entre as vozes mais comedidas do espectro ideológico — o Datafolha de 22 de agosto mostrava Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) empatados tecnicamente atrás de Bolsonaro e seguidos por Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e João Amoêdo (Novo), todos com desempenho de um dígito. 

Agora, o cenário passou a ser de polarização. Bolsonaro, Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT), donos dos discursos mais extremados da campanha, hoje acumulam juntos quase 50% das intenções de voto, o equivalente a 60% dos votos válidos. Já os cinco candidatos mais próximos do centro têm apenas 30% das intenções, ou 40% dos votos válidos. Tecnicamente, porém, Haddad, Ciro, Alckmin e Marina estão empatados.

Desses últimos, Haddad é o que tem hoje mais chances de crescer. E não apenas porque registra um baixo índice de rejeição entre os candidatos mais bem posicionados, mas sobretudo pelo imenso potencial de votos que pode vir a colher no Nordeste, reduto de seu padrinho. Caso o poste de Lula consiga 45% dos votos na região [lembrando que por absoluta falta de autoestima, Haddad foi rebaixo de poste a LARANJA de Lula]  — meta considerada modesta diante do histórico petista, acima de 50% nas duas últimas eleições —, isso significará que aos atuais 9 pontos que detém, segundo o Datafolha, Haddad acrescerá 10 pontos, chegando a 19% — um capital e tanto quando se leva em conta a fragmentação da atual disputa eleitoral. [oportuno lembrar que apesar de 'engessado', Haddad tem grandes chances de catalisar o voto útil.]

domingo, 9 de setembro de 2018

Haddad vira presidenciável graças a escândalos

 [vale lembrar que sem escândalos PT não existiria; toda a história do perda total é fonte de escândalos.]

Em 2005, quando explodiu o mensalão, Lula deslocou Tarso Genro do comando do Ministério da Educação para a presidência do PT. Ao aceitar a missão, Tarso pediu que fosse acomodado no seu lugar Fernando Haddad, então secretário-executivo da pasta da Educação. Dona Norma, mãe de Haddad, soube pelo noticiário da promoção do filho. Telefonou-lhe para perguntar por que aceitara ser ministro de um governo em má situação. E Haddad: “Mãe, se a situação fosse boa, nunca me ofereceriam o ministério.” Lula encantou-se com sua gestão.

Decorridos 13 anos, Haddad está na bica de se tornar candidato ao Planalto graças a outro escândalo que marca a ruína petista: o petrolão. Nesta segunda-feira, o filho de dona Norma visitará Lula, em Curitiba. Se tudo correr como planejado, sairá da cela especial, finalmente, com o aval do preso mais ilustre da Lava Jato à sua conversão em cabeça da chapa presidencial do PT. A promoção precisa ocorrer no dia seguinte, 11 de setembro, quando vence o prazo fixado pela Justiça Eleitoral para a substituição de Lula.

Haddad terá, então, 28 dias para tocar uma campanha eleitoral sui generis, na qual o sucesso depende de sua capacidade de se autoanular. Terá de se apresentar como um candidato invisível —de modo que o eleitor consiga enxergar o Lula que há por trás dele. Em tais circunstâncias, o apelido de poste talvez seja inadequado. Haddad participa da eleição mais com um laranja de Lula. Para que a transfusão de votos ocorra na proporção desejada pelo petismo, o eleitorado precisaria acreditar que, votando no candidato em liberdade, estará elegendo o padrinho preso.

A escassez de tempo não é a única adversidade. Haddad herda uma equipe de campanha que não escolheu. Terá de tourear petistas que avaliam que ele não é o melhor Plano B —a começar pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que queria a vaga para ela. Precisará molhar a camisa para evitar que parte dos votos de Lula escorra para Ciro Gomes e Marina Silva. De resto, entrará no jogo depois da facada que praticamente colocou Jair Bolsonaro no segundo turno, obrigando os outros candidatos a se engalfinhar pela vaga restante.

Na noite desta segunda, Haddad terá uma ideia do tamanho do seu desafio. O Datafolha divulgará uma pesquisa presidencial que captará os efeitos da primeira semana do horário eleitoral, dos primeiros debates, das sabatinas, do veto à candidatura de Lula e do atentado cometido contra Bolsonaro. Pesquisa do Ibope, divulgada na semana passada, colocou Haddad (6%) na quinta colocação, atrás de Bolsonaro (22%), Ciro Gomes (12%), Marina Silva (12%) e Geraldo Alckmin (9%). Nessa pesquisa, o laranja de Lula estava tecnicamente empatado com o candidato tucano.

De acordo com o lema da campanha petista, só a vitória do laranja de Lula será capaz de fazer “o Brasil feliz de novo”. Aposta-se que o apagão do governo de Michel Temer acenderá na cabeça do eleitor a memória dos melhores tempos da gestão de Lula, quando havia empregos, renda, crédito e consumo. Os adversários de Haddad se equipam para levar à vitrine outra realidade. Que a gestão Temer foi ruinosa, ninguém tem duvida. Mas planeja-se levar à vitrine também a ruína de Dilma Rousseff, que produziu desequilíbrio fiscal, recessão e desemprego.

Entre 2013 e 2016, a economia brasileira encolheu 6,8%.Na gestão empregocida de Dilma, o desemprego saltou de 6,4% para 11,2%. Foram ao olho da rua cerca de 12 milhões de trabalhadores. Deflagrada em 2014, a Lava Jato demonstrou que o único empreendimento que prosperava no Brasil era a corrupção. Agora, o PT tenta empurrar o espólio de Dilma para o gavetão do esquecimento. Os adversários cuidarão de instilar no eleitorado o receio de que Haddad, a nova criatura de Lula, vire uma nova Dilma.

Não será a primeira vez que Dilma assombra projetos políticos de Haddad. A gestão impopular da ex-gerentona de Lula conspirou contra a recondução de Haddad à prefeitura de São Paulo, em 2016. Em fevereiro daquele ano, quando se equipava para reivindicar a reeleição, Haddad distanciou-se de Dilma numa entrevista ao blog. Entre outras críticas, apontou “problemas de condução” da política econômica. Reveja um trecho abaixo. A íntegra está disponível aqui. Haddad não foi reeleito. O rival tucano João Doria prevaleceu no primeiro turno. Os rivais do PT talvez forcem Haddad a renovar em 2018 as ressalvas que fazia a Dilma há dois anos.

Blog do Josias de Souza