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terça-feira, 13 de junho de 2023

Afinal, onde está o poder? - Percival Puggina


         A cada dia, mais me convenço de que os caciques do STF estão longe, muito longe, de se constituírem no eixo do poder no país.  Essa última viagem deu-me tempo e condições de ver o Brasil sob um outro ponto de vista.

O verdadeiro poder nacional foi montado, está instalado, vem operando e pode, eventualmente, sofrer algum percalço porque a história também se faz pela livre vontade do ser humano. 
Felizmente, graças a isso, o inesperado existe (como, por exemplo, Bolsonaro eleito em 2018).   
Contudo, há um poder real no Brasil e, ao contrário do que pensam os iluministros, é a esse poder que eles servem.
 
Imagine o leitor que por um passe de mágica, o STF tivesse uma composição com nove ministros conservadores e/ou liberais e dois esquerdistas. 
Na sua opinião, a CPI da Lava Toga continuaria travada, a do abuso de autoridade estaria ainda somando apoios para tentar chegar a 257 assinaturas e os processos de impeachment de ministros não estariam em curso?

Pode ser difícil avaliar uma situação pelo lado oposto àquele com que nos habituamos a vê-la. No entanto, a arrogância, o autoritarismo, o uso abusivo dos meios constitucionais, só se viabilizam porque autorizados pelo poder real, que no Brasil se define nos grandes latifúndios da Cultura, da Educação, em especial do ensino das Ciências Humanas e das carreiras jurídicas. Ao trabalho nesta lavoura se junta a turma do Manifesto da USP (burocracia do Estado), os financistas da Faria Lima, a grande mídia e as big techs e, desde o exterior, os grupos do globalismo e da Nova Ordem Mundial.

Pronto. Esses são os que mandam. Não estamos sob uma ditadura do Judiciário, como eu mesmo afirmei tantas vezes, mas sob uma ditadura de esquerda, globalista, à qual o STF presta bons serviços e enquanto prestar bons serviços. Por isso – e só por isso – convivemos com decisões que deixam de lado o bom Direito e a boa Justiça para produzirem o efeito político desejado por quem hegemoniza a política brasileira. 

Essas forças não estão nem precisam estar sentadas no plenário do Supremo Tribunal Federal. 
 Elas jamais aceitaram o que aconteceu em Curitiba, precisaram impedir Bolsonaro de governar, tiveram que trazer Lula para o pleito e o proteger ao longo da corrida presidencial, precisavam que Daniel Silveira servisse de exemplo e que as tias do zap saíssem das ruas, bastou-lhes um minuto para mostrar, em Deltan Dallagnol, o que acontece com quem se mete em seu caminho. 
Quando Ricardo Lewandowski deu um pontapé na Lei das Estatais e liberou a nomeação da companheirada, ele estava fazendo “justiça” ou atendendo a uma conveniência política do PT?  
Por isso, Cristiano Zanin, advogado de Lula, será ministro do STF. 
Quem serve a quem?

Não há solução possível para quem desconhece a natureza do problema. E o problema, no Brasil, não é jurídico, nem judiciário. Se a política cobra politicamente o judiciário, então nosso problema é político, das salas de aula ao STF, e nessa atividade precisamos mais gente fazendo que assistindo.

[COMENTANDO: conclusão CORRETÍSSIMA a que existe um PODER REAL - pedimos vênia para discordar apenas da identificação e local de instalação; Em nosso entendimento  está instalado no CNJ; quando o STF não quer ser contestado, não quer muito comentário, deixa por conta do CNJ emitir a ordem. CONFIRA AQUI, um exemplo.] 

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

domingo, 26 de dezembro de 2021

A verdade sobre a terra - Revista Oeste

Branca Nunes

O movimento De Olho no Material Escolar luta para neutralizar as fantasias sobre o agronegócio difundidas pelos livros didáticos 
 
“Eu sou um indígena. Me chamo Beto. Eu moro na Região Centro-Oeste. Minha casa foi destruída para plantar cana-de-açúcar. Eu e meu amigo não conseguimos trabalho. Nós saímos nas ruas para pedir que não comprem a cana-de-açúcar do lugar que era a nossa casa. 
Não adianta muito.
Ninguém nos ouve e vivemos na pobreza total.
Meus pais se mataram por causa das dificuldades de vida.
Vivo sozinho desde que tinha 14 anos.”
 
Foi essa carta, escrita por uma criança de 10 anos que fazia a lição de casa, o gatilho para a criação do De Olho no Material Escolar. 
O movimento começou quando Letícia Zamperlini contou o que sua filha fora obrigada a escrever para Helen, que contou a Andréia, que repassou para Heloísa, que relatou a Elizana. Hoje, são mais de 4 mil simpatizantes e centenas de associados espalhados por dez Estados brasileiros.

Depois de ler a carta, Letícia — produtora rural como Andréia, Heloísa e Elizana explicou à filha que grande parte daquela dissertação estava distante da verdade. Ela conversou com diretores, professores e pais até constatar que, muito mais do que resultado da má-fé, aquilo decorria do desconhecimento generalizado. E era potencializado sobretudo pelos livros didáticos.

O “De Olho”, como costuma ser chamado pelos associados, é fruto da pandemia. Com as escolas fechadas, as mães, transformadas em professoras, começaram a prestar muito mais atenção no que era ensinado aos filhos — e em como era ensinado.

Depois de uma live em que o agrônomo e ambientalista Xico Graziano mostrou alguns desses exemplos, o grupo passou a receber materiais vindos de todo o país. Por exemplo, para uma pergunta sobre as “condições econômicas e ambientais da pecuária realizada no Brasil”, a resposta considerada correta era “Pecuária causa desmatamento na Amazônia”.

Os “prejuízos da pecuária para o meio ambiente” incluíam afirmações como: “o gado deixa o solo compacto e duro”; “vacas, ovelhas e cabras soltam uma grande quantidade de gases, que poluem o ar”; ou “as fezes e a urina produzidas na pecuária intensiva podem se infiltrar no solo e contaminar as águas subterrâneas”.

Outro livro didático garante que o trabalho escravo não é uma exceção que se restringe a 0,001% do Brasil. “Todos os anos, as autoridades encontram e libertam trabalhadores escravizados nas fazendas do Brasil”, desinforma o texto. “Há muitos proprietários que contratam homens armados para vigiar os trabalhadores e impedir que eles se revoltem.”

Em vez de destacar que hoje 14% do território brasileiro é ocupado por terras indígenas, uma das peças recebidas pelo grupo afirmava que essa população “tem sido expulsa de suas terras ou se vê cercada por grandes plantações”. Nada sobre Roraima, por exemplo, que tem 46% do seu território reservado a tribos indígenas.

Os absurdos continuam com a forma como são usados defensivos agrícolas e fertilizantes, com as jornadas de trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar ou a exposição de trabalhadores ao sol. É como se o Brasil permanecesse estacionado em séculos ou décadas atrás e não fosse hoje uma das maiores potências mundiais, referência tecnológica quando o assunto é agropecuária.

“São inúmeros os exemplos”, diz Letícia. “Todo mundo que nos procura tem uma história para contar. Se você está perto e olha o material escolar, mesmo não sendo do agro, percebe o tom negativo e uma ausência de referências científicas.”  “Não vemos citações da Embrapa, do Ibama ou de órgãos confiáveis.”

As editoras
O grupo já se reuniu com representantes dos ministérios da Educação e da Agricultura, além de ter conseguido das editoras a promessa de revisar o material. Isso animou o De Olho a dar um passo adiante e criar o Vivenciando a Prática. Nesse programa, donos de editoras, professores e alunos conseguem enxergar com os próprios olhos o que é o agro brasileiro.

O primeiro evento aconteceu em Mato Grosso. Quando desceu do ônibus numa fazenda que cultiva cana-de-açúcar, um dos participantes quis conversar com um boia-fria — trabalhadores que cortavam cana com um facão na mão, envolviam o corpo com trapos para não se cortarem e tinham o rosto coberto pela fuligem das queimadas usadas para desfolhar a plantação. “Só se voltarmos algumas décadas no tempo”, avisaram as organizadoras do evento. Hoje, nas grandes plantações, a cana é colhida por máquinas pilotadas à distância através de computadores de última geração. E as queimadas não só estão proibidas como não interessam ao produtor rural, uma vez que matam a matéria orgânica do solo.

O segundo Vivenciando ocorreu no município paulista de Itaberá, na Fazenda Lagoa Bonita, especializada em melhoramento de sementes. Ali, a máquina que mistura as sementes com defensivos tem a mesma tecnologia dos equipamentos de hemodiálise — tamanha é a precisão da quantidade necessária. Por ser o produto mais caro na lavoura, agricultores minimamente informados sabem que o uso de fertilizantes e agrotóxicos deve ser reduzido ao absolutamente necessário.

Voltado principalmente para professores, o evento em São Paulo pretendia fazer com que eles levassem aos alunos o universo de possibilidades proporcionado pelo agro. “Hoje, o agro não emprega apenas agrônomos ou produtores rurais”, explica a engenheira agrônoma Elizana Paranhos. “São necessários químicos, jornalistas, cientistas da computação e diversas outras profissões. E nós precisamos de mão de obra qualificada.”

Se o objetivo inicial era mudar o conteúdo das publicações usadas nas escolas públicas e privadas, o De Olho agora é mais ambicioso. Planeja organizar em 2022 cerca de 50 Vivenciando a Prática em diversos locais do país, além de criar uma biblioteca virtual, sob a supervisão da Escola Superior de Agricultura da USP (Esalq). O portal será uma referência para professores. “Nenhuma categoria profissional nem o Estado Brasileiro preservam mais vegetação nativa do que os produtores rurais”, afirmou Evaristo de Miranda, chefe da Embrapa Territorial, em um artigo publicado na edição 63 da Revista Oeste. Mais de um quarto do território nacional (quase 27%) preserva a vegetação nativa no interior dos imóveis rurais. Líder mundial da proteção ambiental em terras públicas, o Brasil também é o primeiro em terras privadas, além de ter as maiores reservas minerais e biológicas do mund. 

“Precisamos fazer com que as pessoas conheçam o potencial gigantesco desses setores produtivos, em vez de mostrar apenas uma visão negativa”, afirma Letícia. “É preciso dar oportunidade para que as crianças tenham orgulho do que o país produz.”

Leia também “O produtor rural é quem mais preserva o meio ambiente”

Revista Oeste - MATÉRIA COMPLETA


quarta-feira, 6 de maio de 2020

Um carrasco no Planalto - O Globo

Bernardo Mello Franco

Bolsonaro recebeu o major Curió, símbolo da matança de opositores na ditadura militar. Foi mais uma isca para atiçar os extremistas que apoiam seu projeto autoritário


O Brasil já contava 7.025 mortos pelo coronavírus quando Jair Bolsonaro  encontrou tempo para confraternizar com um carrasco da ditadura. Na manhã de segunda-feira, o presidente abriu o gabinete para receber Sebastião Rodrigues de Moura, o Major Curió. Ele já foi denunciado seis vezes pela matança promovida pelo Exército na repressão à Guerrilha do  Araguaia.

[não vamos discutir se o Major Curió abateu, ou não, alguns terroristas - qualquer discussão exigirá que os inimigos do Brasil, os favoráveis aos terroristas vão dizer que eles mataram por uma causa justa.
Apenas lembramos que da mesma forma que terroristas do tipo Diógenes do PT, Theodomiro Romeiro, Clemente e outros criminosos esquerdistas, frios e covardes assassinos, foram anistiados, indenizados e pensionados, o Major Curió, que defendeu com bravura o Brasil também foi anistiado.]

O encontro foi omitido da agenda oficial de Bolsonaro. Só entrou nos registros à noite, depois de revelado pelo blog de Rubens Valente no UOL. Mais tarde, um senador governista divulgou fotos da conversa. Numa delas, o presidente aparece agachado ao lado do visitante, acusado de participar de sequestros e assassinatos.

O próprio Curió forneceu provas do massacre. Em 2009, ele abriu arquivos ao jornal O Estado de S. Paulo e confirmou a execução de 41 militantes presos, que não ofereciam perigo às tropas. Muitos se entregaram maltrapilhos e famintos, após meses de fuga na floresta. Em entrevista a Leonencio Nossa, reproduzida no livro “Mata! O major Curió e as guerrilhas do Araguaia”, o militar reformado comparou o extermínio de prisioneiros à limpeza de uma lavoura. “Quando se capina, não se corta a erva daninha só pelo caule. É preciso arrancá-la pela raiz para que não brote novamente”, disse.

Bolsonaro sempre exaltou a matança na selva. Na Câmara, ele debochava das famílias dos desaparecidos com o slogan “Quem procura osso é cachorro”. No Planalto, extinguiu o grupo de trabalho que tentava identificar restos mortais dos combatentes. A recepção a Curió foi uma nova isca para atiçar a militância de extrema direita que apoia o projeto autoritário do capitão. O episódio se soma a outras indignidades bolsonaristas, como as agressões a jornalistas e as ameaças ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal.

Em mais uma falsificação histórica, a Secretaria de Comunicação da Presidência chamou o major de “herói do Brasil”. A Convenção de Genebra trata a execução de prisioneiros como crime de guerra, e nem as leis da ditadura autorizavam o que se fez no Araguaia. O Ministério Público Federal pede a condenação de Curió desde 2012, mas ele continua solto graças a uma interpretação generosa da Lei da Anistia. [interpretação bem mais justa e menos generosa que a dada àquela Lei quando favoreceu bandidos como os citados no inicio.
Curió, se promoveu algum abate foi defendendo o Brasil, defendendo a Pátria Amada.]

Bernardo M. Franco, jornalista - O Globo