Bernardo Mello Franco
Bolsonaro recebeu o major Curió, símbolo da matança de opositores na ditadura militar. Foi mais uma isca para atiçar os extremistas que apoiam seu projeto autoritário
O Brasil já contava 7.025 mortos pelo coronavírus quando Jair Bolsonaro encontrou tempo para confraternizar com um carrasco da ditadura. Na manhã de segunda-feira, o presidente abriu o gabinete para receber Sebastião Rodrigues de Moura, o Major Curió. Ele já foi denunciado seis vezes pela matança promovida pelo Exército na repressão à Guerrilha do Araguaia.
[não vamos discutir se o Major Curió abateu, ou não, alguns terroristas - qualquer discussão exigirá que os inimigos do Brasil, os favoráveis aos terroristas vão dizer que eles mataram por uma causa justa.
Apenas lembramos que da mesma forma que terroristas do tipo Diógenes do PT, Theodomiro Romeiro, Clemente e outros criminosos esquerdistas, frios e covardes assassinos, foram anistiados, indenizados e pensionados, o Major Curió, que defendeu com bravura o Brasil também foi anistiado.]
O encontro foi omitido da agenda oficial de Bolsonaro. Só entrou nos
registros à noite, depois de revelado pelo blog de Rubens Valente no
UOL. Mais tarde, um senador governista divulgou fotos da conversa. Numa
delas, o presidente aparece agachado ao lado do visitante, acusado de
participar de sequestros e assassinatos.
O próprio Curió forneceu provas do massacre. Em 2009, ele abriu arquivos
ao jornal O Estado de S. Paulo e confirmou a execução de 41 militantes
presos, que não ofereciam perigo às tropas. Muitos se entregaram
maltrapilhos e famintos, após meses de fuga na floresta. Em entrevista a Leonencio Nossa, reproduzida no livro “Mata! O major
Curió e as guerrilhas do Araguaia”, o militar reformado comparou o
extermínio de prisioneiros à limpeza de uma lavoura. “Quando se capina,
não se corta a erva daninha só pelo caule. É preciso arrancá-la pela
raiz para que não brote novamente”, disse.
Bolsonaro sempre exaltou a matança na selva. Na Câmara, ele debochava
das famílias dos desaparecidos com o slogan “Quem procura osso é
cachorro”. No Planalto, extinguiu o grupo de trabalho que tentava
identificar restos mortais dos combatentes. A recepção a Curió foi uma nova isca para atiçar a militância de extrema
direita que apoia o projeto autoritário do capitão. O episódio se soma a
outras indignidades bolsonaristas, como as agressões a jornalistas e as
ameaças ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal.
Em mais uma falsificação histórica, a Secretaria de Comunicação da
Presidência chamou o major de “herói do Brasil”. A Convenção de Genebra
trata a execução de prisioneiros como crime de guerra, e nem as leis da
ditadura autorizavam o que se fez no Araguaia. O Ministério Público
Federal pede a condenação de Curió desde 2012, mas ele continua solto
graças a uma interpretação generosa da Lei da Anistia. [interpretação bem mais justa e menos generosa que a dada àquela Lei quando favoreceu bandidos como os citados no inicio.
Curió, se promoveu algum abate foi defendendo o Brasil, defendendo a Pátria Amada.]
Nenhum comentário:
Postar um comentário